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Obcecado por Mim

01

Capítulo 1: A Fuga

O som dos passos ecoava pelo corredor. Não eram os passos de Dante, mas mesmo assim meu coração acelerava. Aqui, qualquer ruído era um lembrete constante de que eu estava sendo observado, vigiado. Respirei fundo, tentando acalmar os nervos enquanto dobrava a última peça de roupa e a colocava na pequena mochila escondida sob minha cama.

Eu não tinha muito tempo. Dante estava fora, em uma reunião que, segundo ouvi dos empregados, duraria a noite inteira. Era minha chance. Talvez a única.

Eu olhei pela janela do quarto. As luzes do portão principal brilhavam à distância, iluminando a longa estrada que levava à liberdade. Ao longe, os seguranças se movimentavam, uniformizados, disciplinados, como peças em um tabuleiro de xadrez que Dante controlava com perfeição. Para sair daqui, eu precisaria ser mais esperto, mais rápido e, principalmente, mais invisível.

Fechei os olhos por um momento, tentando me convencer de que aquilo era possível. Desde que cheguei a esta casa, ou melhor, esta prisão, cada dia foi uma batalha contra a sensação sufocante de que meu destino já estava traçado. Um ômega, nascido em uma família que servia à família De Luca há gerações. Para Dante, eu não era uma pessoa com sonhos e ambições. Eu era uma peça. Um objeto a ser possuído.

Mas eu não vou ser isso. Não para ele. Não para ninguém.

Abri os olhos e chequei a mochila mais uma vez: algumas roupas, um pouco de dinheiro que consegui juntar nos últimos meses, e o mapa que peguei na biblioteca da mansão. Não era muito, mas era o suficiente para me tirar daqui. Eu só precisava alcançar a estação de trem na cidade vizinha.

O relógio no meu pulso marcou meia-noite. Hora de ir.

Peguei a mochila e deslizei pela porta, rezando para que as dobradiças não me traíssem com seus rangidos. A casa estava silenciosa, exceto pelo leve zumbido dos aparelhos de segurança. Eu sabia onde as câmeras estavam, sabia como evitar os sensores de movimento. Passei meses estudando cada detalhe. O segredo era se mover devagar, sem fazer movimentos bruscos.

Enquanto atravessava o corredor, senti o peso da ansiedade apertando meu peito. Cada passo parecia mais alto do que realmente era, cada sombra parecia esconder alguém pronto para me agarrar. Mas eu não podia parar.

Cheguei até a porta dos fundos. Esta era a parte mais arriscada. Havia dois seguranças lá fora. Eu precisaria esperar o momento certo, quando eles estivessem distraídos, para passar despercebido.

Apoiei-me contra a parede e espiei pela fresta da cortina. Os dois estavam conversando, rindo de algo que não consegui ouvir. Esperei, contando os segundos, até que um deles se afastou, indo em direção ao carro estacionado ao lado.

Era minha chance.

Com passos leves, quase flutuando, deslizei pela porta, me escondendo na sombra da parede externa. O vento frio da noite me envolveu, mas a adrenalina me impediu de sentir qualquer coisa além da necessidade urgente de correr.

Eu estava tão perto.

Mas então ouvi. Uma voz familiar. Grossa. Dominante. A voz que me assombrava todas as noites.

— Pensou mesmo que poderia fugir de mim, Liam?

Meu coração parou. Virei-me devagar e o vi. Dante estava ali, parado ao lado de um dos carros. As mãos nos bolsos, o rosto parcialmente iluminado pela luz do portão. Seu olhar era sombrio, frio, e um sorriso predatório curvava seus lábios.

Eu estava acabado.

A pressão dos dedos de Dante ao redor do meu pescoço era firme, mas não dolorosa. Era como uma algema de carne e osso, deixando claro que eu não tinha como escapar. Ele não precisou dizer nada enquanto me arrastava de volta para dentro da mansão, sua presença esmagadora falava por si.

Eu lutei, tentei me soltar, mas era inútil. Ele era um alfa em todos os sentidos: força bruta, controle absoluto, e aquela aura sufocante que me fazia sentir como se o ar ao meu redor fosse um peso.

— Solte-me, Dante! — gritei, a voz embargada pelo pânico. — Você não pode fazer isso!

Ele apenas riu. Uma risada baixa, carregada de algo que me fez estremecer.

— Não posso? — Ele parou no meio do corredor, me empurrando contra a parede. Seu rosto estava a centímetros do meu, seus olhos queimando com uma intensidade que me fez querer desviar o olhar, mas eu não cedi. — Liam, eu já fiz. E amanhã, você verá o quão pouco controle você tem sobre isso.

Eu cerrei os dentes, meu coração disparado.

— Você não pode me obrigar a casar com você, Dante. Eu não quero isso. Nunca quis!

Ele inclinou a cabeça, observando-me como um predador que aprecia a luta de sua presa.

— Não é uma questão de querer, Liam. É uma questão de destino. — Ele soltou uma das mãos do meu pescoço e passou os dedos pelo meu rosto, num gesto que parecia quase gentil, mas tinha o peso de uma ameaça. — Desde que eu era criança, desde a primeira vez que pus os olhos em você, eu soube. Você era meu. Sempre foi.

Eu tentei me esquivar de seu toque, mas a parede fria atrás de mim era um limite intransponível.

— Você é doentio — sussurrei, tentando esconder o tremor na minha voz.

— Não, Liam — ele retrucou, sua voz baixa e perigosa. — Eu sou apaixonado. Desde o momento em que te vi pela primeira vez, ainda pequeno, quando você estava naquele jardim, colhendo flores como se o mundo fosse um lugar bonito. Desde então, tudo o que eu fiz foi para te ter ao meu lado. E amanhã... — Ele sorriu, um sorriso que não tinha nada de caloroso. — Amanhã será o dia que eu sempre sonhei. Nosso casamento.

Meu estômago se revirou. Era como se o chão tivesse sumido sob meus pés.

— Eu nunca vou te amar — rebati, com uma coragem que nem eu sabia que tinha.

Dante inclinou a cabeça, o sorriso diminuindo, mas sua intensidade não.

— Você não precisa me amar, Liam. Pelo menos, não agora. Eu tenho tempo. Todo o tempo do mundo. Mas uma coisa é certa: você nunca vai fugir de mim. Nunca.

Ele me puxou novamente, me arrastando pelo corredor como se eu não fosse nada além de uma extensão de sua vontade. Cada passo que dávamos me levava mais fundo àquela prisão, não apenas física, mas emocional.

Quando finalmente chegamos ao meu quarto, ele me jogou para dentro, trancando a porta atrás de si. Ele não disse mais nada, apenas me encarou por um longo momento antes de virar as costas.

— Durma bem, Liam. Amanhã é o começo do resto de nossas vidas.

E com isso, ele saiu, deixando-me sozinho no silêncio sufocante. Eu me joguei na cama, o peso da realidade esmagando meu peito. Lágrimas queimaram meus olhos, mas eu não as deixei cair. Não podia. Eu precisava de forças. Precisava de um novo plano.

Porque, mesmo que Dante acreditasse no destino, eu ainda acreditava na liberdade.

02

Capítulo 2: Destino e Obsessão

Liam não entende. Ele não vê o que vejo. Não sente o que sinto.

Enquanto me afasto do quarto, onde o deixei trancado, minha mente está inquieta, mas meu coração está tranquilo. Ele pode gritar, lutar, até me odiar. Isso não importa. Porque amanhã, ele será meu, da forma como sempre foi destinado a ser.

Caminho pelos corredores da mansão com passos firmes, ignorando os olhares furtivos dos empregados. Eles sabem que não devem se meter. Sabem que Liam é intocável, que qualquer um que ousar intervir será tratado como uma afronta pessoal.

— Dante.

A voz de meu pai ecoa pelo salão principal, cortante e fria como uma lâmina. Eu paro, respiro fundo, e me viro. Ele está lá, sentado em sua poltrona de couro, com o mesmo olhar impenetrável que moldou minha infância. Giovanni De Luca. O homem que construiu um império com mãos de ferro e uma mente implacável.

— Pai. — Meu tom é respeitoso, mas firme. Não vou abaixar a cabeça, mesmo que ele seja o único homem que já me fez questionar minhas escolhas.

Ele gesticula para que eu me aproxime. Faço isso, mantendo minha postura ereta, minha determinação clara.

— Sente-se, Dante. Precisamos conversar.

Eu obedeço, sentando-me na cadeira à sua frente. Ele me encara por um longo momento, como se estivesse tentando medir minha alma.

— Sobre Liam? — pergunto, direto.

Ele assente lentamente, inclinando-se para frente.

— Você está prestes a cometer o maior erro da sua vida.

Eu rio baixo, sem humor.

— Não vejo como.

— Não seja tolo. — Sua voz carrega o peso da autoridade que moldou toda a minha vida. — Você é o sucessor desta família. Tudo o que fiz foi para garantir que os De Luca continuassem no topo. E agora, você quer jogar isso fora por causa de um ômega sem recursos, sem conexões, sem valor político.

Minha mandíbula se contrai, mas eu mantenho meu tom controlado.

— Liam tem valor.

— O valor que você atribuiu a ele. — Ele bate com a palma da mão na mesa entre nós, a madeira ecoando com o impacto. — Isso não é sobre amor ou destino, Dante. É sobre poder. Um casamento estratégico com outra família fortaleceria nossa posição. Mas você prefere seguir essa obsessão, como se fosse um garoto apaixonado e não o líder que eu criei para ser.

Eu me inclino para frente, enfrentando seu olhar.

— Não é uma obsessão, pai. É convicção. Desde o momento em que vi Liam pela primeira vez, eu soube que ele seria meu. Não importa se ele nasceu em uma família vassala ou se o mundo acha que ele não tem valor. Ele tem valor para mim.

Meu pai me observa por um longo tempo, seus olhos analisando cada palavra minha. Finalmente, ele se recosta na cadeira, soltando um suspiro pesado.

— Eu deveria forçar você a desistir disso. — Sua voz está mais baixa, quase cansada. — Mas sei que não adiantaria. Você é meu filho, afinal. Quando decide algo, não há quem o faça mudar de ideia.

— Exatamente.

Ele balança a cabeça, resignado.

— Muito bem, Dante. Faça o que quiser. Case-se com ele. Mas saiba que isso terá um preço. Outras famílias nos verão como fracos, seus aliados questionarão sua liderança.

Eu me levanto, meu olhar firme.

— Se alguém questionar minha liderança, eu os farei lembrar por que os De Luca estão no topo.

Meu pai sorri levemente, aquele sorriso frio e calculista que tantas vezes vi em situações de vitória.

— Espero que você esteja certo, meu filho. Pelo bem de todos nós.

Saio do salão, deixando meu pai para trás. Ele não entende, assim como Liam. Mas ele verá, assim como todos os outros.

Porque amanhã não é apenas o dia do meu casamento. É o dia em que eu finalmente reivindicarei o que sempre foi meu. E ninguém — nem meu pai, nem o mundo — vai me impedir.

Subi as escadas em silêncio, meus passos ecoando levemente pelos corredores vazios. As luzes estavam baixas, lançando sombras pelas paredes e pelos detalhes dourados das molduras. A mansão estava quieta, mas minha mente não.

Quando cheguei à porta do quarto de Liam, hesitei por um momento, algo que raramente fazia. Pousei a mão na maçaneta e a girei devagar, abrindo a porta apenas o suficiente para espiar para dentro.

Liam estava deitado na cama, a cabeça virada para o lado, seu corpo encolhido em uma posição que parecia quase defensiva. A luz da lua entrava pela janela aberta, iluminando seu rosto.

E foi então que eu vi.

Seus olhos estavam inchados, as pálpebras pesadas de quem havia chorado até o sono chegar. As lágrimas ainda brilhavam em suas bochechas, rastros silenciosos de sua dor.

Meu peito apertou de uma maneira que eu não sabia descrever. Era desconfortável, quase irritante, como se algo dentro de mim estivesse tentando resistir a um sentimento que eu não queria nomear. Ele era tão pequeno, tão frágil naquela cama imensa, que parecia um pássaro preso em uma gaiola dourada.

Eu me aproximei devagar, sem fazer barulho, e parei ao lado da cama. Por um momento, apenas observei. Suas sobrancelhas ainda estavam franzidas, mesmo dormindo, como se estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia escapar.

— Você não entende, Liam — murmurei baixinho, minha voz quase um sussurro. — Tudo isso é para você. Para nós.

Minha mão se levantou, hesitante, antes de pousar levemente em sua cabeça. Eu deslizei os dedos pelos seus cabelos negros, tão macios quanto me lembrava. Ele se mexeu levemente, mas não acordou.

— Desde o dia em que te vi naquele jardim, você se tornou meu mundo. — Minha voz saiu mais rouca, carregada de um peso que nem eu sabia que carregava. — E eu sei que você me odeia agora, mas isso vai mudar. Eu vou fazer você entender.

Fiquei ali por mais alguns minutos, apenas olhando para ele, a sensação de controle absoluto misturada com algo que parecia... vulnerabilidade. Liam mexia com algo em mim, algo que eu não queria admitir, mas que estava lá, enterrado sob camadas de orgulho e obsessão.

Finalmente, me endireitei e dei um passo para trás. Eu não podia deixá-lo perceber que eu tinha estado ali. Ele não estava pronto para isso. Não ainda.

Saí do quarto, fechando a porta com cuidado. Amanhã era o dia que eu esperei minha vida inteira. E, mesmo que ele chorasse agora, eu sabia que com o tempo, ele entenderia.

Liam era meu. Sempre foi. E, amanhã, o mundo todo saberia disso.

03

Capítulo 3: Correntes Douradas

Eu encaro meu reflexo no espelho, as mãos apertando a borda da penteadeira. Estou vestido de forma impecável, mas me sinto sufocado. A camisa branca é justa demais, a gravata aperta meu pescoço como uma coleira, e o terno preto parece uma armadura pesada, feita para me prender, não para me proteger.

Minha mãe está atrás de mim, ajustando os últimos detalhes. Ela alisa o tecido do meu ombro e ajeita o colarinho com um cuidado quase mecânico, como se eu fosse uma boneca prestes a ser exibida.

— Você está lindo, Liam — diz ela com uma voz doce, mas distante.

Lindo? Tudo que vejo no espelho é um prisioneiro, condenado antes mesmo de cometer um crime.

— Mãe... — Minha voz sai baixa, quase um sussurro. — Por favor, não faça isso comigo.

Ela para, suas mãos aindaando no ar por um momento, antes de pousarem suavemente em meus ombros. Nossos olhares se encontram no espelho, e algo no fundo dos olhos dela vacila.

— Liam, eu sei que você está nervoso, mas...

Eu me viro de repente, afastando suas mãos.

— Não é nervosismo! É desespero! — Minha voz quebra, e sinto o calor subir ao meu rosto. — Como você pode fazer isso comigo? Como pode me vender assim, para uma família como a dos De Luca?

Ela suspira, virando o rosto por um instante, como se quisesse evitar o confronto.

— Dante é poderoso. Ele vai cuidar de você. Você terá tudo que precisa, Liam. Conforto, segurança...

— E liberdade? — A palavra sai amarga, quase como um veneno. — Isso ele também vai me dar?

Minha mãe hesita, e esse momento de silêncio é como uma confirmação.

— Você vai ter uma vida boa, Liam — diz ela finalmente, sua voz baixa, quase como se estivesse tentando convencer a si mesma. — É melhor assim.

Eu dou um passo para trás, sentindo como se o chão estivesse se desfazendo sob mim.

— Melhor para quem? Para mim? Ou para você e o papai, que acham que estão me garantindo uma posição nesse mundo podre?

Ela respira fundo, o cansaço evidente em suas feições.

— Liam, não fale assim. Nós fizemos isso por você, para garantir seu futuro. Você não entende o que significa estar em dívida com os De Luca. Isso não é uma escolha, é uma necessidade.

Minha garganta aperta, e meus olhos queimam, mas me recuso a deixar as lágrimas caírem.

— Eu não sou uma mercadoria. Não sou algo que vocês podem simplesmente trocar para salvar o que quer que seja.

— Liam... — Ela tenta segurar minha mão, mas eu a retiro.

— Por favor, mãe. — Minha voz agora está implorando, quase um sussurro desesperado. — Fale com o papai. Convença ele. Diga que não pode me mandar para lá, que não pode me dar para um homem como Dante.

Ela abaixa o olhar, e naquele momento, eu sei que não há esperança.

— É tarde demais, meu filho.

As palavras dela são suaves, mas pesadas como correntes.

— O que você não entende agora, um dia entenderá. Às vezes, precisamos fazer sacrifícios para o bem maior.

Eu rio, mas o som é amargo, vazio.

— Sacrifício... claro. Desde quando sacrificar a liberdade de alguém é o bem maior?

Ela não responde. Apenas se vira, pegando um pequeno prendedor de gravata na penteadeira e ajustando-o em mim. Suas mãos estão firmes, mas seus olhos... talvez haja um lampejo de tristeza, ou arrependimento.

— Você está pronto — diz ela, sem emoção.

Eu a encaro, sentindo uma mistura de raiva e dor que ameaça me consumir.

— Nunca estarei pronto para isso.

Ela não diz mais nada, apenas se afasta, saindo do quarto. Quando a porta se fecha, o silêncio que fica para trás é ensurdecedor.

Volto-me para o espelho, encarando o garoto que reflete ali. O garoto que está prestes a perder tudo.

E então prometo a mim mesmo: Se eles querem me prender, eu vou encontrar uma forma de me libertar.

O som do órgão preenche a igreja, uma melodia grandiosa e sufocante que ecoa como um lembrete do destino que me espera. Cada passo que dou no corredor central parece pesar mais do que o anterior, como se o tapete vermelho sob meus pés estivesse me puxando para baixo.

Meu pai está ao meu lado, a mão firme no meu braço, guiando-me como se eu fosse um sacrifício. Sua expressão é séria, impenetrável, como sempre. Ele não olha para mim, nem diz nada, mas a pressão de sua presença é esmagadora.

Levanto os olhos, forçando-me a encarar o altar. E lá está ele.

Dante.

Ele está parado no centro, como uma estátua de mármore esculpida à perfeição, usando um terno preto impecável que parece uma extensão de sua aura dominante. Seus olhos estão fixos em mim, e o olhar que ele lança é tão intenso que sinto um calafrio percorrer minha espinha.

Seus ombros largos e postura rígida exalam poder, controle, e algo mais sombrio — possessividade. Ele não sorri, mas há algo em sua expressão que é ainda pior: a certeza absoluta de que eu sou dele. Como se isso fosse uma verdade imutável, um fato do universo.

As pessoas ao redor observam em silêncio, com uma mistura de admiração e cautela. Todos sabem quem ele é, o peso que o nome De Luca carrega. E todos sabem quem sou eu, o ômega que foi "escolhido".

Cada passo que dou parece me aproximar de uma prisão invisível, uma cela que ele construiu cuidadosamente para mim.

Quando finalmente chego ao altar, meu pai solta meu braço e dá um leve aceno para Dante, como se estivesse passando uma mercadoria para seu novo dono.

Eu olho para Dante, tentando manter minha postura, tentando parecer mais forte do que me sinto.

Ele estende a mão, e por um momento, tudo dentro de mim grita para correr. Mas não há para onde ir. Não com ele ali.

Relutante, coloco minha mão na dele. Sua pele é quente, sua força evidente mesmo no toque mais leve.

— Você está lindo — ele murmura, sua voz baixa o suficiente para que apenas eu ouça.

É um elogio? Uma provocação? Não importa. Não respondo, mantendo meu olhar fixo em algum ponto além do altar.

Dante se inclina levemente, aproximando sua boca do meu ouvido.

— A partir de hoje, você será meu, Liam. De todas as formas possíveis.

Sua voz é um sussurro, mas carrega uma promessa que faz meu coração acelerar — não de excitação, mas de medo.

O padre começa a cerimônia, suas palavras ecoando pelo salão, mas tudo parece distante, abafado. A única coisa que sinto é a mão de Dante segurando a minha, firme, inescapável.

O peso de seu olhar permanece sobre mim durante todo o tempo, como se ele estivesse gravando esse momento em sua memória, garantindo que eu nunca pudesse escapar dele.

E naquele altar, enquanto o mundo ao meu redor celebra uma união que eu nunca quis, a única coisa que ecoa na minha mente é a promessa que fiz a mim mesmo: Eu preciso encontrar uma saída.

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