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Fotografia

Vou fazer um curso de fotografia

# Seis anos antes.

— Mãe, não fica assim, vou ficar fora só seis meses.

— Você vai para São Paulo e não quer que eu me preocupe?

— Vou estar na casa da Tia Inês, ela vive lá há muitos anos.

— Sim, neste ponto estou tranquila, mas você é muito ingênua, tenho receio de que você seja enganada por algum homem sem vergonha da cidade grande.

— Mãe, já sou adulta e sei me cuidar.

— Estes homens da cidade grande não querem compromisso, tenta se lembrar disso. Promete para mim que vai tomar muito cuidado?

— Te prometo que vou focar no meu curso de fotografia e nem vou olhar para os homens.

Sou Éster Mendonça, fotógrafa, tenho 25 anos e com muito esforço consegui montar um pequeno estúdio.

  Apareceu a oportunidade de fazer um curso de aperfeiçoamento que vai me ajudar a fazer das minhas fotos obras de arte.

 Só tem um problema: nunca saí da minha cidade e o curso é na grande São Paulo. 

Minha mãe é viúva há muitos anos, quando meu pai faleceu eu era muito pequena, ela me criou sozinha.

E não está lidando bem com a distância, mas são só seis meses. Vai passar logo, ela vai ficar bem, e vou estar na casa de uma tia, o que pode dar errado?

— Filha, não vai, suas fotos já são ótimas, você não precisa fazer curso nenhum.

— Mãe, já paguei o curso, agora vou de qualquer jeito. A senhora podia me apoiar um pouco, confiar em mim.

Fico com dó porque sei que ela vai ficar sozinha, mas tem que aprender a confiar em mim.

— Ok, me desculpe, sei que você vai se cuidar, mas tenho receio de que você se machuque.

— Não vai acontecer nada, vou voltar linda e mais experiente nas fotografias.

— Espero que seja só nas fotografias que você volte experiente. Porque linda, sei que você é.

 — Nossa, mãe!  Até parece que estou indo viver em um bordel, e não na casa da Tia Inês.

No dia seguinte, peguei minha mala e fui para São Paulo. A viagem de ônibus parecia interminável, mas finalmente cheguei na rodoviária.

Minha tia está lá me esperando. Ela é irmã do meu pai e minha madrinha. É uma senhora baixinha e muito sorridente e sempre me tratou muito bem.

— Tia Inês, quanto tempo!

Dou um abraço nela e me sinto em casa, ela sempre me passou uma impressão de segurança. O cheiro dela me remete à cozinha da minha casa.

Faz bolos para vender, ela cheira a baunilha.

— Querida, que mulherão você se tornou, não parece em nada com seu pai e com sua mãe.

— Obrigada, tia, por aceitar me receber estes meses. Prometo não atrapalhar sua rotina.

— Não foi nada, sou sua madrinha e vou te apoiar. E quem sabe você muda de profissão e fica para me ajudar com meus bolos.

— Se minha mãe ouvir isso, ela me faz voltar hoje mesmo para casa.

— Que ela não nos ouça então.

Fomos para a casa dela, ela mora um pouco afastada da cidade de São Paulo. Mora em Osasco, mas vou aprender a me virar.

 Descansei o resto do dia, a casa dela é como se fosse dois andares, mas é porque é construída em um morro, um lado da casa é bem mais baixo que o outro.

A casa tem saída pelos dois lados. O lado de cima, a feira de rua, é bem na porta. Saí com minha tia e fui comprar algumas frutas.

Se eu não soubesse que estou em São Paulo, ia jurar que estou na feira da minha cidade, um monte de barraquinhas e todos falando ao mesmo tempo.

A única diferença é que lá na minha cidade conhecemos todos os feirantes por nome e aqui eles nos chamam de dona Maria. É engraçado porque minha tia rebate na lata, chamando-os de seu José.

O curso começa na quarta-feira, mas preciso ir à faculdade, pegar a lista de materiais e assinar a matrícula.

Depois que guardamos as frutas, a tia Inês me levou e me ensinou quais ônibus e metrô pegar para ir e voltar para casa. 

Já percebi que não vai ser moleza, tenho que pegar dois ônibus e um metrô, mas vou dar conta.

Chegamos à faculdade, ela me deixou entrar sozinha e disse que tenho que aprender a me virar.

 Estou me sentindo no primeiro ano de escola, só tem uma diferença: lá eu tinha minha mãe para resolver as coisas, aqui não.

 Cheguei na secretaria e tem uma pessoa na minha frente, espero e sem querer ouço o assunto dele.

— O curso começa quarta-feira e você ainda não sabe quantos alunos eu terei?

— Ainda não sei, seu Henrique, faltam cinco pessoas para confirmar, mas até o final do dia te informo.

Meu celular tocou e virei o corpo para pegar de dentro da bolsa.

 Não sei como ele se virou no mesmo momento e trombamos, eu desequilibrei e fui caindo, fechei os olhos já esperando a pancada no chão, mas uma força me puxou de volta. Quando abri os olhos, estou nos braços dele.

Aqueles olhos verdes parecem ler minha alma e o perfume me deixou embriagada. Que homem lindo.

Ele fala comigo:

— Você está bem? Se machucou?

— Estou bem, não se preocupe. 

— Você não me parece bem, quer que eu chame um médico?

— Não precisa, e por favor, pode me soltar agora.

— Não sei, e se eu soltar e você cair de novo, quase estraguei minha coluna te segurando.

Ele deve se achar "o engraçado", vou colocá-lo no devido lugar.

— Pode ficar tranquilo, não vou cair de novo, já que quem me derrubou agora está me vendo, não é?

— A culpa não foi minha, você estava muito perto e eu não consegui evitar.

 O homem me soltou, fiquei em pé e fui ao balcão falar com a recepcionista que está nos olhando com cara de riso.

Ele vai embora e eu assino minha matrícula, e saí dali pensando: tomara que ele seja professor em outra turma. Que homem bonito!

Encontrei minha tia lá fora.

— Você demorou, achei que tinha se perdido aí dentro.

— Trombei em um homem, quase caí, mas ele me segurou, aí demorou um pouco até eu voltar aos eixos.

— E ele era bonito?

— Nossa, tia, que pergunta?

— Ué! Você continua corada, deve ter um motivo.

— Não é nada disso, tia, é que nunca estive tão perto de um homem.

Minha tia me olha como se estivesse olhando um bicho de zoológico.

— Menina, você vai me dizer que, com 25 anos, você nunca namorou?

Falei nervosa, porque o jeito que ela continua me olhando parece que sou uma aberração 

— Não, nunca me fez falta.

— Vou ter trabalho com você, aqui é uma selva e se eles descobrirem isso, você será uma presa que todos vão querer caçar. Agora entendi o desespero da sua mãe.

— Ninguém vai saber. E isso é escolha minha.

— Espero que você tenha razão 

Primeiro dia de curso

“Henrique”

Estou na sala dos professores esperando ela entrar a qualquer momento 

Que mulher linda! 

Não pode ser aluna, eu não me envolvo com alunas, aqueles olhos negros, ainda sinto as curvas dela em minhas mãos.

E o perfume?  Se eu fechar os olhos, sinto o cheiro de flores, parece um jardim ao amanhecer.

Me assusto com a voz do meu amigo entrando no meio do meu delírio, abro os olhos e o encaro. E ele me diz:

— Henrique, você está bem?

Meu melhor amigo e também professor me encara. Eu só estava sonhando acordado, qual o problema? Respondi sem pensar muito.

— Acho que vi uma fada, e continuo sobre o efeito do encanto dela.

— Ela deve ser atraente, nunca presenciei você se expressar dessa maneira ou se sentir dessa maneira por causa de uma mulher.

— Acho que foi devido ao jeito que nos encontramos, que me impressionou.

— Que jeito foi esse? O que poderia impactar o grande Henrique Constantino?

— Trombei nela e quase fomos ao chão. A segurei em meus braços e me subiu um calor e uma sensação de pertencimento.

— E quem é a fada?

— Não sei, ela estava na secretaria, achei que era professora, mas até agora não entrou aqui.

Meu amigo solta uma sonora risada e diz:

— Se for aluna, o que você vai fazer?

— Nada! Você sabe que não me envolvo com alunas.

Ele me dá um tapinha no ombro e sei que está se divertindo com a situação.

— O curso promete, serão seis meses divertidos.

— Pare de me zoar, se ela for uma aluna, nada vai acontecer, mas se ela entrar por aquela porta, eu vou entrar em modo caçador e vou te garantir que aquela fada não me escapa.

— Vou torcer para ser uma aluna. Quero ver você se contorcer entre sua ética e esta fada.

Olhei feio para meu amigo, porque sei que ele está certo.

 Quando comecei a dar aulas, jurei que no ambiente escolar eu seria só um professor e nada mais.

 Faz 5 anos que dou aula e venho conseguindo manter a distância das alunas. Sou um homem bem-sucedido e rico e isso as atrai como moscas, mas quando percebem que não terão o que querem, passam a me respeitar como professor e assim consigo administrar bem meu curso.

# Primeiro dia de curso.

Cheguei na faculdade faltando 10 minutos para começar a primeira aula, achei minha sala e conheci alguns colegas da sala, os quais me atribuíram o apelido de “índia”, em virtude de estar com os cabelos soltos; eles associam minha cabeleira longa e negra à das índias.

Rick, um rapaz simpático, não para de falar.

— Você tem tudo de índia, os olhos negros, sua pele tem um tom dourado, os cabelos longos, só falta falar Tupy.

— Rick, bem, se vê que você não conhece nenhuma índia, elas são baixas, com meus 1,80 eu seria uma aberração no meio delas, te garanto que não sou índia. A cor da minha pele é porque onde moro o sol é quente quase o ano todo.

— Você tem uma beleza rara, esse curso vai valer a pena só por te ver todo dia. Na primeira oportunidade, quero te fotografar, você permite?

— Sou fotógrafa e não modelo. Desculpa, não vai dar.

— Você poderia desfilar em qualquer passarela, ia colocar muita modelo no chinelo.

O sinal tocou marcando o começo da aula, eu dei graças a Deus, assim Rick para de me passar essas cantadas baratas, ele vai perceber que só quero a amizade dele e vai parar.

Ficamos esperando o professor chegar, por um momento lembrei do moço que me derrubou na secretaria, deve ser de outra sala, assim vai ser melhor. Ele me pareceu um predador.

 Na minha grade está escrito Henrique Constantino, professor de fotografia em preto e branco.

Pesquisei um pouco sobre ele e tem muita experiência, vai ser bom aprender com ele. 

Na hora que ele entra, quase perco o chão, é o homem que quase me derrubou, isso deve ser brincadeira de algum "doende", só pode.

Henrique entrou todo sorridente, nem me reconheceu, parece que me esqueceu. Também um homem deste deve ter mulheres o dia todo atrás dele e vai ser melhor assim. Não estou aqui para ficar me distraindo com homens, eu prometi para minha mãe.

Quando ele falou, eu senti um frio percorrer minha espinha, que voz!

Sou Henrique Constantino, fotógrafo de estúdio, costumo dizer que não faço fotos, faço pinturas. 

Ele foi até a mesa, sentou-se na beirada. 

Ele falou que não faz fotos, faz pinturas, eu estou vendo uma pintura bem na minha frente.

Ele deve ser da minha altura, tem um corpo bem cuidado, não é um atleta, mas está com tudo no lugar.

Está com a camisa com as mangas dobradas para cima, uma calça social que marca as coxas, o cabelo bem penteado, que homem bonito.

Clareei a mente porque ele continua falando.

— Quero conhecer cada um de vocês e o que esperam do meu curso, podem começar.

A sala começa um por um, os alunos vão se levantando e falando o nome e uma frase qualquer para falar do curso.

As meninas parecem que vão pular no pescoço dele e os meninos o admiram, só por perceber como ele marca presença sem nem se esforçar.

Chegou minha vez, me controlei, dei um suspiro e falei:

 — Ester Mendonça, tenho 25 anos e adoro minha profissão, e espero sair desse curso sabendo fazer obras de arte.

Henrique ficou me olhando, balançou a cabeça e deu a volta na mesa para se sentar.

A sala acabou de se apresentar, ele solicita uma foto que cada um valoriza como marca do próprio trabalho para ele avaliar e o sinal toca avisando que a aula acabou.

Vou saindo, ele me chamou:

— Ester, posso falar com você?

Fiquei nervosa, o que será que ele quer? Me controlei e fiz de tudo para não demonstrar meu nervosismo.

— Pois não?

Henrique esperou todo mundo sair e encostou a porta.

Fiquei parada perto da carteira esperando o que ele tem a me dizer, Henrique voltou e sentou na ponta da mesa como no começo da aula e eu não consigo tirar os olhos das coxas firmes dele. 

— Ester, espero que o que aconteceu outro dia não atrapalhe o andamento da aula.

Jura que ele acha que tem que falar assim comigo? Como se eu fosse fantasiar algo que não aconteceu?

Vou mostrar para ele com quem está falando.

— O que aconteceu outro dia? Não estou lembrada de nada importante.

Ela esqueceu? Como ela pode ter esquecido se eu só consigo pensar em como seria ter ela em meus braços de novo?

— O esbarrão e o quase tombo.

Mas como ele é convencido. Está acostumado com todas elas dando em cima dele? Vou te mostrar que não sou como as outras.

— HA…, isso? Eu nem me lembrava mais.

Ela está nervosa, não sei por que a chamei para conversar.

  Está fingindo que não aconteceu nada, que o que aconteceu entre nós, não tem significado algum.

 Se fosse outra, já estaria se derretendo toda para meu lado, mas ela parece ofendida por eu estar tentando esclarecer as coisas.

Essa frieza dela tira do sério e este cabelo solto dá vontade de enfiar os dedos nele para ver se é tão macio quanto parece, esse perfume?

E os meninos da sala chamando-a de índia, estou ficando fora de controle.

“Lembra Henrique! Ela é uma aluna”.

Falei mais grosso do que queria ser.

— Então, não há motivo para preocupação, né, Ester?

— Claro que não, “professor”, posso ir agora? Meus amigos estão me esperando.

— Pode ir, Índia.

Não resisti e acabei chamando pelo apelido que os meninos deram.

Ela ficou séria e me bateu e com razão, até agora, só dei a entender que quero manter a distância e agora chamo pelo apelido.

 — Este apelido é só para os amigos, por favor, não me chame assim. O senhor é meu professor e devemos manter o respeito.

Fiquei magoado, mas é isso aí, ela está te dando a oportunidade de se afastar. 

“Se posicione como professor, Henrique e respeite a moça”.

— Ok, me desculpe, não vai acontecer de novo, senhorita Ester.

Sai da sala com vontade de bater nele, como pode falar aquele monte de coisas para mim e no final me chamar de índia? 

Ele é um cretino, arrogante e convencido.

Um cretino muito bonito, tem motivos para ser convencido. Só por estar perto dele e ver aqueles olhos verdes de perto já me deu uma moleza nas pernas, ainda bem que aparentemente não quer nada comigo, porque ia ser difícil não cair de amores por ele.

Visitando o estúdio

Começou o segundo turno e vou dar aula para a outra turma e meu amigo assume a sala dela. Ele não tem problemas em se envolver com alunas e com certeza vai dar em cima dela.

Isso me irritou mais do que deveria, mas tenho meus princípios e pronto.

Mesmo assim, eu não via a hora da aula acabar, para que ele saísse de perto dela.

Dá o sinal do final do dia e eu, como sempre, vou para a sala dos professores para rever minhas aulas antes de ir embora. 

Meu amigo entrou todo animado, já até sei o porquê de tanta animação. 

— Henrique, precisamos conversar.

— Pode falar, o que aconteceu?

— Conheci sua fada, ela está mais para índia, mas tudo faz parte da natureza, linda, cheirosa, gostosa pra caralho.

Fiquei tenso e não gosto do jeito que ele está falando dela, mas tenho que me controlar.

Falei seco.

— E daí?

— Você tem certeza de que não vai se envolver com ela?

Me controlei para não gritar para ele se afastar dela.

— Você sabe que não vou, ela é minha aluna.

— Então vou, ela é maravilhosa, linda, inteligente, é tudo de bom.

Grito por dentro. Não se aproxime dela! Ela é minha, mas por fora digo:

— Fica à vontade, eu não tenho nada com isso, não sei por que você está falando comigo deste assunto.

— Por ver o tanto que ela te afetou, e não quero briga com você, somos amigos.

Depois deste dia, vi meu amigo tentando de todas as formas se aproximar, e vi também ela recusando todas as tentativas dele e de qualquer outro. Estava tudo indo bem, o curso já está entrando no segundo mês e eu rezando para os meses passarem rápido. E Éster não se envolver com ninguém assim, eu posso tentar me aproximar dela assim que tudo se resolver.

Consegui me manter distante o suficiente para não me envolver com ela. Mas todo curso que dou levo os alunos conhecerem meu estúdio e este dia chegou.

Sei que os meninos da sala estão armando alguma coisa, mas ainda não sei o que é.

Nem quero pensar muito porque já estou ficando ansioso para ver a reação dela, quando conhecer meu trabalho, se vai gostar do que vai ver.

Nunca precisei da aprovação de ninguém, mas parece que dela eu preciso.

Esperei chegar perto do horário do micro-ônibus sair para me aproximar da turma.

Quando vinha me aproximando, Rick, “um dos alunos” que ela considera amigo, vem falar comigo.

— Professor, tenho um favor para te solicitar.

— Fala Rick, se eu puder fazer, claro que ajudo.

— Fiquei sabendo que todo ano o senhor escolhe uma das alunas para posar para o senhor e nós, homens da turma, pedimos encarecidamente que o senhor escolha a Índia.

— Você sabe que a Ester não vai gostar? Eu já te vi solicitando para fotografá-la e ela se negando.

— Mas queremos vê-la posar, e para o senhor ela não vai conseguir dizer não.

— Vou pensar, é só o que posso prometer.

 Fiquei propenso a fazer o que os alunos pediram, mas será que consigo fazer sem me envolver?

Não sei, estou me esforçando para manter a distância.

Chegamos ao estúdio de Henrique, é tudo de ponta, estou curiosíssima para vê-lo trabalhando.

As meninas estão agitadas por correr o boato de que ele escolhe uma aluna para posar enquanto mostra como trabalha.

Henrique entra, faz dias que me mantenho longe dele a qualquer custo, falo o menos possível, tento quase ser invisível. Já é difícil assim, imagina se ficar falando com ele.

Meu coração não quer aceitar que ele é inacessível, que o amor que sinto por ele não tem futuro, ele nunca me deu nenhuma esperança, se mantém sempre distante e isso é bom.

Assim, vou conseguir cumprir o que prometi para minha mãe, porque, se ele me der uma chance, somente não sei se vou resistir.

Nos cumprimentou e começou a aula, nos mostrando o equipamento e como funciona. Não consigo tirar os olhos dele, ele é vigoroso e tem uma energia que me atrai. 

Estou tão distraída olhando para ele que não escuto as últimas frases até que olho e estão todos olhando para mim, parece que esperando uma resposta minha.

“Henrique fala de novo”

— Então, o que você diz? 

Tive que ser honesta e dizer a verdade.

— Desculpa, estava distraída e não escutei. O que o senhor me perguntou?

Vi faíscas saírem dos olhos dele, ficou ofendido porque eu não estava prestando atenção na aula dele. Mal sabe ele onde meus pensamentos estavam.

— Vamos de novo e preste atenção. Sempre que ministro aulas, escolho um indivíduo para posar para mim, e desta vez optei por você.

Comecei a tremer e fiquei sem fala, balancei a cabeça, me negando. Meu amigo Rick me dá um cutucão.

— Éster, você não vai fazer a desfeita de recusar, vai?

Olhei para ele e vejo que não vai ter jeito, balancei a cabeça aceitando, mas por dentro estou gritando nãooo.

Não quero ficar na mira de Henrique, não quero ouvi-lo falando meu nome. Mas, sem ter escolha, sigo o fluxo.

Henrique fala comigo:

— Vamos trabalhar, vem comigo. Éster.

Eu o acompanho meio em transe, se bobear caio de tanto que estou tremendo de nervoso.

Resolvi falar, para ver se ele desiste.

— Não sei fazer isso, não gosto de ser fotografada.

— Fique calma, vou te ajudar.

Henrique se aproximou de mim, eu me afastei e disse:

— Não vou conseguir, sou fotógrafa, não modelo. Escolha outra das meninas. 

Henrique se aproximou ainda mais de mim, abaixei a cabeça para não encará-lo de tão perto.

Colocou a mão em meu queixo e me fez olhar para ele.

— Você vai conseguir, esquece quem está em volta, foca só em mim e na minha voz. 

— Não sei se isso vai funcionar ou vai ser pior.

E dou uma risada nervosa.

Sinto o nervoso dela e eu também estou explodindo, ela está tão perto que posso sentir a pele arrepiada, sei que vou enlouquecer de desejo até o final do dia.

Levei até o local onde faço as fotos, auxiliei a se posicionar para começar e tirei a primeira foto.

Ficou horrível, ela está tensa e não parece relaxar, aliás, parece que vou arrancar a cabeça dela de tão assustada que parece.

Assumi meu posto de fotógrafo, vou até ela e a ponho na pose, arrumei o cabelo de novo e tentei sorrir.

Voltei, peguei a câmera e não adianta, ela parece uma boneca de gesso.

 Todos conversando e tirando minha concentração, fico frustrado.

Mas nunca fiquei sem conseguir fazer uma boa foto e não vai ser hoje, falei:

— Calem a boca, eu não quero um pio, senão vou dar nota baixa para todos vocês. 

Chamei a Linda “minha assistente” e falei:

 — Escurece o estúdio e deixa a luz só nela.

Linda, fez o que pedi e agora vejo a beleza em forma de mulher bem na minha frente e só para mim.

— Isso! Linda, muito obrigada.

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