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EM BREVE: SOB O SOL DO DESTINO...
Aurora Bianchi, uma jovem mãe solteira de apenas 20 anos, decide deixar para trás a agitação e os fantasmas de seu passado em Milão para encontrar paz no interior do Brasil. Com seu filho Luca, de dois anos, ela embarca em uma jornada para se reconectar consigo mesma e proporcionar uma infância tranquila para o pequeno.
Ramón Saidi, um empresário de 32 anos, comanda um império vinícola global, mas escolheu viver em reclusão em sua fazenda no Brasil, longe dos holofotes e das complicações da vida moderna. Durante o caminho de volta para casa, ele se depara com Aurora presa na estrada com o carro e o pneu furado, o que marca o início de um encontro que mudará suas vidas para sempre.
O que começa como uma simples troca de gentilezas logo se transforma em algo mais profundo. Aurora descobre no reservado Ramón um homem generoso e protetor, enquanto ele vê na jovem mãe uma força e resiliência que o cativam. Contudo, ambos carregam cicatrizes do passado e hesitam em abrir
Entre paisagens exuberantes, segredos do passado e os desafios de um amor improvável, Aurora e Ramón terão que decidir se estão dispostos a arriscar tudo por uma segunda chance para si mesmos... e talvez, pela ideia de uma família.
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^^^ITÁLIA-MILÃO 15:45^^^
^^^SEXTA-FEIRA^^^
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Despeço-me dos meus pais no aeroporto, tentando esconder a mistura de ansiedade e esperança que transbordava em meu coração. Enquanto caminho para o portão de embarque, sinto o peso das despedidas e a expectativa de um recomeço.
Assim que me acomodo na poltrona do avião, Luca, em meus braços, começa a dormir profundamente, alheio ao turbilhão de emoções que me consome. Olho para seu rostinho tranquilo, e um sorriso involuntário aparece em meus lábios.
Encosto a cabeça no assento e fecho os olhos, buscando um momento de paz. Mas, em vez disso, as memórias do passado começam a invadir meus pensamentos, como um filme que eu não consigo pausar.
Essas lembranças, dolorosas e marcantes, me lembravam de tudo o que eu superei para chegar até ali. Com cada cena que surgia em minha mente, eu sentia novamente a dor, a força e o amor que me trouxeram até esse momento de recomeço.
FLASHBACK...
Aurora entra no apartamento de Sérgio, segurando a pequena caixinha com as mãos trêmulas. Ele a recebe com um sorriso nos lábios, aparentemente despreocupado.
SÉRGIO ROMANO: Oi, linda.
Ele dá um selinho rápido nela.
AURORA BIANCHI: Oi, amor.
Sua voz treme levemente, mas ela tenta disfarçar.
SÉRGIO ROMANO: Entra.
Ele se afasta para que Aurora passe, fechando a porta atrás dela.
Aurora respira fundo, lutando contra a ansiedade. Ela estende a caixinha para ele, tentando manter a calma.
AURORA BIANCHI: Isso é pra você.
Sérgio pega a caixinha, curioso. Ele a abre e, ao ver o conteúdo, fica paralisado por alguns segundos. O sorriso desaparece de seu rosto.
SÉRGIO ROMANO: (em tom baixo, mas incisivo) Você tá grávida?
AURORA BIANCHI: Sim.
Ela responde com um leve sorriso, ainda insegura sobre sua reação.
O rosto de Sérgio se contorce de raiva. Ele fecha a caixinha bruscamente e a joga no chão.
SÉRGIO ROMANO: Eu não vou assumir esse bastardo!
Aurora sente o coração apertar, enquanto as lágrimas começam a se acumular em seus olhos.
AURORA BIANCHI: Nosso filho não é um bastardo, Sérgio. Ele merece ser amado, assim como qualquer criança.
Sérgio ri com desprezo, cruzando os braços enquanto olha para ela com frieza.
SÉRGIO ROMANO: Amado? Aurora, você sequer sabe o que está dizendo. Eu não pedi por isso, e não vou deixar que um erro destrua tudo o que eu construí.
AURORA BIANCHI: (com a voz trêmula) Um erro? É disso que você chama o seu próprio filho?
SÉRGIO ROMANO: (interrompendo) Não me venha com esse discurso emotivo. Não é o meu filho. Eu tenho planos, Aurora. Em poucos meses, vou assumir a empresa dos meus pais. Não posso lidar com escândalos e fofocas.
Aurora sente a indignação crescer dentro de si, substituindo a tristeza.
AURORA BIANCHI: Então tudo isso é sobre sua imagem? Sobre o que os outros vão pensar?
Sérgio se aproxima dela, o tom de voz frio e calculado.
SÉRGIO ROMANO: Exatamente. E a melhor coisa que podemos fazer é resolver isso de forma rápida e discreta. Podemos marcar uma consulta em uma clínica. Assim, tudo volta ao normal.
AURORA BIANCHI: (incrédula) Você está me pedindo para tirar a vida do nosso bebê?
SÉRGIO ROMANO: (com frieza) Estou pedindo para você pensar com lógica, Aurora. Nós somos jovens. Você pode ter filhos no futuro, em um momento mais apropriado.
Aurora dá um passo para trás, balançando a cabeça em negação.
AURORA BIANCHI: Não. Nunca. Esse bebê já é parte de mim. E se você não consegue enxergar isso, o problema é seu.
SÉRGIO ROMANO: (rindo sarcástico) Você realmente acha que vai conseguir criar um filho sozinha? Sem mim? Boa sorte com isso.
As palavras dele são como uma faca no coração de Aurora, mas ela levanta o queixo, determinada a não mostrar mais fraqueza.
AURORA BIANCHI: Não preciso da sua ajuda, Sérgio. Prefiro criar meu filho sozinha do que deixá-lo perto de alguém tão egoísta e cruel como você.
Sérgio vira as costas para ela, apático.
SÉRGIO ROMANO: Então é isso. Faz o que quiser, mas me deixe fora disso.
Aurora olha para a caixinha caída no chão, como um reflexo de seu coração partido. Ela respira fundo, enxuga as lágrimas e se vira para a porta.
AURORA BIANCHI: Adeus, Sérgio.
Ela sai do apartamento sem olhar para trás, prometendo a si mesma que seria forte, por ela e por seu filho.
Aurora desceu as escadas do prédio de Sérgio com as pernas trêmulas e o coração apertado, mas sua mente começava a se reorganizar. Cada passo ecoava como uma despedida do futuro que ela havia idealizado ao lado dele.
No táxi a caminho de casa, segurava a caixinha com os sapatinhos e os testes de gravidez contra o peito, como se estivesse protegendo algo precioso. Lágrimas silenciosas desciam por seu rosto, mas em meio à dor, uma força inesperada começava a surgir.
Ao chegar em casa, Aurora encontrou seus pais na sala. Eles pareciam preocupados, percebendo imediatamente que algo estava errado.
CECÍLIA BIANCHI: Aurora, o que aconteceu? Você tá chorando!
Tentei responder, mas a dor transbordou em forma de lágrimas. Sentei no sofá, segurando a caixinha amassada com os sapatinhos e os testes de gravidez ainda dentro.
AURORA BIANCHI: (respirando fundo, tentando se recompor) Preciso contar uma coisa...
Ela se senta no sofá, e seus pais se aproximam, tensos.
AURORA BIANCHI: Eu... eu tô grávida
O silêncio na sala era tão pesado que parecia sufocante. Meu pai ficou paralisado, e minha mãe levou a mão à boca, chocada.
LORENZO BIANCHI: (com um tom duro) Grávida? Aurora, você só tem 17 anos!
CECÍLIA BIANCHI: (tentando ser mais calma, mas visivelmente abalada) Você tem ideia de como isso vai mudar sua vida?
Minhas lágrimas continuavam a cair, mas levantei a cabeça, tentando encontrar forças para enfrentá-los.
AURORA BIANCHI: Eu sei. Sei que cometi um erro, mas não vou desistir do meu filho. Ele não tem culpa de nada.
LORENZO BIANCHI:(andando de um lado para o outro) E o pai? O que aquele... garoto tem a dizer?
Respirei fundo, tentando não deixar a raiva e a mágoa transparecerem.
AURORA BIANCHI: Ele não quer assumir. Disse que um filho estragaria a vida dele.
Minha mãe se aproximou de mim, ajoelhando-se ao meu lado.
CECÍLIA BIANCHI:Aurora, isso é tão injusto...
AURORA BIANCHI: Eu não preciso dele. Vou criar meu bebê sozinha, com ou sem o apoio dele.
Meu pai parou de andar e me olhou, ainda com a expressão rígida, mas agora misturada com algo que parecia ser preocupação genuína.
LORENZO BIANCHI: (suspirando) Aurora, você vai precisar de ajuda. Não será fácil, mas nós estamos aqui.
CECÍLIA BIANCHI: Nós vamos te apoiar. Vai ser um caminho difícil, mas você não vai enfrentar isso sozinha.
Aquelas palavras me deram um alívio imediato. Por mais que a situação fosse assustadora, eu sabia que tinha um porto seguro.
A mãe de Aurora suspira profundamente, puxando a filha para um abraço.
CECÍLIA BIANCHI: Você pode ter cometido um erro, mas vamos te apoiar. Esse bebê é parte da nossa família agora.
O pai, depois de alguns instantes em silêncio, finalmente se aproxima e coloca a mão no ombro de Aurora.
LORENZO BIANCHI: (mais calmo) Vai ser difícil, mas não vamos te abandonar.
Aurora se sente aliviada, mesmo em meio à tristeza. Ela sabia que sua família seria seu porto seguro naquela jornada.
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No avião, Aurora abre os olhos, sentindo o coração pesado com as memórias, mas também um alívio por ter superado tudo.
Sinto o avião tremer levemente enquanto ganha altitude. Abro os olhos, limpando discretamente uma lágrima que escapou. Olho para Luca, dormindo sereno em meu colo, e acaricio seus cabelos macios.
AURORA BIANCHI: (pensando) Tudo isso foi por você, meu pequeno. Você é minha força, minha luz, meu recomeço.
Olho pela janela, vendo as nuvens cobrirem a paisagem lá embaixo. Não sabia o que o futuro me reservava no Brasil, mas tinha certeza de que estava pronta para encarar o que viesse. Afinal, aquela jornada não era só minha — era nossa.
AURORA BIANCHI: (pensando) Eu faria tudo de novo, só para ter você comigo. Você é o melhor presente que a vida me deu.
O som da aterrissagem do avião me despertou dos devaneios. O piloto anunciou nossa chegada ao aeroporto de uma cidade no interior do Brasil. A voz serena do comandante contrastava com a euforia contida que eu sentia.
Luca abriu os olhos, ainda sonolento, e deu um sorriso preguiçoso.
LUCA BIANCHI: Mamma, siamo arrivati?(Mamãe, já chegamo?)
Eu sorri de volta, beijando sua testa.
AURORA BIANCHI: Sì, amore mio. Benvenuto nella nostra nuova casa.
(Sim, meu amor. Bem-vindo ao nosso novo lar.)
Peguei minha bagagem de mão e segurei Luca pela mão enquanto descíamos do avião. O calor do Brasil me envolveu assim que saímos do aeroporto. O ar era diferente, carregado com um aroma fresco, uma mistura de terra molhada e flores tropicais.
Saio do aeroporto e sigo diretamente para o guichê da locadora de carros. Expliquei que precisava de um veículo equipado com cadeirinha infantil, algo que não era negociável para mim. Após alguns minutos, recebo as chaves de um carro compacto e funcional.
Entro no veículo, ajusto os espelhos e cuidadosamente coloco Luca na cadeirinha no banco de trás. Ele observa tudo com olhos curiosos, mas não demora a se aconchegar e fechar os olhos novamente, ainda cansado da viagem.
AURORA BIANCHI: (olhando pelo retrovisor) Está confortável aí, meu amor?
LUCA BIANCHI: (sonolento) Uhum...
Sorri e dei partida no carro. Saí do aeroporto e segui as indicações para a fazenda dos meus pais. A estrada era longa e cercada por paisagens exuberantes: árvores imponentes e campos que pareciam não ter fim.
Tudo parecia tranquilo até que o carro começou a apresentar um comportamento estranho. O motor dava pequenos trancos, e o volante puxava levemente para a direita. Franzi o cenho e apertei o volante com força, tentando manter a calma.
AURORA BIANCHI: (murmurando para si mesma) O que está acontecendo agora?
Acelerei um pouco mais, mas o carro balançou de maneira abrupta antes de parar completamente. Olhei para o painel, esperando algum aviso, mas tudo parecia normal.
Soltei um suspiro frustrado e olhei pelo retrovisor. Luca dormia profundamente, alheio à situação. Desci do carro, ajeitando o vestido para que não ficasse preso na porta, e andei até a lateral do veículo. Foi então que vi o problema.
AURORA BIANCHI: (exclamando) Ah, não! Um pneu furado... Era só o que me faltava.
Olhei para a estrada deserta à minha frente, esperando ver algum sinal de ajuda, mas tudo o que encontrei foi silêncio e o calor do sol que começava a ficar mais intenso. Passei a mão pela testa, já começando a suar, e tentei pensar no que fazer.
AURORA BIANCHI: (para si mesma) Tá bom, Aurora, calma. Você consegue lidar com isso.
Voltei ao carro e peguei meu celular, mas, claro, o sinal era praticamente inexistente naquele trecho da estrada. Olhei mais uma vez para Luca, que continuava dormindo tranquilamente.
AURORA BIANCHI: Pelo menos um de nós está tendo um dia tranquilo...
Enquanto tentava decidir se deveria esperar ou tentar trocar o pneu sozinha, o som de um motor ao longe chamou minha atenção. Olhei para trás e vi uma caminhonete se aproximando. O veículo diminuiu a velocidade ao passar por mim e, para minha surpresa, parou alguns metros à frente.
O motorista desceu, e logo notei sua figura imponente. Ele vestia uma camisa leve, calça jeans e botas gastas. Um chapéu protegia seu rosto do sol, mas era impossível não reparar em seus olhos penetrantes e no jeito confiante com que caminhava em minha direção.
IMAGINEM ELE COM UM CHAPÉU
HOMEM: (calmo) Parece que está com problemas.
Levantei a cabeça, tentando demonstrar firmeza, mas o alívio de finalmente ver alguém era evidente.
AURORA BIANCHI: (educada) Sim, o pneu furou, e eu... bem, não sou exatamente especialista nisso.
Ele abriu um leve sorriso, sem traço algum de julgamento.
HOMEM: (gentil) Isso acontece. Quer que eu ajude?
Hesitei por um momento, ainda desconfiada. Olhei para Luca pelo vidro do carro e depois de volta para o estranho.
AURORA BIANCHI: (respirando fundo) Seria muita gentileza sua.
Ele estendeu a mão, sem se aproximar demais, como se quisesse me tranquilizar.
HOMEM: Ramón Saidi. Moro aqui perto, na fazenda ao final da estrada.
AURORA BIANCHI: (apertando a mão dele) Aurora Bianchi.
Quando nossas mãos se encontraram, um arrepio percorreu meu corpo, como se uma corrente elétrica tivesse passado por mim. Era uma sensação estranha e inesperada, que me deixou momentaneamente sem palavras. Olhei para ele, um pouco sem jeito, tentando disfarçar o desconforto que aquela reação repentina havia causado.
Ramón não desviou o olhar. Seus olhos profundos e intensos fixaram-se nos meus, como se ele estivesse tentando ler algo além do que eu estava disposta a mostrar. Havia algo em seu olhar — uma mistura de curiosidade, segurança e algo mais que eu não conseguia identificar.
Meu coração acelerou, e me senti vulnerável, como se ele pudesse ver através de mim. Tentando quebrar aquele momento que parecia eterno, desviei o olhar, fingindo estar interessada no carro.
AURORA BIANCHI: (com um leve sorriso nervoso) Parece que o universo adora me testar ultimamente.
Ramón sorriu de canto, mas seus olhos ainda estavam fixos em mim.
RAMÓN SAIDI: (em tom tranquilo) Às vezes, os testes levam a lugares inesperados.
Sua voz era calma, mas carregada de um peso que parecia vir de experiências que eu não conhecia. Era quase como se ele entendesse o que eu estava sentindo, mesmo sem saber nada sobre mim.
Meus dedos ainda formigavam do toque, e percebi que estava segurando a respiração. Soltei o ar lentamente, tentando recuperar a compostura.
AURORA BIANCHI: (tentando mudar o assunto) Obrigada, de verdade. Não sei o que teria feito se você não aparecesse.
Ele se agachou ao lado do pneu furado, já começando a trabalhar com habilidade e eficiência.
RAMÓN SAIDI: (sem me olhar, mas com um tom amigável) Não foi sorte, foi destino.
Aquela frase pairou no ar por um momento, e eu não soube como responder. Enquanto ele trocava o pneu, eu me perguntava por que aquela simples interação parecia tão carregada de significado.
Luca, ainda dormindo no banco de trás, estava alheio àquela troca silenciosa. Mas eu sabia, no fundo, que aquele homem desconhecido, de olhar penetrante e palavras simples, havia marcado algo dentro de mim — algo que eu ainda não conseguia compreender.
RAMÓN SAIDI: (olhando para o carro) Bem, Aurora, pode deixar comigo. Vamos tirar você e o pequeno dessa situação.
Enquanto ele começava a trocar o pneu, eu me perguntava se aquele encontro, tão inesperado, era apenas uma coincidência ou o início de algo que eu jamais poderia prever.
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