Cenário: No dia seguinte, Giovania chega à escola se sentindo mais confiante. Depois da acolhida de sua tia e a noite de conversas com Lara, ela percebe que as coisas estão começando a fazer sentido. No corredor, encontra Júlia e Mateus, que acenam animadamente para ela.
Júlia: (abraçando Giovania) Ei, garota nova! Como foi sua primeira noite depois do nosso intervalo incrível?
Giovania: (rindo) Foi ótima. Vocês me ajudaram a não me sentir tão perdida.
Mateus: (sorrindo) Esse é o nosso trabalho. E, por falar nisso, vem, deixa eu te mostrar onde é a sala da próxima aula.
Os três seguem conversando até a sala de Matemática. Ao entrar, Giovania percebe que a professora já está organizando os materiais. É uma mulher de meia-idade, com óculos redondos e uma expressão gentil.
Professora Camila: (olhando para Giovania) Ah, você deve ser a nova aluna, certo?
Giovania: (assente, tímida) Sim, sou eu. Giovania Solano.
Professora Camila: Seja bem-vinda, Giovania. Eu sou a professora Camila. Espero que goste da aula. Matemática é mais fácil do que parece, prometo.
Júlia: (brincando) Ela fala isso pra nos enganar, Giovania. Mas a gente sobrevive.
Professora Camila: (rindo) E você fala isso pra assustar os novos. Vamos lá, pessoal, abram os cadernos.
Giovania se senta e percebe que, apesar do desafio da matéria, a professora tem um jeito acolhedor de explicar, o que a ajuda a se concentrar. Após a aula, enquanto os alunos saem, a professora a chama.
Professora Camila: Giovania, tem um minutinho?
Giovania: (parando na porta) Claro, professora.
Professora Camila: Queria saber como está sendo sua adaptação. Novos começos podem ser difíceis, mas vejo que você já está se enturmando.
Giovania: (sorrindo) Tá sendo mais fácil do que eu pensei. Todo mundo tem sido muito acolhedor.
Professora Camila: Fico feliz em ouvir isso. Se precisar de ajuda com a matéria ou qualquer outra coisa, pode me procurar, tá bom?
Giovania: Obrigada, professora.
Ao sair, Giovania encontra Mateus e Júlia esperando por ela no corredor.
Mateus: E aí, como foi com a professora Camila?
Giovania: (sorrindo) Melhor do que eu esperava.
Júlia: Tá vendo? A gente te disse que você ia gostar daqui.
Os três seguem para a próxima aula, e Giovania se sente mais confiante a cada momento.
Cenário: Na hora do intervalo, Giovania se senta na mesa com Júlia, Mateus e mais alguns colegas que ela conheceu ao longo do dia. A conversa flui, e Giovania percebe que está começando a construir amizades verdadeiras.
Júlia: (animada) Giovania, você tem que vir com a gente na sexta. A gente vai fazer um trabalho em grupo e depois sair pra tomar sorvete.
Giovania: (surpresa) Sorvete? Parece bom.
Mateus: Claro! Além disso, é nossa tradição incluir os novatos.
Giovania: (sorrindo) Nesse caso, eu aceito.
Ela se sente parte do grupo e percebe que, mesmo longe de Brasília, está encontrando um lugar onde pode ser ela mesma. As amizades, os professores e o apoio de Lara e tia Marli estão ajudando a transformar esse recomeço em algo especial.
Cenário: Giovania está no banheiro, com o chuveiro ligado, enquanto a água quente alivia o cansaço do dia. Ela ouve uma batida leve na porta e a voz de Lara do outro lado.
Lara: (batendo na porta) Giovania, tá ocupada?
Giovania: (gritando por cima do barulho do chuveiro) Tô no banho! O que foi?
Lara: (animada) Termina rápido! Tô te chamando pra ir numa festa comigo.
Giovania: (intrigada) Festa? Não sei…
Lara: (insistente) Anda logo! Vou te esperar na sala.
Giovania desliga o chuveiro, se seca rapidamente e sai do banheiro enrolada na toalha. Quando chega ao quarto, Lara está lá, sentada na cama com um vestido elegante na mão.
Lara: (mostrando o vestido) Que tal? Se você não tiver nada pra usar, pode experimentar esse aqui.
Giovania: (pegando o vestido, ainda hesitante) Não sei, Lara. Festa não parece muito minha vibe.
Lara: (colocando as mãos nos quadris) Ah, deixa de besteira! Você passou por tanta coisa nos últimos dias. Merece se divertir um pouco.
Giovania: (suspira) Tá bom, mas só se você prometer que a gente não vai ficar até tarde.
Lara: Combinado. Agora, anda logo, quero ver você pronta.
Giovania se veste e faz uma maquiagem leve. Quando termina, as duas se sentam na cama para dar os retoques finais.
Lara: (olhando para Giovania) Tá linda. Parece até que nasceu pra brilhar.
Giovania: (rindo) Tá exagerando, mas obrigada.
Lara: (de repente, mais séria) Você tem se sentido melhor desde que chegou aqui?
Giovania: (pensativa) Melhor, sim. Mas ainda sinto falta dos meus pais, mesmo com tudo que aconteceu. É estranho, sabe? Como se uma parte de mim ainda estivesse lá, esperando que eles mudem de ideia.
Lara: (assentindo) Entendo. Eu passei por algo parecido. Quando contei pra minha mãe que gostava de garotas, ela não aceitou de cara. Disse coisas que me machucaram.
Giovania: (olhando para Lara) E como você lidou com isso?
Lara: (suspira) No começo, foi difícil. Eu me fechei, achei que o problema era comigo. Mas, com o tempo, percebi que o amor que eu sinto não tem nada de errado. E, aos poucos, ela também começou a entender. Hoje, somos próximas, mas foi uma jornada longa.
Giovania: (emocionada) Eu não sei se meus pais vão chegar a esse ponto. Parece impossível.
Lara: (segurando a mão de Giovania) Ei, você não tá sozinha. Tem sua tia, tem seus novos amigos, tem… bem, eu também tô aqui.
Giovania: (sorrindo suavemente) Obrigada, Lara. De verdade.
Lara: (voltando ao tom animado) Agora chega de papo sério! Vamos pra festa e esquecer dos problemas por algumas horas.
Giovania: (rindo) Você é impossível.
As duas se levantam, pegam suas bolsas e saem juntas, prontos para a noite. Mesmo com os problemas ainda rondando suas mentes, Giovania sente que está começando a encontrar apoio, força e talvez até algo mais ao lado de Lara.
Cenário: Na festa
Giovania e Lara chegam à festa, onde a música vibrante e as luzes piscantes criam uma atmosfera contagiante. Giovania observa tudo com olhos curiosos, mas hesita em avançar, sentindo-se um pouco fora do lugar.
Lara: (puxando-a pelo braço) Ei, nada de ficar parada na entrada. Vamos lá!
Giovania: (rindo nervosamente) Você tem certeza disso?
Lara: (confiante) Absoluta. Agora vem comigo!
Lara a leva direto para a pista de dança, onde o som alto faz o chão vibrar. Giovania olha ao redor, tentando processar a energia do lugar, mas antes que possa dizer qualquer coisa, Lara segura suas mãos e começa a balançar no ritmo da música.
Lara: (gritando por cima da música) Vamos lá, Giovania! É só sentir a música.
Giovania: (rindo) Eu não sei dançar!
Lara: (com um sorriso provocador) Ótimo, então só se mexe!
Lara gira Giovania de forma inesperada, arrancando uma risada alta dela. Aos poucos, Giovania se solta, acompanhando os movimentos de Lara. A proximidade entre as duas cria uma tensão leve, mas cheia de emoção
Enquanto dançam, Lara se aproxima mais, olhando diretamente nos olhos de Giovania.
Lara: (com um sorriso suave) Sabia que você ia gostar.
Giovania: (sorrindo, meio sem fôlego) Você não desiste fácil, né?
Lara: (séria, mas com brilho nos olhos) Não quando vale a pena.
O olhar intenso de Lara faz Giovania desviar os olhos por um instante, mas ela logo sorri, sentindo uma mistura de nervosismo e algo novo que não consegue.
Depois de dançar por um tempo, Lara a conduz para um canto menos movimentado. O som da música ainda chega ali, mas é mais suave. Giovania encosta em uma parede, respirando fundo, enquanto Lara observa com um sorriso divertido.
Giovania: (rindo) Ok, eu admito. Foi divertido.
Lara: (chegando mais perto) Eu sempre ganho, lembra disso.
Giovania: (provocadora) Convencida.
Lara ri e, sem aviso, coloca uma mecha do cabelo de Giovania atrás da orelha. O toque faz Giovania prender a respiração por um segundo, surpresa pela gentileza inesperada.
Lara: (mais suave) Tá vendo? Você brilha, mesmo sem perceber.
Giovania: (baixando os olhos, tímida) Você fala como se eu fosse especial ou algo assim.
Lara: (séria) Porque você é.
A intensidade do momento deixa o ar carregado de algo que as palavras não podem expressar. Giovania sente o coração acelerar, mas antes que ela possa pensar demais, Lara sorri e dá um passo para trás.
Lara: (com um tom brincalhão) Pronta pra voltar ou quer fugir?
Giovania: (rindo) Vamos dançar mais.
Lara segura a mão de Giovania e a puxa de volta para a pista, onde as luzes e a música as envolvem novamente. Enquanto dançam, Giovania percebe que há algo em Lara que a faz sentir mais viva, como se pela primeira vez estivesse exatamente onde deveria estar. A conexão entre as duas cresce, cada sorriso e toque carregando mais significado do que qualquer palavra poderia expressar mas as duas sabia que sentia uma pela outra era mais que amizade desde do dia do ônibus.
O dia tinha sido longo e cansativo. Giovanna saiu da escola sentindo o peso da rotina, mas também aquele vazio que não conseguia preencher desde que foi mandada embora de casa. Fazia semanas que estava morando com a tia, e mesmo que ela fosse gentil, não era o mesmo. Nada era o mesmo.
Ela subiu os degraus da casa, girou a maçaneta e entrou. Assim que deu o primeiro passo para dentro, congelou.
Seus pais estavam ali.
Sentados no sofá da sala, sérios, como se nunca tivessem feito nada de errado. O estômago dela revirou.
— O que vocês estão fazendo aqui? — a voz dela saiu mais dura do que pretendia.
A mãe foi a primeira a se levantar.
— Viemos conversar.
— Agora vocês querem conversar? — Giovanna riu sem humor, jogando a mochila no chão. — Depois de me expulsarem de casa como se eu fosse um lixo?
O pai suspirou, esfregando o rosto.
— Giovanna, você precisa entender que fizemos isso pelo seu bem.
— Pelo meu bem? — Ela sentiu a raiva borbulhar no peito. — Me mandando embora porque não gostaram de quem eu sou? Vocês acham mesmo que isso é pro meu bem?
A mãe cruzou os braços, impaciente.
— Você ainda não entende…
— Não! Eu entendo perfeitamente! — Giovanna interrompeu. — Eu nunca fui boa o bastante pra vocês. Vocês não querem uma filha, querem uma boneca que obedeça tudo sem questionar!
O silêncio na sala ficou pesado. A tia de Giovanna observava tudo da cozinha, sem intervir.
O pai tentou novamente:
— A gente quer você de volta.
Giovanna piscou, surpresa.
— O quê?
— Volte para casa — ele continuou. — Podemos esquecer tudo isso. Você pode mudar…
Aquelas palavras foram a gota d’água.
— Mudar? — Ela deu um passo à frente, o olhar queimando. — Vocês ainda acham que eu posso me consertar, né?
A mãe desviou o olhar. O pai apertou os punhos.
— A gente só quer o melhor pra você.
— O melhor pra mim? — Giovanna riu, mas não havia alegria ali. Só dor. — O melhor pra mim teria sido ter pais que me amassem como eu sou. Mas vocês não são esses pais.
O silêncio veio de novo. Dessa vez, carregado de algo irreversível.
A mãe suspirou, derrotada.
— Então é isso? Você realmente escolhe isso?
Giovanna sentiu o peito apertar. Mas se manteve firme.
— Eu não escolhi ser quem eu sou. Mas hoje eu escolho não me odiar por isso.
Os pais dela se entreolharam. A mãe pegou a bolsa. O pai levantou sem dizer mais nada.
Eles foram embora sem olhar para trás.
E pela primeira vez, mesmo com o coração em pedaços, Giovanna se sentiu livre porque além do país nunca ter apoiado ela em nada no momento que ela sentiu livre sem a dor do desprezo dos pais sua sorte foi sua tia de longe que apoiou ela até esse triste momento mais ao mesmo tempo alívio nem ela queria que chegasse a esse ponto queria só o apoio dos dois meio por fim foi isso afastamento de amor que nunca poder ser substituído amor de sua filha
Para mais, baixe o APP de MangaToon!