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Filha da Lua:O Legado do Híbrido

Relembrando o passado

Eu vivo em um mundo devastado, bom, pelo menos para as minhas espécies. Quem sou eu? Bem, logo vocês irão descobrir. Primeiro, você precisa entender o motivo de minhas espécies, os seres sobrenaturais, serem caçados dessa forma.

Tudo começou há mais de 2 mil anos, quando minha avó Olivia, temendo perder seus filhos para uma doença terrível da época, pediu ajuda aos deuses e criou os primeiros vampiros da história. Um dos filhos de Olivia, era descendente de uma das linhagens dos lobisomens, que séculos antes disso já haviam sido criados pela deusa Luna, na esperança de salvar seu pequeno filho humano - um garotinho que ela havia cuidado, mas que acabou morrendo de forma trágica. Ela ligou a alma do garoto com a de um lobo, criando assim o primeiro lobisomem. E esse filho de Olivia, por ser descendente de um dos lobos, acabou se tornando um híbrido das duas espécies.

Mas com a imortalidade veio a sede incessante por sangue humano. Esses seres eram seus próprios filhos e marido, pois, pelo pacto que ela fez, ela não poderia se tornar uma vampira também. Ela ganhou magia dos deuses e se tornou, ao lado de sua irmã Lara, as primeiras bruxas da história. E essa é a história de como todas as raças foram criadas e de como a minha família surgiu.

Bom, agora vamos falar de mais ou menos 25 anos atrás. Meu pai, o híbrido chamado Oliver, conheceu minha mãe durante mais uma de suas atrocidades. Minha família é temida e odiada por inúmeras raças e pessoas, por serem o que são e por estarem ligados a um laço que os faz proteger uns aos outros, independente do que precisem fazer. Voltando a essa época, Oliver conheceu minha mãe, Hana, uma lobisomem muito poderosa e impiedosa. Após passarem uma noite juntos, eles não sabiam que isso mudaria suas vidas para sempre. Pouco tempo depois, Hana foi atraída para uma cidade pelas bruxas, que queriam usar Hana e seu bebê na barriga - eu - para manipular Oliver e seus irmãos. Mas tudo acabou bem. Eu nasci, mas minha mãe acabou se tornando uma híbrida após ser morta por uma bruxa no meu nascimento.

A minha tia Minji reencontrou o seu grande amor, Daniel, e por um instante, viveram juntos a felicidade {pelo menos, por um tempo}. O meu tio Yan encontrou a sua amada, Lúcia {, mas, como em tantas histórias, o destino pregou-lhes uma peça, e o final não seria o que esperavam}. A minha tia Haide apaixonou-se por Kate {um amor intenso, porém efémero, interrompido pela cruel mão do destino}. O meu tio David, após séculos de tentativas, finalmente conseguiu conquistar o coração de Bella {, mas, como sempre, o destino não foi gentil com eles}. E, como tudo o que é belo, aquilo também teve o seu fim precoce, marcando o início de uma história que, infelizmente, estava longe de ser um conto de fadas.

Após meses de felicidade, minha família foi surpreendida novamente com algo impossível de acontecer. Já era a terceira vez que algo assim acontecia na nossa família. Minha mãe estava grávida de uma menina e minha tia Lúcia de um menino. Minha mãe escolheu o nome da minha irmãzinha e a chamou de Ara, enquanto minha tia disse que o meu primo se chamaria Rui. Logo, os dois nasceram, e, novamente, nossa família teve que lutar contra uma ameaça que estava arriscando nossa segurança. Essa ameaça era a Lara, irmã de minha avó, que queria o poder que eu, meu primo e minha irmã possuíamos, pois éramos híbridos de sangue puro. Lara queria esse poder para ela, mas foi derrotada pelos meus tios e pais. Porém, antes disso, ela colocou algo na cabeça de meu tio Daniel, algo que o fez trair nossa família e beber um líquido que havia sido criado por Lara antes de sua morte. Esse líquido o deixava no mesmo patamar de força que um dos originais, e houve uma briga muito grande, tendo meus tios Yan e David mordidos e envenenados pelas presas de Daniel, que carregavam o veneno graças ao feitiço de Lara.

Minha tia Minji, que era vampira, foi enfeitiçada por uma bruxa aliada de Daniel, antes dessa bruxa ser morta. O feitiço deixou a mente de Minji confusa, fazendo com que ela não conseguisse distinguir quem era o inimigo e quem era nossa família. Ela, então, quase matou minha mãe e teve que ser presa para evitar mais danos. Minha tia Haidi que era a única filha que não era vampira e sim bruxa foi envenenada, e minha tia Lúcia morreu. Esse foi o começo dos 5 anos de vida dos meus primos. Meu pai foi capturado por Daniel e ficou preso por cinco anos até minha mãe encontrar a cura para meus tios. Foi como eu disse, muitos odeiam nossa família, inclusive Daniel, que havia perdido sua cidade para os originais. Quando minha mãe finalmente encontrou a cura, ela salvou meu pai, mas tudo ficou estranho ao vê-lo depois de tanto tempo. Eu e minha irmã não sabíamos como agir, e meu primo também estava assim, mas muito pior, já que sua mãe havia sido morta.

Com o fim da ameaça de Daniel, que voltou ao normal, outra coisa apareceu: uma bruxa tão poderosa quanto minha avó. Ela queria minha magia, e para isso, minha morte. Ela dizia que a profecia não deveria ser cumprida. Eu não entendi nada na época, mas, graças a ela, Ara, Rui e eu ficamos até os meus 17 anos e os 16 deles, sem ver nossos pais novamente. Minha mãe ficou conosco, mas os outros tiveram que se afastar, pois carregavam a magia da bruxa dentro deles, para impedir que a bruxa que queria se apossar de nossa magia para o mal voltasse à vida.

Mas minha irmã fez algo que mudou minha vida para sempre. Ela estava tão cheia de saudades de nosso pai que tomou uma decisão drástica: fez nossa mãe desaparecer, na esperança de que isso trouxesse nosso pai de volta à cidade, mesmo que ele não pudesse compreender o que realmente havia acontecido. Quando ele chegou e descobriu o que Ara havia feito, deu-lhe uma tremenda bronca. Ao procurar por nossa mãe, ele não a encontrou, e quando retornou, Ara também havia desaparecido, junto com seu namorado, Luke, que estava com ela quando ele partiu.

Eu, a diretora da escola, Emily, e meu pai saímos em busca delas, mas nossas tentativas foram em vão. Desesperado, usei um feitiço de localização, ligando-o ao sangue, e em segundos conseguimos encontrá-las. Porém, ao chegarmos, algo terrível aconteceu: o pescoço de Emily foi quebrado de forma brutal, e ela caiu desmaiada no chão. A pessoa responsável por isso era meu tio, o único que não conseguia se afastar de nossas lembranças, até que, em um ato desesperado, pediu para que eu apagasse todas as suas memórias. Mas ali estava ele, ao lado de nossos inimigos, voltado contra nós, em um gesto que eu jamais poderia imaginar.

Após David quebrar o pescoço de Emily, ele atacou Oliver com uma fúria incontrolável. Enquanto os dois lutavam intensamente, meu pai gritou para que eu fosse salvar minha mãe, e assim eu fiz. No entanto, quando estava prestes a entrar no quarto onde ela estava, uma vampira alta, elegante e de aparência imponente me segurou com uma força sobrenatural, impedindo minha passagem.

Sem perder tempo, concentrei minha magia e a fiz cair de joelhos diante de mim. Porém, antes que eu pudesse atravessar a porta, algo terrível aconteceu. Minha mãe, Hana, emergiu do quarto ao lado de outra mulher, cuja identidade era um mistério para mim. Ambas foram atingidas pelos primeiros raios do sol que invadiram o local, e, em um instante aterrorizante, foram reduzidas a cinzas diante dos meus olhos.

A cena horrível me distraiu por um momento, e foi tudo o que a vampira precisava. Com uma rapidez assustadora, ela rompeu o controle da minha magia e, num golpe cruel, arrancou meu coração. Meu corpo tombou ali mesmo, imóvel e sem vida.

...[...]...

Quando abri os olhos novamente, a dor física havia desaparecido, mas o vazio em meu peito e minha alma era insuportável. Meu tio David estava de volta ao normal, consumido pela culpa pelos atos que cometeu enquanto estava desmemoriado. A morte de minha mãe e a ativação do meu lado vampiro pesavam como um fardo insuportável sobre ele, após um tempo no meu quarto eu desci as escadas.

...[...]...

Despertei gritando pela minha mãe, mas minha tia Minji me informou com tristeza que ela já não estava entre nós. Sentindo a perda em cada fibra do meu ser, minha transformação foi completa. Levantei-me com uma nova força sombria e segui até a sala onde todos estavam reunidos: meus tios, minha irmãzinha, meu primo, e Emily com suas duas filhas, Mei, a loira, e Jia, de cabelos pretos.

E então, eu a vi. A vampira que havia me matado. A responsável por eu não ter conseguido salvar minha mãe. Ali, ela estava ajoelhada, enquanto meu tio David implorava a Oliver para não matá-la.

Com uma voz fria e carregada de determinação, quebrei o silêncio:

- Bom, David, você eu posso perdoar, já que estava sem memória e não reconhecia sua família. Mas você... - apontei para a vampira sua vampira imunda, foi a causa de eu não conseguir impedir a morte da minha mãe. E por isso, você vai morrer.

Antes que qualquer um pudesse reagir, tomei minha decisão e a executei com precisão letal. Matei a vampira, libertando minha raiva e ativando, naquele instante, também meu lado lobisomem.

A transformação foi dolorosa, mas inevitável. Afinal, existem três maneiras de se tornar um lobisomem: ser mordido por um alfa de alcateia, nascer com o gene e ativá-lo ao matar alguém, ou simplesmente atingir o momento predestinado de transformação. No meu caso, foi a fúria e o ato de matar que despertaram o lobo dentro de mim.

Agora, com ambos os lados - vampiro e lobisomem manifestados, ergui-me como algo completamente novo. E sabia que minha luta estava apenas começando.

"Resistência Sobrenatural: Herdeiros dos Originais Contra a Besta"

Mas, mesmo após tudo o que aconteceu, ainda havia algo que estava além do nosso controle: a magia da bruxa antiga, Melissa, que ainda nos ameaçava. Se essa magia entrasse dentro de mim ou de minha irmã, ela controlaria o mundo inteiro. A magia de Melissa era extremamente poderosa, e, se se juntasse ao poder das dívidas do sangue puro, a tornaria invencível. Enquanto meu pai e tios estivessem por perto, qualquer vida — plantas e animais — ao redor morreriam, e isso destruiria a cidade.

Então, meu pai, Oliver, teve uma ideia. Ele decidiu pedir à sua irmã, Haidi, que era a única dos irmãos originais que não era vampira, mas que, por algo no passado, havia se tornado bruxa como a mãe e a tia, que transferisse a magia que estava dentro dos outros irmãos para o seu corpo. Junto das irmãs gêmeas Mei e Jia, Haidi realizou o feitiço.

Após isso, Oliver organizou uma grande festa de despedida, comemorando ao lado de seus irmãos, filhas e parentes, sabendo que aquele seria o último momento com todos. Ele disse: "Isso não é o fim da nossa família. Ainda há muitos de nós. Este é apenas o meu fim." Todos nós choramos com a despedida.

Então, ele partiu para um lugar distante, onde ninguém pudesse vê-lo, para cumprir o que havia prometido: se matar e destruir a magia que estava dentro de si. No entanto, o que ele não esperava era que seu irmão, David, também havia se despedido de todos e decidiu acompanhar Oliver nesta jornada final. Juntos, Oliver e David sacrificaram suas vidas.

...[...]...

Tecnicamente, dois anos se passaram. Agora, com 19 anos, foi nesse período que algo muito mais poderoso surgiu. Não sabemos exatamente quem ou o que é, mas sabemos que se trata de um inimigo antigo da nossa família. Essa pessoa, que desapareceu há anos e todos acreditaram ter morrido, retornou com um propósito sinistro.

Ela criou um monstro, um lobo gigante e extremamente poderoso, conhecido como "A Besta". Junto com outro ser igualmente poderoso, ambos bruxos, a Besta devastou tudo em seu caminho. Ela matou meus tios Bella, Haidi, Kate, Minji, Daniel, Yan, e também a diretora e o vice-diretor da escola sobrenatural, que eram os pais de minhas melhores amigas, Emily e Kai.

"Mas há um lugar onde ainda existe resistência contra essa ameaça. São poucas as pessoas que sabem da existência dessas aberrações, mas sabemos que algumas delas são alvos prioritários, e a minha família é uma das principais. Muitas alcateias, bruxas e vampiros uniram forças para resistir, mas há alguns lobos, vampiros e bruxas que ainda não se envolveram na guerra, pois não conseguem identificar o momento certo para agir. As bestas estão caçando apenas aqueles com o cheiro mais próximo ao nosso, mas cedo ou tarde, elas irão atrás das outras espécies também. Quando isso acontecer, a resistência se levantará para lutar.

Essa ameaça não se restringe apenas a vampiros, lobisomens e bruxas, mas também a seres humanos, que estão nos atacando. As bestas, esses lobos gigantes que conseguiram matar os vampiros originais, se tornaram extremamente fortes. Para combatê-los, criei armas especiais, mas apenas os de minha mais alta confiança têm acesso a elas. Entre esses estão os líderes da resistência que estão ao meu lado: minha irmã Ara, meu primo Rui, minhas melhores amigas Mei e Jia, e Selene, que vigia o garoto da profecia da família Kang, e eu.

Esse local onde nos reunimos, onde estudávamos, e onde Emily, a diretora dessa escola, morreu há muitos anos, ainda resiste a essa ameaça. Os herdeiros dos originais, aqueles vampiros que foram mortos injustamente, ainda persistem na luta. Esses herdeiros são: meu primo Rui, minha irmã Ara, as gêmeas Mei e Jia, e Yuna-"eu"."

"Os Ecos do Passado: A Jornada de Dante"

...❤️Dante ❤️...

Já é mais um dia de sol em minha cidade. A luz suave da manhã entrava pela janela do meu quarto, iluminando as paredes ainda meio escuras, enquanto o som do ventilador antigo preenchia o ambiente quente. Eu estava deitado na cama, tentando espreguiçar, ainda meio cansado, quando ouvi a porta do meu quarto se abrir. Era Omar, meu irmão, com uma expressão séria no rosto. Ele estava inquieto, e logo percebeu que algo estava errado.

"Ei, você ouviu?" ele perguntou, seu tom preocupado.

Antes de eu responder, ele já se sentou na minha cama, meio hesitante. "Acho que a mãe quer falar com a gente," ele disse, tentando esconder a tensão. Eu o segui até a sala, sem dizer uma palavra, sabendo que algo importante estava prestes a acontecer.

Quando chegamos à sala, o cheiro do café e do pão torrado preenchia o ar, mas o ambiente parecia estranho, pesado. Minha mãe estava em pé ao lado da mesa de jantar, olhando para o chão, com as mãos sobre os quadris. Ela parecia nervosa, o que não era comum. A luz suave da manhã refletia nas paredes brancas, mas, de alguma forma, aquele calor parecia distante.

"Eu tenho algo importante para falar com vocês", ela disse, com a voz baixa e hesitante, tentando parecer calma, mas falhando em esconder a preocupação. Eu olhei para Omar e ele, com os olhos arregalados, parecia tão desconcertado quanto eu. Algo não estava certo.

"Vocês vão ter que ficar um tempo com o avô de vocês", minha mãe falou, quase sem coragem de olhar para nós. "O nome dele é Bobby, e é melhor que se acostumem."

O ar parecia ter ficado mais denso naquele momento. Eu não queria acreditar no que estava ouvindo. Como assim? Um avô que nem sabíamos que existia até pouco tempo atrás, e, agora, teríamos que ir morar com ele? Eu olhei para minha mãe com raiva e incredulidade. Como ela podia fazer isso com a gente?

Comecei a protestar, tentando argumentar o quanto eu e Omar precisávamos ficar onde estávamos, na nossa cidade, perto dos nossos amigos e da nossa rotina. Mas nada parecia fazer diferença. Minha mãe parecia determinada, e nós, impotentes diante disso, continuamos a brigar.

A discussão se arrastou, mas, no final, percebi que não havia mais o que fazer. Fomos obrigados a aceitar, mesmo que com relutância. Quando finalmente terminamos, a chaleira na cozinha apitou, mas o som parecia distante, como se o que estava prestes a acontecer fosse muito mais importante do que qualquer outra coisa. O raio de sol que iluminava a sala parecia mais quente, mas, no fundo, tudo o que eu sentia era um vazio. Eu sabia que a nossa vida estava prestes a mudar de maneira irreversível.

Eu perdi a discussão para minha mãe, e ela nos ordenou que arrumássemos nossas malas sem dizer mais nenhuma palavra. Subi furioso para o meu quarto e, sem mais nem menos, comecei a arrumar as minhas coisas. Não olhei para minha mãe, nem para Omar, que estava ali, quieto e triste. Ele também tinha amigos muito próximos, e, assim como eu, teria que abandoná-los. Não era a primeira vez que isso acontecia. Eu já havia abandonado amigos várias vezes durante esses anos, sempre com a justificativa de que a vida nos empurrava para novos lugares, novos começos.

Mas o que eu realmente não entendia era por que isso estava acontecendo de novo, logo agora, quando as coisas pareciam começar a se ajeitar. Lembrei-me do meu pai, desaparecido há anos, quando eu tinha a idade que Omar tem hoje. Todo mundo acha que ele morreu, mas algo dentro de mim dizia que não. Não sei explicar, mas uma parte de mim insistia que ele estava vivo.

[...]

Na estrada, tudo o que eu via ao redor eram paisagens vazias, campos intermináveis que pareciam se estender até o fim do mundo. O sol batia forte, tornando o ar quente e abafado. A vegetação era seca, com árvores retorcidas que mal resistiam ao calor. Perto das margens, algumas casas antigas e isoladas apareciam de vez em quando, quase como se fossem fantasmas na paisagem. O asfalto da estrada estava manchado com o tempo, coberto por rachaduras e marcas de pneus antigos. O vento que passava pelo vidro do carro carregava consigo o cheiro de terra e de vegetação seca. O silêncio era absoluto. Não falamos uma única palavra durante a viagem inteira. Nem eu, nem Omar, nem minha mãe. E quando chegamos à casa de meu avô, nossa mãe apenas nos deixou lá. Ela disse que, se precisássemos de algo, era só ligar. Eu sabia que isso era mentira. Não adiantaria ligar, pois ela não atenderia.

A casa do meu avô era velha e imponente, como um palácio envelhecido. A fachada de pedra estava desgastada pelo tempo, com algumas rachaduras visíveis nas paredes que pareciam contar histórias de décadas passadas. O jardim da frente estava negligenciado, com grama alta e arbustos mal podados, criando uma atmosfera de abandono. A porta de entrada era pesada, de madeira escura, com uma maçaneta de ferro forjado que rangia quando era girada. O interior da casa estava ainda mais antigo, com móveis de madeira escura e pesados, cobertos por panos grossos e empoeirados. O cheiro de mofo e do envelhecimento da madeira preenchia o ar, e cada passo ecoava nas grandes salas vazias. As cortinas de veludo estavam pesadas e fechadas, deixando pouca luz entrar e criando um ambiente sombrio, quase como se o tempo tivesse parado ali. O velho parecia ser rico, mas o desconforto e a frieza de sua presença nos faziam sentir como se estivéssemos em um lugar estranho, longe de casa.

Ele nos disse para não entrarmos no caminho dele, que ele não entraria no nosso. Entregou a chave do carro e disse que eu poderia passear pela cidade, mas que deveria continuar com a faculdade de medicina, algo que foi uma ordem de sua mãe. Eu não disse nada. Apenas assinei com a cabeça e fui para o meu quarto. Arrumei minhas coisas e, no dia seguinte, levei Omar para a escola.

A escola de Omar ficava na cidade, a cerca de 15 minutos de carro. Era uma escola simples, de uma cidade pequena, com prédios de tijolos vermelhos e um grande pátio no centro. As árvores que cercavam o pátio estavam repletas de folhas secas, criando uma sensação de calma, mas também de estagnação. O prédio principal tinha grandes janelas, com cortinas de linho simples que balançavam com a brisa suave. Eu notei como ele parecia relutante ao entrar, seu olhar perdido entre os colegas, e logo percebi que ele não se encaixava muito bem ali. Ele estava afastado, e a cada momento parecia sentir mais a falta dos seus amigos de antes.

Depois de deixá-lo na escola, segui para a faculdade. O prédio da faculdade era moderno, com paredes de vidro e metal, contrastando com as casas antigas e deterioradas ao redor. A entrada principal era cercada por um grande estacionamento, com jovens indo e vindo, conversando, rindo. O interior era espaçoso, com corredores largos e uma sensação de modernidade que fazia com que eu me sentisse, de alguma forma, distante do que eu conhecia. Dentro da minha sala, o ambiente era bem iluminado, com mesas espalhadas de forma organizada. O professor ainda não havia chegado, e os colegas estavam todos quietos, alguns com fones de ouvido, outros conversando discretamente. Foi ali que conheci Mim. Ele era alto, forte, com olhos azuis penetrantes, e logo fez amizade comigo. Me apresentou aos seus amigos: Jared, Han, Jihan, Alec e Theo. Eles eram um grupo unido, e, por mais que a faculdade fosse uma nova experiência, eu me sentia confortável com eles.

No entanto, havia uma garota, Brittany, que não parecia se encaixar. Ela entrou no meio da nossa conversa, interrompendo e falando sem parar, como se fosse parte do grupo, mas todos nós sabíamos que não era o caso. Ela parecia o tipo de patricinha que eu não suportava. Seus olhos arrogantes e seu sorriso forçado me incomodavam profundamente. Jared, finalmente, perdeu a paciência e mandou ela desaparecer dali antes que ele a fizesse desaparecer do mundo. Ela não pensou duas vezes e se afastou, deixando todos aliviados.

...[...]...

Após mais um dia na faculdade, fui buscar meu irmão na escola. Ele estava sentado em um banco, com os ombros caídos, parecendo cansado. Ao chegarmos em casa, o velho não estava lá. Preparei algo para Omar comer e passamos a tarde inteira assistindo filmes e estudando. Era uma rotina estranha, mas eu estava começando a me acostumar. Mesmo que a casa fosse velha e o lugar fosse diferente, ainda assim, nós dois estávamos juntos, e isso, ao menos, me dava alguma paz.

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