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Projeto 666: A Torre dos Mundos

Deus Rei: Azaroth Vermilion

A noite era inquietante no deserto do Saara. Sob a luz fria da lua cheia e o brilho etéreo da colossal torre que havia emergido, duas figuras estavam reunidas em uma tenda improvisada, montada sobre a areia dourada. Dentro, Harua e Seichiro Yamazaki observavam em silêncio a estrutura monumental. O ambiente estava carregado, tanto pela grandiosidade do que se erguia diante deles quanto pela incerteza do que viria a seguir.

Seichiro, de cabelos negros como a escuridão da noite, estava mais introspectivo do que de costume. Seus olhos, que carregavam uma tonalidade esverdeada esmeralda, pareciam perdidos, fixos na torre, mas, na realidade, observavam algo além. Harua, sempre sereno, mas jamais ingênuo, percebeu que algo estava errado. Ele conhecia o irmão como ninguém e sabia que aquele silêncio não era o comum.

— Seichiro — começou Harua, em sua voz grave e firme, mas com uma ponta de preocupação. — O que está acontecendo? Desde que essa torre surgiu, você não é mais o mesmo.

Seichiro permaneceu imóvel por alguns instantes, até que suspirou profundamente, ainda com os olhos presos na imensidão da torre. Então, ele falou, mas sua voz era diferente. Não era a de um simples homem, nem mesmo a de um Yamazaki. Ela carregava um tom ancestral, um peso que parecia atravessar eras.

— Harua… você acredita em vidas passadas? — perguntou ele, sua voz profunda ressoando pela tenda.

Harua arqueou uma sobrancelha, confuso.

— O que está querendo dizer? Seja claro.

Seichiro fechou os olhos por um momento, e quando os abriu, algo mudou. Seus olhos brilhavam intensamente em vermelho vibrante, como se uma antiga chama tivesse sido reacendida. Ele se virou para Harua, e, pela primeira vez, parecia verdadeiramente distante, como se não fosse mais o irmão que ele conhecia.

— Antes de ser Seichiro Yamazaki… eu fui alguém muito maior. Um rei. Não um rei humano ou mortal. Mas o Deus Rei dos vampiros, o primeiro de minha espécie. — Ele fez uma pausa, deixando suas palavras afundarem na mente de Harua. — Meu nome era Azaroth Vermilion.

Harua ficou imóvel, mas seus olhos endureceram. Ele não respondeu de imediato, esperando que Seichiro continuasse.

— Muito antes dos demônios tomarem a torre, ela era comandada por minha linhagem. Os vampiros. Nós éramos os guardiões supremos da torre e de seus segredos. Era um império inabalável, até que os demônios surgiram e nos destruíram. Eu fui traído, Harua. Morto por aqueles que eu considerava aliados. — Ele cerrou os punhos, sua voz carregada de rancor. — Mas, por algum motivo, renasci como Seichiro Yamazaki, e agora, diante dessa torre, todas as minhas memórias retornaram.

Harua cruzou os braços, seu rosto inexpressivo, mas seus olhos brilhavam com intensidade.

— E o que isso significa para nós, Seichiro? — perguntou, finalmente. — Para mim? Para Shigen? Para a nossa família?

Seichiro se aproximou, seus passos pesados como se a gravidade ao redor dele houvesse mudado. Ele colocou uma mão no ombro de Harua, seus olhos fixos nos dele.

— Eu amo vocês, Harua. Amo você, Shigen, e até mesmo Aki. Vocês são minha família agora, mas isso não muda quem eu sou. Antes de ser Seichiro Yamazaki, eu sou Azaroth Vermilion. E minha linhagem precisa ser restaurada. Eu preciso retomar o trono que é meu por direito.

— E como pretende fazer isso? — interrompeu Harua, sua voz firme, mas com um tom de advertência.

Seichiro hesitou por um momento, mas então disse:

— Eliminando ou subjugando todo e qualquer demônio e humano que esteja em meu caminho. Eu poderia transformar você à força, Harua, mas não quero isso. Quero que se junte a mim por vontade própria.

A tensão na tenda era palpável. Harua olhou fundo nos olhos de Seichiro, buscando qualquer traço de hesitação, mas não encontrou. Ele suspirou, fechando os olhos por um momento antes de falar.

— Então é isso? Se eu não me juntar a você, você me matará?

Seichiro inclinou levemente a cabeça, mas não desviou o olhar.

— Sim. Você sabe que não hesitaria. Você é forte, Harua, mas ninguém, nem mesmo você, pode ficar no meu caminho. Não agora que recuperei minhas memórias.

Harua abriu os olhos, e um pequeno sorriso cruzou seus lábios.

— Então vamos fazer um acordo. Um duelo. Se eu vencer, você abandonará essa ideia. Permanecerá como Seichiro Yamazaki, e esquecerá Azaroth Vermilion. Mas, se você vencer… permitirei que me transforme.

Seichiro ficou em silêncio, analisando as palavras do irmão. Ele sabia da força de Harua, o Demônio da Espada, mas agora ele era mais do que um simples Yamazaki. Ele era Azaroth Vermilion, e isso lhe dava uma confiança inabalável.

— Eu aceito. — disse ele, sua voz firme. — Mas saiba que, por mais que eu respeite sua força, Harua, você não tem chance contra mim.

Harua sorriu, dessa vez com mais intensidade.

— Veremos, irmão. Veremos.

A tensão crescia entre os dois enquanto a lua brilhava ainda mais intensamente no céu. Do lado de fora da tenda, o vento soprava, levantando a areia do deserto como se o próprio mundo pudesse sentir a gravidade daquele momento. Harua se levantou lentamente, ajustando a bainha de suas katanas, enquanto Seichiro — ou melhor, Azaroth — apenas o observava, seus olhos que outra hora verdes, agora com um brilho vermelho profundo.

O duelo não era apenas uma luta entre dois irmãos. Era uma batalha entre duas ideologias, entre passado e presente, entre família e legado. Harua sabia disso, e Seichiro também. E ambos estavam prontos para colocar tudo em jogo.

A areia do deserto parecia se mover sob os pés deles, como se o mundo reconhecesse que algo grandioso estava prestes a acontecer. Harua desembainhou suas duas espadas com um movimento elegante, as lâminas brilhando com uma aura dourada, como se o próprio sol houvesse sido canalizado para elas. A luz pulsava ao redor dele, iluminando a noite, enquanto Seichiro – ou Azaroth, como agora se reconhecia – permanecia imóvel, seu corpo irradiando uma presença sombria e avassaladora.

— Ainda pode desistir, irmão. — Harua disse, sua voz calma, mas carregada de determinação. — Não quero feri-lo, mas se insistir nesse caminho, não hesitarei.

Azaroth respondeu com um sorriso frio, seus olhos vermelhos brilhando como brasas no escuro.

— Já se esqueceu, Harua? Durante toda a nossa vida, você sempre foi o mais forte. Sempre venceu, sem esforço, me lembrando constantemente de minha fraqueza. Mas hoje, as coisas mudaram. Eu não sou mais Seichiro. Eu sou Azaroth Vermilion. E você verá o que isso significa.

Antes que Harua pudesse responder, Azaroth avançou, rápido como uma sombra. Seus movimentos eram tão fluidos que a distância entre eles desapareceu em um piscar de olhos. O primeiro golpe foi direto: um chute em arco, visando o torso de Harua. Ele desviou por pouco, girando elegantemente para trás enquanto suas espadas criavam um escudo de luz ao redor de si.

Azaroth não perdeu tempo. Ele seguiu com uma sequência brutal de socos e chutes, cada movimento carregado de força sobrenatural. Cada golpe que ele desferia parecia deslocar o ar, criando uma pressão esmagadora ao redor deles. Harua bloqueou os ataques com suas espadas, mas, pela primeira vez, sentiu o peso avassalador da força de seu irmão.

— Você nunca lutou assim antes! — Harua gritou, desviando de um soco que teria quebrado ossos. — O que aconteceu com o Seichiro que eu conhecia?

Azaroth riu, mas sua risada era fria, quase cruel.

— Ele morreu, Harua. Assim como você morrerá, se não aceitar o que está por vir.

Harua estreitou os olhos, impulsionando-se para trás e criando uma distância entre eles. Ele ergueu suas espadas, que brilharam ainda mais intensamente, emanando uma aura solar que queimava o ar ao redor.

— Se você acha que pode me vencer só porque recuperou algumas memórias, está enganado. Eu ainda sou o Demônio da Espada, e você terá que provar que é mais do que palavras vazias!

Azaroth avançou novamente, mas dessa vez Harua foi ao encontro dele. As espadas douradas cortaram o ar, suas lâminas emitindo ondas de energia que pareciam rasgar a própria realidade. Azaroth desviou do primeiro golpe, mas o segundo passou perto o suficiente para deixar uma marca em seu braço. Ele não parou. Girando o corpo, desferiu um chute que acertou o lado de Harua com força suficiente para lançá-lo alguns metros para trás.

Harua caiu de joelhos, tossindo, mas ainda segurando firmemente suas espadas. Ele olhou para Azaroth, sua expressão grave.

— Você está mais forte. Não posso negar. Mas força não é tudo.

Azaroth se aproximou lentamente, seus olhos vermelhos brilhando com uma intensidade quase insuportável.

— Você sempre foi arrogante, Harua. Sempre acreditou que sua habilidade era suficiente. Mas veja onde isso o levou agora. Você está no chão, enquanto eu mal comecei.

Harua sorriu levemente, limpando o sangue do canto da boca enquanto se levantava.

— Talvez. Mas isso só significa que preciso começar a levar isso a sério.

Ele ergueu suas espadas mais uma vez, e desta vez a luz ao seu redor explodiu em um espetáculo de energia dourada. A areia sob seus pés derreteu, transformando-se em vidro sob o calor intenso de sua aura. Azaroth não recuou. Pelo contrário, ele sorriu, como se estivesse ansioso pelo desafio.

Os dois avançaram ao mesmo tempo. O choque de seus ataques criou uma onda de energia que varreu o deserto, levantando uma nuvem de areia e calor. As espadas de Harua eram como o sol em movimento, rápidas, precisas, e impossivelmente quentes. Azaroth, no entanto, era implacável. Seus ataques eram brutais, cada movimento de seu muay thai calculado para causar o máximo de dano com o mínimo de esforço.

Os golpes de Harua cortaram o ar, cada um buscando um ponto vital, mas Azaroth os bloqueava com uma eficiência quase inumana, usando braços e pernas como se fossem escudos. Quando uma das espadas conseguiu atravessar sua defesa, cortando profundamente seu ombro, ele nem sequer hesitou. Aproveitando a proximidade, agarrou o braço de Harua e o lançou com força contra o chão.

Harua se levantou rapidamente, mas estava claro que ele começava a sentir o peso da batalha. Azaroth, por outro lado, parecia apenas mais confiante.

— Você está ficando lento, Harua. — Azaroth zombou, caminhando em direção a ele. — Talvez o Demônio da Espada não seja tão invencível quanto pensa.

Harua cerrou os dentes, seus olhos brilhando com determinação.

— Não é questão de invencibilidade, Azaroth. É questão de nunca desistir. — Ele ergueu uma de suas espadas, apontando diretamente para o coração de Azaroth. — E eu nunca desistirei de você, irmão.

Por um momento, Azaroth hesitou. As palavras de Harua perfuraram algo dentro dele, algo que ele achava ter enterrado. Mas ele rapidamente balançou a cabeça, afastando qualquer dúvida.

— O seu problema, Harua. É que você ainda é humano. Mas eu já superei isso. — Ele ergueu os punhos, sua aura sombria crescendo ao seu redor. — E é por isso que você perderá. Porque enquanto você se cansa, eu nem derramo suor, mas você entenderá o que é transcender a mortalidade.

A batalha recomeçou com ainda mais intensidade. Azaroth, movido pela brutalidade e eficiência de sua nova força, conseguiu dominar Harua, empurrando-o cada vez mais para a defensiva. Harua, por outro lado, lutava com tudo o que tinha, recusando-se a desistir, mesmo enquanto seu corpo começava a ceder.

Finalmente, em um movimento devastador, Azaroth conseguiu desarmar Harua, suas espadas sendo lançadas para longe. Ele agarrou o irmão pelo pescoço, erguendo-o no ar como se ele fosse uma criança.

— É o fim, Harua. — disse Azaroth, sua voz fria e definitiva. — Aceite isso.

Harua, mesmo sufocando, conseguiu sorrir.

— Se vai me matar, então faça. Mas saiba que pra me vencer terá de tirar minha vida…eu ainda acredito em você. Ainda acredito que meu irmão está aí, em algum lugar.

Azaroth ficou imóvel por um momento, seus olhos fixos nos de Harua. Algo dentro dele vacilou, uma dúvida que ele não conseguia ignorar. E, naquele momento, a batalha foi decidida.

O silêncio do deserto era interrompido apenas pela respiração pesada de Harua e pelo som do vento soprando sobre a areia. Azaroth segurava Harua pelo pescoço, seu olhar decidido, mas seus olhos vermelhos brilhavam com uma mistura de dor e determinação. O coração dele não parecia vacilar, e sua voz saiu firme, carregada por uma nova certeza.

— Harua… se para vencer eu precisar matá-lo, que assim seja. — Sua voz tinha um tom final, quase piedoso, mas sem hesitação.

Antes que Harua pudesse dizer qualquer outra palavra, Azaroth perfurou seu peito com uma mão, suas garras afiadas atravessando carne e osso com facilidade brutal. Harua arfou, seu corpo inteiro tremendo enquanto sentia a mão de Azaroth agarrar seu coração ainda pulsante. Seu sangue quente escorria pelos dedos do irmão.

— Você sempre foi o mais forte… — murmurou Azaroth, sua voz agora um sussurro carregado de uma tristeza contida. — Mas força não basta quando se está lutando contra o inevitável. Você não entende, mas precisa de mim. Precisa ser mais do que um humano para sobreviver ao que está por vir.

Harua tentou lutar, mas seu corpo já não obedecia. O calor de sua vida se esvaía, substituído por uma sensação fria e estranha. Azaroth, com suas garras ainda enfiadas no peito de Harua, inclinou-se mais perto, seus olhos ardendo como chamas enquanto começava a transferir seu sangue.

O líquido escuro e denso gotejou diretamente no coração de Harua, cada gota pulsando como um trovão em suas veias. Era um sangue diferente, carregado de poder ancestral e da essência do próprio Azaroth. Harua arquejou, seu corpo se contorcendo à medida que o sangue vampírico se espalhava por ele, reescrevendo sua própria existência.

Azaroth observava o processo com uma expressão séria, seus olhos nunca desviando. Ele falou enquanto continuava:

— Você ainda será o mesmo, Harua. O mesmo guerreiro, o mesmo irmão. Mas agora, será algo muito maior. Parte de mim viverá em você. Meus ideais, minha visão… você entenderá. Não haverá escolha. É a natureza da minha essência. Como Deus Rei dos vampiros, minha vontade é absoluta entre os meus.

O coração de Harua parou. Ele caiu nos braços de Azaroth, sua expressão serena, como se estivesse adormecido. Por um momento, o silêncio foi completo. Mas então, seus olhos se abriram. O azulado havia desaparecido, substituído por um vermelho profundo e incandescente. Seus dentes caninos cresceram, afiando-se em pontas letais. Ele parecia mais pálido, mas ao mesmo tempo mais imponente, como se uma nova aura o cercasse.

Harua se levantou lentamente, ainda segurando o peito onde a ferida havia se fechado quase instantaneamente. Ele olhou para Azaroth, sem dizer uma palavra, mas havia algo diferente. Uma lealdade instintiva o preenchia, uma conexão que ele nunca havia sentido antes. Ele não era mais apenas Harua Yamazaki; agora, ele era algo além disso.

Azaroth sorriu levemente, satisfeito, mas também cansado.

— Agora você entende, irmão. Não é apenas sobre força, é sobre destino. Juntos, reconstruiremos o que os demônios destruíram. Mas antes disso, precisamos nos preparar. — Ele fez uma pausa, olhando para a vastidão do deserto. — Ainda não sou forte o suficiente para enfrentar Aki ou Shigen. Eles são monstros por direito próprio, e enfrentá-los agora seria suicídio. Mas quando chegar a hora… — Ele voltou-se para Harua, seus olhos queimando com ambição. — Eu os quero ao nosso lado. Eles são Yamazakis, assim como você foi, e terão um papel neste novo mundo.

Harua assentiu lentamente. Ele não questionou, não debateu. A voz de Azaroth parecia ser uma lei gravada em sua alma, e ele simplesmente sabia que deveria seguir.

Azaroth colocou uma mão no ombro de Harua, como um gesto de aprovação e promessa.

— Vamos encontrar um lugar longe dos outros. Um lugar onde possamos crescer, nos fortalecer. Quando estivermos prontos, o mundo será nosso, irmão.

E assim, sob o brilho distante das estrelas e à sombra da torre, os dois vampiros partiram juntos, deixando para trás o deserto e suas antigas vidas. Um novo capítulo começava, e o destino do mundo estava prestes a mudar para sempre.

Tutorial Part 1

A tensão era palpável enquanto o céu sobre o deserto parecia escurecer ainda mais, como se a própria noite estivesse se preparando para assistir o caos que se aproximava. Poucos minutos após Azaroth e Harua desaparecerem nas sombras, uma notificação emergiu no campo de visão de cada ser humano no planeta, como um holograma projetado diretamente em suas mentes. A mensagem era clara e impiedosa:

"Primeira Onda do Tutorial Iniciando. Missão: Matar 200.000 Ouros. Sobrevivam ou pereçam."

A frase ecoou como um trovão, e antes que as pessoas pudessem processar, a terra começou a tremer. Portais escarlates, envoltos por chamas dançantes e energia negra, começaram a se abrir ao redor da gigantesca torre. O ar ficou mais pesado, e o som gutural de rugidos animalescos ressoava através dos portais. Das fendas dimensionais começaram a emergir os **Ouros** — criaturas grotescas e aberrantes, feitas de músculos pulsantes e cobertas por uma armadura dourada natural, como se seus corpos fossem forjados no próprio fogo do inferno.

Os monstros possuíam cerca de três metros de altura, garras afiadas como lâminas e olhos que brilhavam com um ódio primal. Eles avançavam com velocidade assustadora, como uma onda de predadores sedentos por sangue. Os exércitos humanos que cercavam a torre reagiram imediatamente. Tanques abriram fogo, soldados dispararam suas metralhadoras pesadas, mísseis cortaram o ar em direção aos Ouros. Mas era inútil.

As balas ricocheteavam nas armaduras douradas dos monstros como se fossem meras gotas de chuva. Explosões sacudiam o chão, mas os Ouros emergiam das chamas sem qualquer sinal de dano, avançando com ferocidade cada vez maior. Gritos de desespero ecoavam enquanto os soldados começavam a ser dilacerados sem piedade. A humanidade parecia prestes a sucumbir antes mesmo de começar a lutar.

Foi então que o inesperado aconteceu.

No horizonte, um som distinto cortou o caos: o zumbido de drones e o eco de disparos precisos. Um grupo emergiu do deserto como fantasmas, carregando armas tão avançadas que pareciam ter sido tiradas de um filme de ficção científica. À frente deles estava Marcos, líder do morro e estrategista nato, acompanhado por seus homens.

— "Segurem suas posições! Vocês acham que vão morrer aqui? Não enquanto eu estiver vivo!" — gritou Marcos, sua voz carregada de confiança.

As armas que ele e seus homens carregavam eram de alta tecnologia, adquiridas através de contatos no submundo. Rifles de energia, granadas de plasma, e drones armados começaram a virar o jogo. Diferente das armas convencionais, os disparos dessas tecnologias atravessavam a armadura dourada dos Ouros como uma faca quente em manteiga. Cada tiro era mortal, cada explosão era devastadora.

Os Ouros, antes implacáveis, começaram a cair em massa. Homens e mulheres de Marcos tinham uma mira impecável, treinados nas ruas e forjados em batalhas territoriais. Eles atacavam em sincronia, cobrindo cada ângulo e flanco, garantindo que nenhum monstro escapasse.

Enquanto isso, em outro ponto do campo de batalha, três figuras se destacavam em meio ao caos: Belzebu, com seu sorriso cruel e olhos ardentes, avançava com brutalidade. Suas habilidades sobrenaturais transformavam seus ataques em pura destruição. Ao seu lado estavam Nick e Yuki, formando um trio letal.

— "Nick, cubra o flanco esquerdo! Yuki, vamos abrir caminho para a linha de frente!" — ordenou Belzebu, sua voz ressoando com autoridade.

Nick movia-se como uma sombra, utilizando sua agilidade e precisão para eliminar qualquer Ouro que tentasse se aproximar. Suas facas brilhavam com energia mágica, cortando os monstros como se suas armaduras fossem papel. Yuki, por outro lado, controlava uma suas magias que queimava o ar ao seu redor, criando esferas de fogo que derretia os Ouros com facilidade.

O trio era uma força imparável, deixando um rastro de corpos monstruosos enquanto avançavam em direção à torre. Cada golpe era eficiente, cada movimento era calculado. A coordenação deles impressionava até os mais experientes soldados que assistiam de longe.

Na linha de frente, no entanto, estavam Shigen Yamazaki e Aki Yamazaki. Os dois eram como titãs em meio à carnificina, movendo-se com uma velocidade e força que deixavam todos ao redor incrédulos.

Aki, com seu olhar vazio e mortal, parecia um anjo da destruição. Suas mãos e pés eram suas únicas armas, mas isso era tudo o que ele precisava. Ele se movia como uma dança, esquivando-se de ataques com precisão milimétrica e respondendo com golpes devastadores que despedaçavam os Ouros.

— "Eles são rápidos, mas não rápidos o suficiente," murmurou Aki, enquanto arrancava a cabeça de um dos monstros com um golpe único.

Shigen, por outro lado, era uma muralha de pura força. Cada golpe que ele desferia fazia o chão tremer. Ele segurava um dos Ouros pelo pescoço com uma mão, esmagando-o como se fosse feito de vidro, enquanto arremessava outro monstro para longe com um chute.

— "Eles mandaram as criaturas erradas para nos testar," disse Shigen, com um tom neutro, mas seus olhos brilhavam com determinação. "Aki, mantenha o ritmo. Não vamos deixar que ultrapassem esta linha."

Os dois Yamazakis eram implacáveis, e suas ações estavam sendo transmitidas ao vivo para o mundo inteiro. Câmeras e drones capturavam cada movimento, e bilhões de pessoas assistiam, boquiabertas, enquanto dois homens enfrentavam uma horda aparentemente imparável de monstros.

— "Quem são eles?" — alguém perguntou em um bunker militar.

— "Quem mais seriam? são os Yamazaki … eles nem parecem humanos," respondeu outro, com admiração e medo na voz.

A batalha continuou por horas. O chão estava coberto de corpos monstruosos, e o ar estava impregnado com o cheiro de sangue e pólvora. Mas aos poucos, a maré começou a virar completamente. Os Ouros, que pareciam invencíveis no início, agora estavam sendo massacrados.

No final, quando o último monstro caiu, uma nova notificação apareceu nos céus:

"Primeira Missão Concluída. Preparem-se para a Segunda Onda."

O mundo inteiro ficou em silêncio, absorvendo o que acabara de acontecer. As pessoas estavam vivas, mas a guerra estava longe de terminar. E enquanto todos olhavam para a torre, esperando o próximo desafio, uma coisa era certa: a humanidade tinha seus heróis, mas também tinha seus monstros.

O céu continuava pesado e tingido de um vermelho opressor, como se o próprio mundo estivesse preso em um estado de alerta. Poucos minutos após a notificação de que a **segunda onda começaria em uma hora**, o campo de batalha foi tomado por uma mistura de alívio e tensão. Os sobreviventes limpavam o sangue e a poeira enquanto tentavam recompor suas forças, mas todos sabiam que o verdadeiro terror estava apenas começando.

"Sistema: Segunda Onda do Tutorial. Tempo restante: 1:00:00."

O aviso pairava no ar como um lembrete implacável de que não havia descanso para os que desejavam sobreviver.

A movimentação no campo era frenética. Os soldados estavam reunindo armas, redistribuindo munições e tentando consertar o que restava de suas defesas. Os homens de Marcos revisavam cada peça de seu arsenal avançado, trocando baterias de energia e recalibrando suas armas tecnológicas. Mesmo com a adrenalina do sucesso da primeira onda, a sombra do que estava por vir fazia até os mais confiantes hesitarem.

— "Não relaxem ainda, seus idiotas," gritou Marcos, segurando firmemente um rifle de plasma em sua mão. "Esses monstros eram só a abertura. O que vem depois vai ser muito pior, e eu não vou aceitar ninguém aqui vacilando. Se algum de vocês morrer, morre direito, mas sem levar os outros junto!"

Ele olhou para o horizonte, onde a torre escura permanecia, emitindo uma aura opressiva.

— "Preparem os drones e carreguem os explosivos. Quero fogo cruzado vindo de todos os lados se essa coisa começar a cuspir mais monstros."

Do outro lado do campo, Belzebu limpava o sangue que escorria de suas garras, enquanto Nick e Yuki conferiam as próprias armas. Apesar do sucesso do trio, Belzebu parecia inquieto. Ele observava a torre com uma expressão que misturava desconfiança e curiosidade.

— "Essa torre... está viva," murmurou ele para Yuki. "Posso sentir. Esses monstros não são apenas ataques aleatórios; é como se a torre estivesse nos testando."

Yuki franziu a testa, ainda controlando o gelo ao seu redor para limpar os restos dos Ouros.

— "Testando pra quê? Algum tipo de seleção natural?"

— "Talvez," respondeu Belzebu, com um sorriso torto. "Ou talvez só esteja nos preparando para algo muito, muito pior."

Nick, ao lado deles, limpava suas facas sombrias e olhou para os dois.

— "Pior do que isso? Estou começando a sentir que sobreviver pode não ser tão vantajoso assim."

Na linha de frente, Aki e Shigen permaneciam implacáveis, observando a torre com olhos cheios de determinação. O chão ao redor deles estava manchado com o sangue dourado dos Ouros, mas ambos ignoravam o cansaço.

— "Eles vão intensificar o próximo ataque," disse Shigen, com sua voz firme e quase inexpressiva. "Monstros mais fortes, mais rápidos... talvez até inteligentes."

Aki, ainda coberto de poeira e sangue, limpou o rosto com a manga da camisa. Seu olhar era frio, mas uma leve fagulha de emoção parecia brilhar por um momento.

— "Inteligentes ou não, eles ainda podem ser destruídos."

Shigen assentiu lentamente. Ele olhou para os soldados que tremiam enquanto recarregavam suas armas e depois voltou sua atenção para Aki.

— "O mundo está assistindo. Não é hora de errar."

— "Eu nunca erro," respondeu Aki com simplicidade, mas havia um tom de resolução que fazia até mesmo Shigen acreditar.

Enquanto isso, uma figura emergia do deserto ao longe. O calor do sol batia em suas costas, e o sangue seco escorria por suas vestes. Levi caminhava lentamente em direção ao campo de batalha, carregando algo em sua mão. Conforme ele se aproximava, o silêncio tomou conta dos arredores.

Nas suas mãos, ele segurava a cabeça decapitada de um demônio. A criatura tinha chifres retorcidos e olhos ainda abertos, como se a morte não tivesse sido suficiente para apagar o brilho de malícia em seu olhar. Levi jogou a cabeça no chão com um baque pesado, atraindo a atenção de todos.

— "Desculpem o atraso," disse ele com um sorriso sarcástico. "Estava ocupado."

Belzebu foi o primeiro a se aproximar, analisando a cabeça com cuidado. Seus olhos brilharam com uma mistura de surpresa e preocupação.

— "Onde você encontrou isso?"

Levi deu de ombros, cruzando os braços enquanto explicava.

— "Esse desgraçado estava rondando o deserto, observando tudo o que estava acontecendo. Ele tentou me emboscar, mas, bom, não deu muito certo pra ele."

Nick se aproximou, intrigado.

— "Observando? O que isso significa?"

Levi suspirou e olhou diretamente para Belzebu.

— "Significa que ele não estava sozinho. Aposto minha vida que ele era um observador enviado por alguém maior... talvez até por Lúcifer."

As palavras pairaram no ar como um golpe. Todos no campo ficaram em silêncio, digerindo a ideia de que as forças infernais estavam de olho neles.

Belzebu cerrou os punhos, sua expressão endurecendo.

— "Se Lúcifer está envolvido, isso complica tudo. Ele não mandaria alguém para assistir se não estivesse interessado. E o interesse de Lúcifer nunca é algo bom."

Levi sorriu de canto, como se estivesse se divertindo com a tensão crescente.

— "Bom, pelo menos agora temos uma confirmação de que isso é mais do que um simples 'tutorial'. Estamos jogando o jogo dele, e ele quer ver até onde podemos ir."

Com o tempo diminuindo rapidamente, todos no campo começaram a se organizar novamente. Marcos e seus homens ajustavam suas estratégias, Belzebu e seu grupo reforçavam suas habilidades, e Aki e Shigen permaneciam como as muralhas inquebráveis na linha de frente.

Levi, por sua vez, sentou-se em uma pedra próxima, observando sua lâmina com calma, como se já estivesse preparado para o que quer que viesse.

— "Uma hora não é muito tempo," comentou ele, olhando para Belzebu. "Espero que vocês estejam prontos."

Belzebu deu um sorriso sombrio em resposta.

— "Sempre estamos."

E assim, o relógio continuava a contar, cada segundo trazendo o próximo desastre mais perto. O mundo assistia, esperando para ver se a humanidade sobreviveria à segunda onda... ou se cairia diante do que estava por vir.

tutorial part 2

Os céus se tornaram negros como breu, e o ambiente foi tomado por um silêncio que parecia pesar no peito de todos. A calmaria antes da segunda onda era ainda mais opressora do que o combate anterior. Aki caminhava pela área devastada, com os olhos fixos no horizonte, enquanto Levi se aproximava, trazendo consigo a mesma expressão fria, mas com uma intensidade inquisitiva.

— "Seichiro e Harua desapareceram logo após o término da primeira onda," disse Aki, cortando o silêncio. "Você os viu? Algo sobre o comportamento deles parecia estranho."

Levi, que limpava o sangue seco de sua lâmina, ergueu o olhar.

— "Não vi nada, mas Seichiro estava estranho, ele provavelmente está tramando algo maior do que imaginamos."

Aki parou por um momento, fitando Levi com um olhar penetrante.

— "Harua não é do tipo que simplesmente desaparece em momentos como esse. Ele sempre foi disciplinado, sempre teve uma visão clara de sua missão."

— "E, no entanto, aqui estamos," respondeu Levi, cruzando os braços. "Talvez você devesse aceitar que algumas coisas estão fora do seu controle. Vamos focar no presente agora, depois pensamos neles."

Antes que Aki pudesse responder, uma nova notificação brilhou no ar, suspensa por um sistema invisível que parecia engolir o mundo inteiro.

"Segunda Onda do Tutorial. Objetivo: Eliminar 700.000 Maldições. Aviso: Maldições são seres etéreos. Apenas magia pode feri-los."

O texto pairou no ar por longos segundos, e o impacto foi instantâneo. Um murmúrio de pânico percorreu os sobreviventes, enquanto Aki franziu a testa e apertou os punhos.

— "Magia..." murmurou ele, virando-se para Shigen. "Evacue todos que não têm habilidades mágicas. Eles serão inúteis contra maldições. Não podemos arriscar mais vidas desnecessárias."

Shigen olhou para o filho por um breve momento, assentiu e começou a organizar a retirada. "Deixe isso conosco. Cuide do que está por vir."

Enquanto Shigen liderava os não usuários de magia para fora da área, o ar começou a vibrar, e portais negros se abriram ao redor da torre. De dentro, formas espectrais e distorcidas emergiram, cada uma irradiando uma aura de pura malícia. As maldições eram sombras etéreas, seus corpos envoltos em um brilho púrpura sombrio, e seus olhos brilhavam com fome e desprezo.

O caos começou imediatamente. As maldições moviam-se como o vento, intangíveis, passando pelas balas e lâminas como se fossem meras ilusões. Mas quando tocavam um humano, a dor era real. Elas se agarravam às vítimas, arrancando suas almas com um grito agonizante, deixando corpos vazios para trás.

Leon, que estava no meio da evacuação ao lado de Marcos, viu um grupo de maldições cercar os sobreviventes. Seus olhos brilharam com determinação, e ele não hesitou. Levantou a mão, conjurando sua manipulação de almas para enfrentar os inimigos etéreos, habilidade que ele despertou no momento que viu a torre devido a sua linhagem.

— "Corram! Eu seguro eles!"

Marcos parou, hesitando por um momento. "Você vai morrer se ficar aqui sozinho, deixa de ser maluco seu inglêsde merda!"

Leon olhou para ele com um sorriso sereno. "Se eu morrer, ao menos saberei que foi por algo maior do que eu. Vá, agora!"

Enquanto Marcos corria com os outros, Leon enfrentava as maldições com uma ferocidade impressionante. Suas habilidades psíquicas e controle sobre almas permitiam que ele destruísse várias delas de uma só vez, mas o número era esmagador. Cada ataque drenava sua energia, e ele sabia que não poderia continuar por muito mais tempo.

Uma maldição maior emergiu do portal, uma entidade massiva que parecia ser a líder daquele grupo. Leon, já exausto, concentrou tudo o que tinha em um último ataque, criando uma explosão de energia que destruiu dezenas de maldições ao seu redor. Porém, no processo, ele ficou vulnerável. A maldição maior avançou, atravessando seu peito com uma garra espectral.

Leon caiu de joelhos, sangue escorrendo de sua boca, mas mesmo assim sorriu.

— "Pelo menos... vocês estão seguros," murmurou, olhando na direção de Marcos e os outros.

Marcos, ao ver Leon cair, gritou de dor e raiva, mas foi forçado a continuar correndo, arrastado por Shigen. O corpo de Leon desapareceu em meio às sombras das maldições, mas sua coragem não foi esquecida.

No campo de batalha, Aki, Belzebu, Yuki e Nick ficaram para enfrentar o que restava das maldições. Aki olhou para os portais, seu rosto inexpressivo, mas seus olhos queimavam com determinação.

— "Sem mais baixas desnecessárias. Acabamos com isso agora."

Belzebu sorriu, suas garras crescendo enquanto sua aura demoníaca começava a se manifestar. "Finalmente, algo divertido."

Yuki ergueu as mãos, círculos mágicos de fogo girando ao seu redor enquanto sua voz ecoava em cantos antigos. Nick, por sua vez, já estava cercado por raios dourados e azuis, sua magia de 10º círculo rugindo como uma tempestade viva.

Aki respirou fundo, fechando os olhos por um momento antes de liberar sua forma demoníaca. Chifres surgiram em sua testa, e suas asas negras se abriram com força, espalhando uma energia avassaladora. Belzebu seguiu o exemplo, sua transformação demoníaca trazendo uma aura escarlate e chamas infernais.

As maldições avançaram em massa, mas o grupo restante estava pronto.

Yuki lançou magias de fogo de 7º círculo, criando tempestades de chamas que consumiam dezenas de maldições de uma vez, seus gritos ecoando no ar enquanto eram incineradas. Nick, com relâmpagos e luz, cortava o céu e destruía as maldições com precisão devastadora. Seus ataques eram como um julgamento divino, implacáveis e impossíveis de escapar.

Aki e Belzebu lideraram o ataque direto. Aki movia-se com uma velocidade e força sobre-humanas, cortando as maldições com suas garras e dissipando-as com sua pura aura demoníaca. Belzebu, por sua vez, era uma força imparável, esmagando tudo em seu caminho com brutalidade e eficiência.

— "Isso é tudo que têm?" gritou Belzebu, rindo enquanto destruía uma maldição maior com um único golpe.

Mesmo assim, o número de maldições parecia interminável. Cada vez que uma caía, mais emergiam dos portais, suas presenças etéreas cobrindo o campo de batalha como uma praga.

A luta estava longe de acabar, mas o grupo restante sabia que não poderia recuar. Com cada ataque, cada feitiço e cada golpe, eles estavam dispostos a pagar qualquer preço para proteger o que restava da humanidade. E mesmo diante de 700.000 maldições, não havia espaço para medo.

A batalha continuava caótica. As maldições se moviam como sombras vivas, atravessando o campo e drenando a vida de qualquer um que não tivesse magia suficiente para resistir. Aki, no centro de tudo, movia-se como um furacão de destruição, suas garras dilacerando as formas etéreas enquanto sua aura demoníaca os rasgava em pedaços. Porém, no meio da carnificina, algo chamou sua atenção.

No chão, cercado por resquícios de maldições dissipadas, estava o corpo de Leon Hendrigson. Sem vida.

Aki parou. Foi como se o mundo ao seu redor tivesse ficado mudo. As maldições ainda o atacavam, suas garras cortando sua carne e arrancando pedaços de sua pele. Ele sentia a dor, mas não reagia. Lentamente, ele caminhou em direção ao corpo de Leon, ignorando tudo ao seu redor. Cada passo parecia mais pesado, como se o peso da perda começasse a sufocá-lo.

Quando finalmente chegou ao corpo, ajoelhou-se. A figura de Leon, que sempre carregava um sorriso e uma determinação inabalável, agora era apenas um cadáver frio. Parte de seu peito estava dilacerada, e seu rosto, outrora cheio de vida, agora parecia sereno em sua morte.

Aki estendeu a mão, tentando segurar Leon. Mas, ao tocá-lo, o corpo começou a se desfazer em partículas douradas, como cinzas ao vento. Ele tentou agarrá-lo, mas era inútil. Tudo o que restou foi o vazio.

Por um momento, Aki ficou parado, olhando para suas mãos manchadas de sangue e cinzas. O vazio dentro dele, aquele que ele sempre carregou, parecia crescer. Ele fechou os olhos e murmurou, com uma voz baixa e carregada de um peso que raramente demonstrava:

— "Eu gostava de você, Sr. Hendrigson... Sua morte não será em vão."

Quando abriu os olhos novamente, algo havia mudado. Seu olhar estava mais frio, mais determinado. As maldições ao seu redor avançavam, mas ele não hesitou. Estendendo as mãos, sombras negras começaram a se reunir, girando ao redor de seus braços como serpentes vivas. A escuridão tomou forma, solidificando-se em duas lâminas de sombra, negras como a noite e pulsando com energia maligna.

Com um movimento rápido, Aki começou a avançar. As espadas de sombra cortavam as maldições como se fossem papel, cada golpe dissipando dezenas delas em uma única investida. Ele não parava. Não descansava. Seus movimentos eram precisos, brutais e inumanos.

Os drones que transmitiam a batalha para o mundo capturavam tudo. Milhões de espectadores assistiam, incrédulos, enquanto Aki enfrentava sozinho hordas de maldições. Os comentários online começaram a explodir:

— "É o aki? ele é muito foda!"

— "Ele não é humano... Não pode ser."

— "Ele está sozinho contra centenas de milhares e não para!"

Enquanto isso, no campo de batalha, Belzebu, Yuki e Nick também notaram a mudança.

— "O que aconteceu com ele?" perguntou Yuki, lançando uma explosão de fogo que consumiu uma dúzia de maldições.

Nick, que estava ao seu lado, respondeu enquanto raios de luz dourada brilhavam ao seu redor. — "Aki... ele perdeu alguém. Ele está lutando como se não tivesse mais nada a perder."

Belzebu apenas riu, mas havia uma ponta de respeito em sua voz. — "Esse garoto... Ele é um monstro. E, francamente, eu adoro isso."

Enquanto Aki avançava, o número de maldições começava a diminuir. Sua presença era tão avassaladora que até mesmo as maldições, que não possuíam medo ou consciência, pareciam hesitar em enfrentá-lo. Ele era incansável, cada golpe mais feroz do que o anterior. Seu corpo estava coberto de cortes e sangue, mas ele continuava.

Finalmente, quando os últimos portais começaram a fechar, Aki permaneceu no centro do campo de batalha, cercado por cinzas e fragmentos de maldições destruídas. Ele estava ofegante, suas espadas de sombra ainda brilhando em suas mãos. O mundo o assistia em silêncio, impressionado com a brutalidade e determinação do garoto.

Ele olhou para o céu, onde os drones ainda pairavam, e sussurrou para si mesmo:

— "Você não será esquecido, Leon. Nem você, nem ninguém que lutou e morreu por este mundo."

Aki então ergueu as espadas de sombra e cravou ambas no chão. Elas desapareceram lentamente, como fumaça ao vento. Ele virou-se e começou a caminhar de volta para onde os outros estavam, sua expressão inexpressiva, mas seus olhos ardendo com uma fúria silenciosa.

Mesmo com o término da segunda onda, todos sabiam que aquilo era apenas o começo. A verdadeira guerra estava apenas começando.

Enquanto o campo de batalha se acalmava, uma notificação luminosa apareceu diante dos olhos de todos que possuíam o sistema. As palavras brilhavam com intensidade, trazendo alívio e tensão ao mesmo tempo:

"Missão Concluída!"

"Segunda Onda Finalizada: 700.000 Maldições Eliminadas."

"Próxima Onda: Início em 1 hora."

"Prepare-se."

A mensagem se repetiu para todos os sobreviventes, e o campo ficou em um silêncio desconfortável, apenas quebrado pelo som do vento carregando as cinzas das maldições destruídas.

Aki, ainda coberto de sangue seco e feridas, permanecia parado por um momento, respirando profundamente. Ele limpou as mãos na calça e se aproximou dos outros, com uma expressão que misturava cansaço e foco. Nick, Yuki e Belzebu estavam reunidos perto de um dos veículos de evacuação, ainda tentando recuperar o fôlego após a batalha intensa.

— "Uma hora," disse Aki, quebrando o silêncio. Sua voz era firme, mas carregava uma tensão palpável. "Temos uma hora até que isso comece de novo. Precisamos nos preparar. Dessa vez, não podemos permitir tantas baixas."

Nick, ainda exausto, assentiu enquanto conjurava uma pequena esfera de luz em sua mão, como se testar sua energia. — "Se as maldições foram tão difíceis, o que será que vem agora? Não temos nem ideia do que enfrentar."

Belzebu deu um passo à frente, cruzando os braços com um sorriso irônico. — "Pode ser qualquer coisa. Lúcifer não vai facilitar. Ele está testando cada fraqueza que temos, e, se fosse ele, traria algo ainda pior. Talvez algo que nenhum de nós possa lidar."

— "Chega de especulação," interrompeu Yuki, limpando o sangue do rosto. Seus olhos estavam sérios, mas a determinação brilhava neles. "Precisamos de uma estratégia. Não sabemos o que vem, mas sabemos que só magia ou habilidades especiais podem nos salvar."

Enquanto eles discutiam, o som de passos apressados chamou a atenção de todos. Shigen surgiu do horizonte, trazendo Marcos e alguns de seus homens armados. Eles pareciam exaustos, mas inteiros, o que já era mais do que muitos poderiam dizer.

— "Vocês seguraram bem," disse Shigen, com seu tom profundo e autoritário. Ele olhou para Aki e os outros com algo próximo de respeito. "Mas a próxima onda será diferente. Lúcifer não vai repetir os mesmos erros. Ele aumentará a dificuldade."

Marcos limpou o suor da testa e se apoiou em uma arma experimental que segurava. — "Essas maldições eram coisa de louco, mano. Se não fossem vocês, a gente tinha sido triturado. Agora, quero saber: o que diabos vem por aí?"

— "É isso que estamos tentando descobrir," respondeu Aki, olhando para o sistema como se esperasse uma resposta. "Maldições eram etéreas, algo que só magia podia tocar. O próximo passo lógico seria algo mais físico, mas..."

— "Mas também mais resistente," completou Shigen, cruzando os braços e franzindo o cenho. "Algo que combine força bruta e resistência mágica. Talvez demônios menores ou bestas infernais."

Belzebu, encostado em uma parede improvisada, riu baixinho. — "Não subestimem Lúcifer. Ele pode mandar algo que ninguém aqui previu. E se ele decidir jogar mentalmente conosco? Algo que nos destrua por dentro antes de nos atacar fisicamente?"

Marcos balançou a cabeça, olhando para o céu que começava a escurecer, embora fosse dia. — "É como um jogo. Um jogo onde a gente é a peça, e o tabuleiro muda toda hora. Mas a gente vai continuar. Não importa o que venha, não vamos morrer como cachorros."

Aki deu um passo à frente, olhando para todos com seu olhar característico de frieza e determinação. — "Independentemente do que vier, nós enfrentaremos. Juntos. E vamos vencer. Não porque somos os mais fortes, mas porque não temos outra escolha."

Shigen colocou uma mão pesada no ombro de Aki, um gesto raro de aprovação. — "É isso mesmo. E enquanto estivermos aqui, vamos lutar. Pelo mundo, pelas vidas que se foram e pelas que ainda podemos salvar."

Nick suspirou, soltando um pequeno sorriso. — "Então temos uma hora para recarregar, nos curar e nos preparar. Dessa vez, não haverá margem para erros."

Com isso, o grupo começou a se dispersar, cada um focado em se preparar para o que estava por vir. Apesar do medo e das incertezas, havia uma centelha de esperança. Eles sabiam que a batalha seria dura, mas também sabiam que estavam prontos para dar tudo de si.

E, no fundo, cada um deles sabia que a luta seguinte seria ainda mais brutal. A verdadeira guerra estava apenas começando.

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