Carol

Me chamo Carolina. Carol para os íntimos. Tenho 28 anos, sou brasileira, natural de São Paulo.

Morei até meus 7 anos no Brasil. Depois meu pai foi promovido no trabalho, e enviado para trabalhar nos Estados Unidos.

Viemos para cá, eu, meu pai, minha mãe e meu irmão mais velho, Cristiano, 32 anos.

Minha mãe morreu quando eu ainda era adolescente. Após sua morte, meu pai entrou em depressão. Ele também nos deixou a três anos.

Cris é casado, com uma brasileira também. Monica veio trabalhar aqui nos EUA, e eles se conheceram. Eles são pais da Mavi. Uma pequena de 4 anos de idade.

Eu sou madrinha da Mavi. Mas confesso que vi a pequena pessoalmente poucas vezes. Poucas mesmo. Só a vejo por fotos que meu irmão me envia dela.

Cris me cobra mais participação na vida da filha dele, me diz que eu como madrinha sou a segunda mãe dela.

Eu entendo meu irmão, mais tenho uma vida agitada aqui em Nova York. Mal tenho tempo para dormir.

Sou chefe de um restaurante renomado no coração de NY. Frequentado pela alta sociedade.

Meu salário é maravilhoso. Mas também tenho muito trabalho.

Quando não estou trabalhando, estou estudando. A gastronomia se reinventa diariamente, e eu tenho que acompanhar para não ficar para trás.

Sempre fui muito competitiva. Nasci para ser a melhor em tudo.

Já Cris é aquele que gosta da paz e tranquilidade. A agitação de Nova York não foi feita para ele.

Cris mora numa cidade do interior dos Estados Unidos. Bem interior mesmo. Lá onde o Judas perdeu as botas kkk

Sabem aqueles filmes de cowboy americano? Então, foi aonde Cris se meteu.

Não sei nem se tem hospital, quem dirá um shopping para eu passar minhas horas de folga.

Sim, eu amo fazer compras!

Amo sapatos e bolsas novas.

Amo viajar. Sempre nos melhores hotéis de preferência.

Amo praia.

Odeio mosquitos, sapos, lama, poeira.

Acho que fui umas duas vezes apenas na fazenda do meu irmão.

Sim, ele mora numa fazenda.

Os vídeos que ele me manda da Mavi, ela sempre está correndo descalça no meio dos animais.

Sempre com um bicho no colo. Galinha, porcos, vacas, ovelhas.

Até acho fofinho. Mas não serve para mim.

Mavi é uma princesa. Imagino ela passeando pelo shopping comigo, fazendo compras.

Mas não consigo me imaginar com ela na fazenda no meio dos porcos e outros bichos.

Como eu disse, vi ela poucas vezes durante seus 4 aninhos.

A primeira vez foi no seu batizado. E depois fui em um dos seus aniversários. As outras vezes foi quando Cris veio me ver. Mas foram poucas vezes. Ele não gosta da cidade grande como ele mesmo diz.

Cris reclama que a menina nem me conhece, e que deveria ter escolhido outra madrinha. Um exagero.

Eu amo Mavi, mas não tenho tempo.

Amo Cris também. Sinto muito sua falta.

Queria tanto que ele morasse aqui em Nova York, e tivesse outra profissão.

Cris é veterinário. Monica cuida da casa e da princesa Mavi.

Ela era babá quando conheceu Cris.

Uma coisa que me incomoda, é quando Cris me compara com o padrinho da Mavi. Segundo meu irmão, o padrinho é presente, e faz questão de ir quase todos os dias ver a afilhada.

Só vi ele no batizado. Depois nas fotos de aniversário da Mavi, que o senhor perfeição sempre está 🙄

Não me entendam errada. Não sou uma patricinha mimada. Muito longe disso. Apenas sou uma mulher urbana, que tem um irmão com alma roceira.

Somos felizes, cada um a sua maneira.

Eu amo demais meu irmão. E sei que ele me ama.

Preciso me esforçar mais por eles, eu sei.

Prometo que vou melhorar 😉

Anthony

Me chamo Anthony, tenho 31 anos, sou americano, do Condado de Lancaster, Pensilvânia, Estado Unidos.

Sou viúvo. Perdi minha esposa, Cloe, de complicações na gravidez. Infelizmente perdi os dois, minha esposa e filho.

Já faz dois anos. Hoje moro sozinho em uma fazenda que eu tenho.

Sou veterinário.

Junto com minha esposa e meu amigo Cris, montamos uma clínica veterinária na cidade.

Nossa clínica é para animais de médio a pequeno porte. Já os animais grandes, como cavalos e vacas, atendemos nas fazendas mesmo.

Meu amigo Cris e eu somos especialistas em animais de grande porte. É com eles que a gente gosta mesmo de lidar.

Cloe cuidava mais dos animais pequenos na clínica. Desde sua partida, eu assumi essa função.

Eu sou amigo do Cris desde que ele e sua esposa compraram uma pequena propriedade próximo a minha fazenda. Não é do porte da minha, mas a propriedade é bem conservada e produtiva.

Em poucos dias eu e Cris já éramos amigos. Assim como nossas esposas.

Eu vi a felicidade do casal quando descobriram que iam ser pais.

Cris me convidou para ser padrinho da criança, uma linda menina. Mavi!

Como Cris tem uma irmã, ele convidou ela para ser a madrinha.

Eu só a vi no dia do batizado da Mavi. Nunca mais.

Cris me contou que a irmã é chefe de cozinha, muito importante em Nova York. Até em revista já saiu várias vezes.

Eu nunca a vi por aqui . Parece que só veio para o batizado e em um dos aniversários da Mavi.

Mas juro que não lembro dela estar nesse aniversário.

Minha esposa até que gostaria de ter sido escolhida para ser a madrinha. Mas entendeu que a tia tinha prioridade.

Cloe na verdade foi a madrinha de coração da Mavi, já que a madrinha verdadeira nunca deu as caras.

Ela é celebridade sabe, não deve gostar da roça.

Até imagino a patricinha andando no meio das vacas, pisando em cocô kkkk

Por que pelo que me lembro dela, estava usando um salto enorme no dia do batizado. E era na grama! A pobre mal conseguia mudar os passos. Toda hora o salto enterrava na grama.

Mas vocês pensam que ela tirou o salto?

Nunca! A frase " não desce do salto", se encaixa bem para ela kkk

Mas é bonita viu. Isso não posso negar.

Bem, a quatro anos atrás era bonita. Depois nunca mais vi.

Claro que nunca fiquei perguntando por ela. Essas coisas que sei, é porquê Cris gosta de falar da irmã. Ele tem orgulho da mulher que ela se transformou.

Bonito de ver. Eu sou filho único, não sei como é ter irmãos. Por isso desejei ter família grande. Mas infelizmente no primeiro filho, a vida me deu uma rasteira.

Cloe ficou animada depois de ver Mavi nascer, e quis ter nosso primeiro bebê. Mas teve uma pré eclampsia durante a gestação, e no caso dela foi fatal para os dois.

Cris me incentiva a refazer minha vida. Mas eu não quero, ou ainda não apareceu a pessoa certa.

Sei que Cloe gostaria que eu refizesse minha vida com outra mulher. Mas tenho medo de acontecer novamente.

Talvez ficar sozinho seja o meu destino.

Anthony

Deixei Deryck, meu ajudante na clínica veterinária, cuidando dela hoje.

Deryck é estudante de veterinária, e começou a trabalhar comigo. Bom rapaz e muito esforçado.

Hoje eu e Cris vamos para a fazenda dos meus pais.

Sim, meus pais, Patrick e Emma são donos de uma fazenda leiteira, onde eu nasci e cresci. A fazenda tem mais de 115 anos nesse ramo da leitaria.

Foi crescendo em meios as vacas que eu peguei gosto pela vida do campo.

Quis ser veterinário para cuidar do rebanho da família.

Quando conheci Cloe, ainda na época da faculdade, nos apaixonamos e casamos.

Comprei a fazenda onde moro hoje. Era onde eu e Cloe pretendíamos criar nossos filhos.

Sim, filhos. No plural. Eu queria um monte. Casa cheia.

Mas acabei sozinho naquela casa enorme.

Cloe também fez medicina veterinária. Foi quando tivemos a ideia de abrir a clínica, já que ela gostava de cuidar de animais pequenos.

Nessa época que conheci Cris, o irmão que a vida me deu.

Acabamos virando sócios, os três. Cloe cuidando da clínica, eu e Cris pelas fazendas da região.

Chegamos e dona Emma já nos levou para tomar café com eles.

Meus pais consideram Cris como um filho. E a pequena Mavi como neta.

Mavi ama vir aqui. A vovó Emma faz seus doces favoritos, e o vovô Patrick fica horas no balanço com ela.

Quando vejo essas cenas dos meus pais com Mavi, fico imaginando como seria ter meu filho correndo pela fazenda. Subindo nas mesmas árvores que eu escalei quando criança. Comendo frutas do pé. Brincando com sapos nos dias de chuva. Pescando no lago atrás da casa.

Anthony: Mãe o seu café é o melhor do mundo. - falo beijando carinhosamente as mãos da minha mãe.- Mas agora eu e Cris precisamos ir trabalhar. Vamos vacinar o rebanho.

Emma: Você anda sumido demais. Esquece que tem pais! - minha mãe me repreende por demorar vir visitá-los. - E você Cris, porquê não trouxe minha neta?

Cris: Dona Emma, a Mavi até queria vir. Mas ela está gripada, então achei melhor ela ficar em casa.

Anthony: E também vamos a outra fazenda depois daqui mãe. Mavi iria se cansar.

Emma: Pobrezinha da minha bebê. Cuida bem dela Cris. Agora vamos lá. Patrick está esperando.

Passamos a manhã toda na tarefa de vacinar o gado da fazenda dos meus pais.

Minha mãe mandou uma vasilha com os biscoitos que ela fez para Mavi. A pequena ama os biscoitos da vovó Emma.

Depois fomos para a fazenda vizinha. Saímos de lá quase anoitecendo.

Cris: Anthony, eu e Mônica vamos fazer aniversário de casados. E eu queria levar ela para jantar, depois uma comemoração mais especial,sabe kk

Anthony: Olha só. Meus parabéns amigo! boa comemoração para vocês. Aproveitem e já podem encomendar um outro afilhado para mim kkk

Cris: Até queria, mas Mônica acha muito cedo ainda para outro filho. Enfim, queria saber se você pode ficar com a Mavi. Se não tiver compromisso para sábado a noite, é claro.

Anthony: vai ser um prazer cuidar da minha pequena.

Cris: Bom poder contar com você irmão!

Anthony: Disponha! Vou aproveitar e vir dormir com ela nos meus pais. Seu Patrick e dona Emma vão amar.

E assim ficou combinado. No sábado passei pegar a pequena Mavi e a levei para a fazenda dos meus pais.

Mônica ficou longos minutos agarrada a filha na hora que a fui buscar. Parecia que não queria se separar da filha.

Deve ser coisas de mãe. Não conseguem ficar longe das crias, nem por uma noite.

Cris também deu um longo abraço em sua pequena. Lhe passou os conselhos que todo pai passa aos filhos "se comporta", "coma direitinho", "não faça bagunça".

Só Deus sabe como queria eu ter esses momentos com meu filho. Mas não foi possível. Nem seu rostinho pude conhecer.

Mas agora estou eu aqui nos meus pais, na cozinha. Eu e Mavi estamos ajudando dona Emma a fazer uma tarde maçã.

Mavi: Eu amo maçã vovó!

Emma: Eu sei amor, por isso fiz a torta. Todinha para minha princesa!

Patrick: E foi o vovô que colheu as maçãs do pé. Estão fresquinhas. Essa torta vai ficar uma delícia.

Enquanto Mavi está aqui curtindo seus avós postiços, seus pais estão curtindo uma noite só deles.

Fico feliz em fazer parte dessa família que Deus colocou no meu caminho.

Cris, Mônica e Mavi.