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Dinastia - O Recomeço da Princesa Esquecida

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Sebastian, meu amado. Por que me apaixonei pelo meu inimigo? O homem que destruiu a linhagem da minha família. O usurpador, traidor, aquele que esfaqueou o meu pai quando ele menos esperava. Apesar de não ter apego a família que não me amava, ainda tinham meu sangue. Me pergunto: é errado desejar aquele homem? Meu corpo anseia pelo dele, e meu coração não consegue dispersar tais sentimentos intensos.

Como cheguei a esse ponto?

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Arabella Calino, a princesa esquecida. Como oitava filha do rei, não tinha poder algum. Até mesmo as servas me olhavam com desdém, e ninguém tentava fazer conexões comigo. Meu valor era ditado pela minha beleza, estar sempre bem arrumada, manter a postura de boa dama. Sequer pisei fora dos muros do castelo.

"Deve manter-se magra para que paguem um bom preço", e o pensar que escutei isso da minha própria mãe. Era invisível para o resto das pessoas, ninguém se importava com a minha presença, porém, isso mudou há mais ou menos um mês.

...— Cretina! — minha irmã, a quarta princesa, me odiava....

Puxando meus cabelos, ela me jogou no chão, e começou a me chutar. Suas servas riram, debochando de mim. Como tudo isso começou? Bom, tem uma explicação. Sebastian Bastos é um Duque influente, solteiro e intocável para qualquer uma, até mesmo a quarta princesa. De alguma forma, começaram a surgir rumores de que estava interessado em mim, mas eu nem sequer o conheço. Não tive meu debute oficial, nem mesmo participei de qualquer evento da alta sociedade. Isso porque meus pais queriam manter a minha imagem preservada. Segundo eles, quanto menos soubessem sobre mim, mais pagariam. É claro que sempre espalhavam rumores sobre "minha beleza", com intenção de aumentar meu valor.

Não posso negar que minhas irmãs também não passam por situações parecidas, já que tanto eu, quanto a sexta e a sétima princesa, teremos nossos debutes juntas.

...— Mérida, chega! — minha mãe apareceu....

Limpando meu vestido, minha mãe me encarou da cabeça aos pés.

...— Céus, está uma bagunça! Vá se trocar imediatamente. — ela me ajudou a levantar, e limpou minhas roupas....

...—Sim, mãe. — me virei, e comecei a andar....

Já sabia como procederia, ela não dizia nada a minha irmã, apenas a mandava de volta ao seu quarto. Não era como se ela realmente se importasse comigo, apenas queria evitar que o "produto" fosse danificado. Voltei ao meu quarto, minha serva notou minhas roupas bagunçadas, mas não disse nada. Ela também me ignorava, provavelmente também queria trabalhar para a minha irmã, e ficou frustrada em falhar. Claro, era a melhor posição atualmente, com bom salário e regalias.

Procurei um vestido para trocar, e apenas depois que coloquei na cama, ela veio me ajudar. Fiquei aliviada por já estar de espartilho, já que ela fazia questão de apertar.

...— Pode se retirar agora. — era a única hora que parecia se alegrar....

Deitei-me na cama, encarando o teto. Imaginava quão belo deve ser o quarto das minhas irmãs. Sinto-me negligenciada, apesar de receber vestidos e jóias com frequência, nada além de beleza importa nesse lugar. Ter bens materiais, mas ser infeliz, de que me adiantaria? Já me bastava saber que logo seria vendida, provavelmente viveria como uma boneca sem poder, enfeitada diariamente para ser usada por um idoso na casa dos cinquenta para cima. Contentar-me a essa realidade é minha única opção. Fugir está fora de cogitação, já tive o vislumbre do que aconteceria caso o fizesse, graças a uma das minhas irmãs, que quase foi morta pelo meu pai, o rei.

Até mesmo os meus irmão narcisistas, foram vendidos para casamentos políticos. Apenas Evan, o primeiro príncipe, era uma exceção. É filho do primeiro casamento do meu pai, porém, minha mãe o trata como seu. Até mesmo os filhos dela não são tão amados. Às vezes pego-me pensando em como teria sido melhor nascer plebeia. Apesar de não conhecer a situação fora dos muros do castelo, tenho certeza que a vida é melhor que a da corte. Liberdade, é o meu grande desejo. Se pudesse me desvincular desse lugar, não pensaria duas vezes.

...— Senhorita, Sua Majestade, a Rainha, convida-lhe para a refeição. — não era um convite, mas sim uma obrigação. "Senhorita", me chamavam assim apenas nesses momentos....

Segui em direção a sala de refeições, já estava me preparando mentalmente para o ambiente caótico que em breve estaria inserida. Chegando lá, o guarda abriu a porta, e eu entrei. Os olhares focaram em mim, como sempre. Desprezo de muitas partes, principalmente de algumas das minhas irmãs. Meu lugar era o mais distante do rei, não era exatamente por idade, ou ordem de título, mas sim por preferência. Claramente, eu era a pessoa menos importante.

...— Eu saúdo Vossa Majestade, o rei de Calino! — pai? Não posso sequer ousar dizer....

Minha mãe, ainda poderia chamá-la assim, em alguns poucos momentos, mas meu pai... o rei exigia respeito, então desde sempre fui ensinada a agir cordialmente. Havia alguns excessões, o que era de se esperar. Mérida era uma dessas que podia chamar o rei assim, mesmo diante dos outros. Evan também, e mais dois príncipes, e a primeira princesa caso ainda estivesse aqui no reino.

...— Sente-se... Alicia? — ele errou meu nome....

...— Meu rei, esta é Arabella, a oitava princesa. Alicia é a sexta, e já está sentada. — minha mãe disse....

...— Certo, sente-se no seu lugar, Arabella. — fiz mais uma vez a referência, e fui ao meu lugar....

Mérida estava rindo de mim, e mais duas estavam rindo de mim. Evan também, afinal, ele não gostava de mim.

No ambiente desgastante, o que mais comentado era política. Nunca sobre a situação dos plebeus, apenas sobre a nobreza, por isso, não tinha noção de como funcionavam as coisas lá fora. Em alguns momentos, se falava sobre outras coisas.

...— Diga-me, Mabel, como está a preparação para o debute das princesas? — era a única coisa que tinha interesse quando era relacionado a nós....

...— Muito bem! Os vestidos sob medida estão quase prontos, assim como os acessórios. Em relação aos acompanhantes, acredito que seja melhor negar os pedidos, como fizemos com as outras princesas. Como sabemos, não devemos deixar parecer que já tenham compromisso, ao menos que alguém ofereça um valor exuberante com antecedência. — para eles, éramos apenas mercadorias....

...— Está certa, apenas as princesas ainda solteiras deverão ir acompanhadas. Estou pensando seriamente em um baile de máscaras, o que acham? Esconder esses belos rostos, mas realçar a beleza do corpo. Deixarão os homens loucos, logo, terão filas para conseguirem um casamento com elas. — meu pai riu, como se fosse uma piada....

...— Acho uma ideia ótima, querido! — ela nunca discordava dele, afinal, ambos eram ambiciosos....

Então, Mérida olhou fixamente para Evan, provavelmente pediu que ele intercedesse por ela novamente. Como ela era sua irmã favorita, Evan nunca negava seus pedidos, por mais idiotas que fossem.

Propositalmente

Chamando atenção do rei, Evan sorriu para Mérida, pronto para fazer o pedido por ela. Provavelmente era algo complicado, ou de grande valor.

...— Pai, como sabe, nossa querida Mérida está apaixonada pelo Duque Bastos. Seria bom se ele fosse o acompanhante dela para o debute. — Duque Bastos de novo, até onde sei, ele não leva ninguém consigo ao baile....

...— Temo não ser capaz de fazer algo a respeito. O Duque tem independência do reino, temos sorte que ele nunca tentou se rebelar contra nós. Ele já recusou o convite de Mérida, e até o momento, não tenho uma opção para fazê-lo aceitar....

...— Papai, ele recusou o pedido porque não me conhece bem! Se conseguirmos uma oportunidade para que eu converse com ele a sós, tenho certeza que o conquistarei. Será bom para domar o Duque, estará em suas mãos. — de fato, meu pai realmente queria colocar uma coleira nele, mas era impossível, ao menos que ele se casasse com uma princesa influente, como Mérida....

O único problema é que ele não mantinha uma conversa com uma mulher por mais de cinco minutos. Soube que na festa de aniversário dela, ele recusou seu convite para dançar. Ela tentou uma contrapartida, falando sobre negócios, mas quando notou que ela não tinha nada de seu interesse, a deixou falando sozinha.

...— Falhou miseravelmente nas três últimas tentativas de manter uma conversa adequada, acha mesmo que dessa vez será diferente? — perguntou Inácio, o terceiro príncipe....

No total, somos quinze filhos. São sete príncipes: Evan, Honório, Inácio, Carlos, Manuel, Johan, Kaleb. Todos eles são mais velhos que eu. Kaleb tem uma diferença de apenas um ano comigo, minha mãe engravidou novamente quando ele estava com quatro meses. Princesas são oito: Katrina, Eloisa, Melissa, Mérida, Daniela, Anelise, Alicia e eu.

...— Inácio, deixe-a tentar. Além de mim, apenas Mérida seria capaz de descongelar o frio coração do Duque. — Eloisa, a segunda princesa, também era apaixonada por ele, mas depois de tantas rejeições, nosso pai arrumou um noivado para ela....

Seu noivo é um conde com muito dinheiro apesar do título mais baixo. É dez anos mais velho, e todos sabemos que ela considera uma humilhação casar-se com um homem com título inferior a um Duque. É o mesmo para todos, nenhum de nós pode questionar a ordem do rei, nem mesmo a mais nobre das princesas.

Das oito, duas não moram mais no castelo. Katrina foi vendida ao rei de outro país, ele pagou caro, pois era a princesa mais bonita do reino. Ele julgou todas nós com muitos critérios, mas sua beleza o cativou. Melissa também foi vendida a um Duque de outro país. A quinta princesa, Daniela, mora no palácio com seu marido, que é o primeiro-ministro do reino. Eles têm sua propriedade, mas passam a maioria do tempo aqui. Ela é uma seguidora de Mérida.

...— Ambas foram rejeitadas, não podem parar de besteira? Já tem um novo, Eloisa, e até onde sei, há um Marques interessado em Mérida. — disse Kaleb, suspirando....

De todos, ele era o que tinha menos paciência. Não gostava de coisas complicadas, era preguiçoso, e também ousado, não era particularmente chegado a ninguém. Odiava o senso de superioridade que Mérida e Eloisa tentavam passar.

...— Seu pirralho idio-… — meu pai a interrompeu....

...— Mérida, já lhe disse para não dizer palavras assim. Sabe muito bem que quando tiver um marido, será submissa a ele, não deve nem sequer erguer a cabeça enquanto estiver falando. É bom se comportar, pois a reputação de damas bem educadas, é o que quero que minhas filhas carreguem. — era praticamente uma ameaça....

As punições sempre eram severas, nem mesmo a queridinha poderia escapar.

...— Sinto muito, pai. — ela abaixou a cabeça....

Kaleb deu língua, mas parou quando nosso pai o olhou. Os assuntos continuaram, eles mencionaram algumas das pessoas importantes que estavam interessadas em nós. Até mesmo Eloisa teve uma menção sobre um novo compromisso, caso outro homem quisesse pagar mais por ela. O casamento dela ainda seria daqui alguns meses, então trocar de noivo não seria tão problemático no ponto de vista do meu pai, já que ele resolveria bom uma compensação, e ofereceria uma das filhas “menos bonitas”.

Ao fim do jantar, nos retiramos. Após trocar minhas vestimentas, fui diretamente para a biblioteca. Havia uma ordem que deveríamos trocar de vestidos em horários determinados, e depois de usá-los uma vez, eram descartados.

...— A biblioteca está movimentada de novo? — por ser aberta ao público, não podia ficar lá enquanto estivesse movimentado....

Era rigoroso a forma de viver das princesas que ainda não tiveram debutes. Quando queria ler, precisava ir verificar se estava tudo limpo. Algumas vezes, era obrigada a ficar trancada no quarto em dias de eventos, principalmente quando tem assembleia, que acontecesse uma vez por semana. Tudo isso para nos manter longe dos olhos do público.

Voltei para o meu quarto, e peguei o mesmo livro que li no começo da semana, para tirar meus pensamentos complicados. Eram sempre livros de história, já ouvi as empregadas conversando sobre contos, e livros indecentes, porém, não existe nenhum na biblioteca real.

Enquanto lendo, alguém bateu na porta. A voz conhecida me fez sair do lugar imediatamente, era Kaleb.

...— Ei, feia, trouxe um livro para você. Te vi passando perto da biblioteca, tive sorte, quase fui vista por um nobre. Sabe que o pai não deixa barato, certo? — ele particularmente não era um irmão tão ruim, não comigo, mas com Alicia e Anelise, era terrível....

Ao menos eu tinha alguém que era menos rude, acredito que todas temos o mesmo aqui.

...— Obrigada pelo livro. — tentei pegar, mas ele puxou para trás....

...— Soube que a professora Suzy virá amanhã para sua primeira aula de esposa, diga a ela para me encontrar no jardim. Tenho algo a lhe falar. Nenhuma palavra a ninguém, ou farei da sua vida um inferno! — ele jogou o livro no chão, e saiu....

Era até aí que ia sua “bondade” comigo. Suzy é uma viúva sem filhos, que para evitar a falência da família, se tornou professora. Atualmente, deve ter quase trinta anos. Casou-se com um velho, mas seu casamento durou apenas cinco anos, já que ele faleceu e deixou todas as dívidas a sua esposa. Desde então, ela ficou conhecida pelos seus bons métodos, e ganhou muito bem. Todas as minhas irmãs mais velhas já tiveram aulas com lá, atualmente, apenas eu, Alicia e Anelise receberemos aulas.

Anelise tem vinte e dois anos, e seu debute está muito atrasado, pois ela tem a saúde frágil, e nos últimos dois anos, passou por situações entre a vida e a morte. Alicia também é apenas um ano mais velha que eu, é filha da falecida esposa do meu pai. Minha mãe era concubina que assumiu o posto de rainha apenas depois de sua morte. Katrina, Daniela, Evan, Carlos, e Manuel são filhos da antiga rainha. Todos os outros são filhos da minha mãe. A rainha morreu há quase quinze anos. Atualmente, tenho dezenove, meu debute também está atrasado. Meu pai fez basicamente de propositalmente, ele acha que o suspense aumenta nosso valor, tem uma forma diferente de pensar.

Preparação

Anelise, Alicia e eu, nos reunimos na sala. A professora Suzy chegou. Ela era rude, e ignorante, mas explicava bem.

...— Para satisfazer um homem, deve prestar atenção em cada detalhe. Primeiro: não o toque sem permissão, pode ter um efeito contrário. Eles gostam de dominar, e se não querem que sua primeira experiência seja bruta, evite relutância em qualquer ação que ele fazer. — podíamos classificar como: “aulas para serem submissas na cama”....

O resto do conteúdo, também era assim. Não fazíamos perguntas, apenas escutamos em silêncio cada detalhe.

...— Por último, mantenham as unhas cortadas. Não é todo homem que gosta de ser arranhado. Mantenham-se belas a todo momento, caso peçam algo diferente, ensinarei na próxima aula como agradá-los utilizando a boca. — eu não aguentava mais ouvir aquelas coisas, fiquei aliviada quando a aula acabou....

Alicia e Anelise saíram sem falar comigo, como sempre, e eu aproveitei para dizer o recado de Kaleb. Apesar de ter sido ignorante comigo, sabia que se não o fizesse, sofreria nas mãos dele.

...— Professora, meu irmão Kaleb pediu que se encontre com ele perto do jardim. — notei que ela pareceu animada, mas disfarçou....

...— Obrigada, você pode se retirar agora. — sai de lá, decidi andar um pouco pelo castelo, nas áreas com pouco movimento....

Ter a vida completamente controlada era chato. Nem mesmo podia ir ao jardim sem ter horário correto. O chá da tarde com todas as minhas irmãs no final de semana, era obrigatório, mas estava aliviada que não aconteceria devido a minha estréia social que se aproximava. Aquele ambiente, com elas, parecia um campo de batalha.

...— Arabella, volte. — encontrei minha mãe enquanto andava pelo castelo....

...— Há algum nobre nessa direção? — provavelmente sim, pois ela me mandou voltar....

...— O Duque Bastos acabou de chegar. Onde está sua serva? Ela deveria estar sempre andando a sua frente para confirmar se não havia ninguém. — minha mãe sabia, mas ainda perguntava....

...— Se eu a pedisse para me acompanhar, provavelmente já teria sido encontrada por alguém. Sabe que nenhum servo gosta de mim, preferem a Mérida. — era de conhecimento de todos....

...— Entendo, volte. — foi apenas o que ela disse....

Frustrada, voltei para o meu quarto, e comecei a ler do lugar que parei, o livro que Kaleb me entregou. Novamente, era sobre política e econômica. Esses assuntos já estavam me deixando com dor de cabeça, não aguentava mais, porém, era o que eu tinha. No jantar, foi o mesmo ambiente sufocante e complicado, cada dia que passava, e o debute se aproximava, meus pais ficavam mais alegres, como se nos vender fosse a prioridade.

Os dias foram se passando, as aulas continuaram. O meu vestido foi ajustado, tanto quanto uma máscara também chegou a mim. Não podia opinar sobre nada, meu papel era unicamente aceitar tudo que escolhessem para minha vida.

...— Ainda há tempo de trocar essa manga? Não combinou com Arabella, seus ombros são muito largos. Também disse querer algo mais aberto, então vamos aumentar essa fenda. — já sentia quase como se estivesse nua....

...— Majestade, talvez seja uma boa opção deixar seus ombros à mostra. Os das outras princesas são assim, apesar de ter ombros largos, ela ainda é bonita e chamativa, vai combinar. — a costureira disse....

...— Hum, tem razão. — elas continuaram discutindo detalhes....

Mesmo se eu dissesse algo, minha opinião não era considerada. Minha mãe sempre fazia o que queria. Quando terminamos, ela saiu sem me dizer qualquer coisa, e eu me joguei na cama, exausta de passar tanto tempo em pé. No dia segunda, novamente tive aulas, porém, essa durou menos tempo. A professora Suzy disse ter compromissos, então nos liberou mais cedo.

...— Ahn, ei... queria perguntar, não querem tomar chá comigo? — perguntei a Alicia e Anelise....

...— Não. Por favor, fique longe! Não queremos problemas com Mérida. — disse Anelise....

...— Sinceramente, você é pior que nós, então por que deveríamos andar juntas? — foi o que Alicia disse....

Já esperava por uma resposta assim, mas no fundo, eu ansiava por afeto, mesmo que fosse o mínimo. No fundo, já havia parado de desejar ser amada pela minha família. Também não tenho esperanças de um amor no casamento, pois sei que serei infeliz.

...— Eu sou pior apenas por sofrer com falsos rumores? — o ódio de Mérida tornou pior a minha vida....

Sentia raiva dela, e principalmente do Duque, mesmo sabendo que esses rumores estranhos devem ter por outra pessoa, afinal, o Duque jamais olharia para uma princesa esquecida, não com tantas mulheres ao seu redor.

Assim, os dias passaram, e chegou finalmente a minha estreia social. Fui acordada às cinco da manhã, várias servas cuidaram de mim. Dessa vez, ao menos não fui tratada com ignorância. Tomei vários banhos com águas perfumadas, recebi uma massagem no corpo, mas em compensação, eu estava sem comer desde a noite anterior, e não podia tocar nada na boca até que o evento acabasse. A fome me deixava três vezes mais estressada, mas permanecia aguentando calada, não é como se alguém fosse me alimentar se eu pedisse.

Um belo vestido, com ombros à mostra, decote enorme. Meu penteado foi um coque, para realçar meus ombros. Os acessórios também não eram chamativos, pois a intenção era que meu rosto fosse o atrativo principal. De fato, eu estava me sentindo bonita, mas era incômodo estar assim diante de muitas pessoas. Estava prestes a ingressar em uma toca de leões, e logo, os lances por mim começariam.

...— Está pronta. — após colocar a máscara, me levantei, indo em direção ao salão....

Minhas irmãs e irmãos estavam em fileiras, cada um fazendo sua entrada por vez. Eu, Alicia e Anelise seríamos as últimas, é a única vez que poderemos entrar depois do imperador e um evento, já que é proibido que qualquer um chegue depois dele. Assim como eu, minhas irmãs estavam com vestidos ousados. Cada cor realçava a beleza delas, mas não tinha como não prestar atenção nos decotes. Provavelmente os homens estariam completamente ligados nisso, principalmente os senhores idosos, viúvos à procura de uma bela noiva.

Anelise foi chamada, e teve sua valsa, sendo o centro das atenções. É claro que não pude ver, pois estava do lado de fora, esperando minha vez. Alicia entrou depois de ser anunciada, a música que minha mãe escolheu para ela, era linda, e combinava perfeitamente.

Quando a música parou, respirei fundo, esperando que anunciassem a minha entrada.

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