O mundo que conhecíamos há 30 anos não existe mais. As fronteiras que antes delimitavam países foram consumidas pela guerra, mudanças climáticas e pela devastação causada por nossa própria espécie. Sobrevivemos a pandemias, conflitos e desastres naturais, mas o preço foi alto: a humanidade não saiu intacta.
Quando a COVID-19 se alastrou, acreditávamos que a vacina seria nossa salvação, e, de certa forma, foi. Mas a sobrevivência trouxe consequências imprevistas. A mutação genética gerada pela vacina deu origem aos metahumanos – indivíduos com habilidades extraordinárias que desafiam a lógica e a ciência. Alguns veem isso como evolução. Outros, como um erro.
No rescaldo da 3ª Guerra Mundial, o planeta foi forçado a se reorganizar. Apenas quatro grandes potências emergiram:
Anunaki, o berço dos metahumanos, no antigo continente africano, com recursos naturais únicos e uma população que possui habilidades sobre-humanas.
Agartha, a fusão dos antigos continentes americano e europeu, um regime tecnológico autoritário onde a liberdade individual foi sacrificada em nome do progresso.
Naamari, localizada nos antigos territórios asiáticos, um refúgio de equilíbrio ambiental e espiritualidade, mas constantemente ameaçada pelas outras potências.
Calodopseia, a colônia na Lua, uma sociedade científica que busca transcender os limites da humanidade, mas que governa com mão de ferro.
Apesar da divisão, uma lenda unifica o mundo: o Coração de Gaia, uma relíquia misteriosa escondida em Anunaki, capaz de controlar as forças naturais e amplificar os dons metahumanos. Para muitos, ele é apenas um mito. Para os líderes das potências, é a chave para dominar o futuro.
No meio desse caos, Akin Manhiça, um jovem metahumano de Anunaki, luta para encontrar seu lugar. Ele é diferente dos outros – seus dons são mais fortes, mais imprevisíveis, e muitos acreditam que ele carrega o destino do continente em suas mãos. Mas o destino tem planos complicados.
Quando ele cruza caminhos com Lyra Blackthorn filha do implacável líder de Agartha, o mundo de Akin se torna ainda mais turbulento. Um amor proibido floresce entre eles, colocando em risco não apenas seus corações, mas o frágil equilíbrio de poder entre as potências.
A guerra pelo Coração de Gaia está prestes a começar, e Akin terá que decidir: proteger seu povo ou seguir o chamado de seu coração?
— "Às vezes," murmurou Akin, olhando para o horizonte devastado de Anunaki, "o que nos define não é o que somos, mas o que escolhemos perder.
...Sinopse...
Em um planeta devastado pela 3ª Guerra Mundial e transformado por mudanças genéticas, Akin Manhiça, um jovem metahumano de Anunaki, carrega o peso de um destino que pode mudar o equilíbrio do mundo. Enquanto as quatro grandes potências – Anunaki, Agartha, Naamari e Calodopseia – travam uma guerra silenciosa pelo lendário Coração de Gaia, uma relíquia capaz de controlar forças naturais e ampliar os dons metahumanos, Akin descobre que ele próprio pode ser a chave para despertar seu verdadeiro poder.
No entanto, o coração de Akin enfrenta um dilema ainda maior quando ele se apaixona por Lyra Blackthorn, filha do líder tirânico de Agartha. Dividido entre proteger seu povo e seguir seus sentimentos, Akin deve decidir o que está disposto a sacrificar em um mundo onde amor e lealdade são armas tão perigosas quanto qualquer tecnologia.
Em meio a traições, alianças inesperadas e segredos enterrados no passado, Akin precisa enfrentar não apenas os inimigos externos, mas também o poder dentro de si – um poder que pode salvar o mundo ou destruí-lo para sempre.
Eu nasci em 2024, o último ano de paz na Terra. Cresci ouvindo histórias sobre como o mundo era antes da guerra, antes das mudanças, antes de tudo se transformar. Meus pais costumavam falar sobre parques cheios de crianças brincando, mercados lotados de cores e cheiros, e a tranquilidade de não temer o amanhã. Era uma realidade tão distante para mim quanto as cenas de Arcane, minha série favorita. Talvez seja por isso que eu me apegue tanto à história de Piltover e Zaun. Eles também eram mundos divididos, cheios de conflitos e incertezas.
Mas Anunaki é diferente. Nós não temos fome, nosso ar é puro, e a terra nos sustenta. Não somos como Agartha, onde a tecnologia domina, ou como Calodopseia, que perdeu sua humanidade em busca de conhecimento. Aqui, somos um só com a Terra, e talvez por isso eu sinta cada vibração do chão como se fosse minha própria respiração.
Hoje, a vibração era diferente.
— Akin, você vai ficar aí parado o dia todo? — Sefu gritou atrás de mim.
Eu virei a cabeça, sentindo o calor do sol no rosto. Ele era sempre o impaciente. Alto, musculoso, com uma barba rala que o fazia parecer mais velho do que realmente era. Seu rifle improvisado brilhava sob a luz, mas, sinceramente, eu sabia que ele não seria muito útil contra o que estávamos prestes a enfrentar.
— O chão está vibrando, Sefu — respondi, sem tirar os olhos da areia.
Ele bufou, ajeitando o rifle no ombro. — O chão sempre vibra. Você está tentando ganhar tempo porque sabe que o conselho nos mandou para uma missão suicida.
— Não é isso — murmurei. Eu me agachei, pressionando a palma da mão contra a areia quente. — Isso é diferente. É como se... algo estivesse se movendo.
— É, nós. Indo para Dagor. Agora, mexa-se!
Dagor ficava na fronteira de Anunaki. Era uma região desolada, onde a terra estava seca e as dunas pareciam se mover com o vento. Sempre achei que aquele lugar parecia um deserto vivo. As missões ali raramente terminavam bem.
Eu queria ignorar o tom autoritário de Sefu, mas havia algo no chão, algo que não estava certo. Antes que eu pudesse responder, uma explosão de areia nos engoliu.
O chão tremia como um tambor batendo freneticamente. Então, eu o vi: um colosso metálico emergindo das dunas, com olhos vermelhos brilhantes e garras afiadas como lâminas.
Um sentinela de Agartha.
— Corra! — gritei, me jogando para o lado enquanto a criatura avançava.
— Correr? — Sefu riu, apontando o rifle. — Eu vou é derrubar essa coisa.
— Não! — gritei. — Isso não é uma máquina comum!
Ele ignorou o aviso e puxou o gatilho. As balas ricochetearam na carcaça metálica do sentinela como se fossem pedrinhas jogadas contra uma muralha.
— Droga! — Sefu resmungou.
Eu me levantei e corri na direção dele. — Deixe isso comigo.
— Você? — Ele ergueu as sobrancelhas. — O que vai fazer? Socar a coisa?
Não respondi. Em vez disso, fechei os olhos e me concentrei. A terra respondeu imediatamente, como sempre fazia. Eu podia sentir o fluxo de energia sob meus pés, as camadas de areia e rocha esperando pelo meu comando.
Quando a criatura avançou novamente, eu levantei a mão, e o chão explodiu. Espinhos de pedra emergiram como lanças, cravando-se nas articulações do sentinela. Ele rugiu, tentando se libertar, mas eu não dei espaço para isso.
— Quem enviou você? — perguntei, aproximando-me com cuidado.
A criatura emitiu um som estranho, quase como uma risada, antes de explodir em uma nuvem de poeira e fragmentos metálicos.
Me joguei no chão, protegendo o rosto enquanto a onda de choque me atingia. Quando a poeira baixou, me levantei, ofegante.
— Isso foi só o começo — murmurei para mim mesmo.
— Você está bem? — Sefu voltou correndo, os olhos arregalados.
— Estou vivo, o que já é mais do que posso dizer daquela coisa — respondi, limpando a poeira das roupas.
Ele olhou para os destroços da criatura, depois para mim. — Isso foi... intenso.
— Precisamos contar ao conselho.
Sefu assentiu, mas havia preocupação em seu olhar. — Você acha que eles estavam atrás do...
— Do Coração de Gaia? — completei, olhando para o horizonte. — Tenho certeza disso.
O silêncio que se seguiu era pesado. O Coração de Gaia era o segredo mais bem guardado de Anunaki, e também o maior motivo de conflito entre as potências. Se Agartha estava enviando sentinelas para nosso território, era porque estavam desesperados.
— Vamos sair daqui antes que mandem mais — disse, começando a andar.
— Você acha que eles sabem? — perguntou Sefu, seguindo-me.
— Talvez. Ou talvez só estejam sondando. De qualquer forma, precisamos proteger o Coração a qualquer custo.
O caminho de volta foi silencioso, mas minha mente estava em turbilhão. O que Agartha realmente sabia? E por que agora?
A única certeza que tinha era que algo estava para acontecer. E não seria nada bom.
A base central de Anunaki era um monumento ao equilíbrio. Construída para honrar tanto a natureza quanto o avanço humano, as enormes cúpulas de vidro refletiam o céu, e as torres revestidas de musgo pareciam brotar da terra como árvores ancestrais. Havia uma beleza crua ali, um lembrete constante de que, enquanto outros povos se afastaram da natureza, nós escolhemos nos fundir com ela.
Ao atravessar os corredores amplos, eu sentia o peso do olhar de cada metahumano que cruzava meu caminho. Todos sabiam o que havia acontecido em Dagor. E, mais do que isso, todos sabiam que a ameaça de Agartha era um prenúncio de algo maior.
Sefu me seguiu em silêncio até o salão do conselho. Quando chegamos, ele murmurou:
— Boa sorte. Eles não são exatamente famosos pela paciência.
Eu suspirei. — Não é a paciência que me preocupa.
As portas se abriram, revelando a sala redonda onde os cinco anciãos de Anunaki se reuniam. Eles eram uma visão impressionante, sentados em tronos esculpidos em madeira viva, suas roupas de fibras naturais contrastando com os tons vibrantes de suas joias. Cada um deles era uma lenda por direito próprio, mas foi na mulher no centro que meus olhos pousaram.
A Conselheira Zahara.
Ela era uma figura imponente, com olhos que pareciam enxergar através de você. Sua pele escura brilhava à luz do sol que entrava pelas janelas altas, e suas palavras sempre carregavam um peso que fazia até os mais ousados tremerem.
— Akin Manhiça, você voltou de Dagor — começou ela, sua voz ecoando pelo salão. — Conte-nos o que viu.
Eu dei um passo à frente, tentando manter a calma. — Encontrei um sentinela de Agartha patrulhando as dunas. Era diferente de qualquer outro que já vi. Mais rápido, mais resistente.
Os anciãos trocaram olhares. Foi o Conselheiro Baraka quem falou:
— Você o destruiu?
— Sim. Mas ele não estava sozinho. Tenho motivos para acreditar que era apenas uma sondagem.
— E o que eles estavam procurando? — Zahara perguntou, inclinando-se para frente.
Engoli em seco. — O Coração de Gaia.
O silêncio que se seguiu era tão espesso que quase dava para tocá-lo. Finalmente, Zahara quebrou o gelo:
— Você tem certeza?
— Sim, conselheira. Eles estão chegando cada vez mais perto. Se não tomarmos uma atitude, é apenas uma questão de tempo até que descubram sua localização.
Ela assentiu lentamente, mas havia uma preocupação evidente em seus olhos. — Muito bem. Vamos reforçar a vigilância em torno do Coração. E você, Akin, será designado para liderar uma das equipes de proteção.
— Entendido.
Enquanto os anciãos continuavam a debater, eu me peguei perdido em pensamentos. O Coração de Gaia era mais do que um segredo; era nossa essência, a fonte do equilíbrio que tornava Anunaki diferente do resto do mundo. Se Agartha ou Calodopseia o tomassem, seria o fim de tudo o que construímos.
Mas, por que agora?
Quando a reunião terminou, Sefu me esperava do lado de fora. Ele tinha aquele sorriso meio debochado que eu conhecia tão bem.
— Então, você é o grande protetor agora?
Revirei os olhos. — Se por “grande protetor” você quer dizer “alvo principal”, então sim.
Ele riu. — Pelo menos você tem essa coisa com a terra. Vai ser útil.
— Útil? — arfei. — Não é exatamente como se eu pudesse parar uma invasão sozinho.
— Não, mas pode atrasá-los o suficiente para que o resto de nós fuja.
Apesar do tom brincalhão, havia uma verdade amarga nas palavras de Sefu. Não importa o quanto tentássemos manter Anunaki segura, sempre havia a sensação de que estávamos lutando contra algo maior do que nós.
Naquela noite, enquanto me preparava para dormir, me sentei na beira da cama, observando a lua cheia pela janela. Às vezes, me perguntava como era viver em Calodopseia, com suas cidades futuristas flutuando sobre a superfície lunar. Será que eles olhavam para a Terra com nostalgia? Ou éramos apenas um lembrete de tudo o que eles haviam deixado para trás?
Puxei o cobertor sobre mim e fechei os olhos. Foi quando ela apareceu.
Nos meus sonhos, sempre a via. Longos cabelos negros como a noite, olhos verdes que brilhavam com uma intensidade hipnotizante, e um sorriso que era tanto um convite quanto uma ameaça. Eu não sabia seu nome, mas algo dentro de mim dizia que ela era real. E, por algum motivo, estava conectada a tudo isso.
— Quem é você? — perguntei, como fazia todas as vezes.
Desta vez, ela respondeu.
— Você sabe quem sou, Akin.
Acordei com um sobressalto, meu coração batendo forte no peito. Olhei ao redor, mas o quarto estava vazio. Ainda assim, a sensação de sua presença permanecia.
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No dia seguinte, fui chamado para uma reunião com os outros membros da equipe de proteção. Entre eles estava Nia, uma metahumana conhecida por suas habilidades de manipulação de água. Ela era ágil, astuta e, francamente, intimidadora.
— Bem-vindo à equipe — ela disse, sem esconder o sarcasmo.
— Prazer em estar aqui — respondi, tentando ignorar o olhar de reprovação dela.
— Ouvi dizer que você teve um encontro com um sentinela de Agartha. Espero que não ache que isso faz de você um herói.
— Não acho nada. Só estou aqui para fazer meu trabalho.
Ela riu, mas não era um som agradável. — Veremos.
Enquanto discutíamos estratégias, percebi que Nia era o tipo de pessoa que não confiava em ninguém. E, considerando o que estava em jogo, talvez ela estivesse certa.
A missão era simples: proteger o Coração de Gaia a todo custo. Mas eu sabia que as coisas nunca eram tão simples quanto pareciam.
Naquela noite, enquanto caminhava pelas ruas de Anunaki, fui abordado por uma figura encapuzada.
— Akin Manhiça — disse uma voz feminina.
Eu parei, sentindo meu corpo tenso. — Quem está aí?
Ela tirou o capuz, revelando um rosto que reconheci imediatamente. Era a mulher dos meus sonhos.
— Finalmente nos encontramos — ela disse, sorrindo.
Meu coração parou. — Você...
— Sou Lyra. E temos muito o que conversar.
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