Acordo com minha cabeça explodindo de dor, como se mil agulhas estivessem perfurando meu crânio. A luz branca forte, quase cegante, não me permite abrir os olhos, forçando-me a mantê-los fechados. O cheiro penetrante de remédios e produtos de limpeza invade minhas narinas, trazendo uma sensação de náusea. Ao fundo, vozes indistintas ecoam pelo ambiente, cada palavra ressoando como um martelo em minha cabeça, intensificando a dor latejante. Tento me mover, mas meu corpo parece pesado, preso a um estado de torpor. A única coisa que posso fazer é esperar que essa tempestade de sensações diminua.
Sinto como se minhas costelas estivessem todas quebradas. Respirar é uma tortura, cada inspiração é um esforço doloroso. Com muita dificuldade, forço-me a abrir os olhos. A luz é intensa e meus olhos demoram a se ajustar. Tento mover meu corpo, mas a dor é insuportável, irradiando de cada costela machucada. Cada movimento parece um desafio monumental, mas eu persisto, lutando contra a agonia que me consome.
O que eu estou fazendo no hospital, quemerda aconteceu comigo. Me lembro muito bem dos eventos de ontem a noite, apenas que estava em uma festa com alguns conhecido que nao via fazia alguns anos.
Me lembro de ter tomado mais do que o normal também lembro que estávamos dançando, sei que subi na mesa, Tomy um rapaz do time de basqueste no ensino medio, me tirou de la e pediu um taxi para me levar para casa, depois disso nao lembro de mais nada, talvez algumas luzes fortes. Vejo meus pais proximo a janela e reviro os olhos.Lembro-me de ter bebido mais do que o normal naquela noite. Estávamos dançando, a música alta e as luzes piscando. Em um momento de euforia, subi na mesa, rindo e tentando manter o equilíbrio. Tomy, um rapaz do time de basquete do ensino médio, me viu e, preocupado, veio me tirar de lá. Ele pediu um táxi para me levar para casa. Depois disso, tudo se torna um borrão. Talvez eu tenha visto algumas luzes fortes, mas não tenho certeza.
Agora, ao abrir os olhos, vejo meus pais próximos à janela, conversando em voz baixa. Reviro os olhos, sentindo uma mistura de vergonha e arrependimento. Tento me lembrar de mais detalhes da noite passada, mas a dor de cabeça latejante torna difícil pensar com clareza.
—Mas essa garota é sempre assim! Quando será que ela vai parar com essas coisas? — ouço a voz esganiçada da minha mãe, cheia de frustração e cansaço. Seu olhar está distante, perdido em pensamentos sobre o que fazer a seguir.
— Calma, meu amor, eu resolvi tudo. Ela vai dar uma pausa com essas loucuras — diz meu pai, tentando acalmá-la com um tom suave e reconfortante. Ele se aproxima dela, segurando suas mãos entre as dele, como se quisesse transmitir um pouco de calma.
— Espero que isso realmente funcione, porque eu não aguento mais! Ela é uma vergonha para a família! — minha mãe responde, a voz tremendo de emoção. Os olhos dela brilham, entre a frustração e a tristeza, enquanto se lembra das últimas situações embaraçosas.
— Eu sei, querida. Cada vez que ela faz algo assim, sinto que estamos perdendo o controle. É como se tudo estivesse desmoronando ao nosso redor, e não sabemos mais como lidar — ela desabafa, passando a mão pelo cabelo, visivelmente angustiada.
— Eu entendo. Mas, por favor, se acalme. Sua pressão vai subir, e não queremos mais atenção do que já temos. Vamos resolver isso juntos, como sempre fazemos — meu pai insiste, colocando a mão no ombro dela, tentando transmitir segurança e apoio. Ele olha nos olhos dela, buscando acalmá-la com sua presença firme.
— Você tem razão, mas é difícil não se sentir assim. O que as pessoas vão pensar de nós? — minha mãe diz, sua voz agora um sussurro, como se o peso das expectativas externas estivesse pesando sobre ela.
—Falem baixo, minha cabeça vai explodir - digo com a garganta arranhando e as mãos na cabeça, tentando aliviar a dor latejante.
—Você quase nos matou de susto, sua imprestável! - minha mãe cospe as palavras com uma raiva fervente. - Você não consegue mesmo ficar longe de confusão. Sempre temos que arrumar uma maneira de esconder das mídias as suas merdas. Não aguento mais isso!
—O que eu fiz agora? - pergunto, sentindo a confusão e o desespero crescerem dentro de mim.
—Areun, sua sonsa, você está desacordada há três dias! - ela diz, a raiva evidente em cada palavra.
—Mas o que aconteceu? - pergunto, realmente assustada com a notícia, sentindo meu coração acelerar
—Areun, você sofreu um acidente de carro - meu pai diz, chamando minha atenção para ele.
—Um acidente de carro? - repito, tentando processar a informação. - Como isso aconteceu?
—Você estava dirigindo tarde da noite, e parece que perdeu o controle do carro - minha mãe continua, a voz ainda carregada de frustração. - Foi um milagre você ter sobrevivido.
—Mas não era eu que estava ao volante! Eu me lembro de ter ido embora de táxi, justamente por não ter condições de dirigir - minha voz treme enquanto tento explicar. Minha cabeça começa a girar e, por um instante, parece que vou apagar.
—Eu estava no banco de trás, muito bêbada, por isso chamei um táxi - explico, tentando manter a calma. - Então, não foi minha culpa. Claro, agora sei qual o problema… eu não morri! - solto uma risada nervosa.
—Você chamou um táxi? - minha mãe pergunta, surpresa. - Tem certeza disso, Areun?
—Sim, mãe. Eu sabia que não podia dirigir naquele estado. Chamei um táxi para ir embora - respondo, tentando manter a clareza enquanto a sala parece rodar ao meu redor.
—Relaxem, eu não quero nada mesmo. Já sei que tudo é do meu irmão, e eu só vou receber uma mesada por mês. Desculpem, mas eu vi seu testamento e achei ótimo receber os 30% dos lucros sem ter que trabalhar. — digo, tentando soar indiferente, mas a frustração brota em meu tom.
— Você irá se casar — meu pai afirma, com a firmeza de quem não aceita contestação.
— Não vou, não! — respondo, a indignação tomando conta de mim. — Essa ideia é absurda!
— O Park Hyun é um garoto excelente e vocês se conhecem desde pequenos — ele insiste, como se isso fosse um argumento convincente. — Ele é um bom partido, Areun.
— E isso faz alguma diferença para mim? — pergunto, cruzando os braços. — Não quero ser forçada a me casar com alguém só porque vocês acham que é o que devo fazer. Minha vida não é um negócio!
— Não se trata de negócios, mas de construção de um futuro — meu pai diz, com paciência. — O casamento pode trazer segurança e estabilidade, coisas que você pode precisar.
— Segurança e estabilidade? — replico, quase rindo. — Como se casar com alguém que eu não amo fosse me dar isso? O que eu preciso é de liberdade para seguir meus próprios caminhos!
— Areun, nós só queremos o melhor para você — minha mãe intercede, com uma expressão preocupada. — O mundo é complicado, e ter alguém ao seu lado pode fazer a diferença.
— Mas isso não significa que eu deva abrir mão da minha vida! — protesto, a revolta pulsando em meu peito. — Eu posso ser feliz e realizada sem um marido.
— O que você está dizendo não é fácil de entender — meu pai diz, tentando encontrar um ponto de equilíbrio. — O que temos em mente é o que muitos jovens desejam.
— Eu não sou "muitos jovens"! — exclamo, a frustração está crescendo. — Eu sou eu, e quero decidir meu próprio destino.
— Cheguei, família! Ei, irmãzinha, não me assusta assim mais não! — meu irmão entra na sala com um sorriso brincalhão, quebrando um pouco a tensão.
— Ai, Joo, eles querem que eu me case com o Park Hyun, aquele idiota! — digo, sentindo a frustração transbordar.
— Fiquei sabendo — ele responde, a expressão mudando para uma mistura de preocupação e diversão. — Relaxa, vai ser bom ter ele de cunhado.
— Bom? Como assim? — pergunto, levantando uma sobrancelha. — Ele é insuportável!
— Olha, ele vem de uma família poderosa. Você vai ser muito bem tratada morando com eles — meu pai intervém, com um tom otimista. — Pense no futuro, Areun.
— Futuro? Isso é o que importa? — rebato, a indignação crescendo. — mesmo que eu o odeie?
— Mas pense nas oportunidades que isso pode trazer — meu pai insiste, tentando fazer valer seu ponto. — Uma conexão forte pode abrir portas.
Na Coreia do Sul, o sistema educacional é altamente valorizado, e nada exemplifica isso melhor do que o Endicott College, a escola mais prestigiosa e sofisticada de Seul. Localizada em um campus deslumbrante, cercado por natureza e infraestrutura moderna, a instituição atrai não apenas estudantes, mas também os filhos dos magnatas e das elites do país. O Endicott é conhecido por seu rigor acadêmico, professores renomados e uma vasta gama de atividades extracurriculares que estimulam o desenvolvimento integral dos alunos.
Minha família, ciente das vantagens que uma educação de qualidade pode oferecer, decidiu que tanto eu quanto meu irmão deveríamos estudar lá. A ideia de estar entre os melhores estudantes e ter acesso a recursos de alta qualidade era emocionante, mas também aterrorizante. Quando entrei na escola, meu irmão já estava um ano à minha frente, o que significava que eu teria que me adaptar rapidamente a um ambiente que era tanto desafiador quanto inspirador.
Desde o primeiro dia, senti a intensidade do Endicott. A atmosfera era elétrica, com alunos conversando animadamente sobre projetos, competições acadêmicas e eventos sociais. A diversidade de origens e interesses era impressionante; havia filhos de empresários, artistas, cientistas e políticos, todos unidos pela ambição de se destacar. Essa pluralidade não apenas enriquecia as discussões em sala de aula, mas também promovia um ambiente de aprendizado colaborativo, onde cada um trazia sua própria perspectiva.
As aulas eram desafiadoras e estimulantes. Fui exposta a uma variedade de disciplinas, desde ciências exatas até humanidades, com professores que não apenas dominavam suas áreas, mas também eram apaixonados por ensinar. Uma das coisas que mais me impressionou foi a maneira como eles incentivavam a participação ativa dos alunos. Não era suficiente apenas ouvir e anotar; éramos encorajados a questionar, debater e explorar as ideias apresentadas. Essa abordagem me fez perceber que o aprendizado era um processo dinâmico e interativo, muito além do que eu havia experimentado antes.
Outra característica marcante do Endicott College eram as atividades extracurriculares. Oportunidades para se envolver em clubes, esportes e projetos comunitários eram abundantes
Meu irmão sempre foi parte do F4, o grupo exclusivo formado pelas quatro famílias mais poderosas e influentes da Coreia do Sul: os Park, os Baek, os Nam e os temidos Kim. A história desses clãs é repleta de tradições antigas e um poder quase mítico que permeia cada aspecto da sociedade. Os Kim, por exemplo, têm uma origem marcada por episódios de clandestinidade, uma vez que muitos de seus membros fugiram para o Japão em busca de segurança, e a reputação deles como uma família de mafiosos é bem conhecida. Para mim, isso significava que meu irmão não apenas lidava com a pressão de ser um estudante exemplar, mas também com as expectativas de um legado familiar que pesava sobre seus ombros.
Quando entrei no Endicott College, meu principal objetivo era me misturar, ser discreta e não chamar atenção. No entanto, o que eu não esperava era que os quatro “idiotas” que rodeavam meu irmão, claro que ele era tão idiota quanto seus amigos, membros do F4, fariam questão de se colar a mim. A dinâmica entre eles era como uma tempestade perfeita: um grupo de jovens carismáticos, seguros de si e, muitas vezes, insuportáveis. Não bastava aturar meu irmão e seus amigos em casa, agora eu teria que enfrentar essa realidade todos os dias na escola.
A primeira vez que fui cercada por eles foi no refeitório. Estava tentando encontrar um lugar tranquilo para me sentar, mas antes que eu percebesse, já estava sendo puxada para o centro da atenção. Os garotos estavam todos rindo e fazendo comentários sarcásticos sobre como era ser a irmã mais nova do famoso “F4”. Para eles, era como um esporte, e eu era o alvo perfeito. Enquanto eu tentava comer em paz, sentia os olhares sobre mim, como se estivesse em um reality show em que ninguém tinha compaixão.
As semanas passaram, e a sensação de estar sob os holofotes se intensificava. Eles tinham uma maneira de transformar qualquer situação em algo que me deixava desconfortável. Se eu cometesse um erro em sala de aula, logo surgiam piadas, e a risada era sempre garantida. O que me deixava ainda mais irritada era que, por trás das brincadeiras, havia uma camaradagem que eu não conseguia ignorar. Eles eram amigos leais, e isso os tornava ainda mais insuportáveis.
Eu me esforçava para me manter afastada, mas a verdade era que, de alguma forma, a presença deles se tornou parte da minha rotina. Meu irmão, mesmo que tentasse proteger-me, acabava se envolvendo nas provocações. Ele dizia que era apenas brincadeira, mas eu não conseguia ver a leveza na situação. Cada vez que saía de casa, tinha que me preparar mentalmente para o que me esperava, e a escola se tornava um campo de batalha social.
Um dia, após mais uma série de provocações durante o almoço, decidi que precisava de uma saída. Foi quando percebi que, se não podia evitá-los, talvez pudesse usar isso a meu favor. Comecei a observar as interações deles e a entender como funcionavam. Quando um dos garotos, que se achava o mais engraçado do grupo, começou a brincar sobre um erro meu, decidi que era hora de responder.
- Uau, você não tem medo que eu conte a todos as coisas que eu sei sobre você?- eu disse com um sorriso maldoso.
O silêncio na mesa foi palpável, seguido por uma risada que não consegui conter. Foi um momento de virada.
A partir daí, minha abordagem começou a mudar. Eu ainda não os suportava totalmente, mas aprendi a lidar com as provocações. Eu os desafiava com humor, e isso, de alguma forma, fez com que começassem a me respeitar um pouco mais. Com o tempo, percebi que, embora o F4 fosse um grupo de privilegiados e arrogantes, havia uma camada de lealdade e amizade que era admirável, mesmo que eu não conseguisse me identificar completamente com eles.
Ao longo do ano letivo, comecei a me sentir mais confortável na escola e, surpreendentemente, até desenvolvi uma certa amizade com alguns deles. As dinâmicas foram se transformando e, apesar das rivalidades, encontrei um espaço onde eu poderia ser eu mesma. A escola se tornou menos um campo de batalha e mais um lugar onde as relações se complexificavam, e as interações se tornavam mais interessantes.
A convivência com meu irmão e seus amigos me ensinou muito sobre como lidar com pessoas de diferentes origens e temperamentos. Aprendi a valorizar a amizade verdadeira e a importância de ser fiel a mim mesma, mesmo quando as expectativas ao meu redor eram esmagadoras. Assim, entre provocações e risadas, eu descobri minha própria identidade.
. Quando estava prestes a entrar no quinto ano, meus pais tomaram uma decisão marcante: enviaram-me para os Estados Unidos para estudar. Essa mudança representava uma nova etapa na minha vida, cheia de expectativas e desafios. Deixar para trás minha casa, amigos e a familiaridade do cotidiano foi um passo significativo, mas também uma oportunidade incrível de crescimento.
Nos primeiros dias, senti uma mistura de ansiedade e excitação. O ambiente escolar era muito diferente do que eu estava acostumado, com novas matérias, professores e colegas de diversas culturas. Aprender uma nova língua e me adaptar a uma nova rotina exigiu esforço e determinação. Contudo, ao longo do tempo, percebi que essa experiência estava me moldando de maneiras que eu nunca imaginei. As novas amizades e as vivências no exterior ampliaram minha visão de mundo e enriqueceram minha educação. Essa jornada se tornou um capítulo inesquecível da minha vida.
Retornei a Seul apenas quando estava prestes a entrar no segundo ano do ensino médio, e a mudança que ocorreu em mim nesse período foi marcante. Ao voltar, eu não era mais aquela menina ingênua que se deixava levar por tendências passageiras e que tinha um gosto duvidoso para moda. O tempo que passei fora me transformou, e agora eu me sentia mais sofisticada, confiante e, de certa forma, rebelde.
A nova fase da minha vida trouxe uma série de experiências que eu nunca tinha imaginado. Comecei a frequentar festas, mergulhando em um mundo de música, dança, e liberdade que antes me parecia distante. Essas festas eram o cenário perfeito para eu me expressar dee explorar novas facetas da minha personalidade. Eu adorava a adrenalina, e de estar cercada por pessoas que pensavam como eu, que buscavam diversão e novas aventuras.
Além disso, havia um aspecto mais audacioso na minha vida. Eu tinha algumas identidades falsas que me permitiam experimentar uma liberdade que nunca tinha conhecido antes. Com apenas 17 anos, me sentia pronta para desafiar regras e limites. É claro que isso não era algo que eu levava na maior das seriedades; na verdade, eu encarava como uma forma de liberdade e descoberta. Era uma fase em que eu buscava o meu lugar no mundo.
Assim que voltei, minha entrada foi em grande estilo, e, claro, já arrumei uma confusão com as meninas populares da escola. Elas nem faziam ideia de quem eu era; afinal, eu era uma estranha naquele lugar, e ninguém me conhecia. A atmosfera estava carregada de curiosidade e uma pitada de hostilidade, típica de quem se sente ameaçado por uma nova presença.
Assim que cruzei a porta, senti os olhares se voltando para mim. As garotas mais bonitas, cercadas de admiradores, começaram a se esbarrar em mim de maneira provocativa, como se quisessem me mostrar que eu não tinha lugar ali. No entanto, eu não era do tipo que se deixava abater facilmente. Ao invés de recuar, decidi enfrentar a situação de frente. Com uma postura desafiadora, fui para cima delas, disposta a mostrar que não estava ali para ser apenas uma coadjuvante em sua história.
O clima se tornou elétrico, e o confronto verbal começou. Eu sabia que não seria fácil, mas não tinha intenção de ser a "mocinha" da situação. cada palavra que trocava com elas era uma mais afiada que a outra.
Depois, na hora do almoço, acabei me sentando sozinha em uma mesa afastada. Ao meu redor, o refeitório fervilhava com conversas animadas e risadas. Era impossível não ouvir os comentários sobre a "doida" que havia entrado na escola. Os olhares se voltavam em minha direção, e eu sabia que as garotas populares estavam falando de mim.
Alguns risinhos ecoavam pela sala, e, mesmo sem ouvi-los claramente, pude sentir a curiosidade e o julgamento no ar. A sensação de estar sob os holofotes era estranha; por um lado, havia uma parte de mim que se sentia incomodada, mas, por outro, era um sinal de que eu havia causado impacto. A ideia de ser vista como alguém diferente, alguém ousado, trouxe uma pontada de satisfação.
Todos pararam ao ouvir o barulho da porta do refeitório se abrindo. Na entrada, os quatro príncipes apareceram, com suas roupas elegantes e sorrisos charmosos, mas, para mim, eram mais como quatro demônios prontos para causar confusão. A primeira impressão que tive foi de que eles tinham vindo apenas para encher minha sacola. E, como eu temia, não demorou muito
Assim que entrou, logo começou a se dirigir à minha mesa, suas vozes altas e cheias de risadas chamam a atenção de todos ao redor. Um deles agarrou meu prato de comida, enquanto outro se moveu e bagunçou meus cabelos, fazendo um caos na minha aparência. Eu não consegui acreditar que, em plena hora do almoço, eles estavam me fazendo passar por essa situação embaraçosa. Todos nós encaravam.
— Que saudades da minha irmãzinha! — disse meu irmão.
— Eu também estava com saudades! — respondi.
— Nossa, como a pirralha cresceu! — comentou Park Hyung.
— Ei, desde quando você não é mais criança? — brincou Baek Ji.
— Olha o tamanho dessa saia! — riu Kim Soo Hyun.
— Larguem do meu pé! — protestei, meio irritada, mas rindo.
Eu sempre estava com eles nas festas, era quase uma tradição. Não importava o lugar ou a ocasião, de alguma forma acabávamos juntos, rindo e curtindo. Entre todos, o mais excêntrico e imprevisível era o Kim. Ele sempre assumia a pose de "bad boy" da turma, mas, ao contrário de muitos que apenas fingiam, ele realmente incorporava esse papel. Não era só uma fachada ou uma atitude forçada para impressionar os outros.
De todos os quatro, o que eu mais odiava, sem dúvida, era o Kim. Pense em um cara insuportável, arrogante, o típico babaca que sempre acha que é o melhor em tudo. Enquanto o Park até conseguia ser legal e o Baek Ji era praticamente meu irmão de pais diferentes, mas com um laço tão forte que fazia parecer que crescemos juntos, o Kim era um verdadeiro demônio, ele tinha um ar misterioso, uma energia diferente, que o destacava de todos ao seu redor. Ele era herdeiro de um império empresarial gigantesco, algo que já o colocava em um patamar elevado, acima da maioria. Mas o que poucos sabiam, e o que ele mantinha em segredo, é que esse império estava profundamente entrelaçado com atividades da máfia. Seu sobrenome carregava um peso imenso, muito mais do que apenas riqueza ou influência. Havia histórias sussurradas em corredores escuros sobre o que a família dele realmente fazia, sobre os favores trocados, e as sombras que acompanhavam o poder.
Apesar disso, ele não era o típico vilão do filme. Kim tinha seus momentos de gentileza, de cuidado com quem estava perto dele. Mas havia uma linha que ninguém ousava cruzar. Todos sabíamos que, por trás das brincadeiras e do sorriso despreocupado, havia uma pessoa que você definitivamente não queria como inimigo. A dualidade entre o charme do garoto popular e o perigo que o cercava.
Ele não se importava com o que os outros pensavam, e isso o tornava ainda mais fascinante. O mais surpreendente foi como ele conseguiu manter esse equilíbrio entre os dois mundos: o da elite empresarial e o submundo perigoso da máfia. Talvez fosse isso que fizesse dele o mais "idiota" entre eles.
Quando se aproximava o final do último ano escolar, a família Kim tomou a difícil decisão de fugir para o Japão. Dizem que estavam sendo investigados.
Meu irmão, Ji Soo, e Park Hyung seguiram para a faculdade, enquanto eu me sentia perdida e sozinha na escola. As aulas se tornavam monótonas e a ausência deles tornava cada dia mais difícil.
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