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Entre o Amor e o Caos"

O Primeiro Encontro.

Lúcia entrou no café como fazia todos os dias, buscando o refúgio acolhedor das xícaras fumegantes e do som suave dos conversadores. Era seu lugar de paz, onde o barulho do mundo parecia se dissipar nas paredes de tijolos expostos. Ela já conhecia o cardápio de cor, sabia exatamente qual banco escolher perto da janela e, com o tempo, se acostumou ao ritual da bebida quente, que aquecia tanto as mãos quanto o coração.

Naquele dia, porém, algo estava diferente. Ao entrar, notou um leve movimento na fila de atendimento: um rapaz alto, de cabelo escuro e uma expressão serena, parecia estar tão imerso em suas próprias reflexões quanto ela. Lúcia observou por um instante, sem querer ser notada. Ele tinha algo nela que chamava sua atenção, uma calma silenciosa que contrastava com o frenesi que ela sentia nos dias corridos da sua vida.

Ela fez seu pedido e, quando se virou para procurar um lugar, seus olhos se cruzaram com os dele. Por um segundo, o tempo parou, como se a vida tivesse dado uma pausa no meio da rotina. Ele sorriu de forma genuína, quase tímida, mas seu olhar era tranquilo e acolhedor, e, sem saber por quê, Lúcia sorriu de volta.

"Oi, você está esperando por alguém?" A voz dele era suave, mas cheia de curiosidade. Lúcia percebeu que ele não parecia estar perguntando apenas sobre o espaço no banco, mas sobre algo mais profundo.

"Não, só… só estou tomando um café," ela respondeu, surpreendendo-se com a naturalidade da conversa que estava começando. Ela não era muito de iniciar interações, mas algo naquele momento parecia desarmá-la.

Ele deu um leve passo à frente. "Posso me sentar aí? Está vazio, e eu estava só esperando o café." Seus olhos brilharam, e Lúcia assentiu sem hesitar. Algo nela se sentia à vontade, como se já o conhecesse há muito tempo. Ele se sentou e, sem mais, começou a puxar conversa.

“Eu sou André,” ele se apresentou, estendendo a mão com um sorriso despreocupado.

“Lúcia.” Ela apertou a mão dele, sentindo uma espécie de eletricidade leve, mas agradável, no toque.

A conversa foi se desenrolando de forma tão natural, como se fosse um diálogo antigo, daqueles que você nunca esquece. Falaram sobre livros, sobre música, sobre a vida e até sobre as pequenas alegrias de um café recém passado. Lúcia percebeu, com surpresa, que estava se abrindo de uma maneira que raramente acontecia com estranhos. André parecia interessado não apenas nas palavras que ela dizia, mas na forma como ela pensava e sentia.

"O que você mais gosta de fazer nas horas vagas?" André perguntou, um sorriso suave tocando seus lábios.

Lúcia pensou por um momento. "Eu gosto de ficar sozinha, em silêncio, com uma boa leitura. Mas também amo viajar, mesmo que seja para lugares simples, como uma cidadezinha do interior." Seus olhos brilharam com essa última lembrança. Ela adorava as pequenas viagens, a simplicidade das paisagens que se estendiam no horizonte.

“Eu também sou assim,” ele respondeu com um tom de cumplicidade. “Às vezes, a calma de um lugar simples é tudo o que a gente precisa para se reencontrar.” Ele fez uma pausa e olhou para ela de maneira mais intensa. “E você parece ser alguém que busca muito mais do que as aparências.”

Lúcia sentiu um leve calor subir pelas suas bochechas. Nunca imaginou que alguém conseguiria ver tanta profundidade em suas palavras tão simples. Mas a maneira como André olhava para ela, com curiosidade e sinceridade, fez com que ela se sentisse única, como se, naquele instante, ela fosse a pessoa mais interessante do mundo.

A conversa fluiu por mais tempo do que ela imaginava. Não havia pressa, como se o universo tivesse se alinhado para dar-lhes um momento de tranquilidade. Lúcia até esqueceu das obrigações e dos compromissos do dia. Tudo parecia secundário enquanto ela estava ali, conversando com alguém que parecia compartilhar as mesmas paixões, os mesmos medos e as mesmas esperanças.

Quando o relógio tocou, lembrando-os da passagem do tempo, Lúcia se deu conta de que estavam ali há quase uma hora. Era difícil de acreditar. "Eu acho que… preciso ir," ela disse, hesitante.

"Eu também," André disse, sorrindo de forma suave, mas com um olhar que dizia mais do que as palavras poderiam expressar. "Mas espero que a gente se encontre por aqui mais vezes. Esse café tem algo mágico, não é?"

Ela sorriu, concordando. "Eu também espero. Eu sempre venho aqui. Pode ser uma boa desculpa para… nos encontrarmos mais."

Eles se despediram com a promessa silenciosa de que esse encontro, mesmo que breve, era apenas o começo. E Lúcia, enquanto saía do café, sentiu algo novo dentro de si, uma chama suave, mas constante, que começava a crescer. Era como se o destino tivesse, finalmente, dado o primeiro passo para algo inesperado e belo.

O que ela não sabia ainda era que aquele encontro era apenas o começo de uma história que mudaria completamente o curso de sua vida.

O Início de Algo Novo.

Após o primeiro encontro, Lúcia não conseguia parar de pensar em André. Naqueles primeiros dias, as lembranças de sua conversa no café flutuavam em sua mente, como se ele tivesse deixado uma marca invisível em seu coração. Ela percebeu que, em meio à rotina intensa do trabalho e das responsabilidades diárias, havia algo de especial naquela conexão, algo que a fazia se sentir viva de uma maneira que ela não experimentava há muito tempo.

E foi justamente isso que a motivou a mandar uma mensagem para ele. "Oi, André. Estava pensando em nossa conversa. Que tal a gente tentar aquele café de novo? 😊"

Ela hesitou um pouco antes de apertar o botão de envio, com o peito apertado pela ansiedade, mas logo viu a resposta surgir na tela do celular.

"Oi, Lúcia! Claro, seria ótimo. Quando você tem um tempinho?"

Eles combinaram de se encontrar novamente naquele mesmo café, que agora já começava a se tornar o "lugar deles". A ideia de um novo encontro trouxe a Lúcia um sorriso bobo, algo que ela não conseguia controlar. Quando chegou ao café, já sentiu aquela sensação familiar de acolhimento, mas desta vez havia algo mais. Algo no ar parecia vibrar, como se o simples ato de se encontrar com André tivesse um significado que ultrapassava o físico.

André chegou pontualmente, com seu sorriso tranquilo, e se sentou na mesma mesa de antes. Eles trocaram olhares e risos tímidos, como se estivessem compartilhando um segredo só deles. Mais uma vez, a conversa fluiu naturalmente, como se o mundo ao redor deles não existisse.

“Eu acho que você tem razão,” André disse, enquanto eles falavam sobre um livro que ambos haviam lido. “Às vezes, o que realmente importa em uma história não é o final, mas a jornada dos personagens. Eu me sinto assim também… A gente acaba buscando o final perfeito, mas, na realidade, os momentos simples é que fazem tudo valer a pena.”

Lúcia sorriu, admirada com a maneira como ele via o mundo. Sentiu uma cumplicidade crescente, como se ela e ele estivessem numa jornada paralela, mesmo que ainda estivessem se conhecendo.

“Eu também penso assim,” Lúcia respondeu, sentindo um calor aconchegante crescer dentro de si. “Acho que, por muito tempo, vivi em busca de um futuro idealizado, mas o que mais me toca são os momentos... como esse, agora. Aqui com você.”

Os olhos de André brilharam de uma maneira que fez o coração de Lúcia bater mais rápido. “Eu também. Acho que é por isso que gostamos tanto desse lugar. Ele tem uma calma que faz a gente se sentir… em casa.”

Eles passaram horas conversando, rindo sobre histórias engraçadas da infância e discutindo sobre as coisas simples da vida, como suas comidas preferidas e os filmes que mais marcaram suas vidas. A cada encontro, o laço entre eles se fortalecia de maneira silenciosa, mas palpável. A amizade que estava começando a florescer parecia algo sólido e genuíno, algo que ela jamais esperaria encontrar de forma tão espontânea.

Com o tempo, os encontros se tornaram mais frequentes. Eles começaram a dividir não apenas suas preferências e sonhos, mas também suas inseguranças e medos. André revelou que, apesar de ser extrovertido e bem-sucedido no trabalho, tinha uma grande dificuldade em confiar nas pessoas. Lúcia, por outro lado, compartilhou sua luta constante contra o medo de não ser suficiente, de não conseguir alcançar as expectativas que impunha a si mesma.

Era curioso, mas sempre que se encontravam, o mundo ao redor parecia desaparecer. O café se tornou o lugar onde podiam ser apenas quem eram, sem máscaras ou pressões externas.

Em uma tarde particularmente tranquila, enquanto a chuva tamborilava na janela, André olhou para Lúcia com um sorriso mais suave, quase introspectivo. “Eu não sabia que poderia me sentir tão… confortável assim, com alguém. Não sei bem por quê, mas acho que já faz um tempo que eu não me sinto tão à vontade.”

Lúcia sentiu um nó no estômago, não de ansiedade, mas de algo mais profundo. “Eu me sinto da mesma maneira,” ela disse, sua voz um pouco mais baixa. “Eu não sabia que era possível encontrar uma amizade assim… tão... natural.”

O silêncio que se seguiu não foi desconfortável, mas carregado de um entendimento mudo. Algo estava começando a se transformar, e ambos sabiam disso, embora não falassem sobre isso. Havia uma tensão no ar, uma mistura de amizade com algo mais, algo que ambos sentiam, mas que ainda estava indefinido.

Nos encontros seguintes, isso só ficou mais evidente. A forma como André olhava para ela tinha algo diferente, mais intenso, como se ele estivesse começando a ver Lúcia de uma maneira que não podia ser apenas amizade. Lúcia, por sua vez, também começou a se perceber de maneira diferente ao estar com ele. O simples fato de seu sorriso iluminar o ambiente já era suficiente para aquecer seu coração, e ela começou a se perguntar se aquilo era só uma amizade ou se havia algo mais.

Em um desses encontros, depois de rirem de uma piada boba, André a olhou de uma maneira mais séria. “Lúcia…” Ele pausou por um instante, como se fosse difícil encontrar as palavras certas. “Eu realmente… gosto de passar tempo com você.”

Lúcia sentiu o coração bater mais rápido, mas se permitiu sorrir com sinceridade. “Eu também, André. Você tem sido uma das melhores coisas que aconteceram nos últimos tempos.”

E assim, com o tempo, o que começou como uma simples amizade foi se transformando em algo mais profundo, mais visceral. Sem pressa, sem cobranças, mas com uma sensação crescente de que esse "algo mais" estava prestes a acontecer. Eles estavam começando a entender que aquilo que compartilhavam não era apenas sobre o café, as conversas ou os risos, mas sobre uma conexão que ia além da amizade — algo que os dois ainda estavam tentando compreender.

O Imposto do Destino.

Era uma noite fria de sexta-feira quando André convidou Lúcia para se juntar a ele e a alguns amigos em um bar local. Ela hesitou por um momento, pois o cansaço da semana já pesava sobre seus ombros, mas a ideia de passar tempo com ele e conhecer melhor seu círculo de amizades a atraiu. Lúcia se arrumou com o simples objetivo de se sentir confortável, mas ao escolher a roupa e ajeitar os cabelos, sentiu uma leve agitação, algo diferente da tranquilidade habitual.

Quando chegou ao local combinado, a animação no ambiente era palpável. Risos e conversas se mesclavam com o som da música ao fundo. O bar estava cheio, mas ainda assim tinha um charme acolhedor. Lúcia sentiu uma onda de nervosismo, mas logo foi acalmada ao ver André, que a saudou com um sorriso caloroso assim que ela entrou. Ele estava rodeado por um pequeno grupo, alguns conhecidos, outros novos, mas foi fácil para Lúcia sentir que ali, com ele, tudo ficaria bem.

A conversa começou de maneira natural. Lúcia se sentiu à vontade ao lado de André, que a fez rir com suas piadas e histórias engraçadas. Ela se sentava ao lado dele, e entre goles de cerveja e risos descontraídos, o ambiente parecia perfeito. Mas algo se quebrou no momento em que uma nova pessoa chegou.

Beatriz entrou no bar como uma tempestade de energia. Lúcia não sabia o que exatamente a fez perceber a presença de Beatriz tão claramente, mas quando ela entrou, parecia que o ambiente ao redor dela se iluminava. Ela era alta, com longos cabelos escuros que caíam em ondas suaves sobre seus ombros, e seu olhar tinha uma intensidade desconcertante. Usava um vestido vermelho que chamava atenção, o tipo de roupa que parecia desenhada para seduzir, para se destacar.

André a viu imediatamente e sorriu com um brilho nos olhos. Ele se levantou rapidamente e foi até ela, puxando-a para a roda de amigos. Lúcia ficou um pouco para trás, observando a cena sem saber ao certo o que sentia. Não era ciúmes — ao menos não de maneira clara. Era algo mais confuso, algo que se formava dentro dela como uma nuvem de incertezas.

“Oi, pessoal! André, quanto tempo!” Beatriz exclamou com uma energia que imediatamente dominou a conversa. Ela abraçou André de maneira calorosa, mas Lúcia percebeu o toque a mais, o carinho que ultrapassava o simples cumprimento.

Lúcia tentou se manter tranquila, mas algo na postura de Beatriz fez seu estômago se apertar. Ela tentou se concentrar na conversa que estava acontecendo, tentando não observar demais, mas foi impossível não notar como André e Beatriz pareciam ter uma conexão imediata. Beatriz ria das piadas dele com uma facilidade que Lúcia não conseguiu ignorar. E embora ela tentasse não demonstrar, seu peito apertava com cada palavra de Beatriz direcionada a ele.

“Lúcia, você se lembra da Beatriz, não?” André perguntou de repente, tentando incluir Lúcia na conversa.

Ela sorriu, mas a pontada de insegurança em seu peito não desapareceu. “Sim, claro. A gente já se encontrou uma vez.” Sua voz parecia mais baixa do que ela gostaria, mais distante do que queria que soasse.

Beatriz sorriu de maneira encantadora. “Sim, nós nos esbarramos naquela vez. Bom te ver novamente, Lúcia!” A maneira como ela olhou para Lúcia foi educada, mas havia uma tensão sutil, como se ela estivesse tentando se mostrar mais sociável do que realmente se importava.

Lúcia sorriu, tentando não dar importância ao desconforto que começava a tomar conta dela. Mas Beatriz tinha um jeito de ser que tirava a confiança de qualquer um. Quando ela olhou para André, Lúcia percebeu a forma como os olhos dele brilharam ao interagir com Beatriz. Era uma expressão de alguém que estava claramente confortável com a presença da outra pessoa, de alguém que compartilhava uma conexão mais profunda. Talvez fosse só uma amizade antiga, mas, naquele momento, parecia mais do que isso. Lúcia sentiu uma pontada de desconforto.

Durante a conversa, Lúcia percebeu que a maioria dos amigos de André estava se focando em Beatriz, rindo de suas histórias e comentando sobre os mesmos eventos aos quais André parecia se referir com frequência. Havia algo desconcertante na forma como Beatriz falava sobre suas experiências com André, como se elas fossem mais do que simples lembranças.

Quando Beatriz riu de algo que André disse e colocou a mão em seu ombro com uma confiança que Lúcia não conseguia ignorar, ela sentiu uma sensação de desconexão, como se a amizade deles estivesse sendo testada de alguma forma. Ela percebeu, em um estalo de clareza, que algo estava mudando, que aquela amizade com André estava começando a se desviar para algo que ela não sabia controlar.

No fundo, Lúcia sabia que o comportamento de Beatriz estava lhe causando insegurança. O sorriso exagerado, a atenção ininterrupta, os olhares rápidos entre ela e André — tudo isso começou a pesar sobre Lúcia, deixando-a se perguntando se ela estava sendo tola, ou se realmente havia algo mais acontecendo ali. Talvez ela estivesse inventando um drama, mas o que Beatriz parecia oferecer era muito mais do que o que Lúcia sentia que podia oferecer.

No fim da noite, quando o grupo começou a se dispersar, André e Beatriz conversaram animadamente sobre planos futuros. Lúcia ficou ali, observando de longe, tentando entender por que seu coração estava apertado. Quando André voltou até ela, ele parecia alheio a qualquer tensão. Ele sorria, feliz, como se a noite tivesse sido perfeita.

“Você está bem?” André perguntou com uma expressão de preocupação ao ver Lúcia quieta.

Ela assentiu, mas o peso no peito era inegável. “Sim, claro. Só estava pensando em algumas coisas.”

“Ah, entendi. A Beatriz fala muito, né? Mas ela é só assim mesmo, super energética.” Ele sorriu, como se fosse uma explicação suficiente, mas Lúcia não estava tão convencida. Algo dentro dela sabia que as coisas entre eles haviam mudado, talvez não de maneira grande, mas de forma sutil. E Beatriz, com sua presença intensa e envolvente, tinha colocado uma sombra entre eles, uma sombra da qual Lúcia não sabia como se livrar.

Enquanto saíam juntos, André colocou a mão nas costas dela, um gesto de carinho que ela tentava apreciar, mas que agora parecia carregado de uma ansiedade nova, algo que ela não podia mais ignorar.

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