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Teia Mortal

Infância Roubada

Capítulo 1
O vento gelado varria as ruas escuras enquanto a sirene da polícia ecoava ao longe. Dentro da pequena casa de madeira dois meninos estavam sentados em silêncio dividindo uma única lanterna para iluminar os cadernos. Era noite mas o som de gritos e brigas vindo do lado de fora fazia com que estudar fosse quase impossível.
Kaike
Kaike
Você acha que eles vão brigar de novo hoje?
Alex
Alex
É claro que vão sempre brigam. Mas um dia Kaike... um dia isso vai mudar.
Kaike
Kaike
Você fala como se tivesse um plano o que você pode fazer? Somos só crianças
Alex
Alex
Por enquanto somos. Mas eu não vou crescer e deixar o mundo me quebrar como quebrou meus pais vou fazer justiça Kaike. De um jeito ou de outro.
Kaike
Kaike
*senti um arrepio percorrer sua espinha*
........................
A infância dos dois foi marcada pela dor e pela perda. O Alex perdeu os pais quando tinha apenas oito anos o pai foi morto em um assalto que terminou em tragédia e a mãe consumida pela dor e pelo medo mergulhou no alcoolismo deixando o filho cuidar de si mesmo. Kaike por outro lado vivia com uma avó amorosa mas doente. Ele passava mais tempo na casa do amigo do que na sua sentindo seguro ao lado dele mesmo quando o ambiente ao redor parecia desabar.
Uma noite tudo mudou.
Os dois meninos estavam brincando na rua quando ouviram gritos vindos do beco próximo. Curiosos se aproximaram e escondidos atrás de uma pilha de caixas viram três homens discutindo com uma mulher.
Kaike
Kaike
*sussurrando* O que eles estão fazendo?
Alex
Alex
*aperta os punhos com os olhos fixos na cena*
Alex
Alex
Eles estão machucando ela a gente precisa ajudar.
Antes que Kaike pudesse segurá-lo o amigo saiu de seu esconderijo pegando uma pedra do chão e arremessando contra os homens.
Alex
Alex
Deixem ela em paz
Os homens riram surpresos pela ousadia do garoto mas um deles avançou empurrando-o contra a parede.
Homem: Quem você pensa que é moleque? Quer virar um herói?
Antes que algo pior acontecesse a polícia apareceu e os homens fugiram deixando a mulher caída no chão. Os meninos foram levados para casa pelos policiais mas a cena ficou gravada em suas memórias.
Naquela noite enquanto Kaike chorava de medo no pequeno quarto o Alex estava acordado olhando para o teto
Alex
Alex
Você viu como eles riram Kaike? Eles sabiam que nada ia acontecer com eles.
Kaike
Kaike
Mas a polícia chegou. Eles foram embora.
Alex
Alex
Foram embora para machucar outra pessoa a polícia nunca resolve nada. Eles só limpam o estrago depois que já aconteceu.
Kaike
Kaike
*Em silêncio sem saber como responder*
Alex
Alex
Se ninguém pode parar eles... então um dia eu vou. Com minhas próprias mãos.
Kaike sentiu um calafrio ao ouvir aquelas palavras mas não disse nada. Ele sabia que o amigo estava mudando e de alguma forma ele queria estar ao lado dele mesmo que isso significasse seguir um caminho perigoso.

O Primeiro Corpo

Anos depois
A escuridão envolvia o quarto mal iluminado onde ele organizava calmamente os últimos detalhes. Sobre a mesa frascos de vidro revelavam líquidos em tons de roxo verde e dourado brilhos sinistros sob a luz de uma lâmpada pendente.
Kaike estava sentado no canto observando em silêncio. Seus olhos seguiam os movimentos metódicos do amigo que misturava os venenos com a precisão de um cientista experiente.
Kaike
Kaike
Você tem certeza disso? É tarde para voltar atrás.
Alex
Alex
*sem olhar para ele* Já decidi Kaike. Ele merece cocê viu o que ele fez àquela garota.
Kaike
Kaike
E se algo der errado?
Alex
Alex
*finalizando a mistura* Não vai eu planejei tudo. Essa é a primeira de muitas se você não pode aceitar isso é melhor ir embora agora.
Kaike
Kaike
*engoli seco mas permanece*
A vítima era Roberto um advogado renomado conhecido por livrar criminosos violentos com argumentos engenhosos e subornos. Sua última façanha havia sido libertar um homem acusado de abusar e matar uma jovem de 15 anos. Naquela noite Roberto estava em um restaurante luxuoso cercado de risadas e bebidas caras. Sentado no bar Alex observava de longe com a expressão calma e o olhar calculista.
Kaike
Kaike
*sussurrando pelo comunicador* Ele ainda está lá você tem certeza de que isso vai funcionar?
Alex
Alex
Você tem dúvidas do meu trabalho? Ele vai pagar por tudo fique atento.
Com movimentos precisos ele se aproximou do garçom que levava um coquetel à mesa de Roberto. Um toque discreto foi o suficiente para trocar os copos sem chamar atenção.
Alex
Alex
*para o garçom casualmente* Desculpe acho que deixei cair algo na bebida. Aqui está um novo.
O garçom agradeceu e continuou.
Roberto levantou seu copo brindando com os amigos. Em segundos seus olhos começaram a perder o foco e ele se levantou de repente cambaleando.
Amigo de Roberto: Ei está tudo bem?
Ele tentou responder mas um som estrangulado escapou de sua garganta. Suas pernas cederam e ele caiu no chão convulsionando enquanto o veneno fazia efeito. O restaurante entrou em pânico. Médicos foram chamados, mas nada pôde ser feito. Para todos parecia uma súbita parada cardíaca.
No dia seguinte Alex estava em casa sentado à mesa de café com Amélia que lia a manchete no jornal.
Amélia
Amélia
Você viu isso? A morte de Roberto está em todas as notícias. Um ataque cardíaco aparentemente.
Alex
Alex
*Tomando um gole de café* Que tragédia. Tão jovem ainda.
Amélia balançou a cabeça sem perceber o sorriso discreto que surgia no rosto do marido.
Naquela mesma noite Kaike o confrontou
Kaike
Kaike
Você parecia tão tranquilo hoje de manhã como se nada tivesse acontecido.
Alex
Alex
Porque fiz o que precisava ser feito. Um monstro foi eliminado sente culpado por isso?
Kaike
Kaike
Não é culpa que eu sinto... é medo. De perder você de tudo isso acabar mal.
Alex
Alex
*Aproximando* Enquanto você estiver comigo nada vai dar errado. Eu prometo.
E mesmo temendo Kaike não conseguiu resistir. Ele ficou mais uma vez.

Os Inocentes Não Sangram

As palavras ecoavam na mente de Kaike enquanto ele ajudava a apagar os rastros da última vítima. Era um mantra que o amigo repetia constantemente. Um lembrete sombrio mas necessário que justificava as mortes meticulosamente planejadas.
Alex
Alex
*calmamente enquanto limpa um frasco vazio* Os inocentes não sangram Kaike. Eles não precisam temer nada.
Kaike
Kaike
E se estivermos errados? E se... algum dia... machucarmos alguém que não merece?
Alex
Alex
Você tem dúvidas de quem eles são? Eu pesquiso Kaike. Examino cada detalhe não é impulsivo não é aleatório só os culpados sofrem.
Kaike desviou o olhar. Ele sabia que o amigo era meticuloso quase obsessivo em seu trabalho. Mas as dúvidas persistiam como um veneno lento corroendo sua mente.
A próxima vítima era Jonas um traficante que aliciava menores de idade para o crime. Suas ações haviam destruído vidas mas ele sempre escapava das autoridades graças a suas conexões influentes.
Alex passou semanas estudando os hábitos de Jonas os bares que frequentava os horários em que saía até os tipos de bebida que preferia. Kaike observava à distância ansioso mas sempre ao lado dele.
Kaike
Kaike
*Num sussurro enquanto observavam Jonas de um carro estacionado* Por que isso ainda me deixa nervoso? Já fizemos isso antes.
Alex
Alex
Porque você ainda se importa Kaike. Isso é bom significa que você não está perdido.
Kaike
Kaike
E você? Ainda sente alguma coisa?
Alex
Alex
Sinto justiça. E isso é suficiente.
Naquela noite Jonas estava sozinho em sua cobertura luxuosa. Uma entrega especial havia sido deixada na porta de seu apartamento um vinho caríssimo um presente anônimo.
Ao abrir a garrafa e servir-se Jonas não percebeu o leve cheiro metálico que misturava-se ao aroma da bebida.
Do lado de fora Kaike e Alex observavam a cena por um binóculo.
Kaike
Kaike
Você tem certeza de que ninguém vai suspeitar?
Alex
Alex
É só mais uma overdose no mundo dos ricos e corruptos. Nada que vá além das manchetes de amanhã.
Na manhã seguinte a notícia da morte de Jonas estava por toda parte. A polícia declarou que ele havia ingerido uma substância mortal misturada ao vinho mas não tinham pistas de como ou por quem.
Amélia enquanto lia o jornal no café da manhã comentou casualmente
Amélia
Amélia
Outro caso estranho. O mundo está cheio de pessoas perigosas.
Alex
Alex
*com um sorriso discreto* É o mundo é perigoso.
Naquela noite enquanto Kaike e Alex voltavam para o esconderijo Kaike finalmente falou o que estava preso em sua garganta.
Kaike
Kaike
Eu queria poder te salvar disso. Às vezes sinto que você está se afundando cada vez mais.
Alex
Alex
Salvar? Kaike eu não quero ser salvo. Eu escolhi esse caminho.
Kaike sentiu o peso das palavras mas não respondeu. Ele sabia que o amigo estava além do ponto de retorno. Mesmo assim não conseguia deixá-lo.
Alex
Alex
Lembre os inocentes não sangram. Não estamos machucando pessoas boas....Só monstros.
Kaike
Kaike
*Não diz nada*

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