Noah sai do táxi, observando as ruas familiares de Horizonte Azul pela janela. Depois de anos vivendo na capital, onde estudou Direito e começou sua carreira, ele volta à cidade natal para trabalhar como advogado público. Apesar de ser uma oportunidade profissional, Noah sente a tensão no ar: ele sabe que precisará enfrentar os fantasmas do passado, incluindo seus pais, com quem tem uma relação distante.

Ele caminha pelas ruas, passando pelo antigo bar que frequentava quando mais jovem: o Aurora. Ao entrar, é recebido por uma explosão de luzes coloridas e a voz calorosa de Júlia.

JÚLIA: “Você voltou, seu ingrato!”, diz Júlia com um sorriso gigante, largando o copo que estava secando para abraçá-lo.

Júlia, com seus cabelos cacheados tingidos de azul e um brilho contagiante nos olhos, é a alma do lugar. Noah sorri, aliviado ao sentir o abraço dela.

NOAH: “Voltei, mas já estou me perguntando se foi uma boa ideia.”

Júlia ri e o puxa para o balcão.

Cena 2: O Clima no Aurora

O Aurora está cheio, com pessoas de diferentes estilos, cores e expressões dançando e se divertindo. Noah percebe como o bar é mais do que um espaço de diversão: é um refúgio. Júlia sempre teve o sonho de criar um lugar seguro para a comunidade LGBTQIA\+, e conseguiu.

Enquanto conversam, Júlia comenta sobre os desafios recentes:

JÚLIA: “Recebi algumas cartas ameaçadoras, sabe? Coisas de gente covarde que acha que pode me assustar. Mas eu tenho amigos incríveis. Inclusive, estou organizando uma campanha para ajudar jovens expulsos de casa. Quero te envolver nisso.”

Noah concorda, ainda processando as mudanças na cidade e no bar.

Cena 3: O Primeiro Encontro com Rafael

Enquanto conversam, Noah percebe um homem alto e musculoso no canto do bar, com um olhar perdido, segurando uma cerveja. Júlia percebe o interesse e provoca:

JÚLIA: “Ah, aquele é o Rafael. Bombeiro. Novato por aqui. Eu acho que ele vem mais para fugir dos problemas do que para curtir.”

Noah, intrigado, decide puxar conversa. Ele se aproxima de Rafael, que parece surpreso, mas não desconfortável. A conversa é breve, cheia de sorrisos tímidos, e Noah sente algo diferente.

NOAH: “Então, você trabalha apagando incêndios, mas parece que carrega um por dentro”, brinca Noah, tentando quebrar o gelo.

Rafael sorri, mas sua resposta é enigmática:

RAFAEL: “Alguns incêndios são difíceis de apagar.”

A conversa termina quando Rafael precisa sair, mas há uma troca de olhares que promete mais.

Cena 4: O Confronto Familiar

Noah decide voltar para a casa dos pais depois da noite no Aurora. Ao entrar, sente o peso do silêncio e da frieza. Sua mãe, sempre com o rosto sério, faz comentários passivo-agressivos sobre sua ausência. Seu pai, por outro lado, se limita a um aceno seco.

MÃE: “Você voltou, mas espero que não traga aquelas… ideias da cidade grande para cá”, comenta a mãe, aludindo à sexualidade de Noah.

Ele engole em seco, mas não responde. Está cansado de tentar agradar. Ele vai para o antigo quarto, que agora parece pequeno e sufocante, e se pergunta se voltar foi realmente a decisão certa.

Cena 5: O Final da Noite

Noah não consegue dormir. Ele pega o celular e manda uma mensagem para Júlia:

Noah: “Obrigado por hoje. Acho que o Aurora vai ser meu ponto de fuga.”

Júlia responde rapidamente:

Júlia:“Sempre foi. E sempre será.”

Noah sorri e, pela primeira vez em muito tempo, sente uma fagulha de esperança. Ele não sabe o que o futuro reserva, mas algo em Horizonte Azul parece prometer reviravoltas que mudarão sua vida.

Cena 1: Rafael e o Incêndio Interior

Rafael acorda cedo em seu pequeno apartamento. A cama está bagunçada, o lençol jogado no chão, e há uma pilha de roupas no canto do quarto. Ele olha para o espelho do banheiro e encara o próprio reflexo, como se procurasse respostas que nunca vêm.

No caminho para o trabalho no quartel dos bombeiros, Rafael tenta se concentrar. O som da sirene e a adrenalina das emergências costumam ajudá-lo a calar as vozes em sua cabeça, mas hoje é diferente. O encontro com Noah no Aurora está em sua mente.

No quartel, ele percebe olhares suspeitos de alguns colegas, especialmente de Almeida, um veterano conhecido por comentários preconceituosos. Rafael sente o peso do silêncio. Ele sabe que muitos ali têm ideias conservadoras, e por isso mantém sua sexualidade em segredo.

CARLOS: “Rafael, está tudo bem? Parece que viu um fantasma”, comenta Carlos, um dos poucos colegas com quem ele se sente à vontade.

Rafael apenas balança a cabeça, sem coragem de compartilhar o que realmente o incomoda.

Cena 2: Júlia Enfrenta as Ameaças

Enquanto isso, Júlia está limpando o balcão do Aurora quando encontra um envelope jogado por debaixo da porta. Ao abrir, lê uma mensagem ameaçadora escrita em letras maiúsculas:

> “FECHA ESSA VERGONHA DE BAR ANTES QUE ALGO ACONTEÇA.”

Júlia respira fundo, mas sua mão treme. Ela já recebeu mensagens como essa antes, mas algo no tom dessa a faz sentir um calafrio. Ela decide ligar para Noah.

“Noah, preciso de ajuda. Tem algo estranho acontecendo. Você pode vir aqui mais tarde?”

NOAH: “Claro, Júlia. Saio do escritório em uma hora e passo aí.”

Antes de desligar, ela coloca a mensagem em uma gaveta e tenta não demonstrar preocupação para os funcionários. Luna, que está organizando o palco para a noite de karaokê, percebe a tensão.

LUNA:“Tá tudo bem, Júlia?”

JÚLIA:“Claro, sempre. Vamos arrasar hoje, como sempre!”

Júlia disfarça, mas no fundo sabe que precisa resolver isso antes que saia do controle.

Cena 3: Noah no Escritório e o Confronto com os Pais

Noah passa a manhã revisando processos em seu novo trabalho como advogado público. Ele percebe que alguns casos envolvendo remoção de famílias de bairros periféricos foram arquivados sem explicações claras. Ao comentar com Amanda, uma colega advogada bissexual, ela lhe dá um aviso:

AMANDA: “Cuidado com o que você mexe aqui, Noah. Tem coisas que... é melhor deixar quietas.”

Noah decide investigar por conta própria, mas antes que possa mergulhar nisso, recebe uma ligação de sua mãe.

MÃE: “Vai vir para o jantar? Não vê que estamos tentando manter a família unida?”

Noah suspira e responde:

“Estar unido não significa ignorar quem eu sou, mãe.”

O silêncio do outro lado é cortante, mas antes que ela desligue, diz:

MÃE:“Se você não fosse meu filho, não sei se eu aceitaria sua escolha.”

As palavras pesam no peito de Noah, mas ele promete a si mesmo que não vai ceder. Ele termina o expediente e segue direto para o Aurora.

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Cena 4: A Conversa no Aurora

No bar, Júlia entrega o bilhete para Noah. Ele lê e franze o cenho.

Noah: “Isso é mais sério do que parece. Você já denunciou?”

JÚLIA:“E pra quem? A polícia daqui não liga para ameaças contra pessoas como nós. E eu não quero assustar a equipe.”

Noah concorda, mas decide que vai ajudar. Ele sugere instalar câmeras no bar e investigar discretamente. Júlia, no entanto, reluta:

JÚLIA:> “Não quero viver com medo, Noah. Se derem um passo maior, aí a gente age.”

Enquanto conversam, Rafael entra no bar. Ele parece hesitante, mas ao ver Noah, se aproxima. A conversa começa tímida, mas Júlia, sempre espirituosa, não perde a chance de provocar:

JÚLIA:“Olha quem voltou! Rafael, você tá com cara de quem tem mais a dizer do que palavras permitem.”

Rafael ri, desconfortável, mas confessa que só queria relaxar. Ele e Noah acabam jogando sinuca juntos, e a tensão entre eles cresce. No entanto, antes que algo aconteça, Rafael recebe uma mensagem de Almeida:

ALMEIDA:“Preciso falar com você. Urgente.”

Ele sai do bar apressado, deixando Noah intrigado.

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Cena 5: Rafael e o Peso do Segredo

Rafael encontra Almeida em uma rua deserta. O veterano parece desconfiado.

ALMEIDA: “Ouvi uns boatos sobre você, Rafael. Não gosto de gente que não joga limpo. Isso aqui é um quartel, não um lugar pra esquisitices.”

Rafael sente o sangue ferver, mas não responde. Ele sabe que, se reagir, pode acabar isolado ou até expulso.

Depois da conversa, ele caminha sem rumo pela cidade, se sentindo sufocado. Ele acaba ligando para Noah.

RAFAEL:“Pode me encontrar? Preciso de alguém com quem conversar.”

Noah aceita, e eles se encontram em uma praça tranquila. Rafael desabafa pela primeira vez sobre o medo de se assumir, especialmente em um ambiente tão hostil quanto o dos bombeiros. Noah o escuta pacientemente e, no fim, diz:

NOAH:“Rafael, ninguém pode apagar quem você é. Mas a coragem de acender essa chama tem que vir de você.”

As palavras tocam Rafael, mas ele ainda não está pronto.

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Cena Final: Uma Nova Ameaça

Enquanto isso, Júlia fecha o bar mais tarde do que o normal. Ela está sozinha quando percebe que a porta dos fundos está aberta, algo que nunca acontece. Ao se aproximar, ouve passos e um barulho de vidro quebrando.

O capítulo termina com Júlia segurando o telefone, pronta para ligar para a polícia, mas hesitando, sem saber o que ou quem está lá fora.

Cena 1: Júlia e a Invasão

O bar Aurora está mergulhado no silêncio da madrugada, exceto pelos passos que Júlia ouve do lado de fora. Ela respira fundo, segurando o telefone na mão, mas hesita em ligar para a polícia. Ao abrir a porta dos fundos, encontra vidros quebrados espalhados pelo chão.

JÚLIA:“Quem tá aí? Aparece logo!”, grita, tentando manter a firmeza na voz.

Uma sombra se move rapidamente, e, por um instante, Júlia sente o medo tomar conta. No entanto, a pessoa sai correndo antes que ela consiga ver quem é. Ela fecha a porta e tranca tudo, mas a sensação de insegurança permanece.

Júlia liga para Noah e conta o que aconteceu. Ele promete ajudá-la na manhã seguinte.

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Cena 2: Noah e a Descoberta no Trabalho

No dia seguinte, Noah decide investigar os casos suspeitos da prefeitura. Ele encontra mais documentos que mostram despejos injustificados de moradores de bairros periféricos e uma conexão estranha com a compra de terrenos por uma empresa chamada Horizonte Empreendimentos.

Ele leva os papéis para Amanda, que o ajuda a analisar.

AMANDA:“Isso aqui é um esquema grande, Noah. Não são só despejos. Parece que estão usando esses terrenos para encobrir algo ainda maior.”

NOAH:“Precisamos ser cuidadosos. Se isso cair nas mãos erradas, estamos ferrados.”

Noah percebe que isso pode estar ligado às ameaças que Júlia está recebendo, mas decide não contar a ela por enquanto.

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Cena 3: A Chegada de Luna

No Aurora, Júlia tenta colocar a cabeça no lugar enquanto prepara o bar para a noite. A campainha toca, e uma pessoa jovem, de cabelos curtos e tingidos de roxo, entra carregando uma mochila cheia de pincéis e telas.

LUNA:“Oi, você é a Júlia? Me disseram que você tava precisando de ajuda aqui.”

Júlia analisa a pessoa de cima a baixo. Luna é confiante e tem uma presença que imediatamente ilumina o ambiente.

JÚLIA:“Você é artista, né? Por acaso sabe servir drinks?”

LUNA: “Sei pintar um mojito no papel, mas posso aprender a fazer um de verdade.”

Júlia ri e decide dar uma chance a Luna. Conforme o dia passa, percebe que a energia vibrante e o senso de humor de Luna são exatamente o que o Aurora precisava para aliviar o clima pesado.

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Cena 4: Rafael em Crise

Enquanto isso, Rafael está no quartel, mas mal consegue se concentrar. Almeida continua lançando comentários maldosos, e o ambiente começa a parecer insuportável. Durante uma chamada de emergência para controlar um pequeno incêndio em uma fábrica abandonada, Rafael percebe algo estranho: o local parece ter sido incendiado intencionalmente.

Ao relatar isso ao chefe, é ignorado.

ALMEIDA:“Isso não é da sua conta, Rafael. Apenas faça seu trabalho.”

Ele sai frustrado, sentindo que algo está errado. Decide encontrar Noah para desabafar novamente.

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Cena 5: A Conexão Entre Todos

Naquela noite, o Aurora está mais animado do que nunca. Luna organizou um pequeno evento de pintura ao vivo, que atraiu novos clientes. Noah, Rafael e Amanda estão no bar, discutindo as ameaças a Júlia e o que descobriram sobre a corrupção na cidade.

Luna, ao ouvir a conversa, se aproxima e compartilha algo inesperado:

LUNA: “Eu pintei um mural perto daquela fábrica que pegou fogo ontem. Antes disso, vi umas pessoas estranhas entrando e saindo de lá com caixas. Achei que fosse coisa de roubo, mas pode ser mais do que isso.”

Noah e Amanda trocam olhares. Luna, sem perceber, pode ter dado uma pista crucial.

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Cena Final: A Primeira Grande Decisão

No fim da noite, Rafael acompanha Noah até sua casa. Eles estão mais próximos, mas Rafael ainda se sente preso em seus medos.

RAFAEL: “Eu quero ser honesto com você, Noah. Mas não sei como lidar com tudo isso. No quartel, com minha família... é como se eu tivesse que esconder quem sou o tempo todo.”

Noah segura a mão de Rafael.

NOAH: “Ninguém disse que seria fácil, Rafa. Mas você não está sozinho. Quando você estiver pronto, estarei aqui.”

Os dois trocam um olhar intenso, mas Rafael se afasta, ainda não pronto para cruzar a linha.

Enquanto isso, no Aurora, Júlia encontra outro bilhete preso à porta:

> “VOCÊ FOI AVISADA.”