O som da risada de Isabela ecoava pelo parque, misturando-se ao vento suave de uma tarde de outono,Gabriel, agora com dezoito anos, a observava atentamente, encantado com a facilidade com que ela trazia leveza para sua vida,eles estavam juntos desde que se lembravam, mas nos últimos anos, aquela amizade tinha se tornado algo muito mais intenso.
Os dois estavam sentados na grama, próximos ao lago onde costumavam se reunir desde a infância o lugar era especial para eles; era o ponto de encontro onde muitas promessas de amizade haviam sido trocadas e onde, certa vez, Gabriel tomou coragem e, com o rosto vermelho de vergonha, confessou que a amava,para ele, aquele lago era o símbolo de tudo que eles significavam um para o outro.
— Você se lembra de quando a gente se conheceu? — perguntou Gabriel, sorrindo com o canto dos lábios enquanto lançava uma pedrinha na água.
Isabela riu e olhou para ele, com os olhos brilhando em meio às lembranças.
— Como eu poderia esquecer? Você foi o primeiro a falar comigo, o primeiro amigo que fiz aqui... e o meu primeiro amor — disse, dando um leve empurrão em seu ombro.
Para Isabela, que tinha agora dezessete anos, Gabriel era tudo,desde o primeiro encontro na infância, quando ele atravessou a rua para ajudá-la com uma caixa pesada, ele sempre foi a primeira pessoa em quem ela confiou de verdade,e com o passar dos anos, aquela amizade sincera se transformou em um sentimento muito mais forte e impossível de esconder.
— E pensar que foi Larissa quem incentivou a gente a dar o primeiro beijo... Lembro como você ficou vermelho — provocou ela, rindo, enquanto se aproximava para encostar a cabeça em seu ombro.
Gabriel sorriu, sentindo-se ao mesmo tempo confortável e nervoso ao lado dela. A presença de Bela sempre tinha esse efeito nele, como se cada momento com ela fosse uma descoberta.
— Acho que foi naquele momento que percebi que tudo que eu sempre quis estava bem aqui, ao meu lado — murmurou ele, passando o braço ao redor dela, aconchegando-a ainda mais.
No entanto, uma sombra observava de longe, com os olhos fixos em cada gesto deles. Larissa, a mesma amiga que tinha incentivado o primeiro beijo, agora os encarava com uma expressão amarga,em seu coração, acreditava que Gabriel era destinado a ela, não a Isabela e por mais que tentasse esconder, o ciúme a corroía ela achava que Isabela não o merecia e estava determinada a provar isso.
Dias depois, Larissa pôs em prática seu plano encontrou Gabriel sozinho, sentado no mesmo banco onde costumavam conversar antes de ele e Isabela se tornarem inseparáveis.
— Ei, Gabriel! — disse ela, com um sorriso suave, disfarçando a intenção por trás de suas palavras. — Preciso te falar uma coisa... É sobre a Isa.
Gabriel olhou curioso, mas confiava em Larissa; afinal, ela era amiga de ambos.
— Claro, pode falar — respondeu ele, sem suspeitar.
Larissa suspirou, fingindo hesitar.
— Olha, eu não queria me meter, mas... eu vi a Isa com outro cara na festa da semana passada,eles estavam muito próximos se é que me entende,sei que você confia nela, mas eu achei melhor te contar não queria que você ficasse no escuro...eu sei que você ama ela e não achei certo ela te enganar assim.
Gabriel ficou imóvel por um instante, sem saber como reagir conhecia Isabela e sabia do quanto eram ligados, mas as palavras de Larissa o abalaram ele tentava não duvidar de Isabela, mas uma pequena semente de insegurança começava a se instalar.
Larissa percebeu o efeito que suas palavras estavam causando e, antes que ele tivesse chance de pensar mais, continuou:
— Sabe, eu só quero o seu bem, Gabriel,você é muito especial para mim... para todos nós — disse, pousando a mão no braço dele de forma sutil, deixando suas intenções subentendidas.
Gabriel, com o coração dividido entre a confiança que sentia por Isabela e a dúvida que Larissa plantou, apenas balançou a cabeça, confuso ele precisava esclarecer tudo, mas uma ponta de desconfiança já estava formada.
Mais tarde, naquele mesmo dia, ele se encontrou com Isabela seus olhos traziam o conflito interno que Larissa provocou ,e, sem conseguir se conter, acabou deixando escapar:
— Isa, me fala a verdade... você gosta de outra pessoa?
Isabela o olhou, surpresa e magoada pela pergunta,ela não imaginava que Gabriel pudesse duvidar dela.
— Gab, do que você está falando? Como você pode achar isso? — disse, a voz embargada.
Gabriel sentiu o peso de suas palavras, mas o ciúme e a insegurança alimentados por Larissa o faziam hesitar ele não sabia que, naquele momento, estava sendo manipulado, e que seu amor por Isabela estava prestes a enfrentar seu primeiro grande teste.
Enquanto ele a olhava em silêncio, com o coração dividido, Larissa observava de longe, satisfeita com o que havia começado.
Gabriel respirou fundo, tentando controlar a raiva e o ciúme que o consumiam.
— Larissa me contou que viu você com outro cara na festa disse que estavam bem próximos — disse, a voz carregada de acusação. — Como você acha que eu devo me sentir? Confiei em você, Isa.
Isabela abriu a boca, chocada e magoada com a insinuação.
— Larissa? Gab, como pode acreditar nisso? Eu nunca faria isso com você! Eu nunca me aproximei de ninguém, você deveria saber que meu coração é seu,durante esses dois anos de namoro nunca olhei para outro— respondeu, a voz tremendo de indignação e dor.
— E por que Larissa inventaria algo assim? Ela é sua amiga! — rebateu Gabriel, incapaz de controlar o tom de voz, enquanto a raiva transbordava. — Ela se preocupa comigo, Isa. Talvez você não seja quem eu pensei que fosse...
As palavras de Gabriel atingiram Isabela como uma faca. Ela deu um passo para trás, encarando-o com os olhos marejados.
— Não acredito que você está me acusando sem sequer me dar uma chance de explicar. Depois de tudo que vivemos, depois de toda a confiança que construímos...
Gabriel cruzou os braços, desviando o olhar, como se estivesse tentando se proteger da própria dor.
— Eu não consigo... Não consigo continuar se não posso confiar em você — disse ele, com voz fria e definitiva. — Acho que é melhor a gente dar um tempo.
Isabela sentiu o chão se abrir sob seus pés, o coração acelerado e a respiração entrecortada.
— É isso então? Você vai jogar tudo fora por uma mentira? — perguntou ela, com lágrimas escorrendo pelo rosto. — Eu nunca imaginei que você duvidaria de mim assim, Gab. Eu... eu te amo.
Gabriel fechou os olhos, como se as palavras dela o ferissem ainda mais, mas permaneceu firme.
— Eu também te amo, Isa. Mas isso... isso é demais para mim. Não posso ficar com alguém que talvez não seja honesta comigo.
Sem dar outra chance para Isabela responder, ele se virou e saiu, deixando-a sozinha no parque. Enquanto ele se afastava, ela sentiu a dor da perda como nunca antes, e as lágrimas continuaram a descer, intensas e amargas.
Larissa, que os observava de longe, esboçou um leve sorriso de satisfação. Finalmente, tinha conseguido afastar os dois, dando início à maior separação da vida de Gabriel e Isabela.
A noite já caía quando Isabela caminhava lentamente de volta para casa,sua mente estava entorpecida, como se ainda estivesse presa na última conversa com Gabriel, tentando assimilar as palavras duras e injustas que ele dissera,cada uma parecia ecoar dolorosamente, como uma ferida que não parava de sangrar.Por mais que Larissa tivesse mentindo ele deveria conhecê-la bem.
Ela apertava a mão contra o ventre, tentando acalmar o desespero que a consumia. Aquela tarde era para ser especial; ela planejava contar a Gabriel que estava esperando um filho, uma notícia que poderia mudar completamente suas vidas. Por dias, havia ensaiado o momento em que compartilharia aquela novidade, sonhando com o sorriso que ele daria, com o abraço protetor que ele a envolveria. Mas tudo tinha sido destruído em questão de minutos.
Ao chegar em casa, Isabela se trancou em seu quarto e deixou que as lágrimas escorressem livremente. Sua mãe tentou entrar, preocupada, mas ela apenas murmurou que precisava de um tempo sozinha. A jovem sentia uma mistura de tristeza e impotência, como se o chão tivesse desabado sob seus pés e ela estivesse presa em uma queda sem fim.
Ela se sentou na beira da cama, os olhos inchados de tanto chorar, e abraçou o travesseiro com força. O vazio deixado pela ausência de Gabriel parecia um buraco em seu peito, impossível de preencher. Cada vez que tentava parar de chorar, as memórias da conversa voltavam, e sua dor se renovava com ainda mais intensidade.
Depois de longos minutos de silêncio, Isabela levantou-se e foi até o espelho, observando-se. Ela colocou a mão sobre o ventre de novo, o gesto protetor se tornando instintivo.
— Eu não estou sozinha — murmurou, como se as palavras a acalmassem. — Eu tenho você... e eu vou cuidar de você, mesmo que ele nunca saiba.
Ela sabia que Gabriel precisava saber, mas, naquele momento, estava incerta sobre como fazer isso. Tudo que ele via era uma traição que não existia, e a imagem que Larissa plantara em sua cabeça parecia inabalável.
Ao se deitar, exausta, Isabela tentou acalmar os pensamentos e o turbilhão de emoções. Agora, ela teria que enfrentar aquele novo caminho sozinha. Gabriel estava fora de sua vida, mas, dentro dela, havia uma pequena vida que agora se tornava seu único e maior propósito.
Depois de um tempo se debatendo em suas emoções, Isabela decidiu que não poderia permanecer trancada em seu quarto para sempre. Com o coração ainda pesado, ela respirou fundo, enxugou as lágrimas e abriu a porta. A luz do corredor parecia tão brilhante e intensa, contrastando com a escuridão que se instalara em seu coração.
Aos poucos, ela se dirigiu à sala, onde sua mãe, Fernanda, estava sentada no sofá, com um livro em mãos, mas a expressão no rosto dela mostrava que estava preocupada. Ao ver Isabela, Fernanda rapidamente deixou o livro de lado e se levantou.
— Isa, querida, você está bem? — perguntou ela, aproximando-se e colocando uma mão carinhosa no ombro da filha.
Isabela hesitou, mas as palavras começaram a fluir de seus lábios, carregadas de emoção.
— Mãe, eu preciso te contar uma coisa... — começou, a voz tremendo. — Eu... eu estou grávida.
O silêncio se instalou por um breve momento, e os olhos de Fernanda se encheram de compreensão e empatia pois ela sabia que por mais que ela fosse nova e inexperiente ela não seria capaz de dar as costas a filha,ela imediatamente envolveu Isabela em um abraço apertado, como se pudesse transmitir toda a força e amor que a filha precisava.
— Meu Deus, meu amor... você está bem? Como se sente? O Gabriel já sabe? — perguntou Fernanda, sua voz suave e tranquilizadora.
Isabela deixou as lágrimas escorrerem novamente, mas agora era uma mistura de alívio e dor.
— Estou... estou confusa, mãe. Eu terminei tudo com o Gabriel. Ele não acredita em mim, pensa que eu o traí... E eu não sei como contar a verdade,a Larissa contou uma mentira e ele preferiu acreditar nela. — explicou, o desespero transparecendo em suas palavras.
Fernanda afastou-se ligeiramente, olhando nos olhos de Isabela, buscando acalmá-la.
— Primeiro, você precisa saber que eu estarei aqui para te apoiar, sempre. E quanto ao Gabriel, você vai precisar de tempo para descobrir como lidar com isso. O importante agora é você e o seu bebê. O que você quer fazer?
Isabela respirou fundo, pensando na proposta que começava a se formar em sua mente.
— Eu terminei o ensino médio eu sempre sonhei em fazer faculdade... talvez eu devesse ir para outra cidade, um lugar onde eu possa ter o bebê e viver em paz. Posso me concentrar nos meus estudos e ser mãe. Quando eu estiver pronta, aí poderei pensar em como contar tudo ao Gabriel ou talvez não pois ele não acreditou em mim então ele não tem direito algum sobre essa criança — disse ela, a determinação começando a brotar dentro dela.
Fernanda sorriu, admirada pela força da filha, mesmo em um momento tão delicado.
— Isso parece uma ótima ideia, Isa. Você precisa de um ambiente tranquilo e que te dê suporte. Podemos começar a procurar universidades em cidades que sejam boas e que ofereçam o curso que você quer. Eu vou estar com você a cada passo do caminho — afirmou Fernanda, cheia de amor e esperança.
As duas começaram a conversar sobre as opções disponíveis, com Fernanda ajudando a escolher as melhores universidades e os locais onde Isabela poderia se sentir confortável. Enquanto falavam, Isabela sentia a ansiedade diminuir um pouco, agora que tinha uma direção a seguir.
E assim, em meio a lágrimas e risos contidos, mãe e filha começaram a planejar um novo capítulo em suas vidas. Isabela sabia que o caminho seria desafiador, mas, com o apoio de sua mãe, sentia que poderia enfrentar qualquer tempestade. O futuro ainda era incerto, mas agora havia um propósito que a impulsionava: cuidar de seu bebê e encontrar sua própria paz.
Enquanto Isabela e Fernanda discutiam os detalhes do plano para o futuro, a porta da frente se abriu, e o som das chaves caindo sobre a mesa indicava que o pai de Isabela, Carlos, havia chegado do trabalho. O aroma de café fresco pairava no ar, e a atmosfera leve que havia sido criada entre mãe e filha rapidamente se dissipou.
— Oi, meninas! Como foi o dia? — Carlos perguntou, entrando na sala com um sorriso, mas logo o sorriso se desfez ao notar a expressão tensa no rosto de Isabela. — O que aconteceu?
Fernanda trocou um olhar preocupado com a filha antes de decidir que era hora de ser franca.
— Carlos, precisamos conversar — começou ela, sua voz grave. — Isabela tem algo importante para te contar.
A ansiedade tomou conta da sala quando Isabela sentiu que o coração acelerava. Ela sabia que era a hora de revelar a verdade, mas, mesmo assim, as palavras pareciam pesadas e difíceis de pronunciar.
— Pai... eu estou grávida — disse Isabela, a voz trêmula. As palavras pareciam pairar no ar, carregadas de significado.
Carlos a encarou em silêncio por um momento, como se estivesse processando a informação. Então, a expressão de choque se transformou em raiva.
— O quê? — ele bradou, a fúria explodindo. — Você não pode estar falando sério! Como você pôde fazer isso? Você me decepcionou!
Antes que Isabela pudesse responder, Carlos avançou em direção a ela, desferindo um tapa em seu rosto. O som do golpe ecoou pela sala, e Isabela ficou paralisada, a dor física ofuscada pela dor emocional.
— Carlos! — gritou Fernanda, imediatamente colocando-se entre eles, seu coração acelerado de preocupação e indignação. — O que você está fazendo? Você não tem o direito de fazer isso!
— Eu não posso acreditar que você deixou isso acontecer! Você é apenas uma menina! — Carlos respondeu, a voz elevada e cheia de desprezo.
Fernanda, firme em sua posição, encarou o marido nos olhos, a determinação transparecendo.
— Quando engravidei de Isabela, eu também era jovem, e não tive o apoio dos meus pais! Mas isso não justifica você machucar nossa filha! Ela precisa de nós agora, mais do que nunca. É hora de você mostrar que é um pai de verdade, em vez de agir como um monstro!
Carlos hesitou, a raiva se misturando à confusão, e finalmente, suas mãos tremeram ao perceber o que acabara de fazer. Ele olhou para Isabela, que estava com a mão sobre o rosto, lágrimas escorrendo pelos olhos. O remorso começou a invadi-lo, mas o orgulho o impediu de se desculpar.
— Eu não posso acreditar que isso está acontecendo... — murmurou ele, voltando-se para a porta. — Precisamos de tempo.
Isabela observou enquanto ele saía, o coração partido. A sensação de traição a atingiu em cheio. O apoio que esperava do pai se transformara em hostilidade, e ela se sentia mais sozinha do que nunca.
Fernanda imediatamente se voltou para Isabela, envolvendo-a em um abraço apertado, seu próprio coração pesado pela cena que acabara de presenciar.
— Sinto muito, meu amor. Eu estou aqui para você — disse Fernanda, acariciando os cabelos da filha. — Você não está sozinha.
Isabela se deixou levar pelo consolo da mãe, desejando que aquela noite terminasse de uma vez. As emoções estavam à flor da pele, e a batalha que ela tinha pela frente apenas começava. No entanto, ao olhar para a determinação da mãe, ela sentiu um fio de esperança surgir em meio ao desespero.
Carlos passou a noite vagando pelas ruas, com o coração e a mente consumidos pela vergonha e pela raiva que sentia desde que soube da gravidez de Isabela. Em sua visão turva, ele via flashes das promessas que um dia sonhou para a filha, agora desmoronando diante dele. Tentando abafar as emoções, Carlos recorreu à bebida, parando em um bar local e pedindo uma dose atrás da outra.
Foi no terceiro copo que Gabriel entrou, tentando esquecer os próprios problemas. Ao avistar Carlos, ele hesitou, mas, impulsionado pela curiosidade e também pelo respeito que sempre tive pelo pai de Isabela, decidiu se aproximar.
— Senhor Carlos... está tudo bem? — perguntou Gabriel, notando a expressão cansada e os olhos vermelhos do homem.
Carlos olhou para ele com um misto de desdém e tristeza.
— Ah, Gabriel... bem que você podia ter me poupado essa humilhação — murmurou, com as palavras pesadas pela bebida.
Gabriel franziu o cenho, confuso.
— O que quer dizer com isso?
Carlos soltou uma risada amarga, passando a mão pelo rosto.
— Você não faz ideia, não é? A Isabela... aquela garota que você diz amar... Ela está grávida — declarou ele, as palavras saindo como uma confissão amarga e reveladora.
Gabriel sentiu o choque atravessar seu corpo. Grávida? O coração disparou, mas a dúvida rapidamente tomou conta de sua mente. Após tudo o que aconteceu, ele mal podia acreditar,e tinha em sua mente que o filho poderia não ser dele já que ela tinha o traído.
— Grávida? — perguntou, a voz fria. — E como sabe que esse filho é meu? A Isabela pode ter se envolvido com qualquer um,já que ela me traiu.
Carlos o encarou com raiva.
— Está insinuando que minha filha é... — Carlos parou, os olhos estreitos, mas antes que pudesse continuar, Gabriel se levantou, ignorando o peso da bebida e da revelação. Ele se afastou, ainda processando o que acabara de ouvir.
A raiva e a desconfiança borbulhavam dentro dele. Depois da briga e das acusações que fez, ele queria, precisava de uma confirmação. Sem pensar duas vezes, ele saiu em direção à casa de Isabela.
Chegando lá, Gabriel bateu na porta com força, sua mente girando com as possibilidades. Após alguns instantes, Fernanda apareceu na entrada, surpresa e ao mesmo tempo cautelosa ao vê-lo.
— Gabriel? O que está fazendo aqui a essa hora? — ela perguntou, com uma expressão séria.
— Preciso falar com a Isabela — respondeu ele, tentando controlar a fúria em sua voz.
Fernanda suspirou, mas antes que pudesse responder, Isabela surgiu atrás dela, o rosto ainda marcado pelo cansaço e a dor das últimas horas ao ver Gabriel ali, um misto de emoção e receio a dominou.
— Gabriel... o que você está fazendo aqui? Acho que você já me humilhou você já me humilhou bastante — falou ela, a voz baixa e cansada.
Ele olhou diretamente para ela, a raiva nos olhos.
— Preciso saber... Você está grávida, Isabela? Esse filho tem alguma chance de ser meu? — perguntou, a voz dura.
Isabela hesitou, mas não via motivo para esconder a verdade.
— Sim, estou mas já que você me acusa de traição qual a importância dessa criança ser sua ou não? Saiba que é minha — disse ela, a voz firme, mas os olhos carregados de mágoa.
A revelação parecia tê-lo atingido como um soco. Ele passou a mão pelo cabelo, tentando processar tudo.
— E como posso saber que esse filho é meu? Ou de qualquer outro? — ele cuspiu, a acusação escapando antes que pudesse controlar.
O rosto de Isabela empalideceu, e Fernanda imediatamente se colocou ao lado dela, pronta para defendê-la.
— Como ousa falar isso? Você conhece minha filha muito bem,ela jamais seria capaz de algo assim— interrompeu Fernanda, furiosa. — Você a acusou sem provas, terminou com ela, e agora questiona a honra dela? Saia daqui, Gabriel se não for para apoiar minha filha, você não é bem-vindo.
Gabriel hesitou, seu orgulho e a dor o impedindo de ceder. Ele olhou uma última vez para Isabela, sentindo um peso no peito, antes de dar meia-volta e sair sem uma palavra, a confusão dominando seus pensamentos.
Enquanto Gabriel se afastava da casa, Isabela sentiu a dor aumentar dentro de si, mas Fernanda a abraçou, garantindo que, apesar de tudo, ela estaria ao lado da filha para enfrentar essa batalha. A noite estava longe de trazer paz, mas, juntas, elas sabiam que conseguiriam superar o que viesse a seguir.
O restante daquela noite foi tenso e silencioso, Isabela tentou segurar a dor e a mágoa causadas pelo confronto com Gabriel, mas tudo parecia ser demais a pressão emocional, o cansaço, e a tristeza começaram a pesar em seu corpo sua cabeça girava, e o coração parecia carregar um peso insuportável.
Foi quando começou a sentir uma dor intensa no abdômen seu rosto empalideceu, e uma sensação de desespero tomou conta de seu corpo,tentou se levantar, mas suas pernas tremiam Fernanda percebeu de imediato a mudança na expressão da filha e correu até ela.
— Isabela, você está bem? — perguntou Fernanda, já aflita.
— Mãe... está doendo... acho que... — disse ela, mal conseguindo falar.
Fernanda não esperou mais um segundo segurou Isabela e rapidamente a ajudou a chegar ao carro, dirigindo com urgência para o hospital durante o trajeto, ela segurou a mão da filha com força, sussurrando palavras de encorajamento, embora por dentro estivesse igualmente aterrorizada.
No Hospital...
Após serem levadas para uma sala de exames, a médica fez algumas perguntas e rapidamente avaliou a situação de Isabela após longos minutos de espera, ela retornou com uma expressão séria.
— Dona Fernanda, foi por muito pouco... A pressão emocional e o estresse causaram um impacto significativo, quase resultando na perda do bebê felizmente, conseguimos estabilizá-la mas ela precisará de repouso e de evitar situações de estresse daqui em diante.
Fernanda respirou fundo, aliviada, mas ao mesmo tempo sentiu-se determinada. Ela sabia que, se as coisas continuassem como estavam, Isabela enfrentaria mais sofrimento. Seria impossível mantê-la a salvo das fofocas, das acusações de Gabriel e da pressão do próprio pai. Foi nesse momento que uma ideia tomou forma em sua mente,ela fez uma ligação.
Quando voltaram para casa, ainda sob a escuridão da madrugada, Fernanda olhou para Isabela com a determinação de uma mãe que faria tudo por sua filha.
— Isabela, amanhã você vai embora. Irá para outra cidade, um lugar onde poderá viver em paz e cuidar desse bebê sem todos ao seu redor questionando, acusando e julgando — disse Fernanda, a voz firme e cheia de compaixão.
Isabela a olhou, surpresa.
— Mas, mãe... e o pai? Como vamos explicar isso para todos?
Fernanda segurou o rosto da filha, enxugando uma lágrima que descia por sua bochecha.
— A todos que perguntarem, direi que você perdeu o bebê. Se Gabriel, seu pai ou qualquer outra pessoa vier perguntar, terão essa resposta. Você já terminou o ensino médio e pode estudar em outro lugar. Esse será o nosso segredo, Isabela. E você vai poder recomeçar, longe de tudo isso com seu filho,vamos manter sempre contato eu prometo.
A decisão de Fernanda era dolorosa, mas ao mesmo tempo a única saída que via para proteger Isabela e o futuro neto. Isabela, com o coração ainda machucado, sentiu um alívio misturado com a tristeza de deixar tudo para trás. Ela sabia que a mãe estava certa, que precisava dessa distância para começar de novo, mas ainda assim, o peso da despedida era esmagador.
Na manhã seguinte, com uma pequena mala em mãos e o coração apertado, Isabela se despediu da mãe. O plano era mantido em segredo; apenas Fernanda sabia para onde a filha estava indo, e ela prometeu nunca revelar o paradeiro de Isabela.
— Vou sentir sua falta, mãe... Obrigada por tudo — disse Isabela, segurando a mãe em um abraço apertado.
— Eu estarei sempre com você, minha filha. Lute por essa nova vida. Faça dela o que você merece. E lembre-se: você nunca está sozinha — respondeu Fernanda, a voz embargada, mas cheia de força.
Isabela partiu, com o coração partido, mas com a esperança de um recomeço. Enquanto a mãe voltava para casa, se preparava para encarar as perguntas inevitáveis que viriam, mantendo em segredo o verdadeiro destino de Isabela e protegendo a vida que ela agora carregava.
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