Capítulo 1 - Mel
O tempo passa mais rápido do que gostaríamos de admitir. Desde que fui para Boston, a distância não foi só geográfica, mas emocional também. Cada dia, uma tentativa de apagar os resquícios do que aconteceu aqui, com Mia, com Tom, e com todo o resto. Eu queria apenas esquecer, mas o passado tem essa mania de nos perseguir, não importa o quanto tentemos nos esconder.
A volta à Virgínia não foi por escolha. Minha mãe, que sempre teve uma relação conturbada com as bebidas, estava piorando. Não podia deixá-la sozinha, mesmo que a ideia de voltar me causasse um nó no estômago. O que me restava era aceitar que, para tentar salvar algo que fosse dela, eu teria que sacrificar minhas próprias vontades.
Eu nunca imaginei que voltaria a este lugar, mas aqui estou. Com a casa vazia, minha mãe em outro estado, fazendo tratamento. Subi para o quarto, larguei as malas na sala e, em seguida, me joguei na cama, como se pudesse simplesmente dormir até o mundo desaparecer.
Os fantasmas voltaram mais uma vez.
— "Onde estou dessa vez?" Eu me perguntei, enquanto as lembranças se materializavam diante dos meus olhos. A imagem de mia me confrontava, e eu ouvia sua voz, tão clara quanto antes, ecoando em minha mente.
— “Você não cansa, Mel?”
— “Nada se trata sobre você, sua putinha! Por que você complicou tudo por causa de um garoto?”
As palavras de Mia cortavam como facas, e as lágrimas não demoraram a surgir. Eu tentei afastar a sensação, fechei os olhos, tapando os ouvidos. Mas o pesadelo continuava.
Acordei sobressaltada, com o som do meu celular tocando. Era Mario.
— "Mel, você voltou e nem me avisou! Vou passar na sua casa. Me espera! " Ele desligou sem deixar que eu falasse uma palavra.
Suspirei fundo e me levantei. Tentei me recompor antes de atender a ele. Escovei o cabelo, passei um pouco de maquiagem, e quando comecei a comer um cereal, a campainha tocou.
— "Amiga, que saudade!"
Mario me abraçou com força. Ele estava diferente: mais confiante, com o cabelo agora tingido de loiro, e o sorriso sempre contagiante. A pele bronzeada pelo sol deixava claro que ele não tinha ficado parado enquanto eu estava fora.
— Amigo, quanto tempo! Eu estava morrendo de saudade de você! Me afastei um pouco, ainda surpresa com a visita dele. — *Como soube que voltei?*
— *Mel, eu sei de tudo aqui. Não tem nada que eu não saiba! E você, como foi em Harvard?*
— *Foi bom, mas vamos falar disso depois. Me conta tudo que rolou por aqui!*
Ele então se aproximou, com aquele ar de quem estava prestes a soltar uma bomba. — *Bom, a Mia começou a namorar o Tom. Mas olha, o cara é um pau no cu com ela. Você se livrou deles, Mel. Não faz ideia. Ah, e tem uma festa hoje. Vai, né?*
— *Ah, não sei... tô cansada.* Eu não queria ir, mas Mario insistiu. Ele sempre sabia como me convencer.
— *Você vai sim! Quem mais vai me acompanhar nessa noite e arrumar uns boys para mim? Senti falta de você nos rolês!*
— *Tá bom, tá bom... eu vou!* Eu não tinha mais escolha. Quando Mario estava decidido, era impossível dizer não.
Passamos a tarde fofocando e atualizando um ao outro sobre os últimos acontecimentos. Quando o relógio se aproximou das 18:00, começamos a nos arrumar. Eu não estava a fim de fazer nada extravagante, mas não pude evitar quando Mario encontrou minha jaqueta de Harvard e fez questão de que eu a vestisse. Ela me parecia um tanto forçada, mas até que não estava tão mal.
Minha saia era simples, o tênis confortável, e a jaqueta me dava uma sensação de confiança. Ao me olhar no espelho, notei que estava bonita. Nada de exageros, mas o visual estava bom.
Mario, por outro lado, estava impossível. O look dele estava impecável: um cropped de glitter azul e calça combinando, e a maquiagem, como sempre, estava perfeita. Ele parecia ter saído de um desfile de moda.
— *Vai mesmo ficar sem glitter, Mel?* — Ele me perguntou, dando uma risada enquanto termina sua maquiagem.
— *Dessa vez, passo.* Respondi, me sentindo bem o suficiente.
Quando chegamos à festa, o ambiente me surpreendeu. Era um campo aberto, cheio de carros luxuosos e gente dançando, bebendo e se divertindo. Estava claro que a festa era grande, e todo o tipo de gente estava ali. Meu carro, uma Ferrari 812 Superfast 2020, chamava atenção, mas de uma forma que eu já estava acostumada.
Mario desceu do carro e saiu desfilando, atraindo todos os olhares. Quando saí do carro, o clima parecia mudar, os olhares agora se voltavam para mim, como se eu fosse a novidade da noite. Não pude deixar de perceber que alguns rostos estavam faltando, e outros eram completamente novos. Eu estava de volta ao meu antigo grupo de amigos, mas uma presença se destacou imediatamente.
Lá estava ele: Liam.
Ele estava encostado em um canto, com seu estilo único — tatuagens que cobriam seus braços e um olhar que parecia ler a minha alma. Era difícil não notar aquele magnetismo. Nossos olhos se encontraram, e por um momento, fiquei sem saber o que fazer. Algo nele me atraía de uma forma que eu não conseguia entender.
— *Mel, que bom que você veio!* — Henrique abraçou apertado, me trazendo de volta ao presente.
— *Oi, Mel! Esse aqui é o Liam, nosso mais novo amigo.* Henrique sorriu, e Liam me olhou com aquele olhar enigmático.
Ele apertou minha mão, e um arrepio percorreu minha espinha. Sua presença parecia tão imponente quanto silenciosa. Ele não parecia o tipo de cara que falaria muito, mas seu olhar dizia tudo. E, de repente, eu não conseguia mais desviar os olhos dele.
— *Prazer, Mel.* — Liam disse, sua voz profunda e calma.
Meu coração deu um salto. Algo nele me fazia querer saber mais, mas também me fazia hesitar. A atração era óbvia, mas eu não sabia se estava pronta para enfrentar o que isso significava.
A festa estava em um ritmo frenético, com as pessoas dançando, bebendo e se divertindo. Mario, como sempre, estava cercado de atenção, enquanto eu me sentia um pouco deslocada. Eu sabia que parte de mim ainda não estava pronta para estar ali. O passado, os sentimentos enterrados, tudo parecia prestes a explodir.
Mas algo na atmosfera da festa estava diferente. Eu me vi observando os carros e a movimentação frenética das pessoas, até que, sem querer, meu olhar encontrou o de Liam. Ele estava encostado em um canto, com seu estilo único —a postura relaxada, mas com aquele ar enigmático que era impossível de ignorar. Era como se ele fosse uma força silenciosa naquele ambiente cheio de ruído.
Nossos olhares se cruzaram, e por um instante, senti um arrepio estranho, como se algo ali estivesse se conectando sem palavras. Mas logo fui puxada de volta para a realidade quando Mario apareceu, sorrindo de orelha a orelha.
— *Mel, você tem que participar de uma aposta!* — Ele disse, com um brilho malicioso nos olhos. — *Todo mundo aqui vai ver quem é o melhor no volante, a aposta é de 10 mil e 5 carros vão correr, ao todo o prêmio é 50 mil. Vai nessa!*
— *Ah, não sei...* — Eu hesitei. Parte de mim não queria participar. Estava cansada das jogadas de poder, das competições de sempre, mas, no fundo, havia algo em mim que estava se aquecendo com a ideia.
— *Mel, você não pode dizer não! Vai ser uma corrida incrível!* — Mario insistiu.
Foi quando a voz de Tom se fez ouvir, com aquele tom de sempre — arrogante, presunçoso.
— *Você vai correr com esse brinquedinho de garota? Vai perder feio, Mel!* — Ele provocou, se aproximando com um sorriso vitorioso. — *Vamos ver se você tem coragem.*
Eu senti a raiva subir. Tom sempre foi um babaca, e sua arrogância só piorava com o tempo.
— *Mel, você não vai deixar ele falar assim com você, vai?* — Mario me cutucou, enquanto todos ao redor começavam a se alinhar para a corrida.
Meu olhar se fixou em Liam novamente, e, talvez impulsivamente, talvez por um desejo de não deixar Tom sair vitorioso, eu decidi aceitar o desafio. Mas, quando me preparei para entrar no meu carro, algo inesperado aconteceu.
Liam, que estava observando a movimentação com um olhar atento, deu um passo à frente. Ele não parecia se importar com a competição ou com as provocações de Tom, mas, quando ele viu o jeito como o ambiente estava esquentando, fez algo que me surpreendeu.
Sem avisar, ele deu um pulo para dentro da minha Ferrari. Não entrou pela porta do passageiro, não. Ele simplesmente saltou sobre a lateral do carro e pousou no banco do motorista, se posicionando de forma protetora, como se quisesse assumir o controle da situação.
— *Sai do carro, Mel. Você não vai correr sozinha aqui.* — Sua voz era firme, quase desafiadora, como se estivesse tomando a frente de algo que nem sequer me perguntou se eu queria.
Eu me congelei por um momento, sem saber como reagir. Ele parecia... proteger-me? Ou talvez, estivesse apenas querendo chamar a atenção. Mas o que me deixou mais desconfortável foi o fato de que ele estava fazendo isso sem me consultar. Eu não pedi para ele pular no meu carro. Não pedi para ele se meter na minha corrida.
— *Oi? Você está maluco?* — Eu disse, tentando manter a calma, mas meu tom estava carregado de confusão. — *Eu não pedi a sua ajuda.*
Mas ele apenas me olhou com um sorriso torto, que era mais desafiador do que gentil.
— *Você está prestes a fazer uma grande besteira, Mel.* — Ele respondeu, seu olhar agora focado, com um toque de seriedade que me fez hesitar. — *Você pode até ser boa no volante, mas o Tom não vai facilitar para você. Deixa comigo.*
Antes que eu pudesse protestar mais, Tom, que já estava com seu Mustang GT500 posicionado para a corrida, riu alto de nossa direção. Ele parecia completamente convencido de que venceria.
— *Ah, olha quem se juntou à festa...* — Tom zombou, apontando para Liam, que estava ao meu lado. — *você acha que pode nos salvar, hein? Que fofo. Mas não vai adiantar nada, melhore sua rota, porque você vai perder feio, Mel. Vai deixar esse cara do seu lado te ajudar, ou vai tentar fazer tudo sozinha e acabar com o orgulho ferido?*
A provocação de Tom fez o sangue de Mel ferver. Mas ela não se intimidou.
— *Cala a boca, seu filho da puta.* — Ela respondeu com um sorriso desdenhoso, já se preparando para ligar o motor da Ferrari.
E, então, a largada foi dada.
Mel não pensou duas vezes. Pisou fundo no acelerador, e a Ferrari disparou pela pista improvisada, enquanto Tom imediatamente começou a acelerar também. O Mustang rugia atrás deles, mas Mel, com sua experiência, logo tomou a liderança. Liam, ao seu lado, não estava fazendo nada — pelo menos, não parecia. Ele estava só observando, suas mãos firmes no volante, pronto para qualquer coisa que viesse a acontecer.
A corrida não era só uma disputa de velocidade; era um campo de batalha de egos. Mas o que ninguém esperava, nem mesmo Liam, era a habilidade de Mel ao volante. Ela fez uma manobra ousada, aproveitando uma curva apertada para escapar de Tom, que não conseguiu manter o controle. A Ferrari deslizou de forma precisa, e Mel, com seu sorriso no rosto, não hesitou em avançar.
A sensação de controle e liberdade parecia percorrer suas veias com a mesma intensidade com que a adrenalina tomava conta do corpo. Ela estava completamente imersa no momento, em sintonia com a máquina e consigo mesma.
Mas, logo, Tom se aproximou com raiva, não aceitando perder assim. O Mustang acelerou forte, e a disputa ficou ainda mais acirrada. Mel, no entanto, não dava espaço. Quando a linha de chegada estava perto, o Mustang tentou ultrapassar de novo, mas foi em vão. Mel fez uma curva final, fechando o espaço, e cruzou a linha de chegada na frente.
Ela deu uma risada de satisfação, mas não teve muito tempo para saborear a vitória. Quando o carro parou, Tom já estava saindo do seu veículo, furioso.
— *Você não sabe perder, Tom?* — Mel disse, ainda com o sorriso de quem acabou de ganhar. — *Vai dizer que a Ferrari não é boa o suficiente para você?*
Tom não gostou nem um pouco. Ele avançou, com os punhos cerrados. — *Sua vadia! Isso foi uma manobra suja! Não tem nem graça!* — Ele cuspiu, avançando para empurrá-la.
Antes que Mel pudesse reagir, Liam se colocou entre eles, bloqueando Tom com uma postura imponente. — *Sai fora, Tom.* — Liam falou, sua voz firme, sem hesitação. — *Está com raiva porque perdeu? Não é minha culpa que você tenha ficado para trás.*
Tom, enfurecido, olhou para Liam com desprezo. — *Você acha que pode me intimidar, garotão?* — Ele rosnou, se aproximando de Liam. — *O que você vai fazer? Vai me proteger agora?*
Liam estava calmo, como sempre, mas não hesitou em dar um empurrão em Tom, fazendo-o dar um passo atrás. — *Isso não é sobre você, Tom. Já perdeu. Aceita.*
A situação ficou ainda mais tensa, e Mel percebeu que as coisas estavam prestes a sair do controle. Mas, antes que pudesse intervir, Tom avançou novamente, com o punho erguido, mas Mel foi mais rápida. Em um movimento rápido, ela deu um soco preciso no olho de Tom. O impacto foi forte o suficiente para derrubá-lo no chão, enquanto ele gritava de dor.
A tensão explodiu de vez. Sirenes de polícia começaram a soar à distância, e a situação rapidamente se transformou em uma fuga iminente.
Mel olhou para Liam com um sorriso decidido.
— *Vamos sair daqui. Agora!*
Sem perder tempo, ela jogou a chave da Ferrari para ele, e ele não hesitou. Com a pressão subindo, os dois dispararam em alta velocidade, a Ferrari rugindo enquanto escapavam pelas ruas da cidade. O som das sirenes ainda ecoava, mas, com Mel no volante, a liberdade parecia estar a apenas alguns segundos de distância.
— *Você realmente sabe como sair de uma enrascada.* — Liam disse, enquanto olhava para ela, admirado, mas também ciente de que algo mais estava começando entre os dois.
A Ferrari cortava a noite com a velocidade de um foguete, as luzes da cidade ficando para trás enquanto a adrenalina ainda pulsava nas veias de Mel. Ela não sabia exatamente o que estava acontecendo ali, mas havia algo em Liam que fazia tudo parecer... diferente. Ele estava ao seu lado, em silêncio, mas ela podia sentir o peso da sua presença, como se ele estivesse segurando algo dentro de si.
Mel foi a primeira a quebrar o silêncio.
— *Você não é daqui, é?* — Ela perguntou, seu olhar fixo na estrada à frente, mas com a curiosidade evidente na voz.
Liam levou um tempo para responder, como se estivesse medindo suas palavras.
— *Não.* — Sua voz soou mais baixa, como se o vento da corrida ainda estivesse carregando os pensamentos. — *Eu vim para longe de tudo.*
Mel não pôde evitar, sentiu um leve arrepio. Algo nele parecia se distanciar da cidade, das pessoas, do que quer que fosse que ele tivesse deixado para trás.
— *O que você está fugindo?* — A pergunta escapou, direta, como uma flecha. Ela sentia que ele não estava apenas fugindo de algo tangível, mas de algo mais profundo.
Liam hesitou antes de responder, os olhos fixos no horizonte, como se procurasse as palavras no próprio caminho.
— *Eu estou fugindo de mim mesmo.* — Ele disse, com um tom suave, mas carregado de algo que Mel não soube identificar de imediato. Era como se ele estivesse se abrindo, mesmo sem querer.
Mel o olhou rapidamente, tentando decifrar aquele enigma. Aquelas palavras, mesmo ditas de maneira simples, mexeram com ela de uma forma que ela não esperava.
— O que você quer dizer? — Ela questionou, a voz mais suave agora, como se estivesse ouvindo mais do que apenas as palavras.
Liam sorriu levemente, um sorriso que parecia carregar uma mistura de dor e resignação, mas também algo misterioso.
— *Você vai descobrir.* — Ele respondeu, quase em um sussurro, como se a resposta estivesse ali, na estrada à frente, esperando por ela.
O silêncio se estendeu por alguns segundos, mas Mel não conseguiu tirar os olhos dele. A noite estava diante deles, cheia de possibilidades e incertezas, e, de alguma forma, ela sabia que aquilo — o que quer que fosse — estava apenas começando.
Eles continuaram dirigindo, as estrelas brilhando acima, e a estrada à frente parecendo infinita. O que encontrariam lá na frente? Mel não sabia, mas algo dentro dela dizia que nada seria como antes.
**Continua...**
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**Visão de Liam – Capítulo 2 (continuação)**
A noite continua a seu ritmo frenético, com o som da festa ainda reverberando ao fundo. Eu estou aqui, assistindo, como sempre faço, mas a atenção está longe das pessoas comuns que me cercam. Hoje, o foco é Mel. Eu não consigo desviar os olhos dela. Não é só a aparência ou o corpo, é o jeito que ela se comporta, a maneira como ela ocupa espaço, como se fosse o centro de todo aquele caos. Só de imaginar milhões de fantasias com ela, deixa meu amigo animado.
Eu sei que estou me importando demais, mas não posso evitar. Ela mexe comigo de uma forma que nenhuma garota nunca fez.
Mas então vejo Pietra, e o pensamento de Mel começa a se apagar por um momento. Pietra está ali, perto do bar, fazendo aquele jogo de sempre, com aquele olhar que me chama. Ela é uma das minhas, uma peguete de luxo, e sei exatamente o que ela quer de mim. Não há confusão. Não há promessas. Só diversão, eu acho. E por mais que minha cabeça esteja longe, uma parte de mim também sabe o que isso significa: algo fácil, algo que não exige mais do que o corpo e o desejo.
Pietra me puxa para um canto escondido da festa, e não resisto. Meu corpo vai onde ela me leva, como uma reação automática. Sua boca encontra a minha, e o resto do mundo parece desaparecer por um segundo. Encostando em uma árvore, os beijos e amaços ficam mais selvagens. Coloquei minha mão dentro do seu sutiã, deslizando agressivamente minhas mãos para suas partes intimas. Comecei a ficar duro com a situação. Ela deslisou as mãos por cima da minha roupa em direção ao meu pau, isso é tão excitante. Ela começa a rosnar nos meus ouvidos. Quanto mais eu estava perto dela, mais o fogo dentro de mim aumentava. Mas a sensação de estar com ela não é mais o mesmo de antes. Algo em mim está inquieto, e não posso negar, a presença de Mel está atrás de cada beijo, cada toque, me lembrando de que o que estou fazendo não é o que *realmente* quero.
Eu vejo Mel à distância, parada, observando. Não me importa que ela me veja com Pietra. Eu sou quem sou, e ninguém vai mandar em mim. Mas a maneira como ela me olha... há algo ali, algo que me atinge mais forte do que eu queria. O olhar dela está carregado de algo que não consigo explicar — uma mistura de curiosidade, mágoa, e talvez até raiva. Eu queria que ela fosse mais do que isso, queria que ela viesse até mim e perguntasse o que estou fazendo. Mas não. Ela apenas fica lá, distante. Confesso que estou sobre efeito de drogas.
— *Você vai me dar atenção ou vai ficar com a cabeça em outro lugar?* — Pietra me pergunta, puxando-me de volta para o momento.
Eu respiro fundo e me concentro nela, tentando não pensar mais em Mel, mas é difícil. Eu vejo ela de novo, de longe, e tudo parece diferente. A maneira como ela se move, como olha ao redor, como se estivesse tentando se encaixar ali, mesmo que não se importe. Algo me faz querer ir até ela, resolver as coisas, mas estou com Pietra. E, por agora, Pietra é o que eu tenho, o que eu sei.
Mas, quando a cena de Mel olhando para mim de longe se fixa na minha cabeça, minha paciência se esgota. Eu deixo Pietra para trás sem mais nem menos. Ela me chama, tenta puxar minha atenção de volta, mas não me importo. Eu não posso mais ficar aqui. Eu *preciso* ver Mel. Preciso estar perto dela. Não sei o que é, mas não consigo controlar isso.
— *Liam, onde vai?* — Pietra pergunta, e, por um momento, eu me volto para ela, arrumando a minha calça que estava desabotuodo. Não tenho tempo para dar explicações. Eu só sei que Mel está lá fora, e eu preciso descobrir o que ela está pensando, o que ela quer de mim, mesmo que eu não tenha conversado com ela o suficiente, só sinto uma grande atração.
A vejo lá, ao lado de Mario. O jeito como ela fala com ele... tem algo ali. E essa sensação de possessividade começa a me corroer por dentro, tudo bem que ele é gay, mas algo me consume por dentro. *Ela não é só mais uma garota qualquer*, penso. *Ela é minha, ao menos vai ser* — e a raiva vem, quente e intensa, me invadindo de repente. Como se eu fosse perder algo que nem sequer conquistei ainda. O que é isso, Liam? Me pergunto, mas não tenho respostas.
Antes que eu perceba, estou indo até ela, meu corpo guiado por uma necessidade inexplicável. E a vejo. A maneira como ela me olha, o modo como ela está se preparando para algo — talvez para me enfrentar, ou talvez para se afastar de mim. Isso me atinge mais forte do que eu esperava. Eu dou um passo à frente, sem pensar, sem hesitar.
— *Mel, vamos dar uma volta.* — Eu digo, e há um tom de ordem na minha voz. Não é uma pergunta. Eu não vou esperar por uma resposta. Eu *preciso* dela mais perto, mais perto de mim, e não vou aceitar um "não".
Ela me olha, e vejo uma expressão cruzando seu rosto — talvez surpresa, talvez desconfortável, mas ela não diz nada. Ela não protesta, não diz uma palavra.
— *Sua namorada deve estar te esperando, Liam*. Ela diz com um sorriso disfarçado que esta totalmente desconfortável com a situação. E eu fico com a sensação de que, por mais que ela não queira, há algo ali entre nós. Eu ainda a quero. De um jeito possessivo, um jeito que me deixa mais agressivo. Eu preciso que ela saiba disso. Eu não sei o que quero com ela, mas sei que *não posso deixá-la ir*.
Depois de uns minutos esvaziando minha mente, começo ver uma movimentação. Mel estava discutindo com Tom, ao ver aquilo só observei. Ao ver a Mel ligar o motor, algo me impulsionou, quando eu vi eu pulei para o carro dela. Eu só quero proteger, eu farei ela ganhar .
*Agora*, penso, *é hora da corrida.*
O motor da Ferrari grita quando pisamos no acelerador, e a adrenalina começa a bombear. Eu vejo Mel ao meu lado, o olhar fixo na pista. *Essa corrida não é só sobre velocidade*, penso. *É sobre controle.* E, enquanto Tom acelera o Mustang ao meu lado, eu estou mais focado no que realmente importa: *Mel.* Não vou deixar ela sair do meu radar, não importa o que aconteça.
Eu não estou correndo para vencer, estou correndo para dominar, para fazer ela ver quem manda aqui. Eu estou em controle. Eu sempre estou.
Quando vejo o Mustang se aproximando pela curva, algo me diz que Mel tem mais a oferecer do que eu imaginei. E, no final, é ela quem me surpreende. Ela mostra que não é só sobre ser rápida, é sobre ser *firme*. Eu a vejo tomando a liderança e, por um segundo, algo dentro de mim quase relaxa. Ela está boa. E é só dela, por enquanto.
Mas então, Tom começa a gritar atrás de mim. Ele está irritado, cuspindo ódio de cada palavra. Ele quer mais, quer destruir tudo o que eu e Mel estamos fazendo ali. E, quando vejo ele tentando passar por ela na última curva, sei que não vou deixar isso acontecer.
Eu não vou deixar ele ganhar. Não posso. Mel vai cruzar a linha de chegada primeiro, e eu vou garantir que isso aconteça.
Quando a corrida termina, e Mel está lá, sorrindo, eu me viro para ela, já imaginando o que pode acontecer a seguir. Algo em mim, algo que eu ainda não entendi, me puxa em direção a ela, e eu sei que as coisas entre nós estão apenas começando.
Ao ver Tom indo para cima dela, eu só queria cortar a garganta desse desgraçado, mas depois que eu o enfrentei escutamos sirenes.
A Mel jogou a chave para mim, eu abri o carro e ela começou a dirigir.
O clima estava meio pesado entre o caminho, então ela começou a fazer perguntas para melhorar o clima, mas Mel não poderá saber do meu passado, não ainda.
Ainda anoite, um amigo me liga, ele estava com o meu carro. O Sam foi rápido o suficiente para pegar o meu carro. Mel me deixou no local onde Sam estava. Entrei no carro e não estava só ele, Pietra estava junto.
Deixei o Sam em na casa dele e segui Rumo para a minha mansão com a Pietra.
Continua .
**Capítulo 3**
**O Peso da Escolha**
Sabe o que é mais engraçado? Em menos de 24 horas desde que cheguei à cidade, minha vida virou de cabeça para baixo. Eu não queria desistir de Harvard. Era o meu sonho, o meu futuro. Mas minha mãe chega amanhã do hospital e não posso deixá-la sozinha. Não sou o tipo de pessoa que abandona a mãe doente com as empregadas. Então, não tem muito o que escolher. Harvard precisa esperar.
Levantei cedo, e a primeira coisa que fiz foi escovar os dentes, me olhando no espelho, como se ele fosse me dar uma resposta. Mas ele não disse nada. Então, segui com a rotina. Me arrumei, mas não para parecer a Mel de antes. Eu queria ser outra Mel, alguém que precisava se reerguer. Hoje era o dia de pedir a transferência. O bom de ter um histórico acadêmico sólido como o meu é que, com um estalar de dedos, eu poderia ser aceita em qualquer lugar. Mas não era isso que eu queria. Não mais.
A única coisa que realmente me preocupava agora era minha mãe. E, claro, a faculdade. As coisas estavam saindo de controle, e eu me sentia impotente.
Ao sair do quarto, vi que os empregados haviam deixado meu café da manhã pronto: panquecas. O meu favorito. Mas não consegui sentir o gosto. Eu sempre preferia quando minha mãe as preparava. Aquilo só me lembrava de tudo o que estava perdido. A saudade apertou, e a dor de ter que escolher entre seguir a minha vida e ficar ao lado dela se tornou mais real do que nunca.
Antes de sair, fui até o carro, mas ao olhar a lateral, vi o arranhão. Eu não sabia o que me irritava mais: a situação ou o fato de que o carro era meu, o único bem que eu realmente prezava. A raiva tomou conta de mim enquanto eu acelerava pelas ruas, tentando tirar da cabeça as perguntas sem respostas.
Cheguei à faculdade, mas não estava preparada para o que me aguardava. Ao sair do carro, todos os olhares estavam voltados para mim. Se fosse a Mel de antes, eu adoraria isso, mas agora… só queria me esconder.
— Oi, você é a Mel, né? — Uma voz doce me chamou. Eu virei e encontrei Pietra. Ela era ainda mais bonita de perto, com seus cabelos loiros, pele bronzeada artificialmente, e aquele sorriso encantador que parecia hipnotizar todos à sua volta. Não que eu não tivesse curvas também, mas ela… era uma perfeição que eu não sabia como lidar. Um ciúmes repentino começou a corroer meu estômago.
— Oi… — respondi, tentando disfarçar o desconforto. — Você é a Pietra, certo?
— Isso! Vou ser sua guia hoje. Vou te mostrar o campus e te levar até a direção. — Ela falou com um sorriso simpático e me puxou suavemente pelo braço, me guiando pelos corredores. Seu jeito confiante me deixava inquieta, e eu tentava não demonstrar, mas não conseguia desviar o olhar.
Logo, passamos por um corredor onde vi Liam. Ele estava encostado na parede, o cabelo bagunçado de maneira irresistível, e aquela expressão de quem sabe exatamente o que está fazendo. Ele me viu antes mesmo de eu olhar para ele, e seus olhos se fixaram nos meus com uma intensidade que eu não soube lidar.
— Oi, neném — Liam disse, com aquele tom de voz baixo e provocante que sempre me fazia perder o foco. Ele parecia estar se divertindo com a situação. — Acho que você já conhece a Mel? Eu estou mostrando o campus para ela.
Antes que eu pudesse reagir, Pietra deu um selinho nele, e Liam, mesmo beijando-a, não desviou os olhos de mim. Aquela cena… não sei como descrever o que senti, mas foi como um soco no estômago. A dor era física, a sensação de estar invisível para ele enquanto ele estava ali, com ela.
— Bom te ver de novo, Mel. — Liam continuou, a voz carregada de uma provocação que me fez me perguntar por que ainda me importava.
Pietra sorriu, se despedindo com naturalidade, como se nada estivesse acontecendo. Ela estava completamente à vontade, como se já soubesse como Liam jogava esse jogo. Ela me puxou novamente, mas eu estava em silêncio, tentando processar o que acabara de acontecer.
Enquanto caminhávamos para a direção, uma pergunta me consumia: *"Você e o Liam... namoram?"*
Pietra riu suavemente, como se a questão fosse inusitada.
— Que? Não! O Liam não é de namorar, Mel. Se eu quiser algo com ele, o máximo que consigo ser é uma ficante, e olhe lá. — Ela disse com uma risada forçada, talvez para não demonstrar o que realmente sentia. — Ele tem se aproximado de mim, mas não é de compromisso. Ele é o tipo de cara que se aproxima quando está afim, mas nunca fica. Não se engane.
Eu fiquei em silêncio. Aquelas palavras me martelavam, mas eu não sabia o que dizer. Era um alívio, mas ao mesmo tempo, algo em mim doía. Continuamos o caminho até a direção, e eu fui preenchendo os papéis da transferência em um silêncio constrangedor. A conversa com Pietra, a cena com Liam… tudo isso parecia se repetir na minha cabeça.
O intervalo chegou rápido. Quando saí para o refeitório, vi meus amigos e, como sempre, Mario estava lá. Ele sorriu assim que me viu, mas algo em seu olhar me disse que ele sabia exatamente o que estava se passando comigo.
— Mel, eu estava te procurando! Como você está? — Mario disse, me dando um abraço caloroso, como sempre fazia. Ele era meu melhor amigo e, como sempre, o único que sabia exatamente o que dizer para me fazer sentir melhor.
Eu estava prestes a responder quando um rosto novo apareceu na cena. Um rapaz alto, de cabelo escuro e com um sorriso maroto que imediatamente chamou minha atenção. Ele se aproximou de mim com uma confiança quase excessiva, mas algo sobre ele me fez sentir que ele estava ali não apenas para dar oi.
— Oi, você deve ser a Mel, certo? — O cara disse com um sorriso ousado. — Meu nome é Robert. Eu não pude deixar de notar como você é linda. — Ele disse com um tom de voz suave, mas cheio de interesse. Eu ri sem jeito, não sabendo se ele estava só sendo simpático ou se realmente estava interessado.
— Oi, Robert — respondi, um pouco desconcertada. Ele era bonito, de uma beleza quase arrogante, e parecia saber disso. Ele deu um passo à frente, com um olhar direto e determinado.
— Então, Mel, que tal a gente se encontrar para tomar um café depois? Eu posso te mostrar uns lugares por aqui. — Ele disse, com um sorriso provocante. Eu estava tentando não demonstrar, mas me senti lisonjeada.
Antes que eu pudesse responder, a expressão no rosto de Liam, que estava mais ao fundo do refeitório, fez minha espinha gelar. Ele me observava com os olhos estreitados, claramente incomodado. Ele se levantou da mesa e caminhou em nossa direção com um passo firme e decidido. A atmosfera ao redor ficou tensa, e eu sabia exatamente o que estava acontecendo.
Robert percebeu a mudança na energia e olhou para Liam, mas não se intimidou.
— E aí, cara, tem algum problema? — Robert perguntou, com um sorriso desafiador.
Liam não respondeu diretamente, mas olhou para mim com uma intensidade feroz antes de lançar uma resposta que foi mais uma ameaça disfarçada do que uma conversa.
— Se você acha que vai dar em cima dela assim, está muito enganado — Liam disse, a voz baixa e cheia de veneno. Ele não estava mais brincando. Seus olhos estavam fixos em Robert, como se ele estivesse prestes a arrancar a cabeça dele.
Eu me senti desconfortável com a situação. Não queria que ninguém brigasse por minha causa, mas ao mesmo tempo, algo em mim não conseguiu evitar sentir uma ponta de excitação com o confronto. Mas antes que o clima ficasse ainda mais pesado, Liam puxou minha mão, me arrastando para longe de tudo aquilo.
— Vamos sair daqui, Mel — Liam disse com um tom mais calmo, mas cheio de uma possessividade que não podia ignorar.
Ele me levou para um canto privado do prédio, longe da agitação do refeitório. O ar estava pesado entre nós, e a tensão era palpável. Liam me olhou com aqueles olhos penetrantes que pareciam ler minha alma.
— Você sabe que eu não gosto de ver outro cara perto de você, Mel — ele disse, a voz suave, mas carregada de uma intensidade que me fez engolir em seco. Ele estava se aproximando de mim lentamente, e eu não sabia o que fazer. O melhor amigo dele, Mario, tinha me avisado, e agora eu via a verdade em sua atitude: Liam era um galinha, e eu não queria ser mais uma das suas conquistas.
Tentei me afastar um pouco, mas ele não me deixou.
— Liam, não sou mais uma das suas, sabe disso, né? — falei, tentando manter minha postura, mesmo que minha respiração estivesse mais rápida do que o normal.
Liam sorriu, mas foi um sorriso enigmático, algo que me deixou ainda mais nervosa. Ele se aproximou mais, tocando meu rosto com a ponta dos dedos.
— Eu sei, Mel, mas não me faça trabalhar tanto para te ter. Eu gosto do desafio.
Eu ainda estava absorvendo a presença de Pietra em minha mente. Aquela loira perfeita, com sua confiança impecável e aquele sorriso que parecia desarmar qualquer um. A maneira como ela se aproximou de Liam, como se soubesse exatamente onde ele estava, quem ele era… Tudo nela era feito para chamar atenção. Eu não sabia se me sentia atraída por ela ou se simplesmente me sentia ofuscada.
Pietra parecia ter tudo o que eu não tinha. Ela era a garota que sempre soubera como agir nas situações mais difíceis, enquanto eu estava perdida, tentando entender onde estava e o que queria. Mesmo que a minha mente insistisse em me distrair com essas comparações, o que me incomodava era a cena com Liam, o beijo entre eles. Não que isso fosse algo sério, mas *aquilo*… Aquela cena me deixou com um peso no peito que eu não sabia como lidar.
Liam estava ali, tão perto de mim. Sua presença era imponente, mas ao mesmo tempo, tinha algo quase suave no jeito como ele se movia ao meu redor. Ele ainda estava me olhando, aguardando alguma reação minha. Eu não sabia o que ele queria de mim, mas uma parte de mim gostava daquele jogo, gostava da tensão entre nós. Mas a outra parte sabia que eu não era boba, e o que ele estava tentando fazer não me enganava.
Ele estava tão perto, tão envolvente, que eu sentia o calor dele, o perfume amadeirado e, por um momento, quase esqueci onde estava. Ele estava ali, com a respiração próxima, como se estivesse esperando para ver o que eu faria. E, por um momento, eu queria me entregar àquele momento, àquela tensão, àquele magnetismo que ele tinha sobre mim. Mas algo dentro de mim me fez voltar à realidade, e eu não podia deixar que ele tivesse tanto poder sobre mim.
— Não me olhe assim, Liam — falei, forçando a calma na minha voz. — Não é porque você está perto que vou te dar o que você quer. Não sou uma das suas ficantes.
Eu vi o sorriso no rosto dele desaparecer por um segundo. Ele parecia irritado, mas não o suficiente para me afastar. Ele se aproximou mais, a expressão mudando, mais possessiva. Como se estivesse em guerra consigo mesmo, tentando manter o controle.
— Você me entende, Mel, sabe como eu sou. — A voz dele ficou mais baixa, quase um sussurro. Ele se inclinou levemente, tocando minha mandíbula com a ponta dos dedos, de uma maneira tão intimista que meu corpo reagiu antes da minha mente. Eu podia sentir a força da sua presença, a intensidade da sua obsessão. Ele me queria, e eu sabia disso. Mas a dúvida persistia. Eu não queria ser só mais uma conquista.
Eu não o deixei continuar. Meu corpo reagiu antes da minha mente, e eu me afastei ligeiramente, sentindo a necessidade de respirar. Era como se, ao estar tão perto dele, o ar tivesse se tornado denso e pesado. Ele me olhou com uma mistura de surpresa e frustração, o que me fez questionar por que eu estava reagindo assim.
Foi quando a palavra "Pietra" escapou da minha boca.
— Não é porque você está aqui comigo agora que isso significa algo, Liam. Não sei, você me lembra tanto ela, sabe? A Pietra… — as palavras saíram mais baixas do que eu esperava, mas ele captou cada sílaba.
Liam, que parecia estar tentando manter o controle, mudou sua expressão imediatamente. Seus olhos brilharam com um brilho possessivo e irritado.
— Pietra? Não é nada, Mel. Nada. — A maneira como ele falou, como se estivesse tentando apagar a existência dela, me deixou brava. Ele não tinha o direito de falar dela assim. A maneira como ele ignorava qualquer coisa que não fosse ele e suas conquistas… Isso me incomodava. Não era só a Pietra que estava na conversa, era a forma como ele via as pessoas. Como se elas fossem descartáveis, trocáveis.
Eu senti algo em meu peito apertar. A raiva subiu, e eu precisava sair dali. Eu não ia ser apenas mais uma na coleção dele. Não, não ia. Não importava o quão perto ele estivesse, não importava o quanto ele fosse atraente ou o que ele provocava em mim.
— Você não tem direito de falar assim dela. — A raiva era palpável em minha voz, mas eu me dei conta disso muito tarde. Ele parecia surpreso com a reação, mas não foi o suficiente para me impedir de dar as costas.
— Não vou ficar aqui ouvindo você falar dela assim. — Gritei, sem me importar com a forma como minha voz soou. Ele se afastou um pouco, e eu senti meu corpo começar a se mover sozinho. Eu precisava de ar. Eu precisava de distância.
E assim, sem mais palavras, virei as costas e saí daquele canto privado. O som dos meus passos no corredor ecoava no meu ouvido, mas eu não me importava. Eu precisava ir embora, não só daquele lugar, mas de tudo. De toda aquela confusão que ele tinha criado dentro de mim.
O corredor estava vazio. O ar frio parecia me trazer um pouco de alívio, uma sensação de clareza que eu não tinha ali dentro. Eu parei por um momento, tentando acalmar a respiração, sentindo a brisa fria contra o meu rosto, como se isso fosse capaz de me fazer esquecer o que acabara de acontecer.
Mas, ao olhar para trás, vi alguém se aproximando. Ele parecia um pouco fora de lugar naquele cenário. Alto, com cabelos castanhos bem cortados e um olhar curioso. Era Robert, o rapaz que havia me falado antes. Ele estava com aquele sorriso confiante no rosto, e eu não sabia o que ele queria, mas estava disposta a ouvir.
— Eu estava esperando você sair para dar uma olhada. — Ele disse, um tom de provocação claro na sua voz. — Então… você sempre sai assim, sozinha, após um drama?
Eu não sabia o que pensar. O que ele queria? Ele parecia mais um observador curioso do que alguém que realmente estava interessado. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que ele estava tentando me distrair, me tirar daquele lugar, daquele momento.
— Eu só preciso de um pouco de paz, Robert. — Falei, com um sorriso fraco. Mas, de alguma forma, ele parecia entender o que eu estava passando, ou pelo menos, não estava forçando nada.
Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, ouvi passos pesados atrás de mim. Era Liam. Ele apareceu na esquina do corredor, com os olhos fixos em mim, como se estivesse pronto para confrontar o que quer que fosse que eu estivesse fazendo. Ele parecia furioso, mas ao mesmo tempo, algo mais intenso estava ali, uma necessidade desesperada de me ter de volta.
Robert, percebendo a situação, me olhou rapidamente e deu um passo para trás.
— Bom, acho que vou deixar você com… sua situação — ele disse, sorrindo de forma enigmática, e se afastou rapidamente, sem esperar minha resposta.
Eu fiquei ali, em silêncio, com Liam se aproximando com aquela intensidade habitual. Ele me observava como se tivesse algo a dizer, como se ainda quisesse me provocar, mas eu não sabia se estava pronta para ouvir.
A tensão no ar entre nós dois era quase insuportável. Eu me senti vulnerável, mas também sabia que, ao mesmo tempo, ele também estava em uma posição em que não sabia o que fazer comigo.
continua ...
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