Capítulo 1 - O Baile das Sombras
Scarlett observava o salão do alto da escadaria, entediada. O baile anual da família Mancini era o evento mais importante para os negócios da máfia, mas, para ela, era só mais uma festa sufocante, cheia de bajuladores, olhares furtivos e segredos. Ela estava acostumada com essa atmosfera de falsidade, mas, naquela noite, havia algo diferente. Talvez fosse a sensação incômoda que não a deixava desde o momento em que pisara ali.
Seu pai, o temido Vittorio Mancini, estava radiante, cumprimentando aliados e rivais como se fossem velhos amigos. Todos ali temiam ou respeitavam o patriarca da família, mas Scarlett sabia a verdade. Para ele, todos não passavam de peões em um jogo maior. E ela? Era apenas a herdeira, destinada a seguir seu caminho.
“Scarlett!” A voz de seu pai cortou o salão, chamando-a para se juntar a ele.
Com um suspiro contido, ela desceu as escadas e colocou um sorriso no rosto, cumprimentando os conhecidos de seu pai, que a olhavam com uma mistura de respeito e curiosidade. Scarlett tinha aprendido desde cedo a usar sua presença para intimidar e seduzir. Porém, naquela noite, ela sentia uma inquietação crescente, como se estivesse sendo observada.
Foi então que seus olhos cruzaram com os de uma mulher no fundo do salão. Ela tinha cabelos escuros e olhos que brilhavam com uma intensidade perigosa. Vestia-se de maneira simples, quase como se quisesse passar despercebida, mas sua postura exalava confiança. Scarlett sentiu uma onda de curiosidade. Quem era aquela mulher? Não parecia ser uma das associadas da máfia. Ela exalava uma energia que Scarlett não reconhecia, algo rebelde e imprevisível.
Antes que pudesse pensar, Scarlett se viu caminhando em direção à mulher. Havia algo hipnótico nela, uma aura de mistério que a atraía como um imã. Ao se aproximar, a mulher esboçou um sorriso irônico, como se soubesse exatamente o que estava fazendo ali e tivesse planejado aquele encontro.
"Scarlett Mancini, eu presumo?" disse ela, com uma voz suave e firme ao mesmo tempo.
Scarlett levantou uma sobrancelha, surpresa pela ousadia. “Você sabe quem eu sou, mas eu não sei quem é você. Isso me coloca em desvantagem.”
A mulher sorriu, divertida. “July. Apenas July. Digamos que sou uma convidada... especial.”
Antes que Scarlett pudesse responder, July segurou sua mão e a puxou levemente em direção à varanda. “Talvez devêssemos conversar em um lugar mais reservado.”
Scarlett hesitou por um momento, mas sua curiosidade a venceu. Seguiu July para fora do salão, sentindo o ar fresco da noite e o coração acelerado. Não era normal para ela se deixar levar assim, mas havia algo em July que a deixava sem controle.
Assim que estavam longe o suficiente, Scarlett cruzou os braços e a olhou com intensidade. “Então, July… o que você está fazendo no baile da minha família?”
July sorriu de lado, sem perder o ar misterioso. “Digamos que estou aqui para... aprender um pouco mais sobre os Mancini.”
Scarlett estreitou os olhos, tentando decifrar suas palavras. “Você trabalha para a máfia?”
“Algo assim.” July deu de ombros. “Mas acho que não é como você está imaginando.”
Foi então que Scarlett percebeu: July era uma infiltrada. Talvez estivesse ali para roubar informações, ou até mesmo para espionar em nome de uma máfia rival. Mas, em vez de se alarmar, Scarlett sentiu uma estranha excitação. Quase um jogo perigoso, onde ambas sabiam das intenções uma da outra, mas continuavam a se desafiar.
“Você é ousada, July,” disse Scarlett, com um sorriso desafiador. “Mas ousadia não te leva longe com os Mancini.”
July riu baixinho, aproximando-se mais. “Eu sei onde estou me metendo. E, por enquanto, parece que estou indo muito bem.”
A tensão entre as duas era palpável. Scarlett sentia o olhar de July sobre ela, cada palavra como um desafio, e seu próprio corpo reagia à proximidade dela de uma maneira que não conseguia explicar. Ela sabia que aquele encontro era perigoso, mas não conseguia se afastar.
“Você é interessante, Scarlett. Eu diria até... fascinante,” murmurou July, o rosto dela a poucos centímetros do de Scarlett.
Por um instante, Scarlett quase cedeu ao impulso de aproximar os lábios dos dela, mas o som de passos ecoando na varanda as fez se afastar rapidamente. Scarlett virou-se, pronta para fingir que não estava fazendo nada de errado, quando se deparou com Raika, a nova guarda-costas que seu pai havia contratado recentemente.
Raika era alta, com uma postura que exalava uma calma ameaçadora. Seus olhos claros analisaram a cena rapidamente, pousando em July por um instante antes de se fixarem em Scarlett. A expressão de Raika era neutra, mas Scarlett podia sentir a desaprovação silenciosa.
“Senhorita Mancini, seu pai está perguntando por você,” disse Raika, com um leve aceno de cabeça.
Scarlett suspirou, lançando um último olhar para July. “Até mais, July. Espero que sua visita seja... educativa.”
July sorriu de maneira travessa. “Oh, com certeza será.”
Enquanto Scarlett se afastava, sentiu o olhar de Raika em suas costas. Ela sabia que a guarda-costas estava ali para protegê-la, mas havia algo em Raika que ia além do dever. Raika era um mistério para ela, uma mulher de poucas palavras e de um profissionalismo quase frio. Scarlett se perguntava o que se escondia sob aquela fachada, e se Raika sabia de algo sobre o encontro com July.
Mais tarde, enquanto atravessava o salão para atender ao chamado de seu pai, Scarlett sentia seu coração ainda acelerado, dividida entre a curiosidade por July e a crescente inquietação que Raika lhe causava. Era como se ambas as mulheres despertassem nela algo que não podia ser ignorado.
Ela sabia que, dali em diante, as coisas nunca mais seriam as mesmas. Estava claro que July era perigosa, mas, de alguma forma, Scarlett sentia que queria se arriscar a conhecê-la. Quanto a Raika, ela ainda era um enigma, mas Scarlett sentia que, por mais que tentasse afastá-la, algo a puxava para mais perto daquela mulher de olhos penetrantes e presença ameaçadora.
Scarlett se perguntava se era o destino ou um jogo do qual ela não tinha controle, mas, de uma coisa ela tinha certeza: essa atração inesperada a colocaria em um caminho perigoso, e ela não estava disposta a recuar.
Capítulo 2 - O Primeiro Encontro
Scarlett não conseguia tirar a imagem de July da mente. Aqueles olhos escuros, brilhando com uma confiança audaciosa, desafiavam tudo o que Scarlett conhecia. Ela era uma intrusa, uma ameaça à segurança da família Mancini, mas havia algo na presença de July que Scarlett simplesmente não podia ignorar. E aquilo era perigoso, pois uma atração tão intensa só poderia trazer problemas – e, na vida dela, problemas geralmente vinham em formato letal.
A manhã seguinte ao baile amanheceu fria e silenciosa. Scarlett acordou com uma sensação de vazio, sentindo que algo estava faltando. Raika, sua guarda-costas, a esperava do lado de fora de seu quarto. Era estranho, mas Scarlett sentia que o olhar de Raika estava mais atento do que o normal, como se conseguisse enxergar por dentro dela, ver os pensamentos tumultuados e talvez até a curiosidade que latejava em seu peito.
Raika caminhou ao lado de Scarlett, mantendo o silêncio. Elas tinham uma comunicação discreta, onde as palavras raramente eram necessárias. Raika era o tipo de pessoa que não demonstrava emoções, mas Scarlett notava como seus olhos sempre acompanhavam cada movimento dela, analisando e protegendo.
“Você tem algo a dizer, Raika?” Scarlett quebrou o silêncio.
Raika a olhou de soslaio, com um toque de algo que quase parecia desaprovação. “Quem era aquela mulher ontem à noite?”
Scarlett suspirou. Ela sabia que Raika não deixaria passar aquele encontro. “Ninguém importante,” mentiu, mas sabia que Raika não acreditaria.
Raika apenas assentiu, mas o leve arquear de uma sobrancelha indicava que ela sabia que havia mais naquela história. “Só tome cuidado, Scarlett. O mundo em que vivemos não é gentil com aqueles que brincam com fogo.”
Scarlett sorriu, um pouco desafiadora. “Você está aqui para garantir que eu não me queime, certo?”
Raika não respondeu, mas o olhar dela foi mais afiado, uma mistura de alerta e… algo mais. Scarlett não tinha certeza de como decifrar. Sentindo uma inquietação incomum, Scarlett se despediu de Raika e saiu para resolver assuntos da família, mas o nome de July pulsava em sua mente como uma melodia proibida.
Mais tarde, Scarlett decidiu sair da mansão para se distrair. Ela foi até um café discreto no centro da cidade, um lugar que ela costumava frequentar sozinha. Precisava de um momento de paz, longe dos olhos vigilantes de Raika e da expectativa sufocante de seu pai.
Enquanto tomava um café, envolvida em pensamentos, sentiu uma presença próxima. Quando ergueu os olhos, quase derrubou a xícara ao ver July parada à sua frente, com o mesmo sorriso provocador da noite anterior.
“Você sempre escolhe lugares assim para se esconder?” July perguntou, enquanto puxava uma cadeira e sentava-se sem esperar permissão.
Scarlett piscou, surpresa, mas se recompôs rapidamente. “O que você está fazendo aqui? Está me seguindo?”
July deu de ombros, despreocupada. “Vamos dizer que temos interesses em comum. Eu precisava ver você de novo.”
O coração de Scarlett batia mais forte. Havia algo intrigante e perigoso em July, e mesmo sabendo que deveria afastá-la, sentia uma urgência em manter a conversa. “Você tem uma confiança que beira a imprudência, July. Sabe com quem está falando, certo?”
“Com a filha do chefão da máfia. A herdeira do império Mancini.” July inclinou-se um pouco mais perto, os olhos fixos nos de Scarlett. “Mas, honestamente? Acho que você é muito mais do que isso.”
Scarlett se surpreendeu. Estava acostumada a ser vista como uma extensão do poder de seu pai, mas ninguém nunca havia sugerido que enxergava algo além disso. Ela tentou manter o controle, mas se pegou respondendo com um tom desafiador: “E o que você acha que sabe sobre mim?”
July a observou com um olhar intenso, examinando cada detalhe de seu rosto, como se tentasse decifrá-la. “Eu sei que você é curiosa. E que talvez esteja cansada de seguir as regras impostas por seu pai.”
A resposta deixou Scarlett sem fala. Era exatamente o tipo de leitura que ela escondia até de si mesma, aquele desejo de se libertar, de explorar algo além do que sempre lhe foi dito que era certo.
Por um breve instante, elas ficaram em silêncio, presas em uma espécie de guerra silenciosa de vontades. Scarlett se perguntou até onde July estava disposta a ir. Seria ela apenas uma ladra, uma infiltrada, ou algo mais complexo?
“E você?” Scarlett perguntou finalmente. “Por que arrisca sua vida para entrar no território dos Mancini? Isso é, digamos, uma jogada suicida.”
July deu uma risada suave. “Talvez eu goste de viver perigosamente.”
Scarlett percebeu uma sombra de algo mais no olhar de July. Ela não era apenas uma intrusa em busca de algo para roubar. Havia uma intensidade, uma determinação que Scarlett não conseguia ignorar. Antes que pudesse perguntar mais, July colocou a mão sobre a dela, um gesto ousado e inesperado. Scarlett sentiu o toque quente e firme, e seu coração acelerou.
“Vamos fugir daqui,” July sussurrou, os olhos brilhando de excitação.
“Fugir?” Scarlett riu, mas sentia-se tentada. “E para onde você acha que podemos ir?”
“Qualquer lugar longe das paredes da máfia. Apenas por um dia. Deixe que eu te mostre o que é liberdade.”
Scarlett sabia que era insensato, que deveria mandá-la embora naquele momento, mas, sem saber por que, ela se levantou e aceitou o convite. Elas saíram do café juntas, andando lado a lado pelas ruas agitadas da cidade, como se fossem duas pessoas comuns, sem os fardos que carregavam.
Elas passaram o dia explorando, andando por ruas que Scarlett nunca teria visto sozinha. July mostrou lugares escondidos e contava histórias engraçadas, arrancando risadas genuínas de Scarlett. Cada minuto ao lado de July a fazia esquecer de tudo, do peso de sua família, da expectativa de seu pai, até mesmo de Raika. Era como se, pela primeira vez, ela estivesse vivendo para si mesma.
No fim do dia, elas pararam em um parque, sentando-se em um banco de frente para um lago. A noite caía lentamente, e Scarlett percebeu que nunca havia sentido algo assim. A liberdade que tanto buscava parecia estar, de algum modo, ali, ao lado de July.
“Eu queria poder fazer isso todos os dias,” Scarlett confessou, mais para si mesma do que para July.
July a observou em silêncio, e então se aproximou lentamente. Scarlett sentiu o coração bater mais rápido, o olhar de July sobre ela como um ímã, e, sem pensar, aproximou-se mais também. Então, suas bocas se encontraram em um beijo suave e intenso, carregado de toda a tensão e desejo que haviam escondido até então.
Aquele beijo era a confirmação do que Scarlett temia e desejava. E, enquanto se separavam, Scarlett sabia que tinha cruzado um limite perigoso. Ela estava agora envolvida com uma mulher que era, possivelmente, sua inimiga. Mas, no fundo, algo dentro dela sabia que não havia retorno.
Capítulo 3 - O Jogo da Verdade
Ao voltar para a mansão Mancini, Scarlett sentia um peso em cada passo. As memórias do dia com July estavam vívidas em sua mente, especialmente o beijo. Era a primeira vez que ela se sentia tão vulnerável, mas também, tão viva. Mesmo sabendo do perigo, não conseguia ignorar a atração por aquela mulher misteriosa.
Assim que entrou no hall principal, deu de cara com Raika, que estava à espera, como sempre. O rosto dela estava neutro, mas Scarlett sentiu uma ponta de tensão. Era como se Raika estivesse percebendo algo diferente, lendo seu rosto e vendo as emoções ocultas.
"Está tarde, senhorita Mancini," comentou Raika, com o tom firme e habitual.
Scarlett forçou um sorriso, tentando esconder o nervosismo. "Preciso sair de vez em quando. Não aguento ficar presa aqui."
Raika a observou em silêncio, mas havia algo no olhar dela que deixou Scarlett desconfortável. Era como se Raika soubesse mais do que dizia.
"Scarlett," Raika começou, hesitante pela primeira vez desde que a conhecera. "Seu pai confia em mim para protegê-la, mas para isso, preciso saber com o que estou lidando. O que está acontecendo?"
Scarlett hesitou, lutando contra o impulso de contar a verdade. Uma parte dela queria confiar em Raika, mas a outra sabia que, se revelasse algo, a vida de July poderia estar em risco. E talvez, a sua própria também. Assim, ela optou pelo caminho mais seguro: o silêncio.
"Não é da sua conta, Raika," disse ela, com frieza, tentando fechar o assunto. "Eu sou uma Mancini. Sei me cuidar."
Raika parecia querer insistir, mas respirou fundo, mantendo-se profissional. "Muito bem, senhorita. Só saiba que estou aqui para o que precisar."
Ela se afastou, mas Scarlett sentiu o peso do olhar de Raika em suas costas. Era como se houvesse algo além da mera obrigação ali, como se Raika se importasse mais do que permitia transparecer.
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Durante os dias seguintes, Scarlett tentou manter a rotina, mas a presença de July a seguia como uma sombra. Elas haviam combinado de se encontrar novamente, mas Scarlett sabia que isso só traria mais complicações. Ainda assim, não resistiu. No fundo, algo nela ansiava por mais momentos ao lado de July, mais chances de se sentir livre.
Quando chegaram ao lugar combinado, July estava esperando por ela, encostada em uma moto preta, com um sorriso despreocupado. Scarlett sentiu o coração acelerar. Não era o tipo de pessoa que se apaixonava fácil, mas July tinha uma intensidade que parecia hipnotizá-la.
“Achei que não fosse vir,” disse July, enquanto Scarlett se aproximava.
“Também achei,” respondeu Scarlett, sem saber se estava falando a verdade. “Mas parece que não consigo ficar longe de você.”
July sorriu, e os dois compartilharam um olhar cúmplice. Em seguida, ela estendeu um capacete para Scarlett, que o colocou sem pensar duas vezes. Subiram na moto, e July acelerou pelas ruas da cidade, afastando-se da mansão e da pressão que Scarlett sentia ali.
Elas foram parar em um bairro distante, em uma área mais simples da cidade. July a levou para um bar discreto, onde poderiam conversar sem se preocupar com o sigilo. O lugar estava meio vazio, com algumas mesas ocupadas, mas ninguém parecia prestar atenção nelas. Sentaram-se em um canto reservado, e Scarlett finalmente relaxou.
“Por que está fazendo isso?” Scarlett perguntou, encarando July. “Por que arrisca tanto para me ver?”
July suspirou, sem perder o sorriso provocador. “Eu poderia perguntar o mesmo. Você sabe quem eu sou, mas mesmo assim está aqui.”
Scarlett olhou para baixo, sem saber como responder. Ela sabia que era loucura, sabia dos riscos, mas estar com July era a única coisa que fazia sentido em meio ao caos da vida que levava. Além disso, havia algo mais que ela ainda não compreendia, uma conexão que ia além do físico, uma espécie de desafio mudo.
“E então?” Scarlett insistiu, levantando os olhos para encarar July. “Por que eu?”
July a observou por um longo momento, como se considerasse a resposta cuidadosamente. Então, aproximou-se dela, as vozes se abaixando em uma confissão quase sussurrada.
“Eu não deveria te contar isso,” disse July, hesitante pela primeira vez. “Mas... eu fui enviada para espionar sua família.”
Scarlett ficou imóvel, o coração disparando, mas de alguma forma, não se sentiu traída. No fundo, ela já desconfiava que July estava ali por algum motivo perigoso, mas ouvi-la confessar aquilo tornava tudo mais real.
“Então você é uma inimiga?” Scarlett perguntou, sem se afastar.
“Se eu fosse mesmo sua inimiga, não teria contado isso,” respondeu July, séria. “Eu poderia ter mantido o disfarce, enganado você. Mas não foi o que fiz, foi?”
A verdade nas palavras dela atingiu Scarlett como um choque. Ela sabia que a vida na máfia era cheia de traições e segredos, mas naquele momento, escolheu confiar. Havia algo em July que a fazia querer acreditar.
“Então por que está me contando agora?” Scarlett perguntou.
July sorriu, aproximando-se mais. “Porque quero que saiba que estou com você, Scarlett. Não estou aqui apenas para espiar, estou aqui porque quero te conhecer. Porque, de algum modo estranho, acho que somos iguais.”
Scarlett fechou os olhos por um segundo, sentindo o peso daquelas palavras. Se July estava sendo sincera, isso significava que ela também estava arriscando tudo. Abrir-se daquela forma era um sinal de confiança, mas também de perigo. No entanto, Scarlett decidiu arriscar, sentindo que havia encontrado alguém que a entendia de verdade.
“Então estamos nesse jogo juntas?” perguntou ela, pegando a mão de July.
July assentiu, com um sorriso conspiratório. “Juntas.”
Elas passaram a noite planejando o próximo encontro, tentando entender até onde poderiam ir sem levantar suspeitas. Scarlett sabia que o segredo entre elas estava crescendo e que, eventualmente, Raika ou alguém da família descobriria. Mas, naquele momento, não queria pensar nas consequências. Queria apenas viver o agora.
Quando se despediram, Scarlett voltou para casa com o coração leve, mas, ao chegar à mansão, encontrou Raika à sua espera, como se soubesse exatamente onde ela tinha estado.
"Scarlett," Raika começou, em um tom mais grave do que o usual. "Precisamos conversar. Agora."
Scarlett hesitou, mas sabia que não podia evitar aquela conversa para sempre. A sensação de segurança que sentia com July começava a vacilar. Agora, estava de volta ao mundo real, onde cada decisão poderia colocar sua vida – e a de July – em perigo.
Raika conduziu-a até um dos salões mais afastados, garantindo que ninguém ouviria. Ao fechar a porta, virou-se para Scarlett, com um olhar firme.
“Eu sei que está escondendo algo,” disse Raika. “E se for algo que possa colocar sua vida em risco, preciso saber. Quem é essa pessoa que tem tirado sua atenção?”
Scarlett sentiu o coração parar por um momento. Raika era uma pessoa que ela respeitava e admirava, mas, ao mesmo tempo, estava presa ao dever de proteger a família. Uma parte dela queria contar a verdade, mas sabia que isso poderia destruir o que tinha com July. Tomando uma respiração profunda, decidiu manter o silêncio, protegendo seu segredo mais uma vez.
A relação entre elas agora estava em uma linha tênue, e Scarlett sabia que Raika desconfiava de cada movimento seu. Era só uma questão de tempo até que ela tivesse que escolher entre sua vida na máfia e o amor proibido que começava a crescer.
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