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Sombras da Matilha

A DESTRUIÇÃO DOS SKÖLL

A neblina envolvia a floresta como um manto de preságios sombrios, enquanto o ar carregava o sutil aroma de folhas úmidas e terra fértil. Os lobos Sköll eram os últimos de sua linhagem: uma matilha rara e poderosa, os últimos lobos vermelhos, com pelagens que brilhavam como fogo sob a luz da lua cheia. Eles viviam há gerações nas florestas densas do Norte, protegendo seus territórios e preservando sua herança com orgulho e lealdade inabaláveis.

Família Sköll

Safira Sköll

Safira respirava fundo, absorvendo o frescor da manhã. Naquele início de dia, ela podia sentir a presença de sua família como uma fortaleza. Filha do Alfa Kael, Safira sempre soube que a segurança dos Sköll era sua responsabilidade. O dever pesava, mas era algo que carregava com uma força natural, que lhe vinha do sangue e da alma. Thorne, o irmão mais velho, era um guerreiro destemido, protetor e sempre disposto a guiá-la, mas era em Elara, sua irmã mais nova, que Safira encontrava consolo e um espírito alegre, que a fazia sorrir mesmo em tempos difíceis.

Aquele seria um dia de treinamento, e Safira logo se viu no campo ao lado de Thorne, onde ele a desafiava com seu habitual sorriso travesso.

— Pronta para outra derrota, irmã? — provocou ele, girando uma lâmina curta entre os dedos, os olhos brilhando de antecipação.

— Melhor perguntar isso a você, Thorne — retrucou Safira, erguendo o queixo e assumindo a postura de combate.

Eles começaram a treinar em sincronia quase perfeita, seus movimentos fluindo como se fossem um só. Embora Thorne fosse mais forte, Safira era rápida, precisa. Quando conseguiu derrubá-lo por um instante, o sorriso vitorioso iluminou seu rosto.

— Dessa vez, parece que fui eu quem venceu — disse ela, cruzando os braços.

Thorne riu, e antes que pudesse responder, Kael, seu pai, apareceu. A expressão séria em seu rosto fez ambos se endireitarem de imediato. Ao lado dele, Elara observava tudo, com o semblante mais pálido do que o habitual.

— Venham comigo, quero falar com vocês — disse Kael, sua voz grave e sombria.

Ao se reunir com a família no centro da aldeia, o peso no ar se tornou quase tangível. Kael lançou um olhar firme para cada um dos filhos, como se gravasse cada detalhe deles em sua memória. Depois, sua voz cortou o silêncio:

— Recebi notícias de que o Alfa Hadrian está se aproximando. Ele está reunindo forças, e nossa matilha é o próximo alvo.

O nome Hadrian fez o sangue de Safira gelar. Aquele Alfa era uma lenda cruel e impiedosa, conhecido por espalhar destruição onde quer que fosse. Hadrian não deixava sobreviventes, apenas ruínas e lamentos. Safira sentiu um aperto no peito, mas tentou esconder o medo.

— Pai, o que ele quer com nossa matilha? — perguntou Thorne, cerrando os punhos.

— Ele quer poder e território, e sabe que os Sköll são o último obstáculo para o domínio dele nesta região. Precisamos nos preparar. Esta noite... ninguém dorme.

Safira trocou um olhar com os irmãos, e, pela primeira vez, sentiu a fragilidade daquele momento. Havia um silêncio pesado entre eles, como se cada um já soubesse o que estava por vir, mas nenhum quisesse admitir.

Aquela noite era diferente, a lua de sangue era consumida por uma imensa escuridão, como um aviso sombrio. Naquela última noite antes do ataque, a família Sköll se reuniu ao redor da fogueira. Kael começou a contar histórias antigas, recordando batalhas que travara ao lado dos próprios pais para proteger os Sköll. Elara, normalmente tão animada, estava mais quieta, segurando a mão de Safira com força. Eles riram e relembraram os dias de infância, momentos de alegria que agora pareciam distantes, como um sonho que jamais voltaria.

Safira lançou um olhar aos rostos dos seus amados, memorizando cada detalhe, o sorriso leve de Thorne, o brilho nos olhos de Elara, a expressão tranquila de Kael, mesmo em meio ao perigo iminente. Ela não sabia se aquela seria a última vez, mas seu coração parecia entender o que sua mente não queria aceitar.

O céu já estava tomado pela escuridão, e o som de uivos começou a preencher a floresta. Safira estava ao lado dos irmãos, cada músculo do corpo tenso, a respiração pesada, como se o ar fosse fogo. Os guerreiros Sköll haviam se posicionado em pontos estratégicos ao redor da aldeia, mas ninguém estava verdadeiramente preparado para a onda de brutalidade que se aproximava.

— Eles estão aqui... — murmurou Safira, sentindo o cheiro de invasores no ar. Um arrepio percorreu seu corpo, mas ela se forçou a permanecer firme, sufocando o medo.

De repente, uma figura monstruosa emergiu das sombras: um lobo preto enorme, de olhos vermelhos e presas expostas. Hadrian, o Alfa inimigo. Ele avançou sem piedade, rasgando a garganta do primeiro guerreiro dos Sköll que encontrou no caminho.

— Safira! Para trás! — rugiu Cael, partindo para enfrentar Hadrian com a coragem de um verdadeiro Alfa.

Safira quis correr em auxílio do pai, mas Thorne a segurou.

— Agora, Safira! Temos que levar Elara para longe! — ordenou ele, a voz firme e desesperada.

Safira hesitou, mas viu que não tinha escolha. Os lobos de Hadrian se aproximavam de todos os lados, avançando com uma fúria incontrolável. Ela lutou com todas as forças, mas eles eram muitos, e a cada segundo via mais guerreiros de sua matilha caindo.

Hadrian Drake

Em meio ao caos, seus olhos encontraram a cena que jamais conseguiria esquecer: Hadrian cravando as presas em Kael, tirando-lhe a vida em um segundo mortal. Ela sentiu o mundo desmoronar, a dor era tão intensa que quase não conseguia respirar.

— Pai! — ela gritou, mas Thorne a puxou, tentando salvá-la e a Elara da destruição.

Enquanto corriam pela floresta, fugindo do massacre, os passos pesados de Hadrian se aproximavam. Ele os seguiu como uma sombra implacável, sua voz fria cortando o ar.

— Vocês não vão a lugar algum — disse ele. — Esta matilha agora é minha. Vocês, Sköll, se submeterão a mim... ou desaparecerão.

Thorne, tomado pela fúria, avançou contra o inimigo com um grito de ódio, mas foi derrubado com um golpe brutal. Safira tentou resistir, mas Hadrian a agarrou pelo pescoço, segurando-a com uma força esmagadora.

— Me solte, seu demônio! — ela gritou, lutando com todas as suas forças. Mas o Alfa inimigo apenas sorriu.

— Você é teimosa, garota. Isso pode ser útil... ou fatal — sussurrou ele.

Ele a puxou, enquanto ela se debatia, mas Hadrian era implacável, então, com um golpe preciso, a desacordou. As duas foram levadas pelo Alfa, que as arrastou para fora da floresta, capturando as últimas herdeiras da matilha Sköll.

PRISIONEIRA

Safira acordou com a cabeça latejando, cada músculo doendo como se tivesse sido esmagada por uma rocha. Ao abrir os olhos, percebeu que estava em uma caverna fria e úmida, as paredes cobertas por musgo, e a única luz vinha de uma fogueira no centro, lançando sombras distorcidas. Sua mente levou alguns segundos para se ajustar, e então a lembrança do ataque devastador veio como uma avalanche: seu pai e irmão mortos, Hadrian... o demônio que destruiu seu lar.

Ela tentou se levantar, mas correntes de ferro prendiam seus pulsos e tornozelos a uma coluna de pedra, fria ao toque. Ao lado dela, Elara, ainda desacordada, também estava acorrentada. Safira sentiu a raiva crescendo, ardendo em seu peito. Hadrian pagaria caro por tudo que havia feito.

Passos ecoaram pela caverna, e Safira ergueu o olhar para vê-lo se aproximando. Ele estava vestido em trajes escuros e carregava o mesmo olhar predatório, como se estivesse inspecionando suas presas. Ao lado dele, havia um grupo de lobos, homens e mulheres, com expressões tão frias quanto a de Hadrian.

— Finalmente acordada — disse ele, com um sorriso sarcástico. — E vejo que a resistência ainda brilha em seus olhos. Interessante.

— Não sei o que você quer conosco, seu Demônio, mas seja o que for, não vai conseguir sem lutar. Você pode ter destruído nossa matilha, mas nós ainda estamos aqui — Safira cuspiu as palavras, tentando manter o tom firme apesar da dor que sentia.

Hadrian deu uma risada baixa, inclinando-se até que seus rostos estivessem a centímetros de distância.

— Ah, pequena Safira, isso não é sobre luta. Se fosse, você e sua irmã já estariam mortas. Eu não destruo o que é valioso... Eu reivindico.

Safira o encarou com uma mistura de raiva e nojo.

— Reivindicar? Acha que vamos nos submeter a você como troféus de guerra? Nunca. Meu pai lutou até o fim, e farei o mesmo.

Nesse momento, uma mulher ao lado de Hadrian, de cabelos loiros como trigo e olhos de um azul glacial, deu um passo à frente. Ela parecia ter uma aura de autoridade que não passava despercebida. Com um olhar frio e calculado, lançou suas palavras afiadas.

— Cuidado com o que fala, garota. A única razão de estar viva agora é por decisão de Hadrian. Eu sou Freya, Beta desta matilha, e a última coisa que você quer é desrespeitar nossas tradições.

Safira lançou um olhar desafiador a Freya, mas percebeu que os outros lobos observavam a cena em silêncio, aguardando as ordens de Hadrian, prontos para atacar ao menor sinal de comando. O Alfa então ergueu a mão, silenciando o murmúrio que começava a crescer entre os presentes.

— Freya tem razão — O Alfa continuou. — E você, Safira, vai entender. Nossa matilha é forte porque não temos espaço para os fracos, e os Sköll, bem... eram apenas um obstáculo. Vocês são os últimos de sua linhagem. É hora de decidir: ou se unem a nós... ou terminam como os outros.

— Não somos fracos — Safira retrucou, a voz trêmula, mas firme. — Somos uma família, e você nunca vai nos corromper com suas ameaças.

Hadrian lançou um olhar divertido, como se estivesse desafiando-a a tentar resistir. Ele se aproximou de Elara, que começava a despertar, e Safira instintivamente tentou avançar, mas foi contida pelas correntes.

— Toque nela e eu juro que vou acabar com você, Demônio! — rugiu a jovem, cada palavra carregada de ódio.

Hadrian sorriu, cruzando os braços.

— Tão protetora. É admirável... e útil. Mas vamos ver o quanto realmente valoriza sua irmã. Esta noite, vocês terão uma escolha. — Ele olhou diretamente para Elara, que observava tudo com uma expressão aterrorizada. — Uma se submete... e a outra é poupada. Mas se as duas recusarem, ambas sofrem as consequências.

Elara agarrou a mão de Safira, o medo visível em seus olhos, mas Safira não recuou. Mantendo o olhar fixo no de Hadrian, falou com firmeza.

— Não vamos nos submeter. Você pode nos torturar, mas nunca terá o que deseja. Os Sköll não se dobram.

Freya deu uma risada baixa.

— Vamos ver quanto tempo dura essa bravura, garota. Há outros caminhos para quebrar a resistência de uma prisioneira.

Hadrian então fez um gesto para um dos guerreiros ao seu lado, um homem alto e de olhar gélido chamado Valen, que parecia ser uma espécie de braço direito do Alfa. Valen se aproximou e lançou um olhar sombrio às irmãs.

— Posso levá-las ao limite, Alfa. Elas não resistiriam muito.

Hadrian olhou para Safira com um brilho nos olhos, como se testasse sua coragem até o último limite.

— Vá em frente, Valen. Leve-as para fora e mostre o que acontece com aqueles que recusam uma oferta generosa. Mas não cause muito dano... Quero que se lembrem de cada segundo.

Safira e Elara foram arrastadas para fora da caverna e levadas para o centro da aldeia dos lobos Drake, onde outros membros da matilha aguardavam. Era um círculo cruel, onde todos pareciam ansiosos para assistir ao que aconteceria.

Valen lançou Safira ao chão, mas ela se ergueu com determinação, seu olhar desafiante, enquanto Elara permanecia ao seu lado, tremendo de medo. Valen olhou para Hadrian, que apenas assentiu.

— Vamos ver até onde vai sua resistência, pequena loba. Afinal, você é a filha do Alfa Kael... Deve ter algum orgulho herdado.

O primeiro golpe veio rápido, mas Safira suportou, sem emitir um som, apenas lançando um olhar feroz ao inimigo. Outro golpe veio, e mais outro, mas ela se manteve de pé, recusando-se a ceder.

Em determinado momento, Elara tentou intervir, gritando.

— Parem! Nós aceitamos... eu aceito... por favor, apenas parem!

Hadrian se aproximou, o rosto exibindo um sorriso satisfeito.

— Então, Safira, agora depende de você. Sua irmã está disposta a se submeter. E você?

Safira olhou para Elara, vendo a súplica nos olhos dela. Tudo dentro de si gritava para proteger sua irmã, mas ela sabia que ceder seria o mesmo que se render à crueldade de Hadrian. Com os olhos fixos no Alfa, ela ergueu o rosto.

— Eu escolho lutar até o fim. Se isso significa que vamos morrer, então que seja. Mas nunca nos submeteremos a você.

Ele deu uma risada fria.

— Muito bem. Gosto de lobos com coragem. Vamos ver o quanto dura sua bravura, Sköll.

Ele acenou para Valen, que puxou Safira e Elara de volta para a caverna, trancando-as, enquanto os lobos da matilha de Hadrian lançavam olhares sombrios, como se aguardassem o próximo movimento do Alfa.

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Sob a luz fraca e ameaçadora da lua cheia, a caverna onde Safira e Elara estavam aprisionadas era fria e silenciosa. Safira sentia o peso da noite, que se estendia diante delas como uma longa e escura vigília. Ela sabia que seu destino estava nas mãos de Hadrian, e o pensamento de sua própria morte, apesar de assustador, parecia quase um alívio se comparado ao vazio que a perda de sua família deixara. Elara tremia ao seu lado, sua expressão pálida e desesperada.

— Safira... — sussurrou ela, com a voz quase inaudível. — Não quero morrer...

Safira a puxou para perto, tentando infundir na irmã uma coragem que ela mesma começava a perder. Sentia o coração martelar no peito, mas manteve a voz firme.

— Não vamos mostrar fraqueza, irmã. Se este for o fim, enfrentaremos de cabeça erguida. Nossa linhagem é nobre, e ninguém vai arrancar isso de nós.

O silêncio foi interrompido pelo som de passos. A porta de ferro da caverna se abriu com um estrondo, e dois guardas entraram, segurando correntes pesadas. Seus rostos eram sombrios, e suas expressões deixavam claro o que viria a seguir. As irmãs foram puxadas sem piedade para fora, arrastadas por corredores gelados até a clareira onde o Alfa aguardava, rodeado por membros de sua matilha.

Hadrian estava no centro, observando as irmãs com um sorriso cruel nos lábios, o brilho vermelho de seus olhos iluminando o rosto predador. Quando as duas pararam diante dele, ele levantou a mão, sinalizando para que os guardas se afastassem. Aproximou-se lentamente de Safira, seus passos ecoando pela clareira enquanto a multidão observava em silêncio, como que hipnotizada.

— Safira Sköll, filha de Kael, você será lembrada como a última teimosa de sua linhagem — começou ele, a voz baixa, mas carregada de um tom quase venenoso. — Eu pensei em conceder-lhe uma morte rápida, mas isso seria fácil demais para alguém como você. Não, você merece algo muito pior.

Safira ergueu o queixo, desafiadora.

— Mate-me se quiser. Só vai mostrar o quão covarde você realmente é. Nós nunca nos curvamos, e isso o assombra.

FAMÍLIA DRAKE

Hadrian sorriu com crueldade e deu um passo ainda mais perto, os olhos ardendo com um ódio contido.

— Oh, não vou matar você, Safira. Você não merece o alívio da morte. Sua punição será muito mais amarga. Eu vou tirar tudo o que restou de sua alma, até que se torne uma sombra do que já foi.

Ele se voltou para os guardas, que seguravam as correntes e se aproximaram dela novamente, desta vez com cuidado redobrado, sabendo o quão perigosa Safira ainda era.

— A partir de hoje, você será minha prisioneira pessoal, minha serva. Vou te manter viva, mas apenas para que você veja, dia após dia, a ruína dos Sköll. Todos saberão que a última filha de Kael viveu como escrava, submissa ao meu domínio. — Ele sorriu friamente. — Um destino pior que a morte, não acha?

O coração de Safira bateu forte de raiva e desespero. Ela cerrou os punhos, mas as correntes a seguravam com força. Elara gritou, tentando se libertar para correr em direção à irmã, mas os guardas a seguraram.

— Não! Por favor, poupe-a! Ela já sofreu o suficiente! — Elara implorou, as lágrimas caindo pelo rosto.

Hadrian apenas riu, como se a súplica fosse um toque a mais em sua vitória.

— Safira, amanhã ao nascer do sol, você será levada à minha fortaleza. Lá, começaremos seu “recomeço”. E não se preocupe, Elara… não pretendo matá-la também. Vou mantê-la viva, assim terá o prazer de assistir sua irmã perder o orgulho, pedaço por pedaço.

Safira o encarou com um olhar de puro ódio, mas havia uma dor profunda ali também. Ela não podia acreditar que ele a deixaria viver apenas para humilhá-la. A morte teria sido um alívio honrado, mas o que Hadrian propunha era uma tortura lenta, que dilaceraria sua alma dia após dia.

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Na manhã seguinte, como prometido, Safira foi retirada de sua cela. Sob o olhar gélido de Hadrian e de sua matilha, ela foi acorrentada e levada até a fortaleza inimiga. A cada passo, o peso da derrota se abatia sobre ela, mas Safira mantinha a cabeça erguida, recusando-se a demonstrar a dor que sentia.

Ao chegarem, Hadrian a conduziu até uma cela fria, onde os guardas a prenderam a correntes curtas, que a impediam de se mover livremente. Ele olhou para ela com um sorriso satisfeito.

— Aqui você ficará, Safira, até que eu decida o que faremos com você a cada dia. E farei questão de lembrar sempre que você é apenas uma sobrevivente dos Sköll, vivendo debaixo dos meus pés.

Safira sentiu as palavras como facadas, mas respondeu com desprezo.

— Pode me prender, Demônio, mas nunca vai apagar a minha linhagem. Os Sköll são mais fortes do que você jamais será. Lembre-se disso, pois, um dia, alguém virá para cobrar essa dívida.

Hadrian riu, ignorando a ameaça com desdém e se retirou.

Depois de sair da cela da jovem Sköll, o Alfa caminhou pelo corredor de pedra da fortaleza com uma expressão que poucos reconheciam. Seus olhos duros e seu semblante implacável relaxaram um pouco à medida que se aproximava da ala interna da fortaleza, onde sua família e sua matilha aguardavam.

No salão principal, o ambiente era acolhedor e até caloroso. A matriarca, Laena, uma mulher de olhar penetrante e presença firme, sorriu ao vê-lo, os olhos brilhando com orgulho e carinho. Ao seu lado, o pai, Jhon, mantinha uma postura de força silenciosa. Ambos eram figuras de respeito, e Hadrian, embora fosse o Alfa, demonstrava sempre deferência e respeito a eles.

O Alfa cumprimentou-os com uma inclinação de cabeça. — Pai, mãe, como passaram o dia? — perguntou, a voz surpreendentemente suave em contraste com o tom gélido que usara com Safira momentos antes.

— Muito bem, meu filho, muito bem — respondeu seu Jhon. — Mas ouvimos que trouxe uma prisioneira… Isso é verdade? — Sua voz era grave, mas não de reprovação. Apenas curiosidade e talvez uma leve preocupação.

— Sim, uma prisioneira dos Sköll, os últimos lobos vermelhos — explicou ele. — Um símbolo de nossa vitória. A filha de Kael e sua irmã mais nova. Elas… eram valiosas demais para um fim rápido.

Ao ouvir isso, seus irmãos entraram na conversa. O mais novo, Damon, observou Hadrian com olhos curiosos.

— Você quer dizer que a mantém como uma lembrança? — perguntou Damon, com uma expressão questionadora.

Hadrian sorriu ligeiramente e pôs a mão sobre o ombro do irmão.

— Não exatamente. Vou usá-la como exemplo. Ela servirá para fortalecer nossa matilha e, ao mesmo tempo, mostrar que ninguém ousa desafiar os Drakes e sai ileso. Mas, não se preocupem — acrescentou ele, ao ver a leve inquietação nos olhos da mãe. — A fortaleza está segura, e ela não poderá ameaçar ninguém.

A irmã mais velha de Hadrian, Valéria, uma guerreira respeitada na matilha, sorriu em resposta. — Isso soa como você, irmão. Sempre cuidadoso, mas nunca deixando uma oportunidade de lado. Acredito que será um trunfo ter os últimos Sköll em nosso poder.

Hadrian assentiu, e por um breve momento, sua expressão suavizou ainda mais. Ele sabia que para sua matilha e para sua família ele era um líder feroz e confiável, mas sempre voltado para protegê-los acima de tudo.

— É verdade, Valeria. E sempre farei o que for necessário por vocês e por nossa linhagem.

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