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Vendida - Meu Dono

Vendida

Eu sempre cresci em uma família muito rígida, por isso que nunca pude ter contato com outros meninos e muito menos estudar em uma escola, já que como minha mãe sempre dizia podia ter o risco enorme de ser rodeada por mal feitores, que só tem desejo pelo meu corpo, mesmo só tendo 16 anos ainda.

Minha escola foi meu quarto, professores renomados sendo contratados a dedo para me ensinar. Longe do mundo e presa dentro do muro da mansão de nossa família.

E agora após mais um dia cansativo estou sentada à mesa, comendo de um delicioso filé em um prato rústico e de porcelana pintada à mão por um pintor famoso de mais ou menos 70 anos atrás. Conseguiram essa relíquia após irem em um leilão e claro, esbanjar o dinheiro e comprar tudo que viam pela frente.

— Sienna, querida. — mamãe fala com uma solenidade que aquece meu coração como todos os dias. É somente por ela que ainda não fugi e a deixei pra trás. — Como foi sua aula hoje?

— Foi Legal... mãe... — engulo em seco quando meus olhos vão até meu pai que não está com uma cara nada boa em minha direção, o que faz eu abaixar a cabeça e continuar a cortar a minha carne no prato.

— Seu professor falou comigo. Disse que mesmo te ensinando você continua errando na mesma coisa após tantas aulas. Qual o problema, Sienna?

— Querido... — ela segura o braço dele, mas ele a empurra para longe enquanto seus braços batem com força na mesa.

— Qual a porra do seu problema, Sienna?! — sua voz ecoa pela sala de jantar e os empregados param tudo que estão fazendo assustados. — Te dei professores incríveis, te dei presentes maravilhosos. Você tem tudo sua maldita ingrata, mas não consegue acertar a droga de um vocabulário de uma língua estrangeira.

— Eu nunca pedi por nada disso... — me encolho enquanto falo baixinho.

— O que você disse?! — ele levanta.

— Nunca pedi nada disso pai! — seu olhar escurece e ele anda em minha direção.

— Amor! — ela tenta segura-lo, mas recebe um tapa forte na cara, que faz ela cair desnorteada no chão.

— Mãe!

— Estou bem. Não responda mais seu pai, ele só quer seu bem! — Ele quer me matar mãe, como não consegue perceber... Como pode ser tão cega.

— Mas estou dizendo a verdade! Cresci ouvindo você passar todos os dias da minha vida na minha cara, como se eu fosse um estorvo, uma desgraça nascida na família Bianchi! Eu também não pedi pra nascer.

O que eu recebo em seguida é tão rápido que meus olhos mal conseguem ver. Primeiro um soco no estômago, outro no rosto que faz meus lábios se cortarem e depois meus cabelos sendo puxados com força para trás. Eu grito, minha voz embolando em um choro mudo preso em minha garganta enquanto as lágrimas descem por minhas bochechas.

— É mesmo, eu só casei com sua mãe porque ela me garantiu que teria um filho homem! Mas ela teve você, que veio com defeito e destruiu a porra do útero dela, deixando ela infértil e incapaz de me dar o meu herdeiro.

— Talvez o defeito tenha sido em você, seu escroto! — cuspo na sua cara.

— Sua vagabunda, agora você vai aprender! — ele sai me puxando pelos cabelos ata o quarto de punição, onde me joga com tudo no chão e pega o seu chicote com pontas cortantes. — Tire a roupa e fique de costas.

— P-pai... Eu ainda estou me recuperando da passada...

— Tira a porra da roupa! Não ligo se está se recuperando. Não ligo pra você, não ligo para o que você pensa. Meu único orgulho em você é ver que tenta esconder essas cicatrizes horríveis em suas costas com uma roupa medíocre

Tiro meu vestido e fico de costas para ele, ficando apenas de calcinha enquanto recebo seus olhares maldosos em minha direção. Papai nunca me tocou de outra forma que não fosse pra machucar, mas eu escutava seus suspiros, os barulhos molhados enquanto sua mão subia e descia por sua intimidade dura enquanto o chicote se enfiava em minha carne e arrancava sangue de suas feridas.

Eu não tenho medo dos meninos fora dos muros da minha casa, tenho medo do homem que mora aqui. Tenho medo de um dia ele não mais me ver como um brinquedo para descontar suas frustrações e invadir meu quarto no meio da noite em busca do meu corpo. Tenho medo de ser ainda pior que os chicotes me ferindo. Tenho medo, pois sei que não importa o quanto eu vá gritar ninguém em juízo perfeito enfrentaria ele. Eles ouviriam meus gritos e seus sussuros seriam tudo que eu escutaria, suas tentativas de ajudar seria com uma pomada para curar minha feridas internas, pois sei que nunca me relacionei com nenhum homem, mas sei o que acontece, e sei que vai doer, sei que ele não vai me perdoar e não tentará ser nem minimamente gentil comigo.

Meu pai é um monstro, e um monstro com poder é um inferno sobre a terra. As leis ficam cegas e o apoiam, as redes sociais espalham que é mentira. Eles nunca ouvirão meus gritos, meus pedidos de socorro.

— Você sabe como funciona, você conta e eu bato, e se errar voltamos pro início. É assim que você gosta não é sua vadia... — ele sussurra, e eu escuto seu cinto abrir, um objeto que ele definitivamente não usa pra me açoitar.

Ele vai fazer aquilo novamente...

O tempo naquela sala parece infinito, a dor não parece passar, a humilhação não parece passar e o desejo de morrer se afunda em meu peito cada vez mais. Seguro meus gritos, mas os soluços escapam, chacoalhando meu corpo em um tremedeira interminável. Seus gemidos aumentam e eu empurro minha cara no chão de madeira, me torturando mentalmente com perguntas sem significado definitivamente.

— Sessenta...

E então ele para, os pingos de sangue no chão fazem poças.

O barulho do seu cinto é escutado novamente, ele arremessa o chicote em algum lugar do quarto e a porta se abre. Ele sai tranquilamente.

— Vá se limpar, você está imunda...

Volto para o quarto com o estômago embrulhado, a vontade imensa de vomitar por sentir nojo do que aquele homem faz. Nojo por saber que tenho seu sangue correndo em minhas veias e que nada mais posso fazer do que aceitar e conviver com minha desgraça.

— Senhorita, Sienna... — a empregada da casa traz uma maleta branca, que eu conheço bem o que é. A que ajuda com meus ferimentos, mas não com minhas dores.

— Saia daqui, não preciso disso! Não preciso da sua ajuda!

— Sinto muito, sei que não sou muito diferente que o seu pai, mas nunca desejaria o seu mal. Não me perdoaria de te ver machucada assim e não fazer nada.

— Você já não faz nada! Você sabe o que ele faz comigo, todos da casa sabem e mesmo assim colocam uma venda sobre os olhos e decidem não ver o que acontece.

— Sienna — ela senta na cama, bem ao meu lado, segurando minha mão com cuidado enquanto me olha com dor. — Eu te vi crescer menina, sei o que você passou, e eu cansei de te ver sofrer. Por isso estou decidida! Hoje você vai fugir.

— O que??? Não, isso não está certo. Minha mãe...

— Sua mãe não se importa com você, querida. É uma alucinada que faz de tudo para te ver sofrer mais e mais. Eu já vi, todos nós já vimos ela olhando as gravações daquela sala maldita com um sorriso sádico. Ela sempre fez esse teatro pois sabia que você ficaria aqui, fez porque sabia que você não a deixaria para trás passando por todas essas situações desagradáveis que seu pai te submete. Na verdade ele está esperando você completar seus 17 anos pra te levar pra um prostíbulo, onde te colocará em um quarto com mais de 20 homens e você sendo a única mulher, em seguida vai fazer o que ele sempre quis.

— Não... Não pode ser...

— Escute, Sienna. Se você não fugir hoje, na próxima semana quando completar os 17 anos nada e nem ninguém mais te salvará. Você pode até sair dessa casa, mas vai sair morta, seu corpo e alma destruidos lentamente como ácido sobre ferro. Quero te ajudar, mas só você pode escolher, então escolha! Você quer viver ou morrer nessa casa?

— Quero viver, mas como vamos sair?

— Se ajeite, pegue suas roupas, coloque tudo em uma bolsa e meia noite estarei aqui novamente, te esperando no quintal.

— Tudo bem — mexo a cabeça rapidamente enquanto ela começa a cuidar das minhas costas, enfaixando todo meu torso ferido e em seguida deixando uma bandeja com comida sobre a cama junto a um analgésico.

Confesso que o remédio e comida realmente me deu sono, então não demorou muito para que eu dormisse por tempo o suficiente antes da minha fuga. Acordei com ela me acordando, a empregada Jesh estava disfarçada e me puxava da cama delicadamente, enfiando mais um comprimido em minha boca e me entregando um frasco com mais analgésicos caso eu precisasse, e eu definitivamente iria precisar.

Coloquei um casaco e saí às pressas pelos corredores da minha casa. A casa está silenciosa e nós nos apressamos por todo percurso até o quintal, onde um segurança está nos esperando.

— Espero que você fique bem depois daqui, senhorita... — ele diz baixo enquanto abre o portão para minha passagem.

— Obrigada, nunca esquecerei disso. — a empregada me segue pelas ruas desertas, indo até o ponto de ônibus mais próximo para pegar a linha de trem e em seguida chegar ao aeroporto.

— Você acha que consegue fazer sozinha agora? O ônibus não tem erro, depois você vai até o terminal de trem e pega o 024 Lomburgo.

— Ok, eu vou saber, já entendi.... — me encolho no casaco, meus dentes batendo de frio, minhas feridas parecem congelar.

— Ótimo, boa sorte querida — ela beija minha testa. — Espero que seja muito feliz.

O ônibus chega e eu entro, vendo que não está tão lotado quanto imaginava, já que o horário é bem suspeito, provavelmente muitos que estão aqui estão voltando ou indo pro trabalho.

O percurso é demorado, o terminal nunca parece chegar e pra piorar o ônibus de repente para do nada. Um silêncio, todos parecem acordar nesse momento, é aí que a porta do ônibus é aberta com brutalidade.

— Ótima madrugada — um homem entra, em sua mão está uma arma todos começam a se alarmar e eu me desespero mentalmente começando a achar que são pessoas do meu pai. — Não há melhor forma de começar o dia que não esse, mas não se preocupem, eu e meus colegas não vamos machucar ninguém, mas isso só vai acontecer se calarem a boca e obedecerem.

Ele anda lentamente pelo corredor, metade do seu rosto coberto e seu corpo todo vestido de preto. Olhando pra cara de todos, mas somente quando chega em mim ele para e me olha.

Engulo em seco, minhas mãos tremendo.

— Você veio a mando do meu pai? — pergunto baixinho e ele ri.

— Seu pai, princesa? Não faço a mínima ideia do que está falando, mas sei que uma garotinha como você não deveria estar andando de madrugada em um ônibus.

— Não achei nada interessante nesse ônibus — outro homem se aproxima.

— É, mas eu achei uma bem interessante, ela vai dar conta do trabalho, é uma garota nova e aparentemente forte e fofa.

— Por favor, eu não tenho nada aqui pra vocês roubarem, não tenho celular, somente a passagem do terminal e roupas e...

Ele coloca a mão na minha boca. — shiii, você faz barulho demais.

— O que vai fazer comigo? — já começo a me desesperar e chorar.

— Primeiro você vai dormir e depois, depois você vai trabalhar e só vai sair dessa vida quando nós não te quisermos mais. Caso isso aconteça, você só escapa do seu destino morta, enterrada em algum lugar qualquer apenas para não suspeitarem da sua morte.

— Por favor...

— Shiii... — Ele levanta um pano, aproximando do meu rosto. — não vai doer, eu prometo. E então ele coloca sobre meu nariz, e eu durmo, sem chance de sequer me debater em busca da minha liberdade.

*

Abro os olhos e estou em um quarto estranho, um quarto de cor vinho e com várias camas e mesas de canto com cada objeto em cima, de flores a relógios, de celulares a despertadores. Aparentemente muitas pessoas dormem aqui.

Tento me levantar da cama, mas ainda estou fraca das pernas, para o meu desgosto, e a porta que eu sequer havia percebido se abre, várias garotas entram, umas somente com roupas íntimas, outras com vestidos curtos, outras com roupas transparentes. Todas com uma maquiagem extravagante, lábios bordados de batom vermelho enquanto carregam bolsas e mais bolsas de marcas chiques, dinheiros e cheques.

Céus, onde é que eu estou?

— Olha só, a novata acordou. — Uma das meninas fala enquanto se joga na cama e abre a bolsa que carrega para ver o que tem dentro.

— Pobrezinha, parece tão nova. — a outra que fala se senta ao meu lado.

— Onde eu estou? — pergunto nervosa.

— Está na sua nova casa. É aqui para onde eles te levam quando é pega na rua.

— Não consigo entender... — meus olhos lacrimejam. — eu era pra estar pegando meu trem.

— Agora tudo que você vai aprender é a foder com homens de todas idades possíveis e em troca talvez ganhe algo interessante. — outra que fala se despe sem vergonha em nossa frente.

— Foder? Não, eu não posso! O que é....- Que lugar é esse?!

— É um prostíbulo de luxo, não muda muito nosso nome do meio apesar do lugar ser meio requintado.

São prostitutas.

— Eu não deveria estar aqui. Estava fugindo de casa e indo pegar meu trem quando entraram aqueles homens estranhos e falaram comigo.

— E acha que nós pedimos para estar aqui? chegamos da mesma forma que você. — a que antes se despia fala enquanto vai te o que acredito ser o banheiro.

— Pelo jeito que se veste parece ter vindo de uma família riquinha. Da pra entender o porquê de nos olhar com tanta repreensão. Eles pegaram um ovo de ouro dessa vez, vai valer uma fortuna no leilão, ainda mais se for virgem. — A que olhava a bolsa fala.

Engulo em seco.

— Elaine, não seja assim, só está deixando ela mais assustada.

— Você se deixa se sensibilizar por qualquer uma que vê, Bella, esse é o seu problema. Não sei como ainda não se apaixonou por nenhum homem da casa.

— Não sinto nojo de ninguém, me desculpe se foi o que pareceu... Só estou confusa ainda e...

— Eu sei querida, está tudo bem. Agora me diga o seu nome e sua idade.

— Sienna, me chamo Sienna e tenho 16 anos.

— Menor de idade? — Elaine arregala os olhos, as duas mulheres se encaram como um semblante estranho.

— O que foi...?

— Sienna, você não pode dizer sua idade pra ninguém, em hipótese nenhuma. Você parece um pouco mais velha, vai te favorecer e te ajudar enquanto está aqui.

— Não entendo, por quê?

— Você vai ser ensinada desde nova, abusada incontáveis vezes até aprender a fazer direito, é nova, seu corpo é forte e com certeza se tornaria o novo brinquedo da casa, do tipo que fica presa com apenas metade do corpo de fora e usada por qualquer um que passar pelo corredor vermelho. A dona da casa é cruel e você não escapará dela até ela dizer que está pronta.

— Mas, Bella. Meu destino não será da mesma forma se eu continuar aqui?

— Não, vou te ajudar.

— Bella, de novo não — Elaine a repreende, mas ela não dá atenção.

— Ficarei com você por todo tempo possível, assim ficará longe de qualquer homem que fique interessado.

— Não vai ser necessário, a garota vem comigo. — uma mulher mais velha entra no quarto e me olha de cima a baixo. — Vou levar ela pra fazer os exames médicos, e em seguida veremos se ficará na casa ou irá para o leilão.

— Senhora, você não pode dá um tempo a ela?

— Não tenho tempo, Bella, tenho coisas pra fazer e a de agora é levar a garota para os exames, não me importo com mais nada além disso. Anda, levanta — ela ordens e assim eu faço, minhas pernas tremendo mais que tudo, quase como se fosse gelatina.

A gente não anda muito, chegamos até uma sala solitária, onde possuía uma maca e um homem bem vestido, usando jaleco e luvas.

— deite, vou começar. — ele prepara a seringa.

Deito calmamente, mexendo em meus dedos sem parar enquanto ele se aproxima. — Isso não é nada demais, vai te manter dormindo por um tempo, apenas.

— Ai... — resmungo quando sinto a picada.

Não durou muito para que meus olhos começassem a pesar e eu voltar a apagar novamente.

*

Abri meus olhos preguiçosamente e encontrei o olhar nada bom da senhora, ela fala algo com o doutor ao seu lado enquanto está virada pra mim.

— Virgem, é tudo que importa, não ligo para as malditas marcas horrorosas em seu corpo. Hoje mesmo ela vai participar do leilão. Obrigada novamente pelos seus serviços, Orlan.

— Por nada, senhora.

Ela sai me puxando pelos corredores, e nosso caminho é interrompido quando alguém diz precisar falar com ela. A mulher deixa claro que eu fique esperando por ele na frente da sala do médico e assim eu faço, aceitando meu destino.

Na verdade ainda estou raciocinando, não consigo pensar em mais nada direito desde que descobri que parei aqui... Eu sou uma azarada.

— Olá, nunca te vi por aqui, é nova né ? — um homem se aproxima, um muito bonito inclusive, alto, loiro e de lindos olhos verdes.

— Sou sim e quem é você ? — pergunto curiosa e ele abre um sorriso.

— Sou Demitri e você, bela moça?

— Sienna... E você está certo é a minha primeira vez aqui, vou ser leiloada como algo qualquer...

— Sinto muito, você parece nova.

— Você não sabe quanto... — lembro das palavras de Bella sobre minha idade. " Sienna, você não pode dizer sua idade pra ninguém, em hipótese nenhuma. Você parece um pouco mais velha, vai te favorecer e te ajudar enquanto está aqui. "

Não posso dizer, não posso confiar!

— Como parou aqui?

— Fui sequestrada do meu ônibus, na verdade eu já estava fugindo e tive a sorte de ser pega naquele mesmo ônibus por aqueles caras, quando acordei estava aqui. Vivi minha vida toda trancada dentro de muros e me meti em outro, talvez ainda pior.

— É a minha primeira vez no leilão e na casa também, sinto muito mesmo que tenha que passar por isso. Posso te ajudar a se livrar se quiser, mas vou ter que te comprar no leilão, eu iria apenas participar, mas sinto algo bom vindo de você, sinto que preciso te ajudar.

— E não vai pedir nada em troca, como posso confiar?

— Apenas confie. Quando estiver sobre minha posse você estará livre e não impedirei você fazer o que quiser.

— posso mesmo acreditar em você? — estou desesperada, se o que ele realmente estiver falando for verdade preciso acreditar.

— Eu prometo — ele beija minha mão

*

Noite do leilão

Há fileiras de garotas, de todas as cores e raças, uma após a outra, maioria delas está chorando, eu entendo, eu deveria estar também, mas acho que já passei por tantas coisas que nada mais parece me abalar tanto, fora que estou dopada de anestésicos, é a única coisa que me mantém de pé depois das chicotadas.

Procuro por Demitri no meio de todos aqueles homens, mas não o vejo e meu coração.

Lances altos demais para imaginar tantos números acontecem, as garotas explodem em gritos de desespero. E então a primeira lágrima cai. Estou com medo.

— Sienna, se aproxime — eu o faço.

— Sienna é uma garota muito inocente e que aparentemente já deu início aos treinamentos de BDSM para a surpresa de todos. Tem um belo corpo, e belos quadris até aos seios cheios e redondos. E claro, o trunfo final. Sienna apesar de todos os treinamentos permanece virgem, tão fechada quanto um broto, então apesar dessa carinha ela é experiente e devassa.

Cale a boca! Não ouse dizer que sou devassa por receber os castigos que nunca pedi, essas malditas marcas em meu corpo jamais irão sair e eu preferiria morrer a viver com elas.

O soluço escapa e eu tremo me derramando em lágrimas.

— Então vamos começar. Por essa bela obra prima de beleza exuberante e talentos extraordinários e intocada, o lance é o mais caro. São dez milhões!

Há suspiros e sussurros.

Um homem velho levanta sua placa e eu engulo em seco quando o representante grita, são muitos homens.

— 10 milhões para aquele senhor.

E os minutos se desenrolam, mais e mais.

Demitri, onde você está?

— cem milhões! — um homem lá no fundo grita abrindo uma maleta cheia de dinheiro, a sala se silencia.

— Alguém mais? 1...2...3.... Vendida!

— Fui enganada... — desabo em um choro.

— Anda! — o segurança me empurra até outra sala e é lá onde vejo meu comprador. Um homem alto, de cabelos negros, tatuagens e olhos tão azuis quanto o oceano, ele me olha de cima a baixo como se me avaliasse.

— Pare de chorar. Seria muito pior ficar com aqueles velhos e viver um inferno, vou cuidar de você e ser o que precisa ter e você será o que eu preciso, minha escrava, minha cadela, tudo o que eu quiser que seja.

liberdade

— Quem é você...? — engulo o choro enquanto limpo minhas lágrimas.

— Zion Dcart, mas não é por esse nome que você vai me chamar. — Ele levanta da poltrona e vem até mim. — Sou o seu senhor agora.

— O meu senhor... — repito a palavra com curiosidade e ele segura meu rosto, olhando para cada traço em meu rosto, como se avaliasse.

— Você é bem mais pequena do que eu imaginei, quantos centímetros você tem?

— Faz algum tempo que me medi, mas pelo que me lembre é 1,62.

— Bom você não vai passar disso já que tem 18 anos, não é como se esse detalhe me incomodasse. É muito gostoso ficar por cima de mulheres da sua altura, me sinto o dono do mundo, pois dono delas eu já sou. — ele solta meu rosto.

Céus, eu estou realmente mentindo sobre minha idade e falando sobre algo desse tipo com um homem.

— Vire de costas e empine a bunda, Sienna. — ele me puxa até frente de uma mesa.

— O que...? Nós já vamos fazer?! M-mas eu nunca....

— Sienna, apenas me obedeça. — ele me empurra e eu me apoio, fazendo como ele pediu. — Seu mestre parece ter sido bem folgado com você, vou ter que te ensinar tudo.

Meu pai...

Meu pai não é o meu mestre ou seila o que isso signifique. Ele era um monstro!

Ele abaixa minha calcinha e sinto quando seus dedos acariciam a parte interna da minha coxa antes de começar a subir. Um arrepio sobe junto a uma tremedeira estranha, fecho as pernas antes que consiga perceber.

— Sienna! — ele rosna, e sua mão acerta minha bunda com força. Choramingo de dor, tentando escapar, mas uma de suas mãos se mantém firme em minhas costas, me imobilizando contra a madeira da mesa.

Os movimentos voltam, encontrando minha intimidade. Seus movimentos ali não machucam como imaginei que machucaria, é algo suave e lento. É uma sensação estranha e boa.

Suspiro, engolindo a saliva em minha boca que acumula sem que eu perceba.

Me sinto de repente mole e sensivel.

Mas o momento de deslumbre se vai quando algo me invade, arde, dói, incomoda muito. Eu me mexo incomodada, gemendo de dor.

— Ai, ai, tira... Está doendo...

— Shiii, está tudo bem, só estava vendo se estava tudo de acordo. — ele retira e eu olho para trás, a tempo de ver ele colocar o dedo molhado na boca, se deliciando com o sabor de dentro de mim.

Minhas bochechas começam a ganhar um tom vermelho enquanto vejo a cena se desenrolar em minha frente.

— Isso dói muito...

— Você vai se acostumar. — ele ajeita o meu vestido e puxa minha calcinha para cima. — Primeiro vou te ensinar as regras e você vai se adaptar aos poucos, mas espero que aprenda rápido pois não sou um homem paciente, Sienna. Espero ter que te ensinar apenas uma vez, se falhar comigo vai receber as devidas punições.

— Tudo bem, senhor... — abaixo a cabeça.

— Ainda está doendo? — ele pergunta ajeitando o cabelo que cai sobre meus olhos.

— Oh! — meu rosto esquenta. — Está meio estranho agora, mas não está mais doendo.

— Ótimo. Vamos para casa agora. — ele agarra minha mão, me tirando daquela sala, daqueles corredores escuros, daquela senhora que me vendeu.

Será que finalmente poderei ser feliz?

Enquanto saímos o ar frio me atinge e eu me encolho, mas as mãos do meu senhor trazem uma quentura conhecida por mim, um casaco grosso que ele vestia, ele coloca sobre meus ombros, tão grande que parece um enorme vestido.

— Sienna! — uma voz conhecida chama nossa atenção e nos tira daquela bolha com olhares intensos.

— Pra trás, Sienna! — Zion brada, nada feliz, e eu o obedeço, olhando de trás dele quem me chama.

— Demitri?! — falo sem pensar e os olhos azuis de Zion se direcionam até mim, um semblante nada feliz.

— Conhece ele? — engulo em seco. O que eu deveria falar?

— É claro que eu conheço, Zion Dcart... — ele diz seu nome com nojo. — Eu prometi uma coisa para essa pequena linda mulher, mas cheguei tarde e vejo que quem a conseguiu foi você.

— Se quiser algo vá pro final da fila, Demitri Estrovan. Você não é o primeiro e não será o último que quer algo de mim.

— Me der ela, eu pago o dobro, o triplo do valor ou mais se quiser. Me dê a garota.

Zion se aproxima dele, seus pés afundando na grama enquanto seus olhos azuis encaram os de Demitri. Há um sorriso de escárnio enquanto ele fala, assoprando as palavras junto com a fumaça de ar que sai da sua boca pelo frio.

— Não quero seu dinheiro, não preciso dele nem em valores maiores... Eu comprei ela, e ela agora é minha. Seja lá qual foi a promessa de vocês acaba aqui, você falhou e perdeu, perdeu mais uma vez pra mim. — Zion agarra meu pulso, me puxando até o carro.

Me viro para Demitri ele parece sem chão, consigo entender seu sussurro ao mesmo tempo que a lágrima fria escorre pela minha bochecha.

Ele não me traiu...

" Me desculpe, Sienna. "

Zion me empurra para dentro do carro com brutalidade e seus gritos de raiva me deixam alarmante.

— Como você conhece aquele filho da puta?! — ele agarra meu pescoço. — Pareciam bem íntimos pelo visto pra fazer uma promessa. O que ele te prometeu? — ele aperta com mais força. — O que ele te prometeu, porra!?

— S-senhor...

— Engula o choro! Não me faça te dar um motivo pra chorar de verdade, Sienna. Não me faça!

— D-desculpa... — peço.

— Sienna, não me faça repetir.

— Eu o encontrei hoje mais cedo quando estava saindo da sala de exames, conversamos por um tempo e ele se comoveu, me prometeu que me tiraria de lá e que me daria a minha liberdade.

— Liberdade... — ele ri. — Foi isso que ele te prometeu? Você é patética Sienna, é por isso que agora é minha, minha maldita escrava que não tem liberdade para nada que eu não escolher ser necessário.

Ele solta meu pescoço e eu busco por ar enquanto olho para a janela fechada do carro, onde vejo Demitri ainda de pé, olhando para o carro com tristeza.

Céus... meu Deus, estou em outro inferno?

primeiro

— Sienna. — escuto um sussurro, um carinho em minha cintura, um toque quente entre minhas pernas. — Acorde, nós já chegamos.

Abro os olhos preguiçosamente, bocejando a tempo de ter seus lábios em minha boca. Um selinho caliente, mas que me deixa fraca.

— Senhor...

— Venha, preciso te apresentar sua nova casa. — apesar de parecer um homem bem sério e bravo, agora ele está mais calmo e gentil, mal consigo perceber os traços de quando ele apertou meu pescoço.

Será que Demitri está bem? Será que está magoado comigo por eu ser comprada por outra pessoa que não fosse ele?

— Me desculpa por dormir, acho que estava na sentindo bem cansada. — saio só carro quando ele abre a porta para mim.

— Você estava precisando, vamos, Sienna. Quero te mostrar sua nova casa — Zion diz, oferecendo seu braço para mim.

Eu o aceito, sentindo o calor de sua pele contra a minha. Ele me leva por um caminho pavimentado, cercado por árvores altas e bem cuidadas. A casa é imensa, com janelas amplas e uma fachada elegante.

— É aqui que você vai morar agora — Zion annonce, com um sorriso possessivo.

Ele me leva para dentro, mostrando os cômodos luxuosos e decorados com gosto. Cada detalhe parece ter sido escolhido para satisfazer seus desejos.

— E esta é sua suíte — Zion diz, abrindo uma porta que revela um quarto amplo e elegante.

Há uma cama enorme, com lençóis de seda e travesseiros macios. O banheiro é um santuário de luxo, com uma banheira de hidromassagem.

— Você vai se sentir em casa aqui — Zion promete, aproximando-se de mim.

Sinto seu hálito quente em meu pescoço, fazendo meu coração acelerar.

— Obrigada, senhor — murmuro, tentando controlar meus sentimentos.

Mas há algo que me intriga. Uma porta no final do corredor, parcialmente escondida por uma cortina.

— E aquela porta? — pergunto, sentindo curiosidade.

Zion segue meu olhar, seu rosto mudando de expressão.

— Aquela porta é proibida, Sienna. Não quero que você vá lá — ele diz, sua voz firme e autoritária.

Sinto um arrepio. O que pode estar escondido atrás daquela porta?

— Sim, senhor — respondo, tentando ocultar minha curiosidade.

Mas não consigo deixar de pensar naquela porta. O que Zion está escondendo de mim?

— Vamos jantar agora — Zion anuncia, interrompendo meus pensamentos.

Ele me leva à sala de jantar, onde uma refeição elegante está preparada. O jantar é silencioso, com Zion observando-me com um olhar intenso.

— Você está gostando da comida? — ele pergunta, quebrando o silêncio.

— Sim, senhor. Está deliciosa — respondo, sentindo-me desconfortável sob seu olhar.

Após o jantar, Zion me leva ao jardim, onde uma noite estrelada nos espera. Um Céu tão escuro que não vejo nada mais além das pequenas estrelas e a lia tão brilhante.

— Você gosta do jardim? — ele pergunta, aproximando-se de mim.

— Sim, senhor. É lindo — respondo, sentindo-me cada vez mais nervosa.

Zion se aproxima ainda mais, seu hálito quente em meu ouvido.

— Eu quero que você se sinta em casa aqui, Sienna. Quero que você seja feliz — ele diz, sua voz baixa e sedutora.

Sinto meu coração acelerar, minha pele arrepiar. O que Zion quer de mim?

— Obrigada, senhor — murmuro, tentando controlar meus sentimentos. — Confesso que estava um pouco ansiosa, mas saber que me trata tão bem me tranquiliza.

— Só irei te tratar bem se você se comportar e obedecer o que preciso que obedeça. Se o fizer será tratada como uma princesa.

— Você vai me contar as regras agora? — pergunto curiosa e ele sorri ladino enquanto me faz sentar no banco de frente para o lindo jardim florido.

— Primeiro de tudo você não pergunta o porquê estou fazendo nada, só me obedece sem questionar. Segundo, você não fala com nenhum homem que não seja eu, não fala, não olha, apenas permanece de cabeça baixa até eu mandar. Quando eu chegar em casa quero você me esperando obedientemente na porta. — Terceiro — continua Zion, sua voz firme e autoritária —, você não sai desta casa sem minha permissão. Quarto, você não entra na porta proibida, nunca. Quinto, você faz o que eu mandar, quando eu mandar, sem hesitar.

Ele se aproxima de mim, seus olhos intensos e penetrantes.

— Se você seguir essas regras, Sienna, você será recompensada. Mas se você desobedecer... — sua voz se torna mais baixa e ameaçadora —, você sofrerá as consequências.

Sinto um arrepio percorrer meu corpo, mas não consigo desviar meu olhar de Zion. Ele é tão intenso, tão controlador.

— Entendeu? — ele pergunta, sua voz ainda baixa.

— Sim, senhor — respondo, tentando manter minha voz firme.

— Agora, quero que me conte um pouco mais sobre você, aquela velha vagabunda só contou os detalhes mais assemelhados com o valor de uma boneca.

— Eu fugi da casa... Eu não gostava de lá e sempre me senti sufocada, precisava me libertar daquelas correntes, então quando peguei o ônibus fui sequestrada e levada para o prostíbulo...

— Antes disso, quero saber o que come, o que não come, suas alergias, seus gostos, quero saber tudo sobre você. — Tudo sobre mim?

Quando foi a última vez que alguém me perguntou o que eu gostava? Quando foi a última vez que se preocuparam com a comida que me serviam a mesa? Meu corpo treme enquanto as lágrimas escapam.

— Sienna, está tudo bem? — ele parece preocupado.

Não consigo similar nenhuma palavra para dizer naquele momento. Meus pensamentos só me trazem lembranças de tristeza e desgosto durante minha vida. Todo o sofrimento armazenado com marcas profundas sobre minha pele, marcas horripilantes me minhas costas, cortes tão profundos que alcançaram a minha maldita alma infeliz.

Me jogo em seus braços, e ele aceita sem reclamar, apesar de parecer estranhar no começo. Choro em seu peito, depositando todas as sensações ruins que senti por tanto tempo. Sua roupa encharca, mas ele não se importa, continua fazendo um carinho em minha cabeça.

— Está mais calma agora ? — ele indaga, sua voz rouca saindo como uma melodia sensual e depravada.

— Uhum...

Me afasto do seu corpo e ele limpar minhas lágrimas com o dorso de sua mão. — Seus olhos estão inchados agora.

— Desculpa...

— Chore, não importa quantas vezes, mas chore somente comigo. Apenas eu tenho o direito de ver suas lágrimas.

— Tudo bem, senhor.

— Por que chorou, Sienna? — ele me coloca sobre seu colo.

— Porque lembrei que sempre fui muito triste em minha vida, e ninguém nunca me perguntou o que você perguntou hoje...

— Então comece a se acostumar. São minhas perguntas que você vai sempre ouvir a partir de hoje. Que tal ir descansar um pouco agora? Acho que você está precisando, vou mandar uma empregada te ajudar no banho.

Minhas costas! — não precisa, senhor, eu consigo, prometo que se eu precisar de ajuda lhe chamarei imediatamente.

Ele parece estranhar de primeira, mas não fala nada e apenas suspira, confirmando sem contestar.

— Tudo bem, mas qualquer coisa me chame.

— chamarei, senhor.

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