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Nosso Amor Inacabado

Capítulo 01

...Lívia Fiore...

...Augusto Avlis...

...Livro inspirado na música: Moça chique...

...Os cinco primeiros capítulos desse livros serão destinados ao passado, os demais serão sobre o presente. Que é para vocês entenderem um pouco sobre a história do casal 💛...

...🌻Augusto Avlis🌻...

Oito anos antes...( PASSADO)

Aquela tarde estava fria, mas o calor do meu peito me empurrava, me aquecia. O treino foi pesado, mas eu nunca senti tanta vontade de lutar por algo na minha vida. Cada gota de suor, cada músculo dolorido… tudo isso tinha um propósito, e eu me apegava a ele como se fosse a única coisa que eu possuía. E, na verdade, talvez fosse.

Saí do ginásio com as pernas pesadas, mas os pensamentos leves, e logo avistei a pracinha. Lá estava ela, sentada no banco de sempre, com aquele moletom que já não aquecia mais nada. Lívia esperava por mim como fazia quase todos os dias. Só de olhar pra ela, meu coração se acalmava. Ela era a minha certeza, meu ponto de paz. Eu podia ter tudo ou nada, mas enquanto tivesse ela, nada mais importava.

Andei até ela, tentando não demonstrar o cansaço. Cheguei e sentei ao seu lado, fingindo não perceber o olhar de preocupação que ela lançava em minha direção.

— Você está exausto, Augusto. – ela disse, apertando minha mão.

—É só o treino, meu amor. –  eu sorri, tentando parecer despreocupado. – Você sabe que eu dou conta.

Ela suspirou, e eu sabia que era o suspiro de quem queria me proteger do mundo, de todo o peso que eu estava tentando carregar sozinho.

— Mas você precisa se cuidar. –  ela disse baixinho. – Esse teste é só o começo, não pode se acabar agora.

— Não vou, princesa. – respondi, mais para mim mesmo do que para ela. — Isso é só um degrau. Vou conseguir essa vaga, vou ser alguém. Por você… por nós.

Ela sorriu, aquele sorriso que parecia iluminar a noite que começava a cair ao nosso redor. Em momentos assim, eu esquecia o cansaço, o medo, a incerteza. Nada importava, porque eu tinha a coisa mais valiosa do mundo ao meu lado. Ela.

— Você já é alguém, amor. – ela disse, apertando minha mão com força.

Eu queria dizer o quanto ela me fazia sentir invencível, o quanto eu queria realizar cada sonho com ela. Mas palavras pareciam pequenas diante de tudo o que eu sentia. Então, em silêncio, só fiquei ali, segurando sua mão, vendo nosso futuro nos olhos dela, e prometendo a mim mesmo que nada, nem o mundo, me tiraria aquela garota.

Naquele momento, eu já sabia que faria qualquer coisa por nós.

O caminho até minha casa era curto, mas ao lado dela, parecia uma eternidade — uma daquelas eternidades que a gente nunca quer que termine. Andávamos de mãos dadas, e eu sentia a pele dela contra a minha, suave e quente, como se o frio da noite nem existisse.

Quando chegamos à minha casa, abri a porta com cuidado para não acordar minha mãe, que dormia cedo por causa do trabalho na feira logo de manhã. O lugar era pequeno, simples, mas com ela ali parecia mais acolhedor. Ela olhou ao redor, soltando um sorriso leve ao ver as paredes cobertas com alguns pôsteres antigos de vôlei e as pilhas de livros de escola e revistas de esportes. Eu sabia que Lívia não ligava para a simplicidade; ela sempre dizia que o que tínhamos era o bastante.

No meu quarto, tínhamos o espaço apertado de sempre, mas era nosso. Lívia sentou-se na cama de solteiro e tirou os sapatos, enquanto eu apagava a luz, deixando só um abajur velho iluminando o quarto com uma luz amarelada. Deitei ao lado dela, e nossos corpos ficaram tão próximos que eu sentia sua respiração.

Ela virou para mim, passando a mão pelo meu rosto, e eu fechei os olhos. Aquela era a minha paz, o meu porto seguro. Cada toque dela me lembrava por que eu me esforçava tanto, por que eu sonhava tão alto. Ela me fazia sentir que tudo isso valia a pena, e que, de alguma forma, tudo ia dar certo.

Aquela noite, dormimos juntos, com nossos corpos entrelaçados naquela cama de solteiro, sonhando com o futuro que construiríamos. A vida ainda era difícil, mas com ela ali ao meu lado, eu sentia que já possuía tudo.

Fechei os olhos, ouvindo sua respiração suave, e prometi a mim mesmo que, um dia, daria a ela todo o conforto e a felicidade que ela merecia.

Capítulo 02

...🌞 Lívia Fiore 🌞...

Oito anos atrás( PASSADO)

Eu estava cansada, mas com uma felicidade inexplicável no peito. Na noite anterior, fiquei até tarde no restaurante, contando cada gorjeta, cada centavo. Sabia que, com mais uma noite de esforço, eu conseguiria ajudar Augusto a ir para o Rio fazer o teste. E agora, aqui estávamos nós, de mãos dadas, prontos para ver um filme que havíamos esperado por semanas.

Antes de entrarmos no cinema, ele tentou insistir que pagaria, mas eu ri, balançando a cabeça.

— Você já sabe como isso funciona, meu bem. Hoje é por minha conta. — brinquei, entregando as notas amassadas para o caixa.

Era engraçado porque, ao mesmo tempo que ele relutava em aceitar, eu sabia que ele gostava do jeito que dividíamos tudo. Era assim que fazíamos desde o começo: um cuidava do outro, mesmo nas pequenas coisas, porque sabíamos que, enquanto estávamos juntos, tudo era mais fácil de carregar.

Sentados na última fileira, onde o cinema parecia mais vazio, eu apoiei a cabeça no ombro dele e senti o calor e a segurança que só ele me dava. Por mais que a rotina fosse difícil, os trabalhos e os estudos exaustivos, momentos como aquele me lembravam do porquê valia a pena. E o melhor de tudo era ver aquele brilho nos olhos dele, aquele mesmo brilho de garoto sonhador que eu tinha conhecido.

Durante o filme, trocávamos olhares e risadas discretas, como se o mundo lá fora nem existisse. Mas uma coisa não me saía da cabeça: o teste estava chegando, e eu sabia o quanto ele estava nervoso. Ele tentava disfarçar, mas eu percebia, e tudo o que queria era que ele soubesse que eu estava ao lado dele, sempre.

Na saída do cinema, paramos um pouco antes de seguirmos para casa. Ele me puxou para perto e ficamos ali, em silêncio. Eu sabia que, para ele, o dinheiro da viagem, as horas extras que eu fazia, tudo aquilo significava muito mais do que um simples esforço.

— Sol, eu não sei o que fiz para merecer alguém como você. – ele sussurrou, me olhando nos olhos. E naquele momento, percebi que qualquer coisa, qualquer cansaço, qualquer sacrifício, era pequeno comparado ao amor que eu sentia por ele.

— Você merece tudo, meu amor. Só quero ver você feliz. – respondi, com um sorriso.

Enquanto caminhávamos de volta para casa, eu sabia que nosso futuro era incerto, mas com ele ao meu lado, tudo parecia mais simples, mais leve. Cada hora extra, cada conta rachada, era uma prova de que estávamos construindo algo juntos, um sonho compartilhado que nos levava a acreditar que, juntos, podíamos conquistar o mundo.

Eu estudava design de moda e tinha 19 anos, com a cabeça cheia de ideias e sonhos de criar, de dar vida a algo que fosse único. Augusto, por outro lado, estava no caminho seguro, estudando contabilidade. Mas, mesmo com 21 anos, ele nunca deixou de sonhar com algo maior, algo que realmente o fizesse sentir vivo: a carreira de atleta. O amor dele pelo vôlei era antigo, dessas paixões que parecem que a pessoa já nasce com elas.

Apesar de toda a pressão para seguir uma profissão "segura", ele nunca desistiu de tentar. Eu admirava isso nele. Todo treino, cada centavo economizado, cada hora de sono perdida — tudo era dedicado a esse sonho. Até que, finalmente, surgiu uma chance de ouro: ele foi convidado para um teste no clube de vôlei brasileiro, uma das melhores equipes do país.

Nós sabíamos o que aquela oportunidade significava. Ele tinha passado anos se dedicando, mesmo sem garantias de que algo grandioso sairia disso. E agora, depois de tanto sacrifício, o mundo parecia finalmente olhar para ele, como se reconhecesse todo o esforço.

Com essa viagem ao Rio se aproximando, fiz o que pude para ajudar. Meus dias no restaurante, as noites de estudo, e até mesmo algumas roupas que eu customizava e vendia para amigos na faculdade — tudo estava focado em dar aquele empurrãozinho a mais para que ele tivesse a oportunidade que merecia. Eu queria vê-lo feliz, mas, acima de tudo, queria que ele visse o quanto eu acreditava nele.

Ver o brilho nos olhos de Augusto cada vez que ele falava sobre o teste me enchia de esperança. Sabíamos que, se ele conseguisse essa vaga, nossa vida mudaria para sempre. Eu só podia imaginar onde estaríamos daqui a alguns anos.

Talvez eu estivesse com meu diploma de design em mãos, ele sendo a estrela que sempre sonhou, e, quem sabe, finalmente pudéssemos olhar para trás e ver que todos os nossos sacrifícios, todas as noites de trabalho, toda a luta… tinham valido a pena.

.........

...OBS: Dizer que uma pessoa é "o nosso sol" significa que ela é uma fonte de luz, calor e felicidade na nossa vida. Assim como o sol traz energia e vida ao mundo, essa pessoa traz alegria, segurança e inspiração. Ela pode nos guiar nos momentos difíceis, iluminar nossos dias mais escuros e fazer com que tudo pareça mais positivo. Em um relacionamento, é como se essa pessoa fosse o centro de tudo, alguém que ajuda a crescer, que nos fortalece e que faz com que tudo pareça melhor ao seu lado....

Capítulo 03

...🌻Augusto Avlis🌻...

Oito anos atrás( PASSADO)

A rodoviária estava cheia de gente, um vai e vem constante, mas, para mim, parecia que só existiam elas duas ali: minha mãe e Lívia. Olhei para elas e senti o peso da despedida se misturar com a empolgação da viagem. Era a minha chance, mas eu também sabia que deixar as duas para trás não seria fácil.

Minha mãe, sempre firme, estava ao meu lado com um olhar orgulhoso e um brilho nos olhos que não via há muito tempo. Ela acreditou em mim desde o começo, mesmo quando tudo parecia impossível, quando eu não passava de um garoto que sonhava alto demais. E Lívia… Ela segurava minha mão, sorrindo como se quisesse me dar toda a força do mundo, mas eu via a preocupação escondida ali.

— Então, meu filho, chegou a sua hora. – disse minha mãe, com um sorriso que eu sabia que era para me tranquilizar, embora eu visse a emoção em seus olhos. — Você merece essa oportunidade. Nunca esqueça de onde veio e o quanto lutou para estar aqui.

Ela me abraçou forte, e por um instante, fui transportado para todas as vezes que ela me incentivou, me deu forças quando eu pensava em desistir. Eu sabia que, de certa forma, estava realizando um sonho que era tanto meu quanto dela.

Depois, foi a vez de Lívia. Ela me puxou para perto e, sem falar nada, me deu um abraço apertado, daqueles que fazem a gente sentir que está deixando um pedaço de si mesmo para trás. Senti o cheiro suave dela, e aquilo acalmou meu coração. Eu sabia que ela sempre acreditou em mim e que, por mais que essa viagem fosse uma chance de mudar minha vida, era também por ela que eu estava ali.

— Vai dar certo, amor. – ela sussurrou, sem esconder a emoção. – Vou estar aqui, esperando, e vamos realizar nossos sonhos juntos.

Fiquei segurando o rosto dela por um instante, tentando gravar cada detalhe para não esquecer enquanto estivesse longe. Mas era impossível.

— Eu prometo, princesa. Vou dar o meu melhor, por nós. – respondi, a voz embargada. – Quando eu voltar, vai ser o começo da nossa nova vida.

O alto-falante anunciou que o ônibus para o Rio estava partindo. Tive que me afastar, sentindo um nó no peito, e dei uma última olhada para elas, paradas ali, com o rosto carregado de orgulho e de esperança.

Entrei no ônibus e me sentei perto da janela, olhando para fora enquanto ele começava a se mover. Encostei a cabeça, sentindo uma mistura de saudade e determinação. Aquele era o meu momento, a chance de conquistar tudo o que sempre sonhamos. Fechei os olhos e fiz uma promessa silenciosa: eu não ia desapontá-las.

...[...]...

Dois meses se passaram desde aquele dia na rodoviária, e tudo mudou numa velocidade que eu nem imaginava ser possível. O teste foi um sucesso, e agora eu fazia parte do time. Tinha conseguido! Era difícil acreditar que, depois de tantos anos de treino e persistência, estava vivendo o começo de tudo o que sempre sonhei. Só tinha uma coisa que não mudava: todo fim de semana, eu pegava o ônibus de volta para casa, para ver minha mãe e Lívia.

A cada visita, eu trazia uma lembrança para elas. Não era nada grande, porque o salário de iniciante mal dava para as despesas, mas eu fazia questão de trazer algo que mostrasse o quanto pensava nelas.

Naquele sábado, quando cheguei na casa da minha mãe, ela me recebeu com um abraço apertado. Minha mãe me teve cedo, aos 17 anos, e desde então, foi mãe e pai ao mesmo tempo. Criou-me sozinha, enfrentando tudo com uma coragem que sempre me inspirou. Era uma verdadeira guerreira. Alguns anos depois, teve meu irmão mais novo, Daniel. Com 14 anos, ele já ajudava ela na feira aos finais de semana, sempre ao seu lado, carregando as caixas e atendendo os clientes.

Nossa família era pequena, mas unida. Minha mãe nos ensinou o valor do trabalho desde cedo, nos mostrando que nada na vida vem fácil. Ela se sacrificava diariamente para dar o melhor para mim e para o Daniel, e ver os dois juntos, lado a lado, me lembrava de onde eu vinha e de tudo o que queria conquistar.

— Meu filho, você tá com um brilho diferente. Esse sorriso no rosto me deixa mais feliz do que qualquer coisa no mundo. – ela disse, orgulhosa. Eu entreguei a ela um porta-retrato com a foto do time e ela segurou aquilo como se fosse uma joia. – Agora posso mostrar pra todo mundo quem é meu filho e o que ele conseguiu.

Depois, fui buscar Lívia na faculdade. Ela estava me esperando no portão, e, assim que me viu, abriu um sorriso que fez qualquer cansaço desaparecer. Aquele sorriso era como voltar para casa, um lembrete de tudo o que realmente importava. Ela era meu porto seguro, minha inspiração, e vê-la ali, com o mesmo brilho no olhar de sempre, me fazia querer mover montanhas por ela.

— Eu tava contando os minutos pra te ver. – eu disse, puxando-me para um abraço apertado.

— Tava com saudade. – ela disse, abraçando-me com força.

— Eu também. E olha o que trouxe pra você. – falei, entregando uma pulseirinha que encontrei na feirinha do Rio. Ela riu, surpresa, e colocou a pulseira no pulso, admirando o presente simples como se fosse o mais precioso.

— A cada fim de semana, uma surpresa nova. Vou acabar ficando mal-acostumada, hein. – brincou.

Conversamos por horas, contando um ao outro as novidades. Ela me falava do curso de design, das novas ideias e planos que tinha, enquanto eu falava sobre o ritmo intenso dos treinos, a pressão dos jogos e o quanto aquilo me desafiava. Ela ouvia com atenção, me encorajando, e eu via o orgulho nos olhos dela, o mesmo orgulho que me impulsionava a ir cada vez mais longe.

Quando a noite caiu, fomos caminhar pelo bairro, relembrando os sonhos que tínhamos feito juntos. Estar ao lado dela, mesmo que só nos fins de semana, me dava a força para enfrentar qualquer coisa. Eu sabia que não estava sozinho.

A cada despedida, o aperto no peito era inevitável, mas o que me confortava era a certeza de que, por mais longe que o meu sonho me levasse, meu lugar continuaria sendo ao lado da minha família.

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