O reino de Zyren é vasto e cheio de tradições antigas, onde lendas e profecias circulam entre os moradores como histórias para acalmar ou amedrontar.
Em uma manhã ensolarada, vemos uma jovem camponesa chamada Jade, de aproximadamente 18 anos, ocupada ajudando sua mãe com as tarefas diárias na fazenda. Jade é uma jovem de espírito inquieto, que frequentemente sonha em escapar de sua vida rotineira e explorar o mundo além das colinas de sua vila.
Desde pequena, Jade sempre sentiu que havia algo de especial nela, uma inquietude, como se o destino a chamasse para algo maior. Ela é atraída pelo desconhecido e passa muito tempo sozinha, explorando as florestas próximas e imaginando as aventuras de guerreiros, feiticeiros e princesas das lendas. Apesar de seu pai e sua mãe desejarem que ela seja apenas uma jovem comum , Jade possui uma visão de vida que vai além dos limites da fazenda.
Naquele dia, enquanto o mercado da vila fervilha de vida com agricultores, comerciantes, e vendedores de outras regiões, Jade implora à mãe para deixá-la ir até o vilarejo próximo para comprar algumas sementes e suprimentos. Relutante, sua mãe cede, mas a avisa para tomar cuidado e voltar antes do anoitecer.
No outro dia Jade caminha pelo mercado colorido e animado, aproveitando cada detalhe: o cheiro das especiarias, o brilho das joias exóticas e as vozes variadas que conversam em idiomas e sotaques diferentes. Enquanto examina alguns tecidos, ela ouve vozes que a atraem, vindas de uma tenda escura e misteriosa.
Curiosa, Jade se aproxima e escuta um grupo de anciãos conversando em tom baixo e conspiratório. Eles falam de uma "profecia esquecida", e mencionam uma figura misteriosa chamada "a Rosa de Fogo". A anciã mais velha do grupo, de pele enrugada e olhos brilhantes, explica que, segundo a lenda, a Rosa de Fogo trará tanto destruição quanto esperança ao reino de Zyren, e que ela só se revelará para alguém cujo destino esteja profundamente ligado ao futuro do reino.
Jade, fascinada, pergunta à anciã o que exatamente é a Rosa de Fogo. A mulher a observa com olhos penetrantes, como se estivesse estudando cada traço de seu rosto, antes de finalmente responder:
"A Rosa de Fogo é um poder ancestral, um dom e uma maldição, e só pode ser desperto por aquele de coração puro, mas também ousado. Muitos a procuraram, mas ninguém a encontrou. Dizem que a pessoa destinada a portar a Rosa de Fogo trará tanto luz quanto trevas, dependendo de suas escolhas.”
Jade sente um arrepio percorrer sua espinha. Por um instante, ela sente que a profecia é um chamado direto para ela. A menção de aventura, mistério e poder a deixam ainda mais curiosa, mas a anciã se recusa a dizer mais, mudando de assunto rapidamente. A jovem camponesa percebe, então, que os anciãos estão assustados – é como se falar sobre a Rosa de Fogo fosse perigoso, algo que ninguém ousa fazer abertamente.
Depois de deixar o mercado, jade retorna para casa com uma sensação estranha de expectativa. À noite, enquanto todos dormem, ela não consegue parar de pensar na lenda e nas palavras da anciã. Algo dentro dela parece estar despertando, uma fome por respostas que ela nunca soube que tinha. Ela se pergunta se há uma conexão entre ela e a Rosa de Fogo, mas logo reprime o pensamento, considerando-o apenas um sonho tolo.
No entanto, naquela mesma noite, Jade tem um sonho que a faz acordar com o coração acelerado. Em sua visão, ela está em uma floresta desconhecida, de pé diante de uma enorme rosa que brilha com uma luz vermelha intensa, como fogo. A rosa parece viva, pulsando com uma energia que Jade nunca sentiu antes. Ela sente-se atraída, desejando tocá-la, mas ao mesmo tempo teme o que poderia acontecer se o fizesse.
Quando desperta, o sonho está ainda vivo em sua mente, e a jovem camponesa começa a questionar o que realmente sabe sobre si mesma. Ela sente que esse sonho é mais do que uma simples visão noturna; parece um presságio.
Nas semanas seguintes,Jade começa a procurar sinais e histórias sobre a Rosa de Fogo sempre que vai ao vilarejo. Embora encontre fragmentos de lendas e mitos, nada que ela descobre a satisfaz, e sua busca começa a preocupá-la, pois teme estar desenvolvendo uma obsessão. No entanto, algo dentro dela continua chamando, como se um fio invisível a puxasse para um destino que ainda não compreende.
Um dia, enquanto trabalhava nos campos, Jade vê um falcão no céu, observando-a com um olhar fixo. Os falcões são raros em sua região, e a presença dele parece um presságio. Seguindo seu instinto, Jade decide que deve ir além das histórias e tentar descobrir a verdade sobre a profecia – mesmo que isso signifique abandonar sua vida tranquila.
Com o coração pesado de incerteza, mas a alma animada com a possibilidade de aventura, Jade promete a si mesma que encontrará respostas, mesmo que isso a leve para além das fronteiras de Zyren.
Na manhã seguinte ao seu estranho sonho com a Rosa de Fogo, Jade decide sair cedo e explorar a floresta próxima, em busca de algo que a aproxime das respostas que tanto deseja. A floresta de Zyren é vasta e sombria em algumas partes, mas também encantadora com suas árvores centenárias, riachos de águas límpidas e o canto dos pássaros que criam uma atmosfera mágica.
A caminhada é tranquila até que, ao se aproximar de uma clareira, Jade ouve sons de luta. Curiosa e preocupada, ela avança cuidadosamente por entre as árvores, até que a cena se desenrola diante de seus olhos: um jovem está cercado por dois homens armados, que vestem mantos escuros. Eles falam ameaçadoramente, exigindo que ele entregue "o que ele carrega".
O jovem, de aparência digna e porte altivo, segura uma pequena adaga, tentando se defender, mas está claramente em desvantagem. Jade sente o coração bater acelerado, hesitando por um instante. Contudo, ao ver que os atacantes avançam sobre o jovem, ela decide agir impulsivamente.
Jade pega uma pedra do chão e, com toda a sua força, lança-a contra um dos atacantes, acertando-o na cabeça. Surpresos, os homens se viram para ela. O jovem, aproveitando a distração, empurra um dos atacantes e consegue derrubá-lo. Rapidamente, Jade corre em direção ao jovem e grita para que ele a siga.
Os dois começam a correr pela floresta, com os atacantes logo atrás. Em certo ponto, eles conseguem despistar os homens ao atravessarem um riacho e se esconderem em uma pequena caverna coberta por trepadeiras. Lá, enquanto tentam recuperar o fôlego, Jade finalmente tem a chance de observar o rapaz mais de perto.
Ele tem olhos penetrantes, de um azul profundo, e traços nobres que, somados à postura altiva, deixam claro que ele não é alguém comum. Seu cabelo escuro está ligeiramente desalinhado da fuga, e ele ainda ofega levemente, mas seus olhos demonstram um misto de surpresa e gratidão.
Depois de alguns minutos em silêncio para garantir que estão seguros, Jade decide quebrar o gelo.
— Quem eram aqueles homens? — pergunta, ainda curiosa e desconfiada.
O rapaz hesita antes de responder, com um olhar cauteloso.
— Eles... são inimigos do reino. Estavam atrás de mim por causa de algo... importante.
Jade ergue uma sobrancelha, desconfiada.
— E o que você fez para atrair inimigos assim?
O jovem sorri de lado, como se apreciasse o tom direto dela, mas desvia do assunto.
— Acho que devo lhe agradecer por ter aparecido. Você não faz ideia do risco que correu.
— E você não faz ideia do risco que eles correram ao me enfrentar
— responde Jade, com uma leve risada, tentando disfarçar o nervosismo. Ela sabe que seu ato foi impulsivo e que poderia ter acabado mal, mas algo naquele rapaz a motivou a agir.
— Eu sou Kael — ele se apresenta, estendendo a mão. — E você, minha salvadora?
— Jade — responde, apertando a mão dele.
Aquele breve toque de mãos cria uma inesperada eletricidade entre eles, uma conexão que ambos percebem mas tentam ignorar. Kael observa Jade por um instante mais longo do que o necessário, fascinado pela coragem e simplicidade dela.
Eles saem da caverna e caminham de volta pela floresta, conversando aos poucos. Kael mostra um interesse genuíno por Jade, fazendo perguntas sobre sua vida na vila e as histórias que ela conhece. Jade sente-se confortável com ele, como se falasse com alguém que conhecesse há muito tempo, e até se surpreende ao contar sobre seus sonhos de aventuras e sobre a lenda da Rosa de Fogo que ouvira no mercado.
Quando Jade menciona a Rosa de Fogo, Kael parece ficar tenso, mas disfarça, desviando o olhar. Ela nota a mudança de expressão, mas não faz perguntas, percebendo que ele talvez saiba mais do que está disposto a revelar.
Chegam a uma trilha perto da vila de Jade, e ela se oferece para ajudá-lo a encontrar um local seguro, mas Kael recusa com um sorriso triste.
— Eu tenho que continuar meu caminho. Há... obrigações me esperando — diz ele, com um peso que Jade percebe em suas palavras.
Antes de partir, Kael olha para ela com uma expressão que mistura gratidão e arrependimento, como se quisesse dizer algo importante, mas preferisse não o fazer.
— Jade... eu jamais vou esquecer o que você fez por mim hoje. Mas é melhor que você esqueça que me encontrou. Pode ser perigoso para nós dois — diz ele, em um tom quase protetor.
Ela sente-se confusa e um pouco magoada pela partida repentina, mas tenta esconder.
— Boa sorte, Kael — responde, forçando um sorriso.
Ele se aproxima e segura a mão dela por um instante, num gesto que parece mais íntimo do que apenas despedida. Há algo nos olhos dele que sugere um segredo profundo, mas antes que ela possa perguntar, ele se afasta, sumindo entre as árvores.
Jade fica ali por alguns minutos, olhando na direção por onde Kael desapareceu, com o coração agitado. Ela se pergunta quem realmente é aquele jovem misterioso e o que ele esconde. Durante o caminho de volta para a vila, ela tenta convencer a si mesma de que foi apenas um encontro passageiro. No entanto, a imagem dos olhos de Kael permanece em sua mente.
Naquela noite, Jade é novamente assombrada por um sonho. Ela está na mesma floresta do sonho anterior, mas agora vê Kael ao lado da rosa flamejante. Ele a observa, estendendo a mão, mas ela não consegue se mover, como se uma barreira invisível a separasse dele.
Quando acorda, Jade sente-se mais determinada do que nunca. Embora não compreenda completamente o que está acontecendo, ela sabe que aquele encontro foi o início de algo que mudará sua vida para sempre.
Os dias passam, mas Jade não consegue tirar o encontro com Kael de sua mente. Mesmo sem conhecer toda a verdade sobre ele, algo dentro dela sente que Kael guarda segredos profundos e perigosos – e que seu próprio destino agora parece estar entrelaçado ao dele. Os misteriosos sonhos com a rosa flamejante e o jovem príncipe continuam a assombrá-la, reforçando a sensação de que algo grande e inesperado está para acontecer.
Certa manhã, Jade decide se afastar de todos os pensamentos e preocupações, saindo para um passeio solitário pelas partes mais remotas da floresta. Ela espera que o silêncio e a natureza a ajudem a acalmar a mente. Ao adentrar em uma trilha escondida que nunca explorou antes, Jade sente um impulso inexplicável para seguir adiante, como se uma força invisível a guiasse. As árvores são mais densas e o ar parece mais pesado, criando uma atmosfera quase mística.
Enquanto atravessa uma parte densa da floresta, Jade chega a uma clareira oculta, onde a luz do sol penetra por entre as folhas das árvores e ilumina o centro de um pequeno círculo de pedras antigas. No meio dessa clareira, envolta por uma aura de fogo brilhante, encontra-se uma rosa incomum – seus pétalos são de um vermelho intenso, quase cintilante, como se fossem forjados de chamas vivas. A rosa parece estar viva, pulsando com uma energia quente e hipnotizante.
Jade se aproxima devagar, sentindo uma conexão inexplicável. Quanto mais perto chega, mais sente uma energia que parece chamar seu próprio espírito, como se a rosa tivesse esperado por ela. O ar ao redor dela esquenta, e o mundo parece desaparecer, restando apenas ela e a rosa.
Sem saber exatamente por que, Jade estende a mão, sentindo uma atração irresistível. Quando seus dedos tocam o caule da rosa, uma onda de calor invade seu corpo. Não é um calor comum – é uma sensação ardente, mas ao mesmo tempo reconfortante, como se ela estivesse conectada a algo antigo e poderoso. Ela fecha os olhos, perdida naquela sensação, e sente uma faísca de poder desperto dentro dela.
Quando Jade abre os olhos, percebe que há uma marca na palma de sua mão. Um símbolo intrincado de linhas curvas e círculos pequenos, como um desenho de fogo que brilha em um tom de laranja incandescente, marcado profundamente em sua pele. Ela observa a marca com uma mistura de fascínio e espanto. O símbolo pulsa, como se estivesse vivo, e sua mão ainda carrega um calor constante, mas agora, um calor que não a machuca.
A jovem tenta soltar a rosa, mas percebe que não consegue; ela sente que uma ligação foi formada, um vínculo que agora faz parte dela. Um vento forte e quente sopra pela clareira, e por um momento, Jade ouve uma voz suave, quase como um sussurro no vento:
— “A Rosa escolhe… O Fogo Desperta…”
A mensagem é enigmática e misteriosa, mas antes que Jade possa compreender seu significado, a rosa de fogo se apaga e transforma-se em um simples botão, como se estivesse em descanso. Ela sente que a energia ainda está dentro dela, mas agora espera por um comando.
Jade deixa a clareira, sentindo-se diferente, quase como se estivesse em outra realidade. Quando olha novamente para a palma da mão, o símbolo ainda está lá, embora não brilhe tanto quanto antes. Enquanto caminha de volta pela floresta, ela sente que pode controlar uma pequena centelha do poder que a rosa lhe deu. Por curiosidade e cautela, ela estende a mão e foca no calor que ainda pulsa dentro dela. Em um instante, uma pequena chama surge em sua palma, dançando como se tivesse vida própria.
Assustada, Jade fecha a mão, apagando a chama, mas seu coração está acelerado, tomado por um misto de medo e empolgação. Ela agora possui um poder que nunca imaginou. Mas o que fazer com ele? E por que esse poder a escolheu?
Ao retornar para casa, Jade não conta a ninguém sobre a descoberta. Ela sabe que um poder como aquele deve ser mantido em segredo, pelo menos por enquanto. No entanto, durante a noite, ela sente o símbolo em sua mão arder novamente, como se a rosa estivesse chamando-a, lembrando-a de sua presença.
Aos poucos, Jade começa a entender que a marca da rosa não é apenas um dom – é também uma responsabilidade, talvez até uma maldição. Ela tenta praticar o controle da chama nas noites seguintes, longe da vila, mas sente que cada vez que desperta o fogo, uma parte de sua alma parece se conectar a algo maior.
As palavras da anciã no mercado sobre a profecia da Rosa de Fogo começam a ressoar em sua mente. "Um dom e uma maldição… Uma escolha entre luz e trevas…" Jade se pergunta se o símbolo na sua mão significa que ela é a pessoa da profecia – aquela destinada a trazer esperança ou destruição ao reino.
Essa ideia a assusta, mas também a desafia. Ela sente que, para entender completamente seu poder e descobrir o verdadeiro papel da rosa, precisa saber mais sobre a profecia e o reino em que vive. Além disso, a figura de Kael reaparece em seus pensamentos, e Jade se questiona se ele poderia ter algum envolvimento com essa lenda. A conexão misteriosa que sentiu com ele parece agora mais intensa e carregada de um significado maior.
Determinada a desvendar o mistério, Jade decide que precisa aprender mais sobre o próprio reino, a história de Zyren e as lendas que o cercam. Ela se convence de que deve voltar ao vilarejo e procurar respostas com as anciãs, mesmo sabendo que as histórias podem ser incompletas ou assustadoras.
Antes de dormir, Jade se concentra no calor que pulsa em sua mão e sente, mais do que nunca, que a rosa de fogo é uma entidade viva, conectada a ela por algum motivo que ainda não entende completamente. A sensação é mística e, ao mesmo tempo, pesada, como se seu destino estivesse decidido desde muito antes de seu nascimento.
Deitada em sua cama, Jade se pergunta o que acontecerá a seguir, mas tem certeza de que sua vida jamais será a mesma. Ela sabe que a jornada para descobrir a verdade sobre a Rosa de Fogo, sobre Kael e sobre seu próprio papel na profecia está apenas começando.
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