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Correntes do Destino - Dom Leandro Alighieri

INTRODUÇÃO

Nápoles, uma cidade de contrastes da Itália, onde a luz do Mediterrâneo brilha intensamente sobre as sombras de segredos ancestrais. Suas ruas, repletas de vida e cor, escondem um submundo de intrigas e poder, onde famílias influentes lutam por controle e prestígio. A cidade, com sua arquitetura vibrante e aroma de pizza fresca, é um labirinto de histórias que entrelaçam destinos e revelações. No coração dessa luta, a família Alighieri se destaca como uma dinastia de beleza e crueldade, cujos membros são marcados por legados de ambição e traição.

Dom Leandro Alighieri, o filho mais velho e herdeiro do maior mafioso da região, caminha pela mansão familiar com uma presença imponente. Seus 32 anos e 1,93 m de altura o tornam uma figura a ser respeitada e temida. Com cabelos negros e olhos azul-escuros que refletem uma obsessão por poder, ele é um homem sem piedade, determinado a tomar as rédeas do império que lhe pertence por direito. Ao longo dos anos, Leandro aprendeu a arte da manipulação, a navegar por um mundo onde a fraqueza é uma sentença de morte. Cada passo que dá dentro da mansão é uma declaração de sua intenção de consolidar o domínio da família Alighieri.

Ao seu lado, seus irmãos também desempenham papéis cruciais nesse jogo de poder. Matteo, de 27 anos, é o carismático e diplomático do clã, sempre pronto para acalmar ânimos e forjar alianças. Sua habilidade em lidar com os negócios da família é admirável, e sua charmosa presença é frequentemente vista como uma ponte entre as facções rivais. Serena, de 19 anos, é uma jovem teimosa e encantadora, cujos desafios à tradição familiar são tanto uma bênção quanto uma maldição. Ela possui um espírito rebelde que não se submete facilmente às expectativas, e suas ações podem desencadear consequências imprevisíveis.

Do outro lado da cidade, a família Venturi, liderada por Riccardo, um capodecina temido, também se prepara para a mudança que um casamento arranjado entre sua filha e o Alighieri trará. Riccardo é um homem imponente, cuja reputação o precede. Ele é o tipo de homem que sabe como fazer negócios, mas também como manter o controle com uma mão de ferro. Celeste Venturi, a jovem e determinada herdeira de 17 anos, desafia as expectativas impostas a ela. Sua beleza e inteligência a colocam em conflito com os interesses de sua família, enquanto seus sonhos de liberdade parecem cada vez mais distantes. Celeste é uma força da natureza, uma tempestade em um copo d’água, e, enquanto se vê presa em um acordo que não desejava, uma ideia fixa a consome: descobrir a verdade por trás das tradições que a cercam.

À medida que essas duas famílias se aproximam, segredos obscuros e traições passadas ameaçam não apenas seus laços, mas também suas vidas. O que estava destinado a ser um pacto de união poderá se transformar em um campo de batalha, onde o amor, a ambição e o desejo de vingança colidirão de maneira devastadora.

Assim se desenrola a narrativa de Correntes do Destino, onde cada personagem é uma peça em um jogo perigoso, e o legado das sombras moldará seu futuro de maneiras inesperadas. O destino os uniu, mas as correntes que prendem suas vidas podem ser mais difíceis de quebrar do que imaginam.

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O termo "capodecina" refere-se a um chefe ou líder de uma equipe de capangas ou soldados na máfia, especialmente na máfia napolitana. Ele é responsável por comandar e supervisionar as atividades de seu grupo, agindo como um elo entre os membros e o líder supremo da organização.

CAPITULO 1- Celeste Venturi

* Celeste Venturi *

A porta do quarto se abriu, e minha mãe entrou, fechando-a suavemente atrás de si. Eu sabia que a conversa seria difícil antes mesmo de ela dizer uma palavra. Sentada na cama, tentei manter a postura firme, mas o olhar dela me atravessava, cheio de expectativa. A presença dela, sempre elegante e controlada, carregava uma determinação que deixava pouco espaço para qualquer fuga.

Ela começou a andar lentamente pelo quarto, passando a mão pelos objetos sobre a cômoda, como se examinasse os detalhes da minha vida antes de começar.

— Celeste, precisamos falar sobre o futuro.

Sua voz era suave, mas a seriedade no tom deixava claro que não se tratava de uma simples conversa. Cruzei os braços, mantendo meu olhar firme, tentando conter o incômodo crescente.

— Não, mãe. O que você quer dizer é sobre o que esperam de mim.

Ela me olhou, um pouco surpresa com o meu tom, mas logo continuou ignorando minha interrupção.

— Esse casamento com a família Alighieri não é apenas uma união de nomes, Celeste. É a nossa segurança, a segurança da nossa família, que está em jogo.

Aquela palavra, segurança, me soava como uma prisão. Levantei-me da cama e fui até a janela, respirando fundo. Eu queria gritar que não queria nada disso, mas sabia que ela não entenderia. Para minha mãe, tradição e dever estavam acima de qualquer sentimento pessoal.

— Segurança ou prisão, mãe? Porque é isso que parece. Vocês estão me forçando a viver uma vida que não escolhi, com um homem que mal conheço, tudo por uma suposta segurança.

Eu me virei, encontrando o olhar dela. Não havia piedade ou compreensão ali. Apenas a frieza de quem acredita que o destino de sua filha já estava selado.

Ela se aproximou de mim, sua mão pousando levemente no meu ombro, mas o toque não trazia conforto.

— Celeste, isso não é uma escolha. Você é uma Venturi, e sua vida não é só sua. Nós pertencemos a algo maior, e cabe a você entender e aceitar isso.

Respirei fundo, lutando contra a onda de raiva e impotência que ameaçava me consumir.

— É sempre sobre a família, sobre o que vocês querem. E eu? Quando vocês vão pensar no que eu quero?

Ela suspirou, parecendo quase decepcionada, como se eu fosse uma criança fazendo birra.

— Você não entende agora, mas um dia vai entender. Esse casamento não é apenas sobre o que você quer, Celeste. É sobre o que todos nós precisamos. Você é a única que pode fazer isso por nós.

Aquelas palavras me cortaram fundo. "A única". Como se eu não passasse de um sacrifício que eles estavam prontos para fazer. Meus olhos ardiam, mas segurei as lágrimas.

— Se isso é o que todos precisam, então eu sou só uma peça do jogo de vocês, não é?

Ela se afastou, o rosto sereno e imperturbável, como se minha dor fosse uma inconveniência. Em vez de responder, limitou-se a ajeitar os ombros, o olhar frio.

— A vida que temos exige sacrifícios, Celeste. O que está em jogo aqui é o futuro de todos nós. Aceite isso. Não faça as coisas serem mais difíceis do que já são.

Fiquei em silêncio, tentando processar a extensão do peso que minha própria mãe me impunha.

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Assim que minha mãe saiu do quarto, fechei a porta com um pouco mais de força do que deveria, sentindo a frustração e a revolta pulsando em mim. A raiva subia à minha cabeça, e minha garganta apertava com uma necessidade insuportável de gritar. No entanto, sabia que ninguém realmente me ouviria. Ou, pelo menos, ninguém que entendesse o que eu estava passando.

Peguei o celular com as mãos trêmulas e disquei o número de Beatriz. Era a única pessoa que poderia entender o peso que estava carregando. Ela atendeu rapidamente, e o tom animado com que atendeu logo mudou ao ouvir minha voz abafada pelo nervosismo.

— Bia… preciso de você. Não aguento mais isso.

— Celeste, o que aconteceu? Você está bem? — A preocupação na voz dela era evidente, e isso já me dava um mínimo de conforto, uma âncora em meio ao caos.

Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos que pareciam se atropelar em minha mente. Andei pelo quarto, passando as mãos pelo cabelo enquanto falava.

— Minha mãe… ela veio aqui e basicamente me disse que eu não tenho escolha, que meu destino já foi decidido. — Soltei uma risada amarga, sem nenhum traço de humor. — Eles querem que eu me case com aquele cara, o Leandro Alighieri. Eles não estão me dando escolha, Bia. Estou sendo tratada como um peão… como se minha vida fosse apenas um meio para manter a tradição deles.

Beatriz ficou em silêncio por um momento, e eu sabia que ela estava absorvendo cada palavra, sentindo a minha dor à distância. Quando finalmente falou, a voz dela era séria e cheia de empatia.

— Céu, eu nem sei o que dizer. Isso é tão… injusto. Eles acham que você não tem sonhos, que você não é uma pessoa com vontades próprias?

Balancei a cabeça, embora ela não pudesse ver. O peso do conformismo que minha mãe me impusera ainda estava presente, e a indignação só aumentava a cada segundo.

— Exatamente! — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. — Eles nem se importam. Na cabeça deles, é como se eu só existisse para servir ao que a família precisa. Meu futuro, meus desejos… tudo fica em segundo plano. E minha mãe ainda tentou fazer isso parecer um favor, algo "necessário".

— Você não merece isso, Céu. Nenhuma de nós merece — respondeu Beatriz, com a voz carregada de indignação. — Sei que você é forte, mas até quando você vai se sacrificar por algo que só está te prendendo? Tem que haver uma maneira de escapar disso, alguma saída.

Sentei-me na cama, tentando abafar o choro. As palavras de Beatriz ecoavam dentro de mim, me dando coragem, mesmo que por um instante. Ela estava certa. Mas eu sentia que, para minha família, eu nunca seria livre.

— E o pior é que, no fundo, tenho medo. Tenho medo de que, por mais que eu tente lutar, eles encontrem uma maneira de me forçar. Eles controlam tudo, Bia, tudo. Minha vida inteira está nas mãos deles.

— Ei, escuta aqui, Celeste. Você ainda tem a mim. Não vamos desistir de achar uma saída. Vamos descobrir uma forma de contornar isso, de libertar você dessa situação. Eu prometo.

A promessa dela fez algo dentro de mim se acalmar, mesmo que temporariamente. Bia sempre tivera uma força que eu admirava, uma coragem que eu desejava ter. E agora, ao ouvir essas palavras, senti uma pontada de esperança renascer em mim.

— Obrigada, Bia. Só de saber que você está comigo já me ajuda mais do que você imagina.

Ela suspirou, e a voz dela se tornou mais suave, quase maternal.

— Eu sempre estarei, Céu. Você é mais forte do que pensa. E quando chegar a hora, eu sei que você vai encontrar uma maneira de fazer a sua própria escolha.

Desligamos, e o quarto voltou a ficar em silêncio. Mas, dessa vez, o silêncio parecia menos opressor. Havia algo diferente no ar, uma sensação de que, talvez, eu pudesse resistir a essa vida que tentavam impor a mim. Talvez, com Beatriz ao meu lado, eu não estivesse tão sozinha quanto eles queriam que eu acreditasse.

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Celeste Venturi

CAPÍTULO 2 – Leandro Alighieri

* Leandro Alighieri *

A noite estava silenciosa, e o brilho fraco da cidade se estendia além da janela. Eu observava as luzes de Nápoles do meu escritório, no último andar da mansão Alighieri, onde tudo parecia pequeno, insignificante, sob o meu olhar. A responsabilidade de controlar essa cidade e manter a linhagem intacta sempre pesava, mas desta vez o fardo vinha na forma de um pacto matrimonial.

O casamento com Celeste Venturi. Aquela união arranjada era, para mim, apenas um passo estratégico – uma formalidade com um nome e um rosto. Ela seria a esposa ideal para as aparências, mas, no fundo, não passava de uma peça no tabuleiro que eu precisava mover para consolidar a posição da minha família.

Recordei as palavras do meu pai, Alexander: "Essa união não é sobre amor, mas sobre controle." Como se eu precisasse de lições sobre o que significa poder. Alexander sempre teve esse hábito de ensinar, como se a confiança entre nós dependesse disso.

Olhando para o reflexo no vidro da janela, observei meu próprio rosto e senti uma irritação surgir. A situação toda me provocava. Celeste, com aquele olhar desafiador e sua teimosia, parecia incapaz de perceber onde estava se metendo. Ela podia lutar, resistir, mas no final...

— Ela vai aprender. Vai aprender o que significa pertencer a um Alighieri, ou melhor, ao Dom.

Para mim, esse casamento representava poder – nada mais. O rosto angelical de Celeste não me interessava, nem seus caprichos. Ela era o meio para reforçar o império da família e cumprir o papel que lhe cabia. Ela deveria se conformar com isso, e, se não fosse o caso, eu estaria lá para lembrá-la.

— Nenhuma esposa Alighieri tem escolha.

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Depois de algumas horas de reflexão, o peso do que estava por vir começou a me incomodar. O casamento com Celeste era um compromisso que eu não estava disposto a levar a sério. Assim que a escuridão caiu sobre a cidade, a necessidade de uma fuga tornou-se evidente. O pensamento de Victoria me atraía como um ímã, e não pude evitar o desejo de escapar daquela realidade opressiva.

Apertei o paletó e saí da mansão Alighieri, sentindo a brisa fresca da noite. A cidade pulsava com vida, mas eu tinha um único destino em mente: a casa de Victoria Rossi. Ela sempre foi uma diversão, um lugar onde eu podia esquecer a pressão da família, os arranjos matrimoniais e as expectativas que pesavam sobre mim.

Assim que cheguei, bati à porta, e Victoria me recebeu com um sorriso que desarmava. A pele dela brilhava sob a luz suave do hall de entrada, e seus olhos castanho-escuros reluziam com uma mistura de desejo e provocação.

— Você finalmente decidiu aparecer, Dom Leandro – ela disse, sua voz sedutora ecoando pela casa.

— Eu precisava de um tempo longe de tudo. – Minha resposta foi direta, sem espaço para mais palavras.

Aquela noite não era sobre romance ou sentimentos; era uma simples satisfação de desejos. Com um movimento rápido, puxei Victoria para mais perto, sentindo o calor do corpo dela contra o meu.

— Você sabe por que estou aqui, não sabe? – perguntei, com um olhar que deixava claro que tudo o que eu queria era prazer.

— Eu sei exatamente o que você deseja. – Ela sorriu, provocante, como se conhecesse bem o jogo que estávamos prestes a jogar.

E assim, à medida que a noite avançava, mergulhei naquele momento, esquecendo tudo ao meu redor. Naquela casa, com Victoria, eu era apenas Leandro, longe das obrigações e das pressões da dinastia Alighieri. O desejo era palpável, uma fuga que me permitia ser quem eu realmente era, sem máscaras.

A intensidade dos nossos corpos se encontrando era uma maneira de satisfazer uma necessidade primitiva. O que acontecia entre nós era apenas um acordo, um meio de aliviar a tensão que me cercava. Enquanto a paixão tomava conta, eu sabia que isso não era amor. Era apenas um desejo momentâneo, um alívio fugaz em meio ao que estava por vir.

Naquela noite, enquanto me satisfazia com Victoria, uma certeza se solidifica em minha mente: eu não precisava de amor, apenas de liberdade. E, com cada toque, cada gemido, eu afirmava essa liberdade que me era tão cara, longe de qualquer compromisso, longe de Celeste. Essa era a única verdade que importava, e eu estava determinado a aproveitar cada segundo.

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Leandro Alighieri

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Victoria Rossi

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