NovelToon NovelToon

ENTRE LOBOS: Destinada aos Supremos

ALFAS SUPREMOS

 A sala estava em silêncio, exceto pela respiração irregular de Aliya, que lançava olhares furiosos para os dois homens diante dela. Seus olhos faiscavam com a mistura de raiva e desejo que ela se recusava a admitir. Aiden e Kael se entreolharam, sorrisos lentos e cheios de uma arrogância irresistível surgindo em seus rostos.

"Vocês mentiram para mim." As palavras de Aliya saíram afiadas, porém sua voz vacilou por um segundo quando Aiden deu um passo à frente, sua presença avassaladora tomando conta de cada espaço ao redor dela.

"Mentimos, sim." Aiden murmurou, sua voz grave, ressoando de forma hipnótica. "E faríamos de novo, se isso significasse ter você aqui, agora."

Kael estava logo atrás dela, seu calor inebriante quase a tocando. Ele aproximou o rosto da curva do pescoço dela, sua respiração quente fazendo-a arrepiar involuntariamente. Aliya tentou conter a reação, mas seu corpo parecia ter sua própria vontade. Ela respirou fundo, mas o aroma deles, um cheiro selvagem e sedutor, feito para desarmar, invadiu seus sentidos, como se a reivindicasse de uma maneira que ela odiava admitir.

"Vocês... Vocês não têm o direito de me enganar assim." Ela protestou, a voz falha, o calor no peito crescendo a cada instante.

Kael se inclinou, os lábios a milímetros da pele dela. "Enganar? Não, Aliya. Tudo o que fazemos é por você." Ele murmurou, deslizando as mãos ao longo dos braços dela com um toque lento e quase torturante, um carinho que enviava ondas de arrepio por todo o corpo dela.

Aiden segurou o rosto dela, forçando-a a encará-lo. Seu olhar era um convite e uma provocação. "Você nos odeia tanto quanto nos deseja, Aliya. Não adianta lutar contra o que já é seu. Contra o que você já sabe que quer."

Ela sentiu os lábios dele roçando os dela, num toque que foi ao mesmo tempo um desafio e uma rendição. Tentou afastá-lo, mas o toque era como uma droga, enviando uma descarga elétrica ao menor movimento. Ele sorriu contra os lábios dela, um sorriso perigoso que a fez perder o fôlego.

"Vocês são... insuportáveis." Ela murmurou, tentando resistir, mas suas palavras foram abafadas quando Aiden a beijou, firme e possessivo. Ele segurou a nuca dela com uma mão forte, aprofundando o beijo até que ela sentiu as pernas fraquejarem, rendendo-se ao contato, ao calor e à intensidade.

Kael deslizou as mãos pela cintura dela, os dedos marcando-a através do tecido, num toque que parecia atravessar qualquer camada de resistência. Ele roçou os lábios no ombro dela, murmurando contra a pele. "Diga que não nos quer, Aliya. Diga, e a deixamos ir." Sua voz era uma promessa e uma ameaça ao mesmo tempo, um convite para algo que ela não poderia negar.

Aliya sentiu-se cercada, consumida, como se a presença deles queimasse cada pedaço de autocontrole que ela ainda tinha. As mãos deles exploravam, os toques meticulosos e calculados para deixar sua pele em chamas, sua mente em confusão.

'Vocês são... malditos alfas arrogantes... Eu odeio..." Mas sua voz se perdeu quando Aiden inclinou-se e acariciou a lateral do rosto dela, os olhos penetrantes, e o toque suave em contraste com o desejo ardente que pulsava entre eles.

Ele sussurrou contra os lábios dela. "Odeie o quanto quiser, mas você é nossa. Mesmo que sua boca minta, seu corpo nunca nos recusou."

...----------------...

MÊSES ANTES

 As nuvens pesadas escondiam a luz pálida do amanhecer, como se o próprio céu pressentisse a escuridão que Aiden e Kael traziam consigo. O salão estava lotado de Alfas, Betas, e até alguns ômegas que arriscavam um vislumbre da força dos irmãos, aqueles que haviam ultrapassado a lenda e se tornado deuses entre lobos.

"Não é sobre respeito, Aiden," Kael murmurou, a voz profunda ecoando pelo salão. "É sobre medo." Ele inclinou-se, o olhar predatório fixo no Alfa que ousara levantar a voz.

"Sim, é claro." Aiden sorriu, mas havia algo de mortal naquela curva dos lábios. "E será melhor que ele lembre disso."

O Alfa vacilou. Todos sabiam que não havia quem pudesse enfrentá-los; Os gêmeos eram imortais, intocáveis. Não havia lenda ou tradição que pudesse desafiá-los. Mesmo as antigas profecias sobre os Alfas Supremos eram apenas um sussurro pálido comparado ao poder que os irmãos emanavam. Mas, apesar de toda a sua força e domínio, havia um vazio persistente em cada um deles, uma sensação de incompletude que, por vezes, os consumia como uma chama invisível.

Aiden e Kael

"Tenho pensado bastante" Kael murmurou para o irmão, enquanto se afastavam do centro do salão, onde os Alfas permaneciam em silêncio.

" Como lidaremos com nossas noivas?"

Aiden revirou os olhos. " Me faço a mesma pergunta, querendo ou não, elas sabem que não são... elas. Não são as Lunas."

"Talvez nunca as encontremos." Kael cerrou o punho, os olhos obscurecidos de uma frustração antiga. "Quatrocentos anos, Aiden. Quatrocentos anos de espera, e nada. Apenas sombras de algo que nunca se concretiza."

Aiden suspirou, mas o olhar dele se ergueu para além das paredes de pedra, para as montanhas que circundavam o domínio deles. "E se nossos destinos estiverem fora de nosso alcance? E se elas nem mesmo existirem mais?"

...****************...

Enquanto isso, a quilômetros de distância, uma jovem percorria uma estrada empoeirada, sentindo o vento frio cortar o rosto. Seus olhos, de um azul quase prateado, refletiam a intensidade de uma tempestade prestes a se formar. Aliya, como era chamada, era uma ômega, mas nada em sua postura sugeria submissão ou fraqueza. A única coisa que a tornava diferente era a força quase indomável de sua própria essência.

Aliya

A viagem até a cidade natal já durava horas, e ela não podia negar que seu coração batia um pouco mais forte ao pensar nos boatos sobre aquele lugar.

"Aliya, você vai manter seu comportamento controlado, certo?" A voz de sua irmã, Lyanna, vinha carregada de sarcasmo, e Aliya sentiu o veneno nas palavras.

Lyanna

Ela virou-se, o olhar gélido. "Não se preocupe, Lyanna. Procure cuidar de si mesma."

A madrasta, que observava a interação com olhos críticos, pigarreou. "Espero que se comporte, Aliya. Não queremos que seu... temperamento atrapalhe os negócios do seu pai."

Aliya ergueu o queixo, um sorriso irônico dançando em seus lábios. "Não se preocupe, Laena, só tenho interesse em voltar para a Alemanha assim que possível."

A casa da família de Aliya era uma mansão imponente, decorada com rigor e grandiosidade, mas para ela, aquele lugar sempre parecera frio, vazio. Sua volta era recente, mas já desejava retornar à Alemanha, ao seu próprio espaço, onde podia ser apenas ela mesma, longe dos olhares críticos e dos sussurros de desaprovação. Desde o momento em que chegara, sentira a tensão familiar, como se sua presença fosse uma afronta. Seu pai mal a olhara nos olhos, e sua madrasta tratava-a com o mesmo desdém de sempre.

Após horas suportando o silêncio gélido dos corredores, Aliya estava prestes a se recolher quando sua madrasta entrou em seu quarto sem bater.

"Aliya, vá se arrumar. Estaremos no jantar com os Supremos esta noite," anunciou, com um tom ríspido que não admitia contestação.

A jovem suspirou, exausta. "Estou cansada. Fiz uma longa viagem e gostaria de descansar esta noite."

"Acha que isso importa?" A madrasta cruzou os braços, os lábios franzidos em uma linha rígida. "Esta é uma chance única de se mostrar útil para sua família, para seu pai. Não somos como os humanos com quem você passou anos convivendo. Aqui, você terá que seguir as regras."

Aliya fechou os olhos, tentando conter a irritação que se acumulava dentro dela. O desejo de gritar era forte, mas cedeu à pressão, como sempre fazia.

O JANTAR

O salão estava adornado com todo o luxo que a aristocracia lupina poderia oferecer, cintilando com a luz de lustres gigantescos que transformavam a noite em um espetáculo dourado. Mas, para Aliya, aquela opulência não passava de uma jaula dourada. Os sussurros e olhares de desdém a seguiam como sombras, lembrando-a de seu lugar. Ômega. Inferior. Marginalizada. Ela estava encostada em uma coluna, sentindo a tensão da noite se condensar no peito.

"Você devia ter ficado no seu quarto," murmurou Lyanna, que fazia questão de exibir sua posição superior. Ela sorria, mas seus olhos eram cruéis. "Está atraindo olhares que não merece."

Aliya fechou os punhos, engolindo a resposta que queimava sua língua. Não daria a Lyanna a satisfação de ver que suas palavras a feriam.

Antes que pudesse replicar, as portas do salão se abriram com um estrondo que silenciou cada murmúrio. Todos os olhos se voltaram para a entrada, onde os gêmeos faziam sua aparição. Os Alfas Supremos. Predadores que emanavam poder absoluto com cada passo, como se a gravidade se dobrasse ao seu redor. Aiden, de cabelos loiros e olhar glacial, parecia moldado de pura disciplina e força. Ao lado dele, Kael era um contraste perigoso, com uma presença sedutora e selvagem, olhos que prometiam tanto prazer quanto destruição.

O salão, antes tão vibrante, agora pulsava com uma tensão quase física.

Aliya respirou fundo, sentindo o impacto dos dois imortais como uma onda esmagadora que a deixou tonta. Ela manteve a cabeça erguida, embora pudesse sentir o julgamento nos olhos de sua família. Desviar o olhar seria um ato de submissão, e isso era algo que ela nunca faria.

"Esses são os Alfas Supremos," Lyanna sussurrou, os lábios torcendo-se em um sorriso cheio de ansiedade e expectativa. "Não pense que você é digna sequer de respirar o mesmo ar que eles."

Aliya não respondeu, mas sentiu o sangue ferver sob a pele. Antes que pudesse pensar em se afastar, os irmãos imortais pararam diante da sua família. Cedrik, pai de Aliya, com um suor que traía seu nervosismo, fez uma reverência exagerada.

"Alfas Supremos, é uma honra incomensurável tê-los aqui," ele anunciou, a voz trêmula. "Por favor, permitam-me apresentar minha... família."

Aiden sequer pareceu notar o homem, os olhos de um cinza frio indo diretamente para Aliya. Por um instante que pareceu uma eternidade, eles se encararam, o ambiente ao redor desvanecendo-se em um vazio opressivo. O coração de Aliya batia como um tambor. A intensidade daquele olhar era demais, como se Aiden pudesse ver todos os segredos que ela guardava.

Kael observou a cena com um sorriso de canto. "Interessante," murmurou, um sussurro que soou mais como um desafio. "Você não se curva, ômega."

Aliya engoliu em seco, mas seu orgulho a fez manter a postura ereta. "Por que eu deveria? Minha posição como ômega não me torna menos digna."

O ar ao redor deles ficou denso, e Aliya podia ouvir o estalo da tensão elétrica, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar. Aiden deu um passo à frente, sua presença avassaladora preenchendo o espaço. Seus olhos, gélidos e intransigentes, eram lâminas que cortavam qualquer resistência.

"Você tem coragem," ele falou, a voz profunda reverberando pela espinha de Aliya. "Mas coragem não é sinônimo de sabedoria. Não sabe o perigo de desafiar quem não deve?"

Aliya sentiu o calor subir até o rosto, mas não demonstrou fraqueza. "Prefiro morrer de pé a viver de joelhos, Alfa Supremo."

Os olhos de Aiden estreitaram-se ligeiramente, como se ele estivesse tentando decifrá-la, ou talvez se segurando para não quebrar algo — ou alguém. O ambiente inteiro pareceu prender a respiração. Cedrik ficou pálido, quase incapaz de reagir, mas Lyanna parecia se deliciar com a possibilidade de vê-la ser punida.

Kael soltou uma risada suave, um som que prometia nada além de caos. Ele inclinou a cabeça, observando-a como se fosse um quebra-cabeça que ele estava ansioso para resolver. "Você gosta de andar na linha da morte, Aliya," ele provocou. "Diz-me, como espera sobreviver quando o destino tem outros planos para você?"

"Se o destino quiser me destruir," Aliya retrucou, a voz firme, "ele terá que lutar por isso."

O sorriso de Kael se alargou, um brilho sombrio nos olhos, enquanto Aiden dava um passo para trás, sua expressão dura como pedra. Mas Aliya podia sentir algo sob aquela máscara de frieza, algo quase... vulnerável.

"A coragem pode ser uma dádiva ou uma maldição," Aiden disse, as palavras soando quase como uma advertência. "E a sua, Aliya, pode atrair coisas que você não consegue controlar."

Kael riu novamente, e o som fez o salão inteiro estremecer. "Parece que finalmente encontramos alguém que não sabe seu lugar," ele comentou, dirigindo-se ao irmão. "Será que vamos ter que ensinar?"

A mão de Aiden apertou o ombro de Kael, como uma corrente de aço. "Chega, Kael," ele advertiu, e a tensão entre os dois irmãos era quase tangível, como um fio prestes a se romper.

Aliya sentiu o peso da guerra silenciosa entre eles, como se estivesse no centro de uma tempestade prestes a desabar. Mas se eles esperavam que ela desmoronasse sob aquela pressão, estariam errados. Estava cansada de ser tratada como se não importasse.

"O que mais querem de mim, Alfas Supremos?" Aliya provocou, o olhar faiscando. "Minha submissão? Não terão."

Kael avançou, os olhos queimando com uma intensidade quase predatória, mas Aiden o segurou firmemente, o rosto endurecido. "Isso não é um jogo, Kael," ele sibilou, o controle firme mas a raiva evidente.

A guerra não era mais silenciosa. Aliya percebeu que, sem querer, havia se tornado o catalisador de algo que os dois irmãos lutavam para esconder. E enquanto o salão se enchia de uma energia esmagadora, ela soube que sua vida nunca mais seria a mesma.

A LUNA

Kael apertou a mandíbula, mas assentiu, embora claramente relutante. Aliya manteve o olhar em Aiden, que agora a estudava com uma curiosidade silenciosa, como se tentasse descobrir algum segredo escondido dentro dela.

"Então, Aliya," Aiden finalmente falou, o tom mais suave, quase provocador, "você parece ter opiniões muito... bem formadas sobre quem pertence a este lugar e quem não pertence."

"Eu apenas prefiro estar onde não sou julgada pelo que sou," respondeu, mantendo o tom neutro, mas sabendo que seus olhos desafiadores traíam qualquer tentativa de indiferença.

"Onde você sente que pertence, então?" Aiden perguntou, e o peso daquela pergunta pareceu penetrar mais fundo do que ela esperava. Kael, que a observava em silêncio, inclinou-se ligeiramente, como se quisesse ouvir cada palavra da resposta dela.

Ela respirou fundo, mantendo o controle. "Longe daqui," murmurou, sem quebrar o contato visual. "Entre os humanos. Com eles, minha posição não importa."

Os olhos de Aiden estreitaram-se por um breve instante, mas ele rapidamente retomou a expressão neutra. Aliya teve a sensação de que suas palavras o afetaram, mesmo que ele tentasse disfarçar. Kael, por sua vez, a olhava com uma intensidade que beirava o desconforto, como se tentasse desvendar algo além das palavras dela.

"Entendo," Aiden murmurou, com um sutil toque de sarcasmo. "Mas, talvez, você precise de um pouco mais de compreensão sobre o que significa ser uma loba entre os seus. Não adianta fugir para os humanos, Aliya. Mais cedo ou mais tarde, você sempre será trazida de volta à sua verdadeira natureza."

Aliya ergueu as sobrancelhas, uma provocação silenciosa surgindo em seu sorriso. "Talvez eu prefira uma natureza que não me limite."

Kael sorriu ligeiramente, como se tivesse gostado da resposta dela. "Parece que temos aqui uma loba que não gosta de jaulas," comentou, em um tom quase de aprovação. "Mas, Aliya, a liberdade também exige um preço. E nós, como Alfas, entendemos melhor do que ninguém o que significa carregar o peso das escolhas."

Aliya estreitou o olhar, sentindo uma leve irritação misturada com curiosidade. "Não vejo como alguém que possui tudo poderia entender o que significa liberdade."

O salão estava tão quieto que se podia ouvir a respiração contida dos que observavam a cena. Kael e Aiden trocavam olhares silenciosos, mas havia um entendimento claro entre eles — algo mais profundo e instintivo do que qualquer palavra que pudessem trocar.

"Talvez um dia você entenda, Aliya," Aiden murmurou, a voz baixa, mas carregada de significado. "Ou talvez possamos mostrar a você."

Com isso, ele deu um leve aceno, como um encerramento daquele confronto. Kael ainda a olhava como se quisesse dizer algo mais, mas por fim se conteve, seguindo o irmão enquanto ambos se afastavam, deixando-a ali, no meio de olhares curiosos e sussurros.

Aliya se sentiu estranhamente aliviada quando eles finalmente saíram de seu campo de visão, mas não conseguia evitar a sensação de que algo irreversível havia começado.

...****************...

O evento se arrastava, e a pressão sobre a jovem se intensificava a cada momento. Ela estava cercada por rostos conhecidos, mas a sensação de não pertencer ali a envolvia como um manto pesado. As conversas ao seu redor eram superficiais, e os olhares de desprezo que recebia de alguns membros da família tornavam a situação ainda mais insuportável. Depois de interações vazias e uma noite de sorrisos forçados, ela decidiu que era hora de ir embora.

Caminhando em direção à saída, Aliya se despediu rapidamente da família, ignorando o olhar calculista de sua madrasta e as provocações sussurradas de sua irmã. Assim que atravessou os portões da mansão, a brisa fresca da noite a envolveu, e ela respirou fundo, sentindo a liberdade à espreita.

...****************...

Na vastidão silenciosa da mansão dos Supremos, a madeira escura e o mármore polido refletiam a luz bruxuleante do crepitar das chamas. O ambiente era frio e impassível, uma fortaleza para aqueles que não temiam nada — ou ao menos gostavam de acreditar nisso. Aiden e Kael estavam sentados em poltronas de couro robusto, distantes um do outro, mas com a tensão entre eles tangível, quase palpável.

Aiden segurava um copo de cristal, balançando o whisky âmbar que cintilava à luz do fogo. Seus olhos de aço estavam fixos no líquido, mas seus pensamentos vagavam para muito além da superfície daquela bebida. Ele trazia no semblante a dureza de alguém acostumado a comandar, a nunca baixar a guarda. Um líder nato, inquebrantável, mas naquela noite havia algo diferente; um tumulto interno o atormentava, uma chama difícil de apagar.

Kael, do outro lado, observava o irmão em silêncio, os dedos tamborilando sobre o braço da poltrona, em uma inquietude que tentava camuflar. Seus olhos eram uma escuridão perigosa, que escondia promessas de caos. Enquanto trazia o copo aos lábios, o whisky queimou sua garganta, mas não o suficiente para dissipar o que se agitava em seu peito.

" Ela não é como as outras, não é? " Kael finalmente quebrou o silêncio, a voz baixa, um sussurro que mais parecia um trovão no espaço vazio.

Aiden ergueu o olhar, o rosto impenetrável, mas um brilho de entendimento passou por seus olhos. Ele sabia a quem Kael se referia, sabia que estava se referindo a Aliya, aquela jovem ômega que, por algum motivo, conseguia inquietá-los de maneira incomum.

"Não sei do que você está falando, Kael " Aiden respondeu, a voz calma, mas havia uma ponta de provocação ali.

Kael riu, um som abafado e irônico. Ele se recostou, um sorriso cínico dançando em seus lábios. " Não se faça de desentendido, irmão. Eu a senti... de uma forma que nunca senti ninguém."

Aiden apertou o copo, o maxilar rígido. " Não é possível. Uma ômega, Kael? Uma mulher qualquer? Estamos há séculos esperando nossa Luna, e ela definitivamente não é..."

"Então explique, Aiden, porque eu sinto seu cheiro em cada respiração, mesmo a quilômetros de distância " Kael cortou, a voz carregada de frustração e incredulidade. "Está lá, como uma marca, uma chama que não posso apagar. O perfume dela é... avassalador."

Aiden abriu a boca para retrucar, mas hesitou. Ele também a sentia. Desde o instante em que a olhou nos olhos no salão, o perfume de Aliya se cravara em sua mente como uma obsessão, uma marca invisível, que agora não conseguia dissipar.

"Isso é ridículo, Kael. Ela é só uma ômega rebelde e orgulhosa. Por que estamos nos importando com isso?" Aiden resmungou, tentando racionalizar o inexplicável.

Kael franziu o cenho, o olhar sombrio fixo no irmão. "Você também sente, não sente? Não minta para mim, Aiden. Não depois de quatrocentos anos de espera." A voz dele era quase um rosnado. "A ideia de estarmos ligados a uma mesma mulher... Isso é uma afronta aos deuses, uma piada."

Aiden engoliu em seco, a verdade pesando em cada fibra do seu ser. Finalmente, depois de um silêncio torturante, ele admitiu:

"Sim, eu a sinto. E não só o cheiro... os batimentos dela. É como se ecoassem no meu peito, como se fizessem parte de mim. E isso me deixa furioso."

Kael fechou os olhos por um breve segundo, a mandíbula trincada. A constatação de que estavam vivenciando o mesmo tormento era um golpe para ambos.

" Isso não faz sentido " murmurou, a voz rouca. " Somos alfas, supremos. Imortais. Não podemos... dividir uma ômega." As palavras saíram como um veneno, o olhar cheio de raiva e uma vulnerabilidade que ele não gostava de admitir.

Aiden deu um longo gole no whisky, sentindo a bebida arder em sua garganta. Quando voltou a falar, a voz estava carregada de ironia amarga:

"Eu sei. A ideia de sermos ligados a ela é... inaceitável. Como os deuses podem nos impor algo assim? Um trisal?" Ele riu, mas o riso morreu rapidamente em seus lábios. "É ultrajante. Os deuses devem estar se divertindo com nossa desgraça."

Kael se levantou, os olhos brilhando com uma intensidade sombria, a frustração irradiando de cada linha de seu corpo. "Então vamos manter distância dela, Aiden. Não vamos ceder. Eu não vou me curvar a esse destino que querem impor. Aliya não será nossa luna. Ela não será nada para nós."

O irmão o observou, as palavras dele ecoando em sua mente. Ele também não queria ceder, não queria admitir a força daquele laço. Mas uma dúvida o corroía, um receio que, por mais que tentasse, não conseguia dissipar.

" E se... "Aiden começou, hesitante, mas logo sua voz se tornou mais firme "e se resistir for inútil? E se esse laço for mais forte do que imaginamos?"

Kael deu as costas, cerrando os punhos, como se a simples ideia fosse uma afronta. "Prefiro morrer a me render a uma ômega. Prefiro desafiar o destino a aceitar essa ligação."

Aiden assentiu, mas o peso daquela resolução pairava sobre ambos. Eles eram os Supremos, guerreiros invencíveis, imortais... mas, diante da presença de Aliya, havia algo que os desestabilizava de uma maneira inexplicável.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!