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Está obra não terá fotos, usem a vossa imaginação, sejam criativos, acredito em vocês😉❣
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...Ravi Narrando...
— Admito: entrar nesse avião foi a coisa mais difícil e, ao mesmo tempo, a mais louca que já fiz. Talvez não fosse uma cena tão inusitada se eu estivesse sozinho, apenas um jovem em uma viagem. Mas não era o meu caso; agora, eu nunca mais estaria sozinho. Pensar que, poucos meses atrás, eu praticamente implorava ao meu pai para renunciar à minha posição na máfia e ir para Londres... Sempre quis explorar a arte, mergulhar em museus e viver de maneira mais leve. Mas tudo mudou. Agora, eu tinha sonhos e deveres ainda maiores.
Quando entrei na primeira classe segurando Zoe, pude sentir todos os olhares em minha direção, e não era apenas a surpresa de ver um homem jovem com um bebê. Era quase como se as pessoas enxergassem algo mais profundo na situação, algo que nem eu ainda sabia explicar. Era desconfortável, talvez porque fosse incomum; afinal, geralmente são as mulheres que assumem esse papel.
Mas aqueles olhares curiosos não me intimidaram. Eu estava ali, carregando minha filha e minha decisão. Cada passo me trazia novos olhares, e eu sabia que a pergunta estava estampada na cara de cada um: "O que um jovem está fazendo com um bebê? Ele é o pai? Onde está a mãe?"
Não precisava de palavras para entender os pensamentos. Aprendi a decifrar o que os outros escondem apenas observando suas expressões. E naquela viagem, isso não seria diferente. Eles podiam se questionar o quanto quisessem, mas essa era a nova realidade que eu havia escolhido.
Sentei ao lado da janela e acomodei o bebê conforto no assento ao meu lado. Ajeitei o meu cinto, mas, ao tentar encontrar o cinto de Zoe, uma aeromoça apareceu.
— Posso ajudá-lo, senhor? — perguntou, ao notar minha tentativa desajeitada de colocar o cinto na pequena.
— Por favor, pode me ajudar a colocar o cinto nela?
— Claro, senhor. — Ela sorriu, um sorriso amável e, talvez, até maternal. Com agilidade, prendeu o cinto sobre Zoe. — Prontinho.
— Obrigado! Da próxima vez já saberei como fazer.
— Pode pedir à sua esposa que te dê umas aulas de segurança; geralmente são as mulheres que sabem de tudo. — Ela falou, talvez sem perceber que seu comentário carregava certa curiosidade, assim como os outros passageiros que fingiam não ouvir.
— Sou viúvo. Somos só nós dois, então acho melhor eu aprender. — Respondi, com um tom de voz firme, mas tentando encerrar o assunto.
A aeromoça ficou visivelmente constrangida e abaixou o olhar. — Me desculpe, não era minha intenção...
— Não tem problema.
— Posso fazer mais alguma coisa por vocês?
— Uma bebida, por favor.
Ela assentiu e se afastou, deixando um rastro de curiosidade. Eu me acomodei, abri meu notebook e voltei a planejar a nossa nova vida. Afinal, já vinha fazendo isso antes mesmo de decidir comprar as passagens. Quando minha bebida chegou, dei um gole e me concentrei nos bairros que estava pesquisando. A princípio, pensei em Londres, Canadá... mas decidi que Chicago era o destino ideal. Uma cidade onde ninguém nos conhecia, e eu sempre quis conhecer a mistura entre a modernidade e o passado que Chicago trazia em sua arquitetura, suas ruas, e, claro, em sua arte.
Nos últimos dias, estive focado em cada detalhe: Chicago tinha uma excelente estrutura, uma educação de qualidade, parques amplos e espaços culturais. E eu queria abrir minha própria empresa. Sabia que a vida na máfia me ensinara muitas lições amargas, mas também fui esperto e consegui cursar artes visuais. Londres, antes, parecia o caminho ideal para aprimorar minha técnica, mas agora meus planos haviam mudado completamente.
A verdade era que dinheiro não me faltava. Além disso, sabia que meu irmão insistiria em mandar ajuda, mesmo que eu dissesse não precisar. Mas logo as pessoas ao nosso redor começariam a se perguntar de onde vinha nosso sustento, e eu não queria passar a imagem de um desocupado em tempo integral. Ser um CEO parecia o caminho certo. Ali, eu seria apenas mais um empresário.
Depois de horas de planejamento, o cansaço começou a tomar conta de mim. Seriam mais de quatorze horas de voo, e eu precisava descansar. Mas, como se sentisse minha exaustão, Zoe acordou, exigindo atenção. Com uma leve risada, troquei sua fralda, preparei uma mamadeira e ela ficou um tempo acordada, observando o mundo ao seu redor com aqueles olhos curiosos e brilhantes. Depois, adormeceu tranquila nos meus braços, e acabei adormecendo com ela.
Algum tempo depois, acordei sobressaltado, e meu coração quase parou por um segundo. Não senti o peso de Zoe nos braços. Olhei ao lado e a vi, tranquilamente adormecida no bebê conforto. Olhei em volta, e a aeromoça estava ao fundo do corredor, acenando discretamente. Sorri e assenti em agradecimento. Ela provavelmente tinha acomodado Zoe ali, e, por mais que fosse gentil, senti uma inquietação. Era minha responsabilidade. Eu jamais me perdoaria se ela tivesse caído.
Depois desse pequeno susto, o sono me abandonou por completo. Por mais que Zoe dormisse profundamente, eu estava atento a cada movimento, zelando por ela em silêncio.
O restante do voo correu sem grandes incidentes. Zoe acordou algumas vezes, e, após trocas de fralda e mamadeiras, adormecia novamente. Tive sorte por ela ser uma bebê tranquila, apesar de carregar o temperamento dos pais. Ali, entre o barulho sutil do avião e o silêncio dos passageiros, eu tive a certeza de que faria tudo para manter minha filha a salvo – e de que Chicago seria o recomeço que tanto precisávamos.
...Ravi Narrando...
A chegada em Chicago representava para mim o início de uma nova vida, algo que eu havia desejado desde a promessa feita ao meu tio. Estávamos longe de tudo o que a máfia representava, e, apesar da exaustão após um voo direto, a sensação de ter cumprido a primeira etapa desse recomeço era recompensadora. A tentação de usar o jato da família havia sido real, mas esse luxo contradizia tudo o que eu estava tentando fazer agora: uma vida nova, sem laços, sem privilégios suspeitos. A normalidade era o que eu mais almejava.
Após desembarcar, enfrentei o primeiro desafio que só quem viaja com um bebê conhece: equilibrar malas, uma criança, e o bebê conforto, além de chamar um táxi e ajeitar toda a bagagem. Um funcionário do aeroporto, percebendo a cena caótica, ofereceu ajuda, e foi como um anjo salvador. Ele nos conduziu até o ponto de táxi, ajudando com o carrinho de bagagem e garantindo que eu conseguisse acomodar tudo. Dei-lhe uma gorjeta generosa, agradecendo silenciosamente por aquela ajuda que parecia pequena, mas que, para mim, era essencial naquele momento.
Entramos no táxi, e eu informei o endereço do Magnificent Mile Hotel. Durante a viagem, olhei pela janela, absorvendo a cidade que seria nosso novo lar. Chicago tinha um ritmo que parecia vibrar com oportunidades. O hotel serviria como base temporária enquanto eu procurava uma casa. Meu objetivo era claro: um lugar com espaço para Zoe crescer, brincar e ter contato com a natureza.
No hotel, após acomodar a pequena, pedi uma refeição, dei um banho nela, troquei sua roupa e preparei sua mamadeira. As aulas que a babá havia me dado antes de nossa partida da Itália estavam começando a valer a pena. Embora eu ainda estivesse longe de me sentir um pai experiente, ao menos as tarefas básicas eu já conseguia realizar sozinho. Com Zoe alimentada e segura na cama com algumas almofadas ao redor, finalmente pude tomar um banho. A água quente era um alívio indescritível após o longo voo e os primeiros desafios como pai solo.
Naquela noite, depois de uma refeição rápida, desabei na cama, exausto. Acordei com as pequenas mãos de Zoe nos meus cabelos, enquanto ela ria, entretida com o movimento. Peguei-a nos braços e a levei até a varanda, onde uma brisa matinal revelava a vista da cidade.
— Olha só, Zoe... Aqui é onde vamos recomeçar — sussurrei, sentindo uma mistura de esperança e responsabilidade que jamais imaginei ter um dia.
Depois de acomodá-la no carrinho, pedi o café da manhã e comecei a revisar minha agenda. A corretora que eu havia contatado estava pronta para nos apresentar algumas propriedades. Eu deixei muito claro o que buscava: uma casa sem escadas internas, arejada, com um jardim, piscina e que fosse segura para uma criança pequena. Zoe tinha quase dez meses, já engatinhava, e eu precisava de um ambiente onde ela pudesse explorar sem grandes perigos.
Após o café, dei mais um banho em Zoe, vesti-a e arrumei a bolsa com tudo o que ela poderia precisar. Sabia que teria uma tarde intensa, então, quando ela adormeceu, aproveitei para descansar. Poucas horas depois, acordei com o alarme que havia programado. Estava na hora de conhecer o que talvez fosse o nosso futuro lar.
Pedi um táxi e logo chegamos a um condomínio de casas. A corretora, Ana, estava nos esperando, pronta para nos mostrar as opções. Visitamos cinco casas, e, honestamente, eu já estava quase desistindo, quando vi a última. Bastou entrar pela porta da frente para saber que aquela era a casa certa. Zoe sorriu, quase como se concordasse com minha escolha.
— É essa! — afirmei com convicção, enquanto Ana observava minha reação com um sorriso.
Demos mais uma volta pela casa, e cada detalhe parecia encaixar-se no que eu desejava. Arejada, com espaço suficiente para Zoe brincar, um jardim perfeito e uma piscina segura. Era como se aquele lugar estivesse esperando por nós.
— Podemos assinar os papéis hoje mesmo, se desejar — disse Ana, sua voz delicada e levemente sedutora, enquanto ajustava os botões de sua blusa.
Percebi a insinuação e levantei uma sobrancelha. Relacionamentos eram a última coisa em que eu pensava agora. Meu foco estava em três coisas: estudar para me tornar CEO, abrir minha própria empresa, e, acima de tudo, cuidar de Zoe.
— Claro. Quanto antes, melhor — respondi, adotando um tom sério e direto.
Ela piscou, surpresa pela resposta evasiva, mas logo sugeriu que passaria no hotel para que assinássemos os documentos.
— Agradeço, mas seria mais prático se assinássemos aqui mesmo — retruquei, mantendo a mesma postura.
Ana hesitou, mas acabou admitindo que talvez tivesse trago os papéis, pediu licença para ir até o seu carro, e, minutos depois, voltou com toda a papelada e um sorriso sem graça. Li cada linha antes de assinar, garantindo que nada passasse despercebido. Enfim, a casa era nossa.
Ao sair da propriedade, dei uma última olhada e sorri, com Zoe segura em meus braços. Essa era nossa nova vida, e, por mais que o passado estivesse sempre à espreita, eu sabia que estávamos prontos para encarar o futuro.
...Ravi Narrando...
No mesmo dia em que finalizei o negócio da casa, encontrei uma equipe de profissionais que se encarregaria de deixar tudo em ordem. Meu único papel seria pagar e depois entrar pela porta, com tudo já organizado, o que, convenhamos, estava ótimo para mim.
No dia seguinte, me vi imerso na tarefa de selecionar o time que trabalharia em casa. Visitamos diversas agências de serviço e, ao fim de algumas horas, eu já havia contratado um motorista, duas cozinheiras e três empregadas. Ainda precisava de um jardineiro e, principalmente, de uma babá para a Zoe.
No nosso quarto dia em Chicago, resolvi a questão da mobilidade e comprei um carro em uma concessionária. Ter um veículo próprio faria toda a diferença na logística do dia a dia. Mais tarde, visitei uma agência de babás para resolver o item mais importante da nossa lista. Quando entrei na sala de administração, fui recebido por uma mulher elegante que vestia um terno feminino. A calça acentuava suas formas, e a blusa, com alguns botões abertos, parecia seguir uma tendência local — mas eu estava em busca de alguém para cuidar da minha filha, não de um relacionamento.
Fomos conduzidos a uma sala onde várias babás uniformizadas estavam enfileiradas. Observei cada uma delas, analisando discretamente suas reações. Algumas lançavam olhares ousados; outras, mais discretas, tentavam esconder o interesse. Num canto da sala, no entanto, avistei uma senhora de aparência tranquila, cabelos escuros com alguns fios grisalhos e um anel de casamento. Ela parecia ser a escolha perfeita.
— Quero falar com ela — disse, apontando para a senhora.
A diretora fez um gesto para que ela desse um passo à frente.
— Qual o seu nome? — perguntei.
— Ravena, senhor — respondeu ela, com uma voz suave que transmitia uma tranquilidade quase maternal.
Pedi para ter uma conversa a sós com Ravena, e a diretora nos levou a uma sala particular. A partir desse momento, o que descobri só aumentou minha confiança que ela era a escolha perfeita. Ravena tinha 49 anos, era casada, e sua filha morava no Canadá. Ao conversar, soube que seu marido trabalhava como jardineiro. Coincidência ou destino, aquilo parecia uma solução perfeita: eu poderia contratá-los juntos, completando o quadro de funcionários com pessoas em quem poderia confiar.
Após uma conversa esclarecedora, combinamos um período de teste de um mês para avaliar se ela atenderia todas as minhas expectativas. Se tudo corresse bem, assinaríamos um contrato definitivo.
Depois da visita à agência, fiz questão de levar Ravena em casa. Conheci seu marido, um homem simpático e humilde, e fiquei ainda mais confiante na minha escolha. A Zoe pareceu aprovar o casal — ela sorriu e se acomodou com facilidade nos braços deles, como se já os conhecesse.
Passei o restante do dia com minha filha no parque, e aquela sensação de que tudo estava no lugar certo só aumentava.
Duas semanas depois, nossa casa estava pronta. Mandei transformar um grande quarto nos fundos da casa em uma suíte completa, com banheiro, sala e cozinha, para que Ravena e o marido tivessem um espaço próprio. Eu queria que eles se sentissem em casa, e aquele espaço extra foi a escolha ideal para garantir a privacidade de ambos.
Um mês se passou e, ao fim do período de experiência, assinamos o contrato. A decisão de oferecer moradia no quarto dos fundos agradou o casal, e foi um alívio tê-los por perto, sabendo que Zoe estava em boas mãos. Pouco depois, pedi que Ravena deixasse a agência e se dedicasse exclusivamente ao nosso lar, o que ela aceitou prontamente. Trabalhar diretamente para mim parecia um alívio para ela, que mencionou a exploração comum nas agências.
Com tudo organizado, minha rotina começou a se estabilizar. Me matriculei na faculdade de Administração e me dedicava a cada aula. Queria entender os fundamentos econômicos, as nuances de uma gestão de sucesso, e me preparar para o papel de CEO que almejava. Sabia que, ao abrir minha empresa, não poderia falhar. Seria o legado que eu construiria para Zoe e para mim, longe das sombras do passado.
O tempo passou rápido. Dias viraram semanas, semanas se tornaram meses, e assim, seis anos se passaram. Nesse período, comprei um prédio bem localizado, ideal para iniciar minha empresa. Investi em segurança, e o Spacer se encarregou de montar um sistema completo para o prédio. Minhas comunicações com a família foram se tornando esporádicas. Emma e Beto estavam esperando o quarto filho, enquanto Lola e Vicente tinham um menino e aguardavam gêmeas. A Amélia, por sua vez, estava com o Spacer, com quem já tinha um filho.
Meus irmãos pareciam competir para ver quem aumentaria mais a família. Eu, por outro lado, estava completamente focado em Zoe e na empresa. Não imaginava o caos de ter tantos filhos — um só já era suficiente para me manter ocupado e realizado.
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