O aeroporto estava cheio de movimento, com pessoas apressadas e anúncios ecoando pelos alto-falantes.
Eu estava em frente ao portão de embarque, com minha mochila nas costas e um nervosismo visível.
Meus pais, Maria e João, a cercaram em um abraço apertado:
Eu ainda não consigo acreditar que estou realmente fazendo isso. Nova York! É como um sonho, não é? — falei super empolgada.
Meu amor, é uma grande oportunidade. Você merece isso. Lembre-se de que estamos sempre com você, não importa a distância — falou minha mãe chorosa, ela nos criou grudadas, não queria ver ninguém se afastar assim como aconteceu, dividir a vida e escolher entre se afastar para viver um sonho é difícil demais.
E não se esqueça, minha filha, de onde você veio. O trabalho duro sempre vale a pena. Estude e aproveite cada momento, mas não se esqueça de nos ligar sempre — falou meu pai.
Prometo que vou ligar! E não se preocupem, vou fazer amigos e vou me adaptar — falei super confiante, eu não costumava ter muita dificuldade com isso.
__ Eu só quero que você seja feliz. E, por favor, não tenha medo de pedir ajuda se precisar. O que é um pouco de humildade perto de uma nova vida, não é? — resmungou minha mãe e eu a abracei forte.
__ Eu sei, mamãe. Vocês me ensinaram a ser forte e a lutar pelo que quero. Não se preocupem comigo, vou me cuidar.
__ E lembre-se, um pouco de dureza nunca faz mal. A vida pode ser dura, mas você é mais dura ainda.
__ Eu vou me lembrar disso. E quem sabe, em breve, eu possa trazer vocês para me visitar. Nova York é incrível!
__ Nós vamos amar isso. Só não se esqueça de nos dar notícias, ok? — falou minha mãe limpando as lágrimas.
__ Claro! Agora eu preciso ir. (ela dá um último abraço apertado nos pais) Amo vocês! — me despedi, estava indo para Nova York estudar na melhor faculdade de todos os tempos e de quebra consegui um lugar para ficar, era um apartamento de uma amiga que já estava lá, vendi meu carro para ter o dinheiro para me manter pouco tempo já que a bolsa graças a Deus eu consegui.
__ Te amamos, Isabella. Vá e faça valer a pena! — finalizou meu pai.
Sai dali em direção ao meu portão de embarque e olhei para trás uma última vez sentindo meu coração apertar.
Aviões nunca foram meu lugar favorito. O desconforto dos assentos apertados e o cheiro do ar condicionado me faziam sentir um misto de ansiedade e excitação. À medida que o avião subia, meu estômago parecia se contrair, como se estivesse tentando acompanhar o movimento da decolagem. Olhei pela janela e vi minha cidade ficando cada vez menor, as ruas se transformando em um emaranhado de linhas e cores. Era um sinal de que eu estava deixando tudo para trás, em busca de algo maior.
Com um suspiro, tentei me acalmar. Faltavam horas até chegar ao meu destino e, em vez de ficar pensando no que deixava para trás, decidi focar no que estava por vir. Nova York. Uma nova vida. Um futuro repleto de oportunidades. A ideia me enchia de expectativa, mas a ansiedade não me abandonava. O medo do desconhecido e a pressão de corresponder às expectativas da bolsa de intercâmbio eram quase palpáveis.
Fechei os olhos por um instante e respirei fundo. Foi então que meu celular vibrou, e o coração deu um pequeno salto. Era uma mensagem da Gisa, minha amiga que já estava em Nova York:
Gisa: Oi, Isabella! Cheguei! Estou te aguardando no aeroporto. Não vejo a hora de te ver!
Um sorriso se formou em meu rosto. Gisa sempre foi uma fonte de apoio, alguém que entendia minha luta e sempre acreditou em mim. Respirei fundo novamente e digitei rapidamente uma resposta.
Isabella: Oi, Gisa! Estou a caminho! Mal posso esperar para te ver!
O restante do voo passou em uma mistura de nervosismo e excitação. Olhei ao redor, observando os passageiros, todos imersos em suas próprias histórias. Alguns liam, outros assistiam a filmes ou conversavam animadamente. E eu? Eu estava prestes a embarcar na maior aventura da minha vida.
Finalmente, depois de longas horas, o piloto anunciou que estávamos prestes a aterrissar. Meu coração acelerou ainda mais. O som dos motores diminuindo e a visão da cidade se aproximando pela janela fez minha mente girar.
Assim que desembarquei, uma onda de energia tomou conta de mim. O aeroporto estava agitado, mas, em meio ao caos, avistei Gisa, acenando freneticamente. Seu sorriso iluminava o ambiente, e eu não conseguia conter a felicidade.
Gisa:
__ Isabella! Você chegou!
Corri até ela e a abracei com força, sentindo o calor da sua presença.
Isabella:
__ Eu estou tão feliz de te ver! Foi uma viagem longa!
Gisa:
__ Eu imagino! Mas agora a diversão começa! Você vai adorar aqui — Ela se afastou um pouco, olhando nos meus olhos — Estou tão orgulhosa de você.
Isabella:
__ Obrigada, Gisa! Eu estou animada e um pouco assustada ao mesmo tempo. Espero conseguir lidar com tudo.
Gisa:
Você vai! E eu estarei ao seu lado. Vamos conquistar essa cidade juntas, eu moro em um apartamento com mais três meninas, uma da faculdade e duas só trabalham, sua primeira aula já começa amanhã então hoje vamos turistar, quando começar seus estudos vai acabar ficando louca, ainda mais que seu professor é o carrasco da escola — falou e fui obrigada a rir me lembrando do que meu pai disse sobre ter um pouco de dureza.
Isabella:
Não se preocupe amiga, dou conta, os horários da faculdade é manhã e tarde né, estou pensando em procurar algo a noite para trabalhar, meus $ 5000 não durarão muito e não quero pedir dinheiro para meus pais — falei e ela sorriu.
__ Tudo bem, mas vamos logo — falou e saímos dali.
Com um sorriso, peguei a mão dela, sentindo que, independentemente do que viesse a seguir, eu não estava sozinha. O futuro brilhava diante de mim, e eu estava pronta para aproveitá-lo ao máximo e logo mostraria a brilhante carreira jurídica que seguiria.
Olho ao meu redor, observando a sala de aula cheia de rostos desconhecidos, e sinto um misto de força e poder. Às vezes, me pergunto o que realmente os alunos veem em mim. Sou Adam Blake, tenho 32 anos e carrego o peso de uma reputação que muitos temem e poucos enfrentam.
Alguns me chamam de impiedoso, outros vão mais longe e me rotulam como cruel, algumas vezes até acho graça, mas honestamente, eu não me importo. O que realmente importa é a verdade: o conhecimento é uma arma e a educação, um campo de batalha.
Era casado e falar sobre minha ex-esposa é sempre um assunto delicado. O nome dela ainda carrega um peso que eu preferiria esquecer, mas a verdade é que a traição é uma ferida que não cicatriza. Ela, que um dia foi a mulher que eu amei, se transformou em uma lembrança amarga.
Quando descobri que ela estava me traindo com meu próprio tio, tudo dentro de mim se quebrou. A traição, para mim, não é apenas uma infidelidade, é uma praga, algo que precisa ser exterminado.
A traição me deixou em um estado de desolação e raiva. O homem em quem eu confiava, que deveria ser um exemplo, e a mulher que prometeu ser minha parceira em tudo se tornaram os protagonistas de um pesadelo. Quando tudo veio à tona, percebi que não havia como voltar atrás.
Não importa o quanto eu tentasse entender suas razões ou justificar suas ações, a imagem dela nos braços de outro homem, um homem que eu considerava família, era uma ferida que cicatrizaria e uma imagem que nunca se apagaria.
Após a separação, um ano depois ela tentou voltar, afirmou que havia cometido um erro, sabia que eles não dariam certo, que estava arrependida. A cada palavra dela, eu sentia meu estômago revirar. O que ela não entendia era que a traição não é um erro que se pode simplesmente apagar. É um veneno que contamina tudo ao redor, e uma vez que ele entra, não há como reverter. Para mim, sua presença se tornara tóxica, e o que antes era amor se transformou em desconfiança e desprezo.
Ela me procurava, insistindo que poderíamos recomeçar, mas eu não podia. Como eu poderia olhar nos olhos dela novamente sem lembrar da traição? Sem lembrar da dor que senti ao saber que ela não apenas quebrou nosso compromisso, mas também o fez com alguém que era próximo a mim? O que antes era um lar se tornara um campo de batalha, onde a lealdade foi traiçoeira.
Hoje, vejo a traição como uma praga que deve ser exterminada, não apenas em relacionamentos, mas na vida em geral. Não posso permitir que essa infecção contamine minha vida novamente. Desde então, construí muros ao meu redor, me cercando de desconfiança e frieza. Não me deixe enganar por sorrisos ou palavras doces, aprendi da maneira mais dura que, quando se trata de amor se ele sequer existisse, a traição nunca é uma simples falta de juízo. É uma declaração de guerra.
Agora, focado em meu trabalho, na sala de aula, busco a perfeição e a lealdade em tudo que faço. Aprendi que é mais seguro manter as pessoas à distância, e eu definitivamente não pretendo deixar que o amor me fragilize novamente. Cada dia que passa, me convenço de que as feridas que essa traição causou não são apenas pessoais, mas sim uma lição sobre a natureza humana. E, assim, sigo em frente, determinado a nunca mais me deixar enganar.
Após o divórcio, percebi que não posso me dar ao luxo de ser fraco. A vida me ensinou que a vulnerabilidade é uma armadilha, e eu não pretendo ser apanhado novamente. Isso me transformou em um homem impenetrável, mas não sou indiferente ao que acontece ao meu redor. As cicatrizes que carrego são profundas, mas não mostram a história completa. Quando alguém me provoca ou tenta desafiar minha autoridade, sinto uma onda de adrenalina. A sala de aula não é apenas um espaço de aprendizado; é o meu território.
Com cada discurso, cada crítica, eu os moldo, empurro-os a se esforçarem mais, a não se contentarem com menos do que a perfeição. Eles podem achar que eu sou um tirano, mas, na verdade, sou o único que acredita que eles podem alcançar grandes coisas, minha aula é intensa, só os melhores passam por mim, e essa intensidade que demonstro é a única forma de garantir que eles não se acomodem. Cada olhar apreensivo, cada respiração contida, me faz sentir que estou cumprindo meu papel.
Na sala de aula, não há espaço para fraquezas. Se alguém não estiver preparado, se não demonstrar determinação, não hesitarei em expor isso. É assim que funciona. É assim que se conquista respeito. Mas, às vezes, à noite, quando a sala está vazia e tudo o que ouço são os ecos do meu próprio pensamento, me pergunto se sou realmente um monstro ou apenas um homem tentando se proteger, mas não adianta, logo caio em mim, não posso fraquejar e nem permitir que entrem na abertura do meu coração.
Eu tenho que manter essa imagem impenetrável, um professor que se deixa abalar por suas emoções é um professor que não merece estar na posição que ocupa. Eu não tenho tempo para relacionamentos, para amor ou para drama. A vida já me deu uma lição e tanto nesse aspecto. No entanto, há algo intrigante sobre essa nova turma, um certo brilho em alguns rostos, um desafio que aguarda ser desvendado. E entre eles, há uma aluna que me chama a atenção.
Ela é audaciosa, difícil de ignorar, e sinto que ela está disposta a entrar em conflito. Existe uma chama em seus olhos que promete um embate, e eu mal posso esperar para ver até onde ela está disposta a ir. Por mais que eu tente me manter distante, não consigo ignorar a curiosidade que isso desperta em mim. Será que, no fundo, eu sou capaz de me deixar desafiar? A única certeza que tenho é que ela está prestes a tornar minha vida mais interessante, para o bem ou para o mal.
Quando pisei no campus da Universidade de Nova York, um turbilhão de emoções invadiu meu peito.
O ar fresco da cidade se misturava com a ansiedade que eu sentia, para uma garota brasileira com sonhos grandes e um coração audacioso, e ali estava eu, determinada a fazer essa bolsa de estudos valer a pena.
Sempre fui a filha mais velha de uma família humilde. Acordava antes do sol nascer para trabalhar na loja de conveniência do meu pai, ajudando a pagar as contas enquanto estudava à noite.
O esforço não me intimidava; eu sabia que era uma questão de tempo até que a vida me proporcionasse uma chance. E, finalmente, essa chance chegou. Com uma bolsa que quase parecia um sonho, eu deixei minha cidade Iraí com menos de 10 mil habitantes e tudo que conhecia para trás, em busca de um futuro melhor.
Minhas roupas eram simples, mas com um toque de estilo. Usava uma blusa branca justa que moldava meu corpo, revelando uma silhueta curvilínea que eu sempre procurei aceitar. Meu cabelo preto, liso e comprido, caía em cascata sobre meus ombros, contrastando com meu tom de pele bronzeado pelo sol. Eu me via no reflexo das vitrines, uma garota forte e decidida, com uma centelha de rebeldia nos olhos verdes. Sempre busquei destacar minha individualidade, mesmo quando a vida parecia querer me fazer abaixar a cabeça.
A primeira aula de Direito Criminal começou com o professor mais enigmático que já conheci. Adam Blake. Desde o momento em que entrei na sala, pude sentir a intensidade que emanava dele. Alto, com cabelos escuros e uma postura que exibia confiança, ele parecia intimidar até os alunos mais experientes. Mas eu não era do tipo que se deixava abalar. Para mim, a vida já me ensinou a ser audaciosa e, se tivesse que enfrentar um professor tão inflexível, que fosse com garra.
Quando ele começou a falar, sua voz era firme e cheia de autoridade. Mas, enquanto todos o ouviam em silêncio, eu não pude evitar fazer anotações rápidas, desafiando-o a notar minha presença. A verdade é que a parte do meu cérebro que queria ser a aluna exemplar lutava contra o espírito rebelde que sempre foi parte de mim. Eu não estava lá apenas para estudar; eu estava lá para deixar minha marca.
A sala estava envolta em uma atmosfera tensa, e o ar parecia pesado à medida que a aula chegava ao clímax. Eu sabia que este era o momento que eu esperava. Levantei a mão com confiança, sentindo meu coração acelerar e a adrenalina pulsar em minhas veias. Era uma oportunidade única, e não poderia deixar passar.
__ Professor Blake — comecei, minha voz firme, mas com um toque de desafio — Como você pode afirmar que a lei é sempre justa se tantas pessoas, como eu, têm experiências que dizem o contrário?
O silêncio que se seguiu era palpável. Eu poderia ouvir a respiração dos meus colegas, a expectativa deles misturada com a minha. A expressão de surpresa no rosto do professor era quase imperceptível, mas um brilho de interesse surgiu em seus olhos. Ele parou por um momento, avaliando não apenas minhas palavras, mas a confiança que eu transmitia. O que era esse impulso que me levava a desafiar um homem como ele, alguém que parecia ter o controle total da situação?
__ E você acha que suas experiências pessoais invalidam a lei? — Professor Blake respondeu, sua voz profunda e controlada. Seus olhos azuis, tão intensos quanto o céu da manhã, fixaram-se nos meus, como se quisesse penetrar minha alma. Essa tensão entre nós era quase elétrica, e eu podia sentir a energia vibrando no espaço entre nós, como se cada palavra fosse uma faísca prestes a desencadear uma explosão.
Mantenho o olhar firme, mesmo que um frio na barriga comece a surgir respondi:
__ Não estou dizendo que invalidam a lei, mas que a lei nem sempre se alinha com a realidade das pessoas. A lei é feita por homens e mulheres, e muitas vezes, ela falha em proteger aqueles que mais precisam. Eu sou uma dessas pessoas — falei lembrando do meu irmão preso injustamente e no quanto meus pais sofreram.
Ele arqueou uma sobrancelha, o que me fez sentir uma mistura de satisfação e nervosismo.
__ E você acredita que sua experiência é mais semântica do que a de outras pessoas que não compartilham da sua perspectiva?
__ Não se trata de relevância, Professor Blake — respondi, buscando nas palavras uma forma de expressar o que sentia. —É sobre a realidade que vivemos. Eu cresci em um ambiente onde a lei parecia ser uma piada, onde as pessoas que deveriam nos proteger falharam miseravelmente. Isso me fez questionar se a justiça é realmente uma opção para todos ou se é apenas uma ilusão para os privilegiados.
O silêncio voltou a tomar conta da sala, mas agora havia uma nova tensão no ar, uma mistura de respeito e desafio. Ele parecia surpreso com a minha audácia, e eu podia sentir que a dinâmica entre nós havia mudado.
__ Você se apresenta como uma defensora da justiça — ele comentou, sua voz agora mais suave, quase provocativa. — Mas você está disposta a lidar com as consequências que isso traz? A busca pela verdade pode ser uma estrada solitária e perigosa.
Aquelas palavras ressoaram em mim. Eu sabia que ele estava certo. A busca pela verdade era muitas vezes um caminho repleto de obstáculos.
__ Estou disposta a enfrentar o que vier — respondi, a determinação brotando de mim — Se não lutarmos por um sistema mais justo, então que tipo de sociedade estamos construindo?
Ele me observou por um momento que pareceu durar uma eternidade, e eu me perguntava se ele estava vendo algo além da aluna insolente.
Havia algo mais ali, um entendimento silencioso que flutuava entre nós.
__ Você tem paixão — ele disse\, finalmente quebrando o silêncio __ A paixão pode ser uma ferramenta poderosa\, mas também pode te queimar se não for bem direcionada. Use-a com sabedoria.
A adrenalina ainda corria em minhas veias enquanto o professor seguia com a aula, mas aquela troca havia mudado algo dentro de mim. A partir daquele momento, não era apenas um desafio à autoridade; era o início de um diálogo que poderia levar a algo mais profundo. O embate com Adam Blake não era apenas uma disputa de ideias, mas a promessa de um confronto que mudaria a forma como eu via não apenas a lei, mas a vida.
A aula seguiu, e a cada interação, eu sentia uma mistura de desafio e atração. O que deveria ser um ambiente acadêmico estava se tornando um campo de batalha emocional. Eu não tinha medo de levantar a voz; afinal, eu havia deixado meu país, meu lar e tudo o que conhecia para lutar por algo que valia a pena. E essa luta estava apenas começando.
Com a determinação de uma verdadeira guerreira, eu me comprometi a lutar não só pelo meu futuro, mas também para mostrar ao professor que ele não poderia me intimidar. Naquela sala, eu não era apenas Isabella, a bolsa de estudos. Eu era uma força a ser reconhecida, e nada me impediria de brilhar na terra das oportunidades.
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