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O ar estava denso e pesado na sala de reuniões da agência. A iluminação fluorescente projetava sombras angulares nos rostos dos agentes reunidos, cada um carregando a tensão de uma nova missão. Tempest permanecia de pé no canto, a postura impecável e os olhos atentos, observando os menores detalhes: o som da respiração nervosa de alguns, os dedos tamborilando na mesa de outros. Ela não dizia nada, mas notava tudo.
Foi então que a porta se abriu.
O som das botas ecoou pela sala e um silêncio quase ensurdecedor tomou conta do ambiente. Tempest não precisou levantar o olhar para saber quem havia entrado — ela reconheceria aquele passo, aquela presença, em qualquer lugar. O homem que entrou estava trajado com a habitual jaqueta de couro escura, o rosto parcialmente coberto por uma máscara tática. Mas não era a aparência que a fazia hesitar; era o peso do passado que ele trazia consigo.
“Agente Phantom, bem-vindo de volta.” A voz do diretor da agência cortou o silêncio.
Phantom. Tempest ergueu os olhos lentamente, travando contato visual com ele pela primeira vez em anos. A eletricidade entre eles era palpável, um misto de ressentimento e familiaridade que quase a fez recuar. Mas ela manteve a postura, com a expressão impenetrável que cultivara ao longo dos anos.
“É bom estar de volta, senhor.” A resposta de Phantom foi calma, mas havia algo a mais em seu tom. Algo que apenas Tempest conseguiria captar. Uma mistura de arrependimento e alívio. Ele a olhou diretamente, como se estivesse procurando por algo — talvez um vestígio da pessoa que ele conhecera antes de tudo desmoronar.
“Nossa próxima missão requer os melhores agentes que temos,” continuou o diretor, fazendo um gesto para que ambos se aproximassem. “E eu quero você e Tempest liderando a operação juntos.”
Tempest sentiu o estômago revirar. Juntos? A palavra parecia um golpe. Ela respirou fundo, mantendo o olhar fixo no diretor, sem permitir que Phantom percebesse qualquer fraqueza. Mas ele a conhecia melhor do que ninguém. Ele provavelmente já sabia que aquela decisão a incomodava.
“Com todo o respeito, senhor, eu posso cumprir essa missão sozinha.” As palavras de Tempest foram afiadas como uma lâmina, ressoando pela sala. “Não há necessidade de—”
“Não.” A interrupção veio, firme e decidida, da boca de Phantom. Ele a encarou diretamente, os olhos brilhando com uma intensidade que a fez lembrar de tempos passados. “Nós dois. É assim que vai ser. Se você acha que não precisa de mim, tudo bem. Mas eu preciso de você para fazer isso dar certo.”
O silêncio que se seguiu era denso e incômodo. Tempest cerrou os punhos, lutando para manter a compostura. As lembranças do que aconteceu entre eles vieram à tona: a missão que deu errado, a morte do inocente, a separação dolorosa. E agora ele estava ali, na mesma sala, como se nada tivesse mudado.
“Se é uma ordem, então não há o que discutir,” disse finalmente, sua voz baixa e controlada. Mas os olhos dela — frios e calculistas — diziam tudo o que as palavras não revelavam. Ela ainda não confiava nele. Não ainda.
“Ótimo. Porque a missão é crítica,” disse o diretor, ignorando a tensão entre os dois. Ele se virou para o painel atrás de si, onde uma imagem de um homem apareceu na tela. “Nosso alvo é Alexander Volkov. Um dos principais líderes do Círculo de Érebo. Precisamos capturá-lo vivo, e isso envolve infiltração em um de seus esconderijos fortemente vigiados. Se falharmos, perderemos nossa única chance de desmantelar parte da organização.”
Tempest não desviou o olhar da imagem, mas sentiu o peso da presença de Phantom ao seu lado. Ele estava perto o suficiente para que ela sentisse seu calor, para que ouvisse sua respiração. Uma proximidade que a fez se lembrar de como era trabalhar em perfeita sintonia... antes de tudo dar errado.
“Alguma dúvida?” perguntou o diretor.
Tempest balançou a cabeça, determinada a não deixar o passado interferir no presente. “Nenhuma. Eu só tenho uma pergunta.” Ela lançou um olhar rápido para Phantom, uma faísca de desafio em seus olhos. “E se o plano dele falhar de novo?”
Phantom manteve o olhar firme, sem desviar. Havia algo diferente nele, algo mais sombrio, mais resoluto. “Não vai falhar,” ele disse suavemente, mas havia uma promessa oculta naquelas palavras. “Dessa vez, eu vou fazer as coisas certas, Tempest. Com você ou sem você.”
O desafio estava lançado, e a missão estava prestes a começar.
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