Capítulo 1 - O Olhar no Abismo
Gabriel estava sentado na escuridão de seu quarto, as luzes da cidade piscando além da janela. A respiração pesada ecoava no silêncio, a única companhia em sua solidão. Ele apertava com força a taça de vinho entre os dedos, o líquido rubro oscilando perigosamente enquanto ele observava a cidade lá fora. Era como uma metáfora para sua vida—sempre no limite, prestes a se despedaçar.
O som de passos ecoando no corredor o tirou de seus pensamentos. Não era comum ouvir passos àquela hora da noite, e algo dentro de Gabriel se enrijeceu. Seus instintos, treinados desde a infância para reconhecer o perigo, dispararam. Ele se levantou, deixando a taça sobre a mesa de vidro, e deslizou silenciosamente até a porta.
Antes que ele pudesse sequer tocar na maçaneta, a porta foi aberta com força, revelando uma figura alta e imponente no umbral. O homem entrou como se fosse dono do lugar, sua presença dominando o espaço. Gabriel o encarou, o coração batendo forte.
"O que está fazendo no meu quarto?", Gabriel questionou, a voz carregada de desconfiança.
O homem não respondeu de imediato. Seus olhos, de um cinza cortante, se fixaram em Gabriel, avaliando-o. Ele fechou a porta atrás de si, mas não se aproximou. Gabriel pôde ver agora que ele era jovem, talvez não muito mais velho do que ele, mas havia algo de perigoso em seu olhar—uma frieza que enviou arrepios por sua espinha.
"Meu nome é Luca," o homem finalmente falou, sua voz baixa e rouca. "Fui enviado para protegê-lo."
"Proteger-me?" Gabriel franziu o cenho, a desconfiança aumentando. "Por quem?"
"Seu pai."
Gabriel riu, um som amargo e cheio de incredulidade. "Claro, porque meu pai sempre se preocupou muito com minha segurança."
Luca não reagiu à provocação. Seus olhos permaneceram inabaláveis, como se já tivesse visto e enfrentado coisas muito piores. Ele deu um passo à frente, e Gabriel sentiu seu corpo tenso, não de medo, mas de algo mais profundo, algo que ele não queria reconhecer.
"Não me importo com o que você pensa," Luca continuou, sua voz imperturbável. "Estou aqui porque me pagam para isso. E até onde sei, há uma ameaça real à sua vida."
"Você quer dizer como a ameaça de eu viver sob o controle do meu pai todos os dias?", Gabriel respondeu com sarcasmo.
Luca inclinou a cabeça ligeiramente, seus lábios se curvando em um sorriso que não alcançava os olhos. "Talvez. Mas isso agora não importa. A partir de agora, eu estarei ao seu lado o tempo todo. Quer você goste ou não."
O olhar penetrante de Luca fez Gabriel sentir como se estivesse sendo despido, sua alma exposta àquele homem desconhecido. Algo dentro dele reagiu a isso, uma mistura de raiva e... desejo?
OBRIGADA POR LEREM AGUARDO A PRESENÇA DE TODOS NO PRÓXIMO CAPÍTULO.
Sinopse para quem não leu
Em meio à escuridão de uma cidade controlada por famílias mafiosas, onde lealdades se quebram e o perigo espreita em cada esquina, dois homens são atraídos por uma atração proibida. Gabriel, o protegido e herdeiro de um dos clãs mais poderosos da máfia, vive sob a sombra das expectativas de seu pai e os perigos que cercam sua vida. Luca, um assassino de sangue-frio, é enviado para proteger Gabriel após um atentado contra ele. Conforme a tensão entre eles cresce, surge uma química explosiva, marcada por segredos sombrios e uma teia de mentiras.
Gabriel sentia o peso da presença de Luca em cada canto do quarto, como se o ar ao redor tivesse ficado mais denso. Ele não sabia o que era mais irritante: o fato de seu pai ter mandado alguém para vigiá-lo ou o jeito frio e imperturbável de Luca. Mas o que mais o incomodava era o estranho impulso que sentia, algo que queimava baixo, bem debaixo de sua pele, toda vez que Luca o encarava.
"Você está sempre assim?", Gabriel perguntou, tentando dissipar a tensão no ar. "Sem emoção? Parece que nada te afeta."
Luca o observou por um longo momento, seus olhos impassíveis. Ele se aproximou da janela e olhou para fora, como se estivesse escaneando a cidade à procura de algo. "Não estou aqui para conversar, Gabriel. Meu trabalho é manter você vivo."
Gabriel riu novamente, mas dessa vez o som saiu mais suave, quase melancólico. "Sempre tão prático, hein? Parece que você não vive. Só sobrevive."
Luca permaneceu em silêncio, seus olhos fixos nas luzes da cidade. Gabriel se levantou e caminhou até o lado dele, tentando sondar aquele homem enigmático que agora fazia parte de sua vida. Ele não podia negar que havia algo intrigante em Luca, algo que o puxava, mesmo contra seu melhor julgamento.
"De onde você veio?", Gabriel perguntou, cruzando os braços. "O que te fez acabar nesse mundo podre de sangue e poder?"
"Não acho que seja da sua conta," Luca respondeu, mas havia uma leve mudança no tom de sua voz, quase imperceptível, que não escapou de Gabriel.
"Talvez não seja," Gabriel concordou. "Mas estamos presos um ao outro agora, parece. Talvez seja bom saber com quem estou lidando."
Luca se virou para encará-lo, sua postura rígida como a de um soldado. Ele inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse estudando Gabriel. "Você não precisa me conhecer. Só precisa fazer o que eu digo."
O coração de Gabriel acelerou com a proximidade. Havia algo em Luca que despertava em Gabriel uma mistura de fascínio e raiva. Ele queria entender aquele homem, quebrar aquela máscara de gelo. Queria ver o que estava por baixo.
"Você é todo controle, não é?" Gabriel provocou, tentando perfurar a armadura invisível de Luca. "Mas controle é uma coisa frágil. Eventualmente, tudo quebra."
Luca não se abalou, mas Gabriel notou um brilho perigoso em seus olhos. O silêncio entre eles era quase palpável, carregado de uma tensão que Gabriel não sabia se era de ameaça ou de algo mais intenso.
Antes que Luca pudesse responder, um som agudo de vidro quebrando invadiu o quarto. Gabriel congelou, mas Luca foi mais rápido. Em um instante, ele puxou Gabriel para o chão, cobrindo-o com seu corpo enquanto vidros voavam ao redor.
"Fique abaixado!" Luca sussurrou, seu tom autoritário e afiado.
Gabriel, debaixo do peso de Luca, mal conseguia respirar. Não apenas pelo susto, mas pela proximidade desconcertante daquele homem. O cheiro de Luca era intenso, e o calor de seu corpo sobre o dele parecia errado e tentador ao mesmo tempo.
As sombras da máfia não estavam longe. E Gabriel percebeu que, a partir daquele momento, sua vida nunca mais seria a mesma.
Gabriel mal conseguia controlar sua respiração enquanto o peso do corpo de Luca pressionava contra o seu, mantendo-o firme contra o chão. A adrenalina corria em suas veias, mas não era só pelo ataque repentino—era também pela intensidade de Luca tão próximo, o calor de seu corpo e o controle absoluto que ele demonstrava.
Os segundos seguintes foram um borrão. Gabriel sentia o coração bater forte no peito, enquanto Luca, em um movimento rápido e ágil, se levantava, sacando uma arma de dentro do casaco. Ele se aproximou da janela quebrada, movendo-se como um predador experiente, olhos varrendo o perímetro lá fora.
"Fique abaixado," ele ordenou, sem sequer olhar para Gabriel.
"Como se eu tivesse escolha," Gabriel murmurou, mas a verdade é que ele ainda estava meio atordoado, tanto pelo ataque quanto pela intensidade do momento anterior. Havia algo em Luca que o desconcertava. Ele era uma força silenciosa, perigosa, mas ao mesmo tempo inegavelmente atraente.
Luca se afastou da janela e se agachou ao lado de Gabriel, colocando a mão no ombro dele. O toque era firme, quase protetor, mas também dominador. "Estão indo embora," ele disse, a voz baixa. "Mas você precisa se manter alerta. Isso foi só um aviso."
"Um aviso?" Gabriel riu, mas era uma risada nervosa, mais para esconder o medo do que por achar graça. "Quem me dera que as pessoas só me enviassem cartas como qualquer outra pessoa normal."
"Na nossa linha de trabalho, não existem avisos gentis," Luca respondeu, os olhos cinzentos fixos nos de Gabriel. "Agora, levante-se."
Gabriel aceitou a mão estendida, mas assim que seus dedos tocaram os de Luca, sentiu um arrepio subir por sua espinha. Luca o puxou para cima com facilidade, a força de suas mãos revelando mais sobre o tipo de homem que ele era. Gabriel sentiu seu corpo esquentar com o contato, e por um segundo, seus olhos se encontraram, o ar ao redor deles parecendo estalar com uma tensão invisível.
"Você... já matou alguém antes?" Gabriel perguntou, sem pensar muito nas palavras. Queria quebrar o silêncio, mas também, no fundo, precisava saber mais sobre o homem que agora controlava cada movimento de sua vida.
Luca não desviou o olhar. "Sim," ele disse simplesmente, sem emoção.
Era uma resposta direta, sem rodeios, como se tirar uma vida fosse tão natural quanto respirar. Gabriel deveria sentir repulsa, deveria se afastar de Luca, mas, ao contrário, ele se sentia ainda mais intrigado, como se quisesse entender o que havia moldado aquele homem.
"Isso não te afeta?", Gabriel perguntou, a voz mais baixa.
"Não mais." A resposta de Luca era fria, como sempre, mas havia uma nota de algo sombrio em suas palavras.
Antes que Gabriel pudesse responder, Luca se afastou, movendo-se pelo quarto e verificando cada canto com olhos experientes. "Não podemos ficar aqui. Quem quer que tenha atirado não estava brincando."
Você acha?", Gabriel respondeu, o sarcasmo tingindo sua voz.
Capítulo 3 - Entre o Perigo e o Desejo (continuação)
Gabriel terminou a frase com um tom desafiador, mas Luca ignorou, mantendo o foco em seu trabalho. Ele abriu a porta lentamente, os olhos varrendo o corredor. Depois de alguns segundos de silêncio absoluto, ele fez sinal para que Gabriel o seguisse.
"Vamos, agora," Luca sussurrou, sem permitir qualquer hesitação.
Gabriel suspirou, sentindo a adrenalina pulsar em seu corpo enquanto seguia Luca pelo corredor escuro. A mansão estava mergulhada em um silêncio quase opressivo, como se até as paredes soubessem do perigo iminente. Gabriel tentava processar tudo o que havia acontecido até ali—o ataque, o toque de Luca, os olhares intensos que trocavam sem dizer uma palavra.
Eles desceram as escadas em silêncio, e Luca se movia como uma sombra, guiando Gabriel até a saída lateral da casa. A tensão no ar era quase palpável, e Gabriel podia sentir o calor de Luca próximo, o cheiro dele misturado ao perfume leve e metálico da noite.
"Para onde estamos indo?" Gabriel perguntou, tentando não soar tão irritado quanto se sentia. Detestava
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