...CAMILA PRADO...
..."Somos sobreviventes da nossa da nossa história"...
Camila estava tendo uma crise de ansiedade, encostada do lado de fora da igreja.
" Todos me enganaram, mentiram para mim. A Renata, o Cláudio, minhas tias, até os meus pais. Como puderam fazer isso? Eu jamais teria vindo nesse casamento de soubesse que poderia estar aqui."
Seus coração e pensamentos estavam galopando de raiva, frustração e decepção.
Precisava achar a Eloá e partir o mais rápido possível.
Entrou na igreja novamente agradeceu por ser uma igreja não muito grande e pelo número de convidados presentes.
Viu o vestido rosa de sua filha de 3 aninhos no colo de seu pai.
Foi até o banco onde eles estavam e chamou:
_ Oi meu amor. Vem com a mamãe. Abriu os braços e a menina de olhos azuis e cabelos pretos se atirou em seus braços.
_ Me dá a chave da casa, por favor. Disse para sua mãe.
_ O que você vai fazer?
_ Pegar as minhas coisas e ir embora para minha casa.
_ Você não pode fugir para sempre. Fique aí e enfrente.
_ Eu não quero saber o que você ou qualquer outra pessoa pensa que eu devo fazer. Só me dá a porr@ da chave da casa. Eu deixo no lugar de sempre.
_ Não vou dar. E eu quero assistir o casamento.
_ Tudo bem.
Camila saiu com Eloá. Foi até seu carro e a colocou na cadeirinha.
Na frente havia uma farmácia, comprou leite, fralda, mamadeira e chupeta. Em um bar comprou três garrafas de água mineral.
Era o que precisava. No carro tinha um cobertor e travesseiro também tinha uma maleta com uma troca de roupa tanto para ela como para Eloá, quando estivesse bem longe daria um jeito de tirar aquele vestido, tirou os sapatos de salto alto e deu partida no carro.
Suspirou aliviada, enquanto se afastava.
Ela demoraria muito para falar com sua família novamente.
Seus pais moravam ali em Hanover, mais ela morava a 41 quilômetros dali em Haverhill.
As cidades eram muito parecidas, pequenas, bucólica, e todo mundo conhece todo mundo.
As características das cidades não a afetavam até o momento que engravidou. A partir desse momento foi impossível permanecer ali, por isso ela tinha simplesmente ido para outro lugar. E não se arrependeu em nenhum momento.
Seu telefone celular começou a tocar era sua mãe ela simplesmente ignorou. E desligou o telefone. Além de não querer falar com nenhum deles estava dirigindo.
O tempo de viagem era de mais ou menos uma hora.
_ Mamãe eu quelo fazer xixi.
_ Vamos parar daqui a pouco, consegue esperar um pouquinho?
_ Só um pouquinho axim? Perguntou mostrando o tamanho com os dedinhos.
_ Sim meu amor.
_ Conxigu.
Logo a frente ela parou.
Pegou a filha no colo e a bolsa onde tinha roupa, pegou a mamadeira, chupeta e a lata de leite.
Foi até o banheiro, colocou a Eloá para fazer xixi, e a trocou. Colocou fralda na mesma, porque ela ainda fazia xixi noturno.
Foii até o restaurante e pediu para uma mulher passar uma água fervendo na chupeta, bico da mamadeira e na mamadeira.
Pediu também um café expresso com leite, um copo de leite puro e dois pedaço de bolo simples de laranja.
Quando a garçonete trouxe os pedidos também trouxe a chupeta e a mamadeira.
Camila, deu para a filha o copo de leite puro e um pedaço de bolo, preparou uma mamadeira e guardou na bolsa. Por fim tomou seu café e comeu seu bolo.
Quando ligou seu celular tinham várias mensagens da sua mãe, pai, tia prima. Não queria falar com nenhum deles.
Ligou para Dani sua melhor amiga que morava e trabalhava com ela.
_ Fala que você me ligou porque encontrou um homem gostoso e está saindo da festa para ir para um motel?
_ João está aqui, quer dizer estava no casamento.
_ João!? O teu João?
_ Ele não é o "meu João".
_ Desculpa, aquele João?
_ Sim.
_ Como você está? Aliás como foi que ele reagiu quando te viu, ou melhor quando viu a Eloá.
_ Ele não viu. Eu simplesmente deixei o casamento e estou ndo embora para casa. Parei para tirar as roupas de festa, comer alguma coisa e já estarei voltando para a estrada, chego aí daqui uns trinta minutos.
_ Entendi, vou te esperar acordada. Fica focada na estrada.
_ Obrigada Dani.
Voltou para o carro, arrumou a Eloá de uma forma confortável e segura, deu a chupeta e a mamadeira e foi para a estrada. Logo ela pegou no sono.
Trinta e cinco minutos depois estava entrando na garagem da sua casa, Dani veio ajudar, pegou Eloá enquanto ela tirava o resto das coisas.
Estava na cozinha Dani voltou.
_ Conte-me tudo.
Camila estava sentada, com uma caneca de café quentinho.
_ Eu estava na igreja, e quando vi ele chegando, ele não me viu, pelo menos eu acho que não viu. Eu fiquei tão nervosa, que tive umas crise de ansiedade, fui obrigada a sair e tomar ar, depois simplesmente fui peguei a Eloá. Eu pedi a chave da casa para minha mãe, para pegar minhas coisas, ela não deu, eu fui comprei chupeta, mamadeira, uma lata de leite, água e vim embora. E isso é tudo. Cara, eu estou com tanta raiva. Eles me traíram e me atraíram para uma armadilha.
_ Você tem certeza, será que ele não chegou de surpresa?
_ No exato dia do casamento da Renata? Claro que não. E minha mãe falou que eu tinha que enfrentar. João nao é um problema, Joao é um tsunami.
_ Ainda gosta dele?
_ Nao. Eu fui uma tola apaixonada que dormiu com o playboy mais cobiçado de Hanover, achei que era especial e no fim era só mais uma. A única coisa realmente boa é a Eloá. Nem pra falar que criamos memórias. Ficamos juntos 3 meses eu achei que era namoro, ele não.
_ Se alguém contar da Eloá pra ele?
_ Eu penso nisso depois. Eu nunca pensei em esconder a Eloá dele. Só que ele já tinha ido embora quando eu descobri, eu tentei ligar e ele não atendeu. Daí eu vim morar e ter a Eloá aqui. E o resto você já sabe.
_ Sim, me chamou pra vir viver seu sonho com você.
_ Nosso Dani. Vamos dormir.Que tal um piquenique no parque amanhã?
_ Sugestão aceita. Vou chamar o Enrique.
Enrique era o namorado da Dani. Ele era um cara legal, que estava acostumado com o jeito maluquinho da minha melhor amiga.
Eu dividia meu quarto com minha filha. O quarto era uma grande suíte, com paredes brancas como o resto da casa e muitas cores, distribuídas nos brinquedos.
Ela foi até a filha e a cobriu. Deitou e fechou os olhos para dormir.
Ver João tinha trazido várias lembranças.
QUATRO ANOS ANTES
Camila tinha passado na faculdade de gastronomia e estava vivendo no campus da University Nova Hampshire. Um dia trombou sem querer no corredor com um rapaz, era João. Foi o típico primeiro encontro de cinema, seus livros caíram, ele ajudou a pegar do chão, ele perguntou sobre ela e descobrimos ser da mesma cidade e ele ser primo da namorada de um primo dela. Renata e Cláudio, os noivos.
Ele sempre estudou fora, por isso eles não se conheceram antes daquele encontro.
Dessa conversa, para os dois saírem, e depois para o sexo foi um pulo.
Porém, nas férias de verão, mesmo eles estando na mesma cidade não se encontraram, e quando Camila perguntou dele para os amigos que tinham em comum, descobriu que ele saia toda a noite com uma garota diferente.
No retornou das aulas na faculdade, João havia ido terminar a sua graduação em Londres.
Dois meses depois descobriu que estava grávida. Tentou falar no celular dele, ele nunca atendeu. Ela tinha 18 anos e ele 21. João nunca mais tinha voltado a Hanover, diziam que ele era o CEO da empresa multimilionária da sua família.
Ela mudou-se de vez para o campus, conheceu a Dani, companheira de curso e de quarto. Trabalhou de noite, para poder comprar as coisas de sua filha. Seus pais não a abandonaram, mas a responsabilidade era dela. Quando se formou veio morar em Haverhill. Ela era super econômica, e conseguiu guardar um dinheiro, junto com a Dani iniciaram um pequeno negócio de restaurante com conceito verde e fresco. Isso fazia 3 anos. E podia afirmar que os frutos desse trabalho vingou.
Pensar em suas conquistas acalmou seu coração e ela conseguiu dormir.
JOAO COIMBRA
Entre nós há sonhos de histórias canceladas.
Entrar naquela cidade lhe trazia muitas lembranças boas e uma série de eventos ruins. As boas eram os amigos, as brincadeiras da infância, o correr pela rua sem rumo e sem preocupação, os banhos nos lagos. As ruins se concentram em único verão.
Quando recebeu o convite para o casamento de sua prima Renata viu uma oportunidade de voltar às origens depois de 3 anos, então aceitou.
Ele sabia que poderia dar de cara com Camila, porém estava disposto a correr o risco, chega de ficar evitando.
Parou o carro na frente da casa de seus pais e desceu. Sua mãe veio o receber na porta, não havia saudade acumulada, pois ela, seu pai, e seus irmão Leandro e Alice ia sempre a Seattle.
Abraçou a mãe com carinho, beijando suas bochechas.
_ Fez boa viagem.
_ Muito boa. Disse pegando sua mala.
Eles entraram e João foi para o seu antigo quarto, que estava praticamente igual.
Desceu para o almoço.
_O bom filho a casa torna. Disse sua irmã.
Alice tinha 17 anos. Era a caçula.
_Ola irmãzinha. Disse beijando seus cabelos.
Eles estavam na grande cozinha, sua mãe estava mexendo uma panela com um doce de morango dentro.
_ Vai ficar um tempo ou só veio para o casamento? Perguntou seu irmão.
_Depende de como as coisas irão ficar.
_ Não me diga que você está pensando em falar com ela? Perguntou sua mãe.
_ Não tenho absolutamente essa intenção ela me traiu. A Sra. sabe se ela veio.
_ Não sei. Embora eu falei com a Jussara, evito falar da Camila. E ela também evita.
_ Tudo bem. Vou evitar o máximo aproximação. Agora eu vou me deitar para descansar um pouco da viagem.
_Sim. O casamento será às 18h. Quer que te chame?
_Nao precisa, vou por o alarme.
João trocou de roupa e deitou.
Se lembrou de quando conheceu Camila, ela trombou com ele quando estava no penúltimo ano da faculdade de engenharia. A atração entre os dois surgiu desde esse momento.
Ela era linda, pela clara, olhos verdes, cabelos lisos e loiro, 1,60.
Ajudou ela a pegar seus livros e puxou conversa. Descobriu que eram da mesma cidade. Depois saíram e por fim fizeram amor.
Camila era virgem, sua dolçura e ingenuidade era encantadora. Iria esperar a férias de verão e pedir ela em namoro.
As pessoas daquela cidade gostavam de tradição, e ele iria falar com o pai dela.
Camila tinha começado as férias antes dele. Fazia duas semanas que ela estava de férias quando a dele começou.
Chegou no sábado a tarde. Estava louco para vê-la, porém ela estaria em Benton na casa de seus tios ajudando a tia que estava grávida, e ficaria lá durante aquela semana. Foi aí que tudo desmoronou.
Raquel era uma piquete minha, ela era engraçada, topava muitas loucuras, e aceitava que nossa relação era sem compromisso, além de tudo isso era uma amiga.
Ela ligou no mesmo dia de sua chegada para chamá-lo para sair com os amigos. Eles iriam até o único pub de Hanover, que ficava a uma distância da cidade para não perturbar a ordem.
Ele foi, encontrou os amigos e quando Raquel tentou uma aproximação mais íntima ele contou sobre Camila.
_ Puxa, sério? Tem certeza que está apaixonado?
_Tenho sim.
_ Pois fico feliz, espero que eu também encontre o meu amor.
_Vai sim.
O resto da festa continuou normal, Raquel ficou mais quieta mas não saiu de perto dele. Era assim que pessoas adultas agiam.
Na quarta feira Raquel veio em sua casa, sua cara estava triste.
_ O que houve? Perguntei
_ Eu tive que ir a Benton ontem. E vi a Camila.
_ Falou que mandei um beijo?
_Não. João eu vi a Camila com outro.
_ Como assim?
Ela tirou fotos de dentro de um envelope. Eram de Camila com um rapaz mais ou menos da idade dela, em uma lanchonete, ele segurava a mão dela e ela estava com a cabeça apoiada em seu ombro. Em outra foto eles estavam de mãos dadas. E na última eles estavam de beijando.
Rasguei as fotos e entrei para dentro. Uma dor enorme entrou no meu coração.
Superei saindo com Raquel, e outras meninas. Nenhuma era a Camila, nenhuma era o suficiente.
Antes dela voltar para Hanover fui embora para Londres.
Terminei minha graduação e fiz outros cursos para administrar a empresa de meu pai.
João lembrava com raiva, teve tempo que sentiu ódio. Nunca foi procurá-la, nunca mais atendeu seus telefones.
Agora estou aqui. Sei que ela não se casou, existia um mistério em volta do nome da Camila em sua família. Ninguém lhe falava muito dela. Mas com certeza falaria se ela tivesse se casado.
Dormiu um pouco, levantou, vestiu seu terno e foi para o casamento.
João chegou levemente atrasado. Buscou Camila e não a encontrou nem na igreja nem na festa.
Não entendeu porque ficou levemente frustrado.
RAQUEL SOARES
Te espero um dia, um mês, uma vida talvez.
Raquel viu exatamente quando João chegou. Ela estava ali para impedir que ele se aproximasse de Camila e muito menos da filha dela.
Ela amava João desde a adolescência. De jeito nenhum iria permitir que outra mulher o tirasse dela.
Aceitou as várias peguetes que ele tinha e foi se livrando de cada uma, ele nem sentia falta delas, até surgir Camila.
Disfarçou bem a raiva e o ciúmes que sentiu quando ele disse que não iriam ficar juntos porque ele estava apaixonado.
Escutou, com um sorriso carimbado na cara, ele falar de como ele estava apaixonado, dos planos, e de como incrível era Camila.
Também soube que ela estava em Benton.
Ela teria que ser rápida, e cortar o mal pela raiz.
Sua mãe conhecia a mãe da Camila e ela usou essa amizade para saber exatamente onde Camila estava. Nem lembra a desculpa que deu.
Na segunda feira foi para Benton. Ela iria envenenar Camila, dizer que João era um mentiroso traidor, que ele era seu namorado a mais de 3 anos. Tinha muitas fotos para mostrar e validar sua história.
Porém o destino tinha algo muito melhor.
Benton era uma cidade que amava artes. Tinha sempre uma exposição de pintura, cerâmica. Também tinha apresentação de músicas, e teatros.
E Camila estava naquela semana participando de um teatro.
Ela fazia par com um garoto da sua idade, eles eram namorados.
As fotos que ela tirou foram das cenas. Depois foi só fazer os Photoshop.
Viu a decepção e raiva de João quando ela mostrou as fotos, tentou ficar para consola-lo naquele dia, mas ele queria ficar sozinho.
João passou naquela semana trocou de celular e passou a sair com qualquer uma, sim eles ficaram juntos, mas ela se sentiu apenas usada.
Uma semana depois ele foi embora para Londres.
A culpada era a Camila. Os amigos do João não sabiam o que estava acontecendo com ele. Por isso quando Camila perguntou onde estava João eles disseram que pegando mais uma.
Ela mandou muitas fotos de João com muitas garotas, algumas abraçado, outras dando selinho e dela mesma o beijando muito.
Foi o fim. Camila voltou para a universidade e depois foi morar em Haverhill.
Quase um ano depois viu Camila no supermercado. Ela tinha uma criança no colo, bastou ver para saber que era do João.
Jamais iria deixar eles se aproximaram para descobrir o que ela fez. João continuava a ser dela.
A cerimônia da igreja tinha chegado ao fim quando se aproximou de João.
_ Meu Deus, quanto tempo.
João beijou a face que ela oferecia.
_ Muito. Como você está?
_ Bem e você?
_ Casou?
_Ainda esperando o príncipe.
Ele deu risada
_A festa é no Salão, voce vai, pode me dar carona, meu carro está na oficina.
_ Claro que sim.
Ele deu o braço para ela e saíram juntos da igreja.
Raquel entrou com os braços dados na festa. Foi uma estratégia para afastar Camila, mas também para que as pessoas achassem que eles eram algo a mais que simples amigos.
Camila não estava no casamento.
Mais tarde durante a festa escutou a mãe dela cochichar que ela ter ido embora era errado.
Suspirou aliviada.
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