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És Meu - Segunda Temporada

1

Ás vezes eu ficava pasmo com a maneira como o Dei tratava o Xiang, credo, aquilo era demasiado amor para mim! O meu tempo recorde numa relação tinha sido talvez de três dias, e mesmo assim penso que foi por andar ocupado e não a ver, senão tinha sido muito menos. Na minha filosofia de vida não havia espaço para amar ninguém, nem nunca ia haver!

- Jung, tens de ter calma contigo, andas sempre enervado por tudo e por nada...- disse-me Dei um dia no shopping em Xangai perto da casa do pai dele.

- Sou bastante calmo até!- disse-lhe enquanto um grupo de mulheres olhavam para nós aos risinhos. Como aquilo era irritante! - Querem alguma coisa?! Ele já é casado! - apontei para Dei chateado. Se o Xiang ali estivesse de certeza que estaria a olhar para elas com olhos de lince.

- Elas estão a olhar para ti...- ele disse-me baixo. Eu levantei o meu sobrolho: meninas do papá...com a mania que sabiam imenso sobre moda, mas que tinham acabado de parecerem bandeiras ambulantes, não elas não faziam o meu género...

- Dispenso.- disse a ele puxando-o por um braço para dentro da loja de artigos para motas.

- Ainda a fazeres o teu luto pela última que deixaste?- ele perguntou-me segurando o riso.

- Não, por agora quero distância de mulheres, a última já pensava que íamos casar! Rídiculo! Como vão as coisas com o Xiang?

- Vão bem, sabes que já estamos casados á algum tempo, por isso já estamos na fase de ter aquela rotina amorosa, mas confesso que tenho saudades dele, ele ultimamente não pára em casa...

- Estão casados á dois anos, isso para mim não é imenso tempo. Já devias saber que ia ser assim. Pensa que pelo menos assim o Hao pode estar mais com o Lei...- comentei sem muita paciência para  conversa que aí vinha.

Dei pegou num capacete e depois de o ter metido de volta na estante olhou para mim.

- E as coisas com o teu pai? Ele já anda mais calmo?

- Um bocado, ele anda a sair com uma perua qualquer, anda todo feliz apaixonado…

- Ui, deve ser sério…!

- Nem me digas nada, tu até a conheces, ela tem um filho...

- Quem é?- Dei perguntou curioso.

- O sra A'costa.

Dei engasgou-se.

- Estás a brincar!

- Quem me dera!- resmunguei olhando para umas luvas novas.

- Ela não é a mãe do Jin, o rapaz que adoras atormentar?

- Nunca o atormentei, só acho ele demasiado sonso, sempre metido a ler os livrinhos dele de banda desenhada, a desenhar...tem aquele ar irritante, sabes?

- Sei que comecei assim com o Xiang e olha no que deu...- ele disse-me rapidamente e depois cobriu a cabeça, porque sabia que eu lhe ia bater.

- Se eu não fosse o teu melhor amigo juro que te enchia agora de porrada! Envolver-me com aquele tipo?! Nunca!!!

Acabei de fazer as minhas compras e levei Dei a casa, Xiang ainda estava a trabalhar. Desde que o Hao lhe tinha passado as rédeas da gangue que ele chegava muito tarde a casa, mas Hao tinha-o avisado que ia ser assim, era apenas uma questão de hábito, mas que por enquanto isso fazia o Dei estar mais tempo comigo.

Acelerei na minha mota para casa, eu estava cansado e queria conseguir dormir antes de entrar no meu trabalho. Assim que o Xiang chegasse a casa era a minha vez de ir trabalhar. Eu era o braço direito dele, eu geria os negócios noturnos, mais propriamente as discotecas. Os negócios estavam a prosperar e eu sabia que tinha uma responsabilidade grande nas minhas mãos.

Quando cheguei a casa vi logo que na entrada estava parado um carro que eu não reconhecia, fiquei logo desconfiado, por isso entrei com bastante cautela, foi quando o vi: Jin estava sentado no sofá da minha sala a ler, enquanto o meu pai e a mãe dele bebiam uma chávena de café muito animados.

- Ainda bem que chegaste!- disse-me o meu pai levantando-se para me receber. Deu-me um abraço ao mesmo tempo que me dizia ao ouvido- Vê lá como te comportas!

Olhei para ele com um ar enfadonho, passei pelos convidados dele e subi para o meu quarto deixando ele a falar sozinho:

- Volta aqui Jung!- ele gritou ofendido com o meu atrevimento,para ele era uma vergonha enorme que eu o desobedecesse ainda mais à frente de outras pessoas,mas ele já devia estar habituado, pois eu desde o início sempre lhe tinha dito que nunca ia aceitar as namoradinhas dele. Aquela casa era da minha mãe e eu não ia admitir que mais ninguém lá entrasse.

Tranquei-me no meu quarto, a ideia de estar ao pé daquela gente fazia-me a arrepios!

2

Consegui dormir duas horas antes de ter de sair para trabalhar. Era a minha vez de ir para a discoteca. Tomei um banho rápido e mudei de roupa. Desta vez, como gerente da discoteca Bronze eu tive de vestir o meu fato e gravata,não era coisa que eu gostasse muito, mas no final da noite estar assim vestido fazia-me ser um íman para as mulheres...Todas queriam estar a sós comigo e isso muita vez era irritante.

Antes de sair do quarto espreitei pela janela do meu quarto e vi que o carro da perua ainda lá estava, mas já era muito tarde, porque é que ela ainda não tinha ido embora?!

Desci as escadas irritado e com os meus sapatos na mão, espreitei cá para baixo: só o idiota estava na sala sentado ainda no sofá.

- A tua mãe?- perguntei-lhe quando cheguei á sala. Ele não me respondeu, estava de phones nos ouvidos e com o nariz enfiado num livro de fantasia. Chamei ele novamente, mas continuei sem ter resposta, peguei na almofada decorativa do sofá e atirei-lha fazendo os óculos de nerd dele voarem. Ele assustou-se e pareceu finalmente ter dado pela minha presença.

- Onde está a tua mãe?!- perguntei já irritado. Ele procurou os óculos e meteu-os tirando o cabelo negro da frente dos olhos.

-Não sei, acho que foi jantar com o teu pai.- ele respondeu numa voz baixa.

- Mas já são onze horas!

- E que mal tem? Precisam da tua aprovação para sair?- ele perguntou-me de repente deixando-me espantado, aquele nerd de vez em quando esquecia-se de qual era o lugar dele.

- O pirralho ganhou coragem?- perguntei-lhe enquanto me fui aproximando dele lentamente, ele corou imenso e encolheu-se no sofá com medo de mim.

- Saiu-me sem querer, desculpa Jung!- ele pediu metendo os braços cruzados levantados á frente da cara para se proteger, isso fez-me lembrar dos nossos tempos na universidade.

- Se não fosse eu saber que eles podem voltar a qualquer momento desfazia-te com as minhas mãos!- rosnei-lhe, ele baixou um bocadinho os braços e depois ainda a medo falou.

- Vais sair?

- Vou trabalhar. Porquê?!

- Só perguntei…

- Queres vir? Tenho a certeza que posso arranjar-te companhia feminina, amanhã já nem vais querer ter esse ar de nerd...- comentei. Sentei-me no sofá e calcei os meus sapatos, mas ele não me respondeu. Olhei para ele de novo e ele manteve-se calado.

- Não vens?

- Não, a minha mãe vai querer que eu esteja aqui quando ela chegar...- ele disse com um ar tão obediente que me fez estremecer. Como eu odiava meninos da mamã!97

- Credo homem! Mas és algum bébé para teres de ficar aqui á espera dela quando ela nem a jantar fora te levou?!- ele encolheu os ombros.

- Não, mas ela ia ficar apavorada se não me visse aqui, ela só me tem a mim na vida dela...

Aquela resposta que aquele fedelho me deu fez-me amolecer por segundos: eu também queria ter uma relação assim com o meu pai, eu tinha tentado durante algum tempo depois do desaparecimento da minha mãe, mas cheguei á conclusão que para ele eu tinha sido o motivo dela partir, por isso hoje em dia andávamos quase sempre em guerra, eu devia imenso ao Dei por me ter aturado na minha pior fase quando a minha mãe se foi embora. Éramos pequenos ainda, mas as nossas famílias eram amigas, por isso o meu pai deixava-me com Min frequentemente. Talvez fosse por isso que eu não tivesse daído um completo desastre.

- Bom para ti, eu vou trabalhar.

- Mas não comeste nada...- ele disse-me com um olhar tímido, parecia preocupado.

Que raio ele queria agora?!Dar-me comida á boca?

- Problema meu, não te metas onde não és chamado!

Saí de casa e ainda fiquei um pouco cá fora na entrada da casa com o olhar perdido na minha mota. O meu pai ainda não tinha chegado, provavelmente o jantar dele ia ser terminado em algum hotel e aquele tipo ia ficar lá em casa sozinho, sem ninguém, feito um cão idiota á espera que a mãezinha o viesse buscar…

A roer-me por dentro entrei novamente em casa.

- Liga para ela e vê se eles regressam hoje.- disse-lhe. Ele olhou para mim e pegou depois no telemóvel dele.

- Ela não atende.- disse-me olhando preocupado para o telemóvel dele.

- Ela está bem, deve estar ocupada com ele...- disse-lhe, mas aquilo não saiu exatamente da maneira que eu queria, pois Jin olhou para mim com uma cara como se eu tivesse dito alguma blasfémia.

- Não era isso que eu queria dizer, estava a dizer que estão no jantar…

Jin pareceu relaxar mais um pouco, pegou no livro dele e olhou para mim do género "vais sair, ou não?".

Acabei por sair batendo a porta. Nerd esquisito…!

3

Cheguei á discoteca e fui logo recebido pelos meus lacaios favoritos que me vieram fazer o relatório de como tinha corrido a noite até eu ter chegado.

- O Xiang saiu daqui a pouco, ele esteve a ver a contabilidade e estava tudo em ordem, continuando a faturar assim ele diz que no fim do mês podemos vir a ter um bónus!- ele disse-me entusiasmado quase aos pulinhos. Não liguei nenhuma ao que ele me tinha dito sobre o bónus, nunca me tinha faltado dinheiro, eu fazia o que fazia porque Dei me tinha dito que Xiang estava a ficar demasiado cansado e precisava de alguém de confiança, por isso eu tinha-me voluntariado para o ajudar, mas no final das contas acabei por ficar mais tempo do que o previsto.

Entrei no escritório e deitei-me no sofá. Será que o idiota ainda lá estava sozinho á espera da perua? Ri sozinho, eu estava a dar demasiada importância a um nerd daqueles, mas só para prevenir liguei para a nossa governanta. Ela atendeu o telefone, eu ouvia o som da televisão ligada perto dela, ela estava na cozinha de certeza a ver as novelas da noite que a faziam chorar feita uma arrependida.

- Ling estás na cozinha?- perguntei de olhos fechados a esfregar com os indicadores as minhas têmporas.

- Sim patrão, o que precisa?

- O pão sem sal está ainda na sala?- perguntei enquanto começava a roer as unhas.

- Pão sem sal?- ela perguntou-me confusa.

- Sim, o filho da perua…

- Da sua futura madrasta?- ela perguntou fazendo-me levantar de um pulo.

- Madrasta?!- perguntei com o coração os pulos. Ela com certeza estava enganada no que estava a dizer, sim, era isso. Eu não tinha sido informado de nada, ela estava já a ver demasiadas novelas.

- Falei demais...- ouvi ela sussurrar do outro lado.

- Ling, fala de uma vez, conta-me o que sabes! Juro que te despeço!

- Bem, a senhora A'costa hoje quando cá veio foi para ser apresentada como noiva do seu pai, pensei que já sabia menino…

Noiva...Aquela simples palavra estava a complicar-me com o sistema nervoso de uma maneira que eu nem tinha imaginado que conseguisse haver. Fui direito ao mini bar que o Xiang me tinha oferecido e procurei pela bebida mais forte que eu podia encontrar, bebi quase meia garrafa de vodka preta, mas nem isso me conseguiu acalmar, muito menos embebedar...

- É impossível...ele não ia fazer uma coisa dessas á minha mãe...não pode...- caí de joelhos no chão com lágrimas de raiva no chão. Peguei no meu telémovel e liguei para ele um monte de vezes, mas ele nem me atendeu, provavelmente a nossa governanta já o tinha informado do seu deslize, mas eu ia atrás dele, ia acabar por conseguir falar com ele e ele ia ter de me explicar o que se estava a passar.

- Se eles casarem vou ser irmão do pirralho…!- quase dei um grito quando me apercebi da gravidade da situação. Até áquela altura eu não tinha ainda sequer pensado na consequência do casamento deles, mas depois é que me veio essa ideia á cabeça... Levantei-me e encostei-me ao mini bar quase sem fôlego, liguei de novo para minha casa.

- Passa-me ao pirralho!- disse a Ling, mas ela começou a gaguejar.- O que foi agora, porra?!!!

- Ele...bem...ele adormeceu no sofá…Não o queria estar a acordar...-ela respondeu com voz trémula.

- Mas ele pensa que está onde?!- gritei- Eu daqui a pouco já aí estou!

Desliguei a chamada e saí do escritório a correr, mandei mensagem a Xiang a dizer que tinha um problema familiar para resolver e que no dia seguinte para o compensar ia ficar todo o dia na discoteca, ele nem ia precisar de vir trabalhar. Dei ligou-me passado alguns segundos.

- O que se passa?- ele perguntou preocupado.

- Não quero falar agora Dei, preciso de resolver umas coisas lá em casa, falamos depois…

- Mas...

- ...Não há mas nem meio mas, deixa-me resolver isto, preciso de ter isto resolvido senão vou dar em doido!

Dei acabou por desistir e desligar a chamada, no dia seguinte eu ia ligar para ele para lhe contar o que se tinha passado, mas naquele momento eu precisava de falar com o Jin, precisava de saber o que a perua da mãe dele afinal queria do meu pai!

Cheguei a casa ainda com o coração aos pulos, entrei em casa sem mesmo me importar se estava ou não a fazer barulho, Ling já se tinha recolhido ou estava escondida para não me enfrentar. Estávamos eu e Jin sozinhos, com um assunto importante para resolver.

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