Me chamo Aysha, eu vou contar a minha história de como a minha vida mudou, depois da morte dos meus pais e como continuei depois de tudo o que aconteceu. Aos 12 anos, eu tive que amadurecer precocemente, quando meus pais faleceram em um acidente de barco, ocasionando uma explosão e fatalmente matando a todos.
A polícia diz que foi vazamento de combustível, eu chamo de assassinato e nada vai mudar este meu pensamento. Meus pais tinham uma vida reservada, morávamos de frente ao Lago de Garda, situado entre a Lombardia, Veneto e Trentino-Alto Ádige. Meu pai era cientista e TI, minha mãe era neurocirurgião e trabalhava no Treviglio Caravaggio Hospital.
Aos oito anos, fui diagnosticada hiperativa e precisa colocar a minha concentração em alguma coisa, então, a minha mãe matriculou-me no balé no intuito de chamar a minha atenção e criar responsabilidade em algo. No começo até deu certo, mas, como eu era uma criança que não tinha limites, as coisas começaram a sair dos trilhos e nisso, a minha mãe teve a primeira conversa séria comigo e tudo mudou.
Comecei a amar a dança e aos espetáculos, cada movimento ou giro, me deixava mais encantada e cada vez fui tomando gosto pela arte do balé clássico. Aos 10 anos participei do meu primeiro concerto internacional, meus pais ficaram tão orgulhosos e eu pude ver isso nos olhos deles. Com 11 anos já tinha pleno domínio e fazia aquilo com uma desenvoltura e delicadeza.
- Aysha, melhore seu "Plié"...
- Sim, Sra. Margot...
- Perfeito! "Jeté e fondue" senhorita...
Aos poucos, fui destacando-me e algumas alunas começaram a ficar com ciúmes, pois, os elogios eram sempre dados a mim pela minha dedicação. No entanto, na escola as coisas eram diferentes, sempre chegava em casa com algum hematoma ocasionado por uma das minhas rivais do balé e isso estava me deixando com ódio.
- Eu lhe proíbo mocinha, de brigar com alguma coleguinha de classe. Amanhã, irei até a escola e conversarei com a diretora...
- Mas, mãe...A senhora já fez isso, há dois meses atrás e não adiantou!!
- Eu irei amanhã e você vá para o seu quarto!!
A minha insatisfação seria menos, se a minha mãe visse o quanto essas meninas, são horrorosas e mal educadas. Toda a semana retorno para casa machucada, desta vez o empurrão da Luize acabou criando um corte em minha coxa e está sangrando. Eu odeio essas garotas...
Até que um dia, chegou uma menina nova de outra cidade, ela tinha a mesma faixa etária que a minha, porém, alguns centímetros mais alta do que eu e de todas as garotas. O nome dela era Ana, no primeiro dia de aula a professora colocou ela sentada a minha frente, e então, toquei seu ombro e me apresentei. Ela olhou para trás e não esboçou nenhum sorriso e assim continuamos nossa comunicação. Todos os dias, tocava em seu ombro e tentava uma aproximação sem sucesso. As outras garotas, logo começaram a zombar dela, pelo fato dela ser grande e sempre séria nos intervalos das aulas. Até que um dia, o grupinho da Luize me encurralou contra a parede, para dar-me a surra diária.
- Aysha, a sua mãe esteve novamente na escola, por nossa causa?! Isso merece um castigo dobrado...
- Luize fique longe de mim...
- Infelizmente não, sua bobinha!!
De repente, surge puxando cada uma da rodinha e empurrando para longe, a Ana com a mão fechada e olhos observadores. Ela amarra os cabelos em um elástico e diz:
- Qual de vocês é a primeira?!
Eu atrás dela digo:
- Ana, deixa essas garotas e vamos embora!!
- Hoje não, Aysha!! Hoje vamos acertar as nossas contas...
Ela olhou para frente e na sequência, a própria Luize veio para dar - lhe um soco, porém, sem sucesso. Ana, com uma mão só derruba ela ao chão e bate em seu rosto duas vezes. Pega ela pelos os cabelos e grita em seus ouvidos:
- Escute bem, se você não quer perder os seus dentes!! E vocês também, suas fracotes... - Ela aponta o dedo para as amigas de Luize gritando.
- Agora você vai apanhar, pelo fato de bater em meninas menores que você. E vai lembrar deste dia para sempre...E detalhe, se eu ver você ou qualquer amiguinha sua, ameaçando alguém...eu vou te pegar de novo e de novo.
Ana da uma surra em Luize, no meio da escola e todos vendo ela pedir socorro, neste instante aparece a diretora tentando separar as duas e na sequência que ela consegui apartar a briga, leva as duas para direção e Ana passa por mim sorrindo como se tivesse feito algo heróico.
Bom, as duas levaram suspensão e retornaram na semana seguinte com os seus pais. Luize não me incomodou mais e nenhuma outra criança da escola, Ana e eu viramos melhores amigas. Visitamos uma a outra até hoje, no dia fatídico da morte dos meus pais ela estava comigo e acalmou meu coração.
Quando completei 12 anos, meus pais fizeram uma pequena festa de aniversário, com meus tios mais próximos que eu amo muito, a Tia Dália e Tio Giuseppe. A minha melhor amiga Ana e a professora do balé, alguns primos mais próximos e os meus avós que vieram de Roma.
Tudo estava incrível e me diverti tanto, meu pai estava tão feliz e brincamos juntos de pescaria. A minha mãe estava tão linda e só elogios por eu ser uma aluna dedica tanto na escola como no balé, como também uma filha amorosa e doce.
Porém, um mês depois em um sábado ensolarado fomos até o mar velejar com alguns amigos do papai, porém, por alguma coisa estranha ele disse para mim ficar na orla brincando com as outras crianças e eu fiz sem questionar. Minutos depois, com o barco em alto mar ouve-se uma explosão e meus olhos virão o que todos ficaram chocados e incrédulos com os destroços sendo estilhaçados pelo impacto do estouro.
Eu fiquei gritando para eles, enquanto, meus tios me seguravam para não me atirar na água e ir de encontro a eles. Tudo foi muito rápido, logo a polícia, os bombeiros e as ambulâncias chegaram para socorro, porém, não houve sobreviventes.
Dias depois, os corpos foram liberados para o velório, meus tios fizeram todos os trâmites legais e a Ana esteve comigo desde o início. E no dia do enterro, uma chuva fina caía, enquanto, o padre dizia as últimas palavras de conforto e quando tudo terminou, atirei duas rosas junto aos caixões e chorei como nunca havia chorado antes, uma dor imensa invadiu o meu peito e quando abri meus olhos aos céus naquele dia cinza, acabei desmaiando e batendo a cabeça levemente ao chão.
Quando acordei, já estava na casa dos meus tios, eu levantei, fui até a cozinha e lá estavam eles preparando o jantar. A minha tia Dália me abraçou e disse:
- Montamos um quarto para você e vai morar conosco por o tempo que for necessário. Amanhã seu tio, vai buscar o resto das coisas e vamos resolver sobre a casa e demais coisas importantes pertinentes a você Aysha.
- Tudo bem!!
- Sente-se, vamos jantar e falamos sobre tudo o que vai mudar.
Naquela mesa de jantar, senti um turbilhão de emoções, eu era imatura e recém completos 12 anos. Estava sem entender muita coisa e a única certeza, era que meus pais foram assassinados e um dia iria provar tudo aquilo. Os dias foram se passando e voltei a rotina normal. Me acostumei com a ausência deles e quando visitava o lago, chorava até cessar e depois voltava para casa de bicicleta.
Em fim, os anos se passaram e estava já cursando o colegial, me via com 17 anos e agora uma garota cheia de sonhos e desejos. O balé transformou a minha vida e queria continuar até a faculdade, continuei viajando junto a companhia e tudo estava indo bem, porém, mais uma vez o destino fez com que eu chorasse compulsoriamente e o que estava por vir mudou mais uma vez meus planos.
Ao chegar em casa, recebo a notícia que teria que ir embora para o lado sul da Itália com um estranho, o qual, um documento chega em mãos dos meus tios informando a situação.
- Eu não vou, tia Dália!! Eu não posso largar o balé, eu tenho vestibular daqui uns meses e tem meus amigos...
- É para sua segurança, minha menina!! Você tem alguns dias para arrumar tudo e um carro passará no sábado para lhe pegar.
- Minha segurança é vocês!! Por que isso agora?!
- Apenas obedeça, Aysha...
Minha tia simplesmente, explica a informação que acabará de receber e eu tenho menos de dois dias para arrumar tudo e ir embora, com uma pessoa que não conheço e segundo eles vai me proteger. Mas, de quê?!
No outro dia, na escola e conversando com Ana, sobre tudo o que está acontecendo, ela me questiona e faz a proposta de morar na sua casa. E, eu lhe digo:
- Amiga, já foi decidido!! Viajo no sábado e terei que deixar tudo para trás...
- Aysha, está tudo estranho isto!! Por que precisa de proteção?!
- Eu não sei Ana!! Só sei que irei sentir a sua falta e tudo aqui...
- Minha amiga, estarei aqui esperando o seu retorno!!
Ana e eu nos abraçamos e nos despedimos, para onde vamos não posso carregar meu celular e a única comunicação será o telefone da casa aonde estarei morando. Os dois dias se passaram, chegou o sábado e um carro preto para em frente a casa dos meus tios, nos despedimos e eu chorei, a minha tia prometeu me ligar todos os dias e que logo estaríamos juntos de novo. Abraço meu tio e ele coloca as minhas coisas no carro, eu entro e o motorista dá a partida seguindo viagem.
Duas horas depois, chegamos em uma mansão muito bonita, sinto o gosto salgado do mar na boca, trazido pelo vento do mar e pergunto ao motorista aonde estamos? E ele me responde, que estamos na praia Arcomagno em Calábria. Eu achei estranho, pois, é um lugar isolado e reservado muito longe da cidade. Aquilo começou a me deixar desconfortável, no entanto, entramos no lugar e tudo era perfeitamente organizado e claro. Um lustre enorme na entrada, uma escada imensa a minha frente, vasos e quadros decorando o ambiente, a minha esquerda a empregada me aguarda e carrega a minha mala para o meu quarto.
Entramos e ela deixa as minhas coisas na cama, ela me avisa se precisar de algo é só chama-la pelo interfone. Eu agradeço e ela sai pela porta, automaticamente vou explorar aquele imenso lugar, o banheiro tem uma banheira e toda decorada com folhagens e tem um quadro de uma bailarina em posição de dança. Em meus pensamentos, seja lá quem for tentou deixar o quarto um pouco mais amistoso por assim dizer. Ao olhar pela janela, consigo ver a pequena praia e não há ninguém nela, exceto um barco parado e um pequeno quiosque quase imperceptível.
- Por que eu estou aqui?! Por que eu estou sendo protegida?! E quem é que está por trás de tudo isso?! Sinto a falta de vocês mãe e pai, preciso de vocês aqui comigo...
Meus olhos enchem de lágrimas, por não saber o que esta por vir, apenas respiro fundo e fico pensativa com tudo e espero ter respostas o mais rápido possível.
Me chamo Adam Moretti, segundo filho e herdeiro do Sr. Antônio Moretti meu pai. Sou empresário, herdeiro das empresas Mksystem, Mountain Cold e membro do Conselho Italiano de Demifious. É um grupo fechado, aonde decidimos quem fica ou sai no nosso meio e não toleramos traições dos nossos sócios.
As empresas, o qual, administro são da área tecnológica e produtos de uso pessoal. Mksystem é uma empresa, que desenvolve protótipos para uma qualidade de vida melhor, para as pessoas com movimentos limitados, desde paraplégico, tetraplégico ou alguma dificuldade motora. E a Mountain Cold é a empresa do meu pai, apenas trabalho como parte da equipe e apesar de não concordar com que produzem, não é problema meu vistoriar as mercadorias que são exportadas e tão pouco me importo para qual destino vão.
- Adam, preciso que assine este documento aqui e transfira para o seu pai este valor...
- Assinar o documento, ok!! Agora, falar com ele... Não, Júlio!!...Não estou com a mínima vontade, de me estressar com meu pai!!
- Tudo bem!! Você quem manda, chefe...!!
O Sr. Moretti e eu não temos um convívio muito bom, comprei uma casa perto do mar para refugiar-me e ter um pouco de paz. Porém, houve um problema com um dos nossos funcionários e meu pai resolveu dar fim no homem. Eu discuti com ele por horas, era um dos nossos melhores colaboradores, porém, ele disse que o tal funcionário sabia demais e que tinha que dar fim nele.
Meu pai mandou explodir um barco, onde a família deste colaborador estava velejando, no entanto, as coisas saíram do controle quando ele descobriu que a única filha deles estava viva.
- Pai, está pobre garota inocente não sabe de nada!!
- Ela precisa morrer...
- O que ela pode saber, sobre os protótipos e sobre a fábrica Mountain? Deixe ela viver...
- Ela já tem 17 anos, pode estar com os documentos arquivados junto ao seu poder. Sabe o que significa Adam?! Seremos presos ou coisa pior...E, está decidido!!
Naquela noite sai pela porta do escritório, com o pensamento de salvar aquela garota, então, dirigi até a minha casa e lá tomei as devidas providências. Organizei um quarto para ela ficar, chamei dois seguranças meus de confiança para trazer ela para cá. Pedi que redigissem um documento, solicitando a partida dela o quanto antes, pois era caso de vida ou morte. No sábado, um carro buscaria ela para as dependências da mansão e depois seria vigiada 24 horas.
Quando eu olhei a foto dela, fiquei encantada com a sua beleza, mas, ficaria longe dela por questões pessoais. Sou um homem rústico e sem traquejo nenhum, meu pai criou eu e meu irmão com disciplinas severas. Foi uma infância difícil e uma adolescência pior, todo tempo era testado até o limite. Em uma noite, meu pai me tirou da cama e surrou-me até não aguentar mais e em seguida, colocou-me em uma banheira com água e gelo, para suportar a dor mediante a selvageria que acabava de receber. Assim, foi até meus 25 anos e hoje vivo nas sombras, meu olhar é sombrio e postura impecável. Já perdi a conta de quantos homens já matei e torturei, confesso que isso da-me muito prazer e ao mesmo tempo faz eu odiar isso tudo.
Não tenho mulher e nem filhos, não quero vínculo emocional com ninguém, quero apenas o dinheiro e paz. No entanto, quando meu pai disse que mataria um inocente, eu não aceitei por isso fiz algo que talvez, ele tire meu nome do testamento, não sou de acordo com o que ele quer fazer com essa moça, então, resolve protege-la mesmo indo contra ter mulheres em minha casa e isso vai ser desafiador.
Os dias se passaram e a garota chegou a mansão, ela se chama Aysha e a observei no saguão de entrada quando chegou pelas câmeras. Esguia e fransina, pequena e bem esperta pelo que vejo. Por hora, não haverá apresentações entre nós, porém, se ela começar a causar problemas, eu vou ter que dar as ordens pessoalmente a ela e fazê-la entender que aqui não é a sua casa.
Meu dia foi tenso e preciso relaxar, ligo para Júlio para ir até o club encontrar uma puta e nos satisfazer.
- Júlio, vamos ao Coliseu, beber um pouco e transar com alguma vadia...?!
- Adam, chego aí em 10 minutos meu irmão...
Como de costume chegamos a danceteria e somos bem recebidos e servidos, temos passe livre aqui e todos nos respeitam. Logo, não demora e chegam as mulheres para escolhermos. Bebemos e saímos para ir algum motel e lá, faço o que eu sei de melhor e confesso que isso me faz muito feliz. Não sou romântico e muito menos carinhoso, como a minha reputação acabou se espalhando, as vadias não querem mais sair comigo, porém, sempre tem uma desavisada e acaba caindo na minha rede.
Depois de terminar, vou para casa e estou distante da mansão para não ficar próximo a Aysha, tem um chalé próximo a praia e lá fico por um tempo analisando tudo pelas câmeras.
- Vamos ver o que ela está aprontando pelos monitores...
E o que vejo faz com que eu sinta algo, eu vejo ela dançar deslizando no assoalho encerado, seu corpo é perfeito e belo. Meus instintos de caçador despertam e então, eu fecho rapidamente o notebook e vou para cama.
Com o passar dos dias, Aysha se transformou e começou a quebrar a mobília do quarto. Depois, iniciou algumas fugas para longe da mansão, mas, falhava em todas pois os seguranças a encontravam e traziam de volta. Todos os dias recebiam reclamações sobre ela:
- Patrão, está sendo cansativo e desgastante proteger essa garota, outro dia ela mordeu o braço do André e chutou as bolas do Henrique.
- Eu vou até lá, falar pessoalmente com ela, vamos ver até onde vai a valentia dela...
Então, me arrumei e coloquei meu conjunto de terno preto, só uso em ocasiões, os quais, necessito de atenção e hoje é um dia daqueles que vou ter usar meus métodos terror.
Pego o carro e vou até a mansão, quando eu entro pela porta escuto os gritos dela e barulho de copos sendo arremessados na parede da cozinha, ela sem perceber da minha chega, eu a pego em seu braço de surpresa e arrasto até meu escritório com toda fúria.
- Quem é você e me largue seu estúpido...
Nós entramos e eu atiro ela no sofá, fecho a porta e estou visivelmente irritado, com uma vontade enorme de socar alguém, porém, preciso me controlar.
- Vamos!! Fale quem é você seu idiota, nunca mais encoste a mão em mim ou se não...
Rapidamente me viro diante dela e a minha fisionomia, não é nada agradável.
- Ou o que?! Vai quebrar mais alguma coisa?! Ou vai fugir?!
- Seu filho da pu...
Num ato de raiva e com o sangue nos olhos, ela escuta meu grito diante dela.
- Cale a boca...
O som da minha voz ecoa pelo lugar, Aysha senta-se a poltrona com os olhos assustado e ela tenta falar, porém, ela é interrompida por mim.
- Eu mandei você calar a boca!! Você é surda?! Você destruiu a minha casa e fugiu inúmeras vezes, eu deveria ter deixado te matar!! Sim, Aysha você tem razão, eu sou um filho da puta...
Eu pego um banco e arremesso contra parede com raiva, ferozmente vou até a cômoda e retiro uma maleta, dentro dela tenho varias adagas e escolho uma, vou em sua direção e ela olha com mais medo ainda. Algo dentro de mim pede para mata-la naquele instante, no entanto, apenas ameaço.
- Está vendo este punhal, a vontade que eu tenho é de atravessar os teus dois olhos e depois cortar a sua garganta. Sim, eu faria com uma satisfação imensa, no entanto, vou lhe dar uma segunda chance. Se destruir algum objeto dentro desta residência ou fugir, pode ter certeza que serei eu a desaparecer com seu corpo. Agora, suma das minha frente...
Aysha corre para o seu quarto e eu vou até a mesinha beber um whisky para acalmar os ânimos, por pouco ela não vê meu lado sombrio e quando ele acorda nada o acalma. A raiva cegou meus olhos, pude ver o medo nos olhos dela, porém, tenho certeza que ela não fará mais nada daqui em diante.
Após a nossa apresentação calorosa, aviso os seguranças caso ela crie mais algum problema, que era para me avisar imediatamente. Ao sair para entrar no carro, vejo Aysha pela janela do quarto dela e eu não esboço nenhuma expressão. Entro no carro e dirijo para o meu chalé próximo a mansão, espero que ela se comporte ou se não terei que vir morar aqui novamente.
Eu entro no meu quarto, cuspindo fogo por aquele troglodita e bato a porta com força, imaginando a cabeça dele entre a madeira e a maçaneta, sendo batida várias vezes até ele desmaiar e eu fugir daqui. Ao chegar perto da janelas vejo ele sair e ainda me encara como se fosse o rei do mundo.
- Quem você pensa que é...?! Mal sabe você, que vou causar coisas piores aqui, seu escroto imbecil...
Nos encaramos brevemente e vejo ele entrar no carro sumindo na estrada. Me sento a cama e eu tento me acalmar com tudo que aconteceu, meu coração está acelerado e por alguns segundos tive medo. Foi para isso que meus tios me mandaram para está prisão?! Por Deus, como vou sair daqui?!
Os dias foram passando e eu estava predestinada a virar aquela casa no avesso, os seguranças da mansão estava visivelmente cansados comigo e a oportunidade de fugir estava próxima. Até que um dia, o meu medo daquele homem que arrastou-me para aquela sala e ameaçou - me com um adaga, me fez entender que para minha segurança era melhor ficar aqui.
- Senhorita Aysha, se controle!! Você não pode sair sozinha, não é seguro está região, por questões... - Os seguranças tentam me acalmar, porém, sem sucesso.
- Por questões...?! Eu não sou prisioneira de vocês, então, melhor deixar eu ir embora...
Quando eu corro para mata, consigo fugir dos seguranças e não os vejo atrás de mim, já era quase noite e eu não conhecia o lugar. Em uma fração de segundos, a minha cabeça é coberta com um saco e não vejo absolutamente nada. Algo me faz cair não chão e meu desespero toma conta do meu corpo, eu começo a gritar por socorro e sou arrastada pelas pernas por uma corda. De repente, sinto que paro em um lugar úmido e sou posta de cabeça para baixo em algum tronco de árvore. A minha visão dentro do saco é ruim, mas, posso ver uma fogueira, um homem e o meu medo aumenta.
Eu sinto uma presença ao meu redor e grito por socorro várias vezes, sinto meu corpo sendo tocado e eu peço que pare. Começo a chorar implorando por minha vida e numa fração de segundos, o saco escuro é retirado da minha cabeça e vejo quem está na minha frente.
- Olá, Aysha...!!
- Me tire daqui seu doente!! Eu ordeno...
Nesta hora, o mesmo homem que me assustou dias atrás, para em minha frente observando meu corpo de ponta cabeça e diz:
- Ordena o quê?! Você não está em condição de querer alguma coisa, eu lhe avisei Aysha...
- Quem é você?! Por que está fazendo isso comigo?!
- Me chamo Adam e por hora é o suficiente a saber sobre mim!
- Me solte seu filha da...
- Cala a boca...
Adam aponta o mesmo punhal contra mim e meus olhos dobram de tamanho por medo, meu coração acelera e eu o encaro assustada.
- Eu me arrependo de trazido você para cá!! Deveria ter deixado, meu pai te matar...
- O quê?! Me matar...?! Quem quer me matar?!
Por alguns segundos, vejo ele olhando para mim e se aproxima com o punhal, eu fico esperando o golpe da morte, porém, Adam corta a corda e eu caio no chão como uma fruta madura. Ele se afasta e senta em frente a fogueira, eu levanto e fico afastada por medo, ele faz sinal para se aproximar, porém, meu coração acelera com a sua ordem. Eu chego vagarosamente e fico em pé, Adam manda eu sentar e eu faço sinal negativo com a cabeça, então, ele grita e o som da sua voz ecoa na noite sombria
- Sentaaaaa!!
Aos poucos me aproximo e sento em sua frente, meus olhos observam seus movimentos, seu tamanho próximo a mim é desvantajoso e então, aceito o fato que devo seguir as regras dele.
- Meu pai, Aysha...Queria te matar, por achar que você sabe demais, porém, por alguma razão que eu não sei, te trouxe para ficar em segurança em minha casa.
- Por que seu pai quer a minha morte?
- Seus pais sabiam muitas coisas, eles tinham em seu poder arquivos, que poderiam mudar a história da ciência e meu pai se sentiu ameaçado com isso.
- Seu pai...matou os meus...?! É isso...?! - Nessa hora, um enorme nó na garganta faz com que, escorresse uma lágrima do meu rosto e passa um filme na minha cabeça do dia da explosão.
- Infelizmente sim! Quando ele soube, que você estava viva...Entrou em surto, querendo matar você e então, planejei traze-la para mansão e ficar em segurança.
-Por que quer me proteger?! Você também pode...
Nesse momento, ele levanta e vem em minha direção, eu caio no chão devido ao tronco atrás de mim, ele sobe em cima do meu corpo e diz:
- Se eu quisesse a sua morte, você não estaria mais aqui!! Não sou de acordo com o que meu pai faz e por isso, vou te dizer pela última vez...Se fugir, eu não vou impedir e nem meus homens, porém, você não estará mais viva dentro de uma semana.
Aquela informação é despejada sobre meu colo e eu, fico confusa com tudo e olho para o Adam, como o único que pode me salvar, mas, a pergunta é, por que o pai dele quer o meu fim?! Eu não sei de nada e muito menos, do que meu pai trabalhava, na empresa e agora estou presa com este homem que tenta me salvar sem motivo algum.
- Vamos Aysha, vou te levar para casa!! Agora, você sabe de quase tudo...
Depois do susto, Adam me traz de volta para mansão, durante o trajeto ele não diz absolutamente nada e quando chegamos, ele sai do carro e entra pela porta da cozinha. Eu fico esperando alguns segundos, ele ter a gentileza de abrir a porta do carro, porém, a delicadeza não é o seu forte.
- Nem para abrir a porta do carro para mim, ele não faz...Vou ter que ter paciência, por Deus!!
Em seguida, entro pela cozinha e vejo os olhos das duas empregadas assustadas me olhando, sigo em direção para meu quarto e lá fico até amanhecer. Antes disso, tomo um banho e deito na cama, logo o cansaço toma o meu corpo e eu apago.
Quando amanhece, abro meus olhos e observo uma forma masculina atrás das cortinas e logo vem a cabeça o pai do Adam, então, logo ele sai e vê a minha fisionomia de assustada e deseja bom dia.
- Dormiu bem?!
- Adam, você está no meu quarto... - Puxo o lençol até meu peito, cobrindo meu corpo e fico lhe observando.
- Eu presumo, que essa é minha casa!!
- Mas, aqui é meu quarto, Adam...
- E qual o problema?!.
- Por favor, se retire para eu trocar de roupa!!
Ele sai do meu quarto desconfiado, aquilo me deixou pensativa e apartir daquele momento, eu tomo a decisão de dormir de porta trancada. Me levanto e vou para o chuveiro, troco de roupa e desço para tomar café e ao chegar na cozinha, Adam já tinha saído para o trabalhar e eu sento na mesa um pouco decepcionada por não conseguir conversar com ele. Uma das empregadas coloca café na xícara para mim, aproveito que estamos somente nós três e peço desculpas pelo ocorrido.
- Bom, eu sei que causei o caos nos últimos dias, porém, quero pedir desculpas a vocês duas. Quais são seus nomes?
- Eu me chamo Maria e ela se chama Dália.
- Dália, você tem o mesmo nome da minha tia. Peço novamente desculpas e prometo não causar transtornos!! Me sinto desprotegida e com medo aqui, então, preciso da ajuda de vocês.
- Senhorita, Aysha! Não precisa ter medo e aqui você está em segurança...
- Alguma de vocês duas sabe, o motivo de eu estar aqui?!
- Infelizmente não, senhorita!!
- Podem me chamar só de Aysha!! Sem formalidades...
As duas sorriem para mim e eu fico por alguns minutos na cozinha, em seguida, retorno ao meu quarto e vou até a janela ver o mar em minha frente. Aqui é tão lindo e olha esse mar, em tons azul turquesa e ondas calmas. Talvez amanhã eu vá até lá ver de perto e nadar um pouco.
Os dias foram passando, meus tios ligaram e consegui conversar com eles, sinto falta do balé e da minha melhor amiga Ana. Adam não o vejo algum tempo, provavelmente me vigia com as câmeras espalhadas pela mansão e isso me deixa desconfortável. Ao explorar cada lugar desta casa, observo algumas salas estão vazias e uma delas tem um aparelho de som. Então, tenho a idéia de treinar e vou até meu quarto pegar as sapatilhas. Retorno e pesquiso alguma música para dançar, eu encontro uma antiga melodia de quando iniciei o balé e aperto play para começar os movimentos.
Deslizo no assoalho encerado, me lembrando de todos os passos na ponta dos pés, posso ouvir a voz da Sra. Margot falando insistentemente cada coreografia e eu não erro nenhum. De olhos fechados, recordo do meu primeiro concerto e lembro do rosto dos meus pais sorrindo com orgulho de mim. E ao girar, eu abro os olhos e vejo Adam em minha frente, observando-me seriamente e eu vou até o aparelho de som para desligar.
- Você dança bem!!
- Obrigada!!
- Fique a vontade para ensaiar...
Adam, sai da sala e me deixa um pouco confusa com a sua presença. Ele não sorri e muito menos é cordial, porém, não posso exigir muita coisas até porque estou presa neste lugar. Rapidamente, eu saio da sala e vou atrás dele, vejo que entra no escritório e então, peço licença para entrar e ele me olha atravessado.
- Eu posso entrar, Adam?!
- Você já está dentro do meu escritório, então, não precisa pedir...
- Eu preciso de algumas respostas...
- Sobre o que?!
- Se não há perigo de um dia, seu pai aparecer aqui?!
- Toda a minha equipe de segurança, está em alerta caso isso aconteça, então, fique despreocupada. Mais alguma pergunta?!
- Posso ir a praia amanhã?!
- Não!!
- Por que Adam?! Eu só quero ir até a beira do mar sentir as ondas...
- Vou pensar sobre isso!!
Adam pega uma pasta com alguns documentos, coloca na bolsa e sai sem dizer adeus. Ao segui-lo, ele vai até o jardim conversar com alguns seguranças e olha para trás me vendo observar seus movimentos. E, contorna as roseiras, indo em direção ao seu carro, dando a partida e seguindo viagem ao seu trabalho.
Eu tento imaginar do porquê ele ser assim, não vê nenhuma foto de alguma namorada ou noiva, apenas um quadro enorme no seu escritório dele mesmo e nada mais. Ao chegar a cozinha, pergunto a Dália e Maria sobre o Adam:
- Vocês sabem se o Adam tem alguma namorada ou é casado?!
- O Sr. Moretti não tem ninguém, nunca trouxe nenhuma mulher aqui e você é a primeira. Qual a sua idade Srta. Aysha?!...Desculpa, Aysha!!
- Eu completo 18 anos semana que vem, gostaria que meus tios estivessem aqui comigo, mas, seria muito arriscado e trariam problemas a eles.
- Maria e eu podemos preparar um bolo de aniversário, assim, podemos comemorar o seu aniversário.
- Ficaria muito feliz, com qualquer coisa que fizerem para mim...
Ao ouvir aquilo me deixou contente, não era um aniversário que eu imaginava, porém, nas condições que eu estou não posso idealizar algo melhor. Os dias foram passando e o tão esperado 18 anos chegou, Maria fez o bolo e Dália fez uns docinhos. Quando eu acordei, fiz a minha higiene e logo desci para tomar o café da manhã e para minha surpresa, até os seguranças que eu havia brigado estavam cantando parabéns para mim.
- Gente, eu nem sei o que dizer...Obrigada, por transformarem este dia, o mais feliz da minha vida!!
- A senhorita merece... - O segurança Henrique, fala olhando para mim e batendo palmas.
Eu fiquei emocionada com a surpresa, mas, pensei que Adam pudesse estar entre nós, ele é um homem difícil e não é nada cortês. No entanto, ele é muito bonito, seus cabelos longos brilham e seus músculos parecem que vão rasgar a camisa. Em fim, pelo menos está me protegendo da forma dele e me sinto tranquila quanto a isso.
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