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"O Véu Rasgado: Amor, Mentiras e Redenção"

Prólogo

A chuva caía fina, quase silenciosa, enquanto as nuvens densas encobriam o último traço de sol no horizonte. O vento cortava o ar com um frio inesperado para aquela época do ano, como se anunciasse que algo estava prestes a mudar. No topo da colina, uma figura solitária caminhava lentamente, o vestido branco encharcado e sujo de lama, os pés descalços afundando no chão úmido. Os olhos da noiva estavam fixos no horizonte, mas sua mente vagueava em um turbilhão de pensamentos.

Ela não imaginava que aquele seria o cenário de seu casamento. Tudo o que ela havia sonhado desmoronara em questão de horas, como um castelo de cartas derrubado pelo vento. A alegria que um dia brilhou em seu olhar agora estava apagada, e o véu rasgado pendia de seus cabelos desalinhados.

As promessas de amor eterno, os olhares apaixonados, as palavras doces – tudo se transformara em cinzas. O que restava agora era a dor da traição, o peso das mentiras que ninguém ousou revelar. E, acima de tudo, a sensação de que algo maior e mais sombrio estava prestes a ser descoberto.

No vilarejo abaixo, escondido nas sombras, o impostor sorria. Ele sabia que sua teia de enganos estava prestes a sufocar aqueles que confiavam cegamente nele. E, enquanto o céu escurecia, a noiva percebeu que o pior ainda estava por vir.

Agora, ela não tinha mais nada a perder.

Aqui estão os personagens principais de O Véu Rasgado: Amor, Mentiras e Redenção:

(Roberto)

Um homem autoritário e inflexível, Roberto é o patriarca da família e carrega o peso de suas próprias expectativas e tradições. Ele acredita firmemente em seguir as normas da sociedade e manter a honra da família acima de tudo, o que o faz impor decisões severas ao filho. Embora seu amor pelo filho seja genuíno, sua rigidez esconde seu medo de perder o controle e a ordem. Roberto mantém segredos do passado que o tornam ainda mais inflexível, criando um abismo entre ele e as pessoas ao seu redor.

(Lucas)

Lucas é um jovem sensível, sempre à procura de seu próprio caminho, embora preso às expectativas do pai. Ele está apaixonado por sua noiva e sonha com uma vida diferente, mas não consegue escapar da sombra autoritária de Roberto. Lucas é um personagem dividido entre o dever familiar e o desejo de liberdade. Seu amor é sincero, mas ele também se sente inseguro e sufocado, o que o torna vulnerável às manipulações daqueles ao seu redor.

(Pedro)

Pedro é o amigo de longa data de Lucas, um jovem de espírito leve e coração generoso. Ele sempre foi o apoio inabalável de Lucas, ajudando-o a enfrentar os desafios impostos pela família e oferecendo conselhos sensatos. Pedro representa o equilíbrio emocional na história, sendo compreensivo e gentil. No entanto, ele também guarda seus próprios conflitos internos, especialmente em relação à noiva de Lucas, por quem, em segredo, nutre sentimentos. Ainda assim, ele tenta sempre agir com lealdade.

(Alberto)

Alberto é o antagonista da trama, um homem dissimulado e manipulador que finge ser um amigo e aliado de todos. Sob a máscara de um conselheiro confiável, ele está por trás das intrigas que destroem os relacionamentos ao seu redor. Seu interesse é puramente egoísta e cruel, pois almeja ganhar algo pessoal com o sofrimento alheio. A origem de sua inveja e rancor está enraizada em um passado obscuro, que ele faz questão de esconder, enquanto tece suas tramas para enganar e ferir os protagonistas.

(Clara)

Clara, a noiva de Lucas, é uma jovem de espírito forte, mas fragilizada pela sequência de eventos inesperados que ocorrem no casamento. Ao longo da história, ela é a personagem que mais sofre com as revelações e as traições, sentindo-se manchada tanto física quanto emocionalmente – como o vestido sujo de lama que simboliza sua dor. Ela acreditava no amor verdadeiro, mas agora se vê envolvida em uma rede de mentiras e desconfianças. Seu papel na história é decisivo, pois suas escolhas podem determinar o destino de todos ao seu redor.

Esses personagens criam uma dinâmica rica de tensões e afetos, com cada um enfrentando dilemas pessoais que influenciam o desenrolar da trama, marcada pela traição, segredos e, possivelmente, redenção.

Capítulo 1: A Máscara Perfeita

O som da chuva batendo contra as janelas de vidro era como uma música suave para os ouvidos de Alberto. Ele observava o caos se desenrolar com uma satisfação que não podia expressar em público. Da posição privilegiada no canto da sala, quase invisível aos olhos atentos dos outros, ele estudava cada movimento, cada expressão de nervosismo e desespero. Não era exatamente o que ele havia planejado, mas, como sempre, Alberto sabia se adaptar.

Lucas estava inquieto. O jovem andava de um lado para o outro, com os punhos cerrados e o olhar perdido, como se pudesse encontrar, no reflexo da janela, alguma resposta para seus tormentos. Clara, sua adorável noiva, estava sentada no sofá, as mãos trêmulas tentando limpar as manchas de lama do vestido de noiva. O desespero dela era quase palpável.

Pobre Clara, pensou Alberto, com um meio sorriso no rosto. Tão inocente... tão fácil de manipular. Ele se lembrava de cada palavra cuidadosamente escolhida, de cada sussurro que plantou dúvida no coração dela. Mas o trabalho pesado foi feito por suas próprias inseguranças, por aquele medo latente de não ser boa o suficiente para Lucas, ou pior, de que o amor de Lucas não fosse verdadeiro.

E Roberto, o pai inflexível, estava em outra sala, talvez discutindo com alguém ou tentando controlar a situação. O velho idiota. Ele se achava tão poderoso, mas não passava de uma marionete, puxada por cordas invisíveis que Alberto controlava com precisão. Cada decisão, cada olhar de desprezo que Roberto lançava ao filho, contribuía para a ruína iminente. Alberto não precisava levantar a voz ou se revelar; tudo estava fluindo conforme o plano.

Pedro, o amigo fiel, estava sentado ao lado de Clara, tentando consolá-la. Outro tolo, pensou Alberto. Pedro não fazia ideia de que seu próprio coração o traía, de que seu consolo inabalável só complicava ainda mais seus sentimentos por Clara. O jovem tentava ser um bom amigo, mas era transparente para os olhos treinados de Alberto. Todos ali eram previsíveis. Exceto ele.

O plano havia começado simples: destruir a felicidade de Lucas. Desde o início, algo em Lucas o incomodava. Talvez fosse o otimismo estúpido que o rapaz carregava consigo ou a facilidade com que conseguia tudo o que queria. A inveja corroía Alberto, um sentimento que ele já havia aceitado como parte de quem era. Mas esse não era apenas um capricho infantil, era uma necessidade. Ele queria ver Lucas falhar, queria ver a perfeição dele desmoronar.

E Clara... bem, ela foi apenas uma peça conveniente. Uma noiva atormentada, insegura, fácil de manipular com as palavras certas. Bastava uma leve sugestão, uma dúvida plantada com cuidado, e o resto se desenrolava sozinho. A lama no vestido de noiva era apenas o começo do que ele havia preparado para ela.

Alberto recostou-se na cadeira, os olhos semicerrados enquanto analisava o resultado até agora. Havia algo quase poético em como tudo estava desmoronando naquele dia que deveria ser de pura felicidade. O olhar desesperado de Lucas, a angústia de Clara, o desespero silencioso de Pedro... tudo isso era a música perfeita para os seus ouvidos.

Mas ele ainda não havia terminado.

Ainda havia segredos a serem revelados, mentiras a serem expostas. Ele sabia que, em breve, teria que entrar em cena de verdade, fingindo ser o salvador, o único capaz de "ajudar" aquela situação a se resolver. E quando o caos atingisse seu ápice, ele já estaria posicionado para colher os frutos.

Alberto levantou-se lentamente, ajeitando o terno impecável e caminhando até o espelho mais próximo. Olhou para seu próprio reflexo e sorriu. Era a máscara perfeita: o homem amigável, o conselheiro sábio, o amigo leal. Ninguém suspeitava de nada.

Ainda não, ele pensou, enquanto se preparava para entrar na sala. O jogo estava apenas começando, e ele sabia que era o único jogador que conhecia todas as regras.

Com um último olhar para o grupo de pessoas que ele estava prestes a destruir por completo, Alberto abriu a porta. O show continuaria.

Capítulo 2: Entre a Lealdade e o Silêncio

Pedro encarava Clara enquanto ela tentava, em vão, limpar as manchas de lama do vestido. As mãos dela tremiam, os olhos marejados refletindo uma mistura de raiva e tristeza. Ele sentia o peso daquela dor quase como se fosse sua, um fardo que parecia apertar-lhe o peito. Tentou dizer algo, uma palavra de consolo, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Ele estava ali para ajudar, para ser o ombro amigo de Lucas, o apoio que Clara tanto precisava, mas não conseguia afastar a sensação de que era um impostor naquela história.

Sentado ao lado dela, Pedro manteve a mão em silêncio sobre a dela, tentando transmitir força, mesmo que por dentro estivesse despedaçado. O olhar de Clara era o que o consumia. Há muito tempo ele sabia que nutria algo mais por ela, algo que jamais ousaria dizer em voz alta. Aqueles sentimentos, guardados como um segredo vergonhoso, se intensificaram com o tempo, mas ele fez questão de mantê-los sob controle, como deveria.

Lucas era seu melhor amigo. Sempre foi e sempre será, pensou Pedro. Nada poderia mudar isso. E Clara, por mais que ele a amasse em silêncio, era a noiva de Lucas. Ele nunca poderia trair esse vínculo, não importava o quanto seu coração o pressionasse. Ainda assim, ao ver Clara naquele estado, destruída por algo que ele ainda não entendia por completo, Pedro se perguntava se algum dia teria forças para realmente seguir com esse compromisso de lealdade.

"Vai ficar tudo bem," ele murmurou finalmente, embora a frase soasse vazia até para ele.

Clara apenas balançou a cabeça, sem acreditar. O rosto pálido, as mãos ainda apertando o tecido sujo. Pedro sentia que o peso daquele momento era maior do que qualquer palavra de conforto pudesse suportar. Havia algo mais ali, algo que ele não sabia como consertar.

Lucas, por sua vez, estava perdido em pensamentos perto da janela. Ele sempre foi o confiante, o otimista, aquele que acreditava que o mundo conspirava a seu favor. Agora, o que Pedro via em seu amigo era desespero, algo que ele não estava acostumado a lidar. Lucas não falava, não pedia conselhos, apenas ficava ali, como se tentar processar tudo sozinho fosse a única saída. Pedro queria ajudá-lo, mas não sabia como.

E então havia Alberto, o "amigo" sempre presente, sempre com a palavra certa. Algo nele não parece certo, pensou Pedro, embora se sentisse culpado por sequer pensar isso. Alberto era um bom conselheiro, ou ao menos parecia ser. Mas, nos últimos meses, Pedro começou a perceber que Alberto estava sempre nos momentos certos, sempre com o comentário que, por alguma razão, causava mais tensão do que alívio.

Na verdade, era Alberto quem sugerira que Clara tomasse algumas decisões que a afastaram de Lucas nos últimos meses, decisões que Pedro agora começava a questionar. Era ele quem sempre parecia saber demais, como se estivesse observando todos de uma distância segura, manipulando cada situação com uma delicadeza quase invisível.

Pedro sabia que estava paranoico, mas a intuição o incomodava. Algo não encaixava, e a angústia de Clara, o desespero de Lucas, e até a própria inquietação que ele sentia pareciam de alguma forma estar conectados. Mas como ele poderia apontar isso sem provas? Como acusar alguém como Alberto, que parecia ser tudo o que Lucas precisava naquele momento? Ele era apenas o amigo observador, sem voz, preso entre sua lealdade e os próprios sentimentos.

Clara suspirou profundamente, os ombros caindo de cansaço. Pedro sentiu uma vontade súbita de dizer a verdade. Queria confessar que, por todo esse tempo, ele a amava em segredo. Queria que ela soubesse que, ao contrário de Lucas, ele nunca a deixaria sozinha, nunca duvidaria dela. Mas isso seria uma traição, e Pedro sabia que, mesmo que fosse correspondido, destruiria Lucas — e ele não suportaria carregar esse fardo.

Ele olhou para Lucas mais uma vez, o amigo que sempre esteve ao seu lado, e soube que não poderia quebrar essa confiança, por mais difícil que fosse manter seu silêncio.

"O que vamos fazer agora?" Clara perguntou em voz baixa, a primeira frase que Pedro a ouviu dizer em horas.

Ele não tinha uma resposta. Tudo parecia desmoronar, e Pedro estava em uma encruzilhada que jamais imaginou enfrentar: a lealdade ao melhor amigo ou a verdade dos próprios sentimentos.

Antes que pudesse responder, a porta se abriu e Alberto entrou, com o mesmo sorriso afável de sempre.

"Vamos resolver isso," disse ele, a voz calma, como se soubesse exatamente como consertar o que estava quebrado.

Pedro observou Alberto, cada fibra de seu ser gritando que algo não estava certo. Mas, mais uma vez, ele silenciou essas suspeitas. Por agora, ele precisava ser o amigo que Lucas sempre conheceu. O resto? Ele teria que sufocar, como sempre fez.

"Por enquanto."

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