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Lúcio Ciferos

Apresentação de Personagens

Olá, queridos leitores! Bem-vindos ao universo de Lúcio Ciferos, uma história repleta de mistérios, paixão e conflito entre vampiros, humanos e outras criaturas mágicas. Antes de mergulharmos no enredo, quero apresentar alguns dos personagens principais que farão parte desta jornada épica:

Lúcio Ciferos: Um vampiro imortal, obcecado por poder e por Amanda, sua paixão. A escuridão em sua alma molda suas decisões e seu desejo de controle.

Amanda: Uma humana que se vê envolvida em um mundo sobrenatural. Seu destino está entrelaçado com Lúcio, e seus próprios poderes ocultos começam a se manifestar.

Dante: Conselheiro e aliado de Lúcio, tenta mediar o equilíbrio entre vampiros e humanos, apesar dos impulsos perigosos de seu amigo.

O Líder da Ordem dos Caçadores: Um caçador determinado a erradicar os vampiros, com uma vendetta pessoal contra Lúcio.

Rei Vampiro: O soberano da casta vampírica, observando as intrigas de seus súditos com atenção calculada.

Zalthar: Um demônio ancestral, aprisionado em um reino de trevas, que influencia os eventos do mundo.

Esses personagens, e muitos outros, se encontrarão em uma trama de traições, alianças e batalhas que definirão o destino de todos. Espero que vocês curtam essa aventura tanto quanto eu curti escrevê-la!

Fiquem atentos para os próximos capítulos e acompanhem o desenrolar dessa história cheia de mistérios e emoções intensas!

Capítulo 1

Lúcio Ciferos, 500 anos, mas com aparência de 27 anos.

Amanda, 24 anos.

Ela entra na livraria pela primeira vez como se tivesse descoberto um santuário secreto, e imediatamente o ar muda. A porta se fecha atrás dela com um suave rangido, abafando o som da cidade lá fora, e é nesse instante que o mundo de fora deixa de importar. Não é o primeiro cliente do dia, mas de algum modo, é como se fosse. Não existe mais nada, nem ninguém além de você. Seu movimento é fluido, leve, e eu fico parado atrás do balcão, observando de longe enquanto ela faz seu caminho pelas prateleiras como se estivesse dançando com o tempo.

Ela anda devagar, quase como se o próprio espaço ao seu redor estivesse acomodando-se à sua presença. Como ela faz isso? Como consegue transformar uma simples entrada numa sala de livros em algo tão hipnótico? Seus cabelos balançam sutilmente, acompanhando os passos calculados, e seus olhos — ah, seus olhos — escaneiam as estantes como se procurassem algo, algo específico, algo que só ela sabe o que é.

Ela não percebe que já me tem preso em sua órbita. Seu casaco leve balança, revelando o suéter por baixo, e sua calça jeans é desbotada no ponto certo, sem exageros. Nada em nela parece exagerado, e é justamente isso que me intriga. A perfeição disfarçada na simplicidade. A maneira como ela finge ser comum, mas não é. Nenhuma parte dela é.

Ela olha para mim pela primeira vez. Não diretamente, apenas uma rápida olhada ao redor para ver quem está na loja. Seu olhar se cruza com o meu, mas ela não registra minha presença por completo.

Passo as mãos pela borda da mesa à minha frente, esperando que ela faça o próximo movimento. Parte de mim quer que ela caminhe até o balcão, faça perguntas, me dê uma chance de ouvir sua voz novamente. Mas sei que isso vai acontecer eventualmente.

Ela escolhe uma seção, a de livros raros, aqueles com as capas desgastadas, as edições que já não se veem mais em qualquer lugar. Não é algo que a maioria das pessoas faria. Claro, um turista talvez se interessasse por algo vintage, uma peça de decoração, mas não ela. Há uma intenção clara em seus movimentos. Ela busca algo além do valor material. Uma história dentro de uma história.

Ela passa os dedos pelas capas, tocando cada livro com uma delicadeza que me faz pensar em como seria sentir o toque de suas mãos em mim. Sua pele contra a minha. O calor. Há tanto tempo não sinto algo assim, tão vivo, tão próximo da carne humana. O pensamento é quase incontrolável.

Ela pega um livro, e eu noto a forma como ela o segura, como se pesasse mais do que realmente pesa. O livro é A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath. Claro, uma escolha clássica. O tipo de livro que uma mente sensível e introspectiva escolheria. É uma primeira edição, não uma cópia qualquer. A história de uma mulher à beira de um colapso psicológico, sufocada pela pressão da sociedade e pelas suas próprias expectativas não cumpridas. Você se vê nesse livro, não vê? De algum modo, ele reflete algo dentro de você, algo que você tenta esconder, mas que, na verdade, define quem você é.

Ela leva o livro até o peito, como se o estivesse abraçando, absorvendo algo dele. Isso me fascina. Ela mal abriu as páginas, mas já está envolvida. Como eu estou envolvido com ela.

Sua respiração é calma, mas posso ouvir. Seu coração bate num ritmo que, aos poucos, vai se tornando mais claro para mim. Ela fica ali por alguns minutos, apenas segurando o livro, e eu me pergunto o que se passa em sua mente.

E então, sem aviso, ela finalmente se move na minha direção. O livro ainda em suas mãos, seus passos suaves, mas decididos. Cada batida de seu sapato no chão de madeira é como uma batida de tambor anunciando algo inevitável. E então aqui está ela, diante de mim, com um sorriso tímido nos lábios.

— Olá, — ela diz, sua voz como um som de música. Quase consigo sentir o peso daquela única palavra me envolvendo. Há algo em sua voz que a distingue. Não sei dizer exatamente o que é, mas é única.

Eu sorrio de volta, mas não deixo o sorriso ser muito amplo. O suficiente para parecer simpático, amigável, mas nada exagerado.

— Posso ajudar? — pergunto, mantendo o tom baixo, mas claro.

— Eu estava olhando para este livro... — ela levanta o volume para que eu veja, e eu já sabia qual era antes mesmo dela falar. Claro que sabia. Estive assistindo o tempo todo.

— Mas não tenho certeza se é o que estou procurando.

— É uma excelente escolha, — digo, e minhas palavras são genuínas. Não estou apenas vendendo um livro. Não para ela. — Uma primeira edição rara. A Redoma de Vidro é difícil de encontrar, especialmente nessa condição.

Ela dá um leve aceno, mas seu olhar revela que ainda está hesitante. Há algo mais em jogo aqui. O livro é apenas um pretexto. E é nesse momento que percebo: ela está buscando algo. Não um objeto, não uma história impressa. Ela está aqui porque algo dentro dela está vazio, e esse vazio clama por ser preenchido. Eu vejo isso nos olhos dela. A solidão disfarçada por sorrisos e pequenas interações educadas. Ela carrega uma tristeza que a maioria das pessoas não notaria, mas eu... eu noto. É o tipo de dor que só alguém como eu pode realmente entender.

— Posso sugerir outra coisa? — pergunto. — Algo que talvez esteja mais em sintonia com o que você procura.

Ela parece surpresa por um momento, como se estivesse questionando como eu poderia saber o que ela procura. Mas ela não diz nada. Apenas sorri, intrigada, e eu sei que ganhei sua confiança, pelo menos o suficiente para continuar.

Saio de trás do balcão e caminho em sua direção. O som dos meus passos é suave, calculado. Não quero assustá-la, quero que se sinta à vontade. Caminho até uma estante do lado oposto, onde sei exatamente o que procurar. Não é um livro qualquer. É A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera. Uma história de destinos entrelaçados, de vidas conectadas por algo maior do que seus personagens jamais poderiam imaginar. A metáfora é perfeita. Filosofia, amor, e a tensão entre o peso e a leveza da existência. Um livro sobre escolhas e como elas definem o que somos.

Eu o entrego a ela. Suas mãos tocam o livro com a mesma reverência de antes, mas agora há algo mais em seus olhos. Curiosidade. Fascinação. A primeira faísca.

— Eu acho que esse vai ressoar com você.

Ela olha para o livro, depois para mim, e naquele momento, sinto a conexão se formar. Algo invisível, mas palpável.

Ela sorri, mais calorosamente desta vez.

— Acho que vou levar, a propósito, prazer me chamo Amanda.

— O prazer é meu, Lúcio Ciferos a seu dispor.

Capítulo 02

O tempo passou de forma estranha após a primeira visita de Amanda à livraria. A noite, que antes parecia silenciosa e acolhedora, tornou-se inquieta. As sombras que habitavam os cantos mais profundos das prateleiras pareciam mais pesadas, quase vivas. Eu sabia que isso era um reflexo de você, Amanda. De como sua presença mudou tudo, inclusive a mim. E, claro, eu não estava surpreso.

A cada dia, eu sentia a expectativa crescendo. A sensação de que ela voltaria. Sabia que aquele livro que escolhi para ela estava moldando algo dentro da sua mente, plantando sementes de curiosidade e dúvida. A leveza existencial que ela acreditava ter se evaporaria logo.

Foi na tarde de uma terça-feira que ela voltou. O sol já havia se despedido há algumas horas, e o ritmo da cidade estava morrendo, como uma respiração lenta antes do sono profundo. Eu estava organizando livros velhos, algo que sempre me trouxe uma espécie de conforto, uma repetição mecânica que me permitia pensar sem ser distraído. E foi nesse momento, enquanto organizava os volumes de Nietzsche e Camus, que ouvi o som da campainha da porta tocando.

Levantei os olhos e vi ela parada na entrada, hesitante. Era interessante como ela nunca entrava de forma decidida, como se sempre esperasse algo ou alguém te guiar. De certa forma, ela já sabia que pertencia a esse lugar, que sua ligação comigo era inescapável. Mas não parecia pronta para admitir isso.

— Olá — ela disse, sua voz baixa, quase um sussurro no silêncio da livraria. Sua expressão estava fechada, indecifrável, mas havia algo diferente. Algo nos seus olhos que não estava ali antes. Uma centelha de inquietação.

— Amanda — respondi, inclinando a cabeça levemente, como se sua visita fosse uma agradável surpresa, embora eu já esperasse por isso. — Como foi a leitura?

Seu sorriso tímido não escondeu a verdade, e eu pude ver em seus olhos que ela ainda estava processando o impacto do livro. A Insustentável Leveza do Ser não era uma leitura leve, e eu sabia que, à medida que ela folheava suas páginas, o conceito de leveza e peso estava se entrelaçando com suas próprias questões internas. Perguntas que ela evitava há muito tempo.

— Eu... Acho que não entendi tudo. Quer dizer, algumas partes me pegaram de surpresa, outras... me fizeram pensar. — ela parou por um momento, olhando ao redor, como se o ambiente pudesse fornecer respostas que ela não conseguia verbalizar. — Acho que é mais denso do que eu esperava.

Sorri, observando cada nuance da sua reação. Claro que é denso, Amanda. Esse é o ponto. Kundera nunca foi um autor fácil, e eu sabia que ele traria à tona questões sobre você que você estava tentando evitar.

— Isso é o que faz dele um livro especial — comentei, cruzando os braços e me apoiando no balcão. — Livros assim te confrontam, te fazem encarar realidades que você normalmente evitaria. E quando menos espera, você está refletindo sobre coisas que achava que estavam resolvidas.

Seus olhos encontraram os meus, por um breve instante, mas foi o suficiente para eu perceber o peso de suas palavras não ditas. Havia algo além da confusão literária. Algo que ela carregava consigo e que, aos poucos, estava sendo exposto.

— Talvez seja isso... — ela murmurou, desviando o olhar para os livros nas prateleiras, como se buscasse refúgio entre as lombadas enfileiradas.

— Acho que ele me fez questionar coisas sobre mim mesma que eu não queria questionar.

E foi nesse momento que soube que ela estava mais envolvida do que imaginava. Ela ainda não tinha a plena consciência disso, mas o livro que eu te entreguei tinha cumprido seu propósito: abrir uma porta dentro dela. E agora que essa porta estava entreaberta, só restava saber o quão fundo ela estava disposta a ir.

— Isso é bom — eu disse, suavemente. — A leitura deve nos transformar, de alguma maneira. Caso contrário, de que serve?

Ela assentiu, mas o desconforto era claro. Era claro que ela não estava acostumada com mudanças. Algo na sua postura, nas suas palavras, me dizia que ela tinha passado muito tempo tentando manter o controle. Talvez essa mudança, esse convite para o desconhecido, fosse mais assustador do que ela gostaria de admitir.

— Eu estava pensando... — ela começou, quebrando o silêncio que havia se instaurado entre nós. — Se você tiver alguma outra recomendação, eu adoraria ouvir.

Senti uma leve pontada de satisfação. Claro que ela voltaria para isso. Estava atraída, inevitavelmente, pelo que eu oferecia.

— Tenho várias sugestões — respondi, caminhando em direção a uma estante no fundo da loja. — Mas acho que devemos seguir por etapas. Não adianta mergulhar tão fundo de uma vez só. Algumas leituras precisam ser digeridas com calma.

Ela me seguiu, seus passos hesitantes, mas curiosos. O som de seus sapatos ecoava levemente no piso de madeira da livraria, criando um ritmo que parecia marcar cada momento dessa nossa nova conexão. Parei diante de uma seção menos iluminada, onde as obras filosóficas e existenciais dominavam. Escolhi um livro cuidadosamente, não só pela profundidade da obra, mas pelo que ela despertaria nela.

— Que tal O Estrangeiro, de Albert Camus? — perguntei, entregando o livro a ela. — É uma leitura mais direta, mas com um impacto profundo. Acho que pode te ajudar a entender melhor o que você está começando a sentir.

Ela pegou o livro, mas desta vez não havia hesitação. Seus dedos correram pela capa com mais confiança do que antes, como se estivesse pronta para enfrentar o que viesse. Era curioso como, em tão pouco tempo, ela havia mudado. Não a ponto de reconhecer completamente o que estava acontecendo, mas o suficiente para começar a aceitar a transformação que eu sabia que estava em curso.

— Parece bom — ela disse, com um leve sorriso, e algo nos seus olhos me fez perceber que ela estava se entregando. Não completamente, mas começando a aceitar o caminho que havíamos traçado juntos.

Ela caminhou de volta para o balcão, e eu a segui, observando cada movimento dela. Era fascinante como ela ainda tentava manter uma certa distância, uma espécie de controle sobre a situação, mas eu sabia que, a cada novo livro, a cada nova conversa, essa distância diminuía. A linha entre ela e eu estava ficando mais tênue.

Depois que ela pagou pelo livro, houve um silêncio que se alongou entre nós. Aquele tipo de silêncio que carrega mais do que palavras poderiam expressar. Eu sabia que ela estava prestes a sair, mas havia algo que ainda a segurava ali, algo que ela não conseguia definir.

— Acho que voltarei mais vezes — ela disse, sua voz baixa, quase como uma confissão. — Há algo aqui... nessa livraria... que me faz querer voltar.

Sorri, satisfeito, mas não disse nada. Não precisava. As palavras já haviam sido ditas. Ela estava envolvida demais para perceber, mas eu já sabia. A cada nova visita, a cada novo livro, ela se tornava parte de algo maior.

— Estarei aqui quando você voltar — murmurei, observando ela sair pela porta, mais uma vez deixando um vazio atrás de si.

Quando a porta finalmente se fechou, senti a escuridão ao meu redor se intensificar. As sombras nas prateleiras se movendo levemente, como se estivessem ansiosas, à espera do próximo passo. E eu sabia que não teríamos que esperar muito.

Ela voltaria...

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