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A VINGANÇA DA MARQUESA I - AGATHA

Capítulo 1: Traição no Jardim

...Caro leitor,...

...Gostaríamos de informá-lo que o livro a seguir contém conteúdo adulto, incluindo cenas de caráter sensual e situações de forte intensidade emocional. Por esse motivo, este material não é recomendado para menores de idade....

...Agradecemos pela sua compreensão....

...Atenciosamente,...

...A Equipe Editorial Deste Livro ....

Capítulo 1: Traição no Jardim

A corte fervilhava com os sussurros das damas enfeitadas em seus vestidos volumosos, adornadas com pedras preciosas que cintilavam à luz dos candelabros. O som das fofocas serpenteava pelos salões, enquanto os olhares maliciosos percorriam cada canto da festa. No meio de todo o brilho e música, o coração de Agatha, outrora cheio de esperança e amor, estava agora mergulhado em uma escuridão profunda.

Agatha sempre fora uma marquesa respeitada e admirada. Além de sua rara beleza, era conhecida por sua inteligência e sagacidade, controlando suas emoções e comportamentos com destreza. Contudo, nada a havia preparado para a traição que testemunhara naquela noite. Seu noivo, Lucian, o conde que prometera amá-la, havia se revelado um traidor. O golpe não viera apenas dele, mas da pessoa que ela menos esperava: Anabete, sua melhor amiga.

Anabete, com seus olhos angelicais e sorrisos doces, sempre se apresentara como uma irmã para Agatha. Seus elogios eram constantes, suas palavras envoltas em doçura, mas agora Agatha percebia a falsidade por trás de cada gesto. A ironia era cruel: a mulher que sempre fingira amá-la como uma irmã cravara uma adaga em seu peito ao se envolver com Lucian.

Enquanto o salão principal resplandecia com tapeçarias que contavam histórias épicas e os criados se moviam com graça, servindo iguarias e vinho, Agatha se sentia completamente alheia a tudo aquilo. As velas dançavam em seus castiçais dourados, mas nada poderia iluminar o vazio que ela agora sentia. Ela percebia os olhares trocados entre Lucian e Anabete. Pequenos toques furtivos, sorrisos que, para qualquer outro, pareceriam inocentes, mas que, para ela, eram carregados de traição.

Apesar da dor que corroía seu coração, o rosto de Agatha permanecia impassível. Ela não seria humilhada ali, em meio àquela corte cheia de cobras disfarçadas de nobres. Com um autocontrole impecável, agiu como se nada tivesse acontecido, cumprimentando convidados e mantendo a postura de uma marquesa irrepreensível. Mas dentro dela, a raiva borbulhava, e a necessidade de vingança começava a tomar forma.

Quando a festa finalmente chegou ao fim, e Agatha se retirou para seus aposentos, o castelo que sempre fora seu refúgio agora parecia mais frio e opressor do que nunca. Sentada em frente ao espelho de ouro, ela olhou fixamente para seu reflexo, desafiando a tristeza a se apoderar dela. "Não, não serei uma vítima", pensou. Com as mãos firmes, arrumou as dobras de seu vestido de cetim, levantando-se e caminhando até a lareira. Lá, observou as chamas dançarem com a mesma fúria que sentia. Pegou uma rosa seca, presente de Lucian em tempos de amor, e jogou-a nas chamas, observando-a queimar lentamente, transformando-se em cinzas. Assim como seu amor por ele havia sido destruído.

Decidida a agir, Agatha começou a formular seu plano de vingança. Não haveria piedade, e Lucian e Anabete sentiriam o peso de sua ira. O escândalo que os cercaria seria tão implacável quanto o amor que ela um dia oferecera.

Nos dias que se seguiram, a nobreza continuava com seus bailes, festas e intrigas, sem saber que Agatha já começara a mover as peças de um jogo muito mais perigoso. A cada encontro com Lucian e Anabete, ela os cumprimentava com um sorriso impecável, sem deixar transparecer o que sabia. Suas palavras, porém, eram carregadas de ironia. Elogios falsos a Anabete, sorrisos dissimulados para Lucian. Eles não faziam ideia de que estavam caminhando para sua ruína.

A primeira parte do plano de Agatha envolvia minar a reputação de Lucian. Vaidoso e arrogante, ele se orgulhava de sua aparência e status, mas o que poucos sabiam era que sua fortuna estava minguando. Agatha plantou boatos sutis entre a nobreza, insinuando que Lucian estava se afundando em dívidas. Pequenos comentários aqui e ali, plantados nas festas de chá e nos corredores dos palácios, começaram a crescer. A imagem de Lucian, antes impecável, agora era corroída por fofocas implacáveis.

Anabete, por sua vez, era vista pela corte como a personificação da pureza e inocência. Mas Agatha sabia que essa imagem era uma farsa. Nas reuniões sociais, começou a espalhar dúvidas sobre o comportamento de Anabete, insinuando que ela não era tão impecável quanto parecia.

— Anabete é tão perfeita, não é? — comentava Agatha, com um sorriso de falsa admiração. — Mas... ouvi rumores sobre encontros um tanto comprometedores.

Essas insinuações, embora pequenas, começaram a corroer a reputação de Anabete, fazendo com que sua imagem perfeita começasse a rachar. Ela ainda não sabia, mas a destruição de sua reputação já estava em andamento.

Durante uma dessas festas de chá, em um jardim repleto de flores delicadas, Agatha e Anabete se encontraram. As outras damas riam ao fundo, mas entre elas, havia uma tensão palpável.

— Estás deslumbrante, minha querida — disse Agatha, com um sorriso afiado.

— E tu, sempre tão elegante — respondeu Anabete, sem perceber o veneno por trás das palavras de Agatha.

Enquanto Lucian e Anabete continuavam suas vidas, acreditando que estavam no controle, Agatha observava de longe, paciente. Cada baile, cada reunião social, era uma oportunidade para avançar mais um passo em sua vingança. E quando o momento certo chegasse, Lucian e Anabete sentiriam o fogo de sua ira. O jogo estava apenas começando, e Agatha estava pronta para vencer.

Capítulo 2: O Pecador Misterioso

Capítulo 2: O Pecador Misterioso

A aurora mal havia rompido o céu, e o cheiro de terra molhada impregnava o ar enquanto carruagens chacoalhavam pelos caminhos de paralelepípedos que levavam à corte. Francis, o arquiduque de Verdena, olhava pela janela de sua carruagem, observando os campos verdes e os bosques que margeavam o caminho. Sob o disfarce de um nobre de médio status, ele retornava à corte, desta vez com um propósito claro: encontrar uma esposa. Mas, como qualquer homem sagaz, Francis sabia que não procurava apenas uma companheira para partilhar sua vida. Sua busca envolvia algo muito mais profundo — uma aliança que fortalecesse seu nome e mantivesse sua posição segura nas delicadas tramas políticas do reino.

Sua família, embora poderosa, começava a sentir a pressão das disputas territoriais e dos rivais que ansiavam por uma fraqueza. A corte era um campo de batalhas, onde o jogo do poder não se fazia com espadas, mas com palavras afiadas e olhares furtivos. No entanto, apesar de sua nobre linhagem, Francis preferia manter-se nas sombras, permitindo que os outros subestimassem sua verdadeira influência. Vestido de forma elegante, mas não extravagante, ele deixava transparecer a imagem de um jovem nobre com aspirações modestas. Isso o mantinha fora dos olhares mais críticos, o que era exatamente o que ele precisava.

Ao chegar à propriedade do Duque de Belmonte, onde seria realizado mais um dos famosos bailes da temporada, Francis saiu da carruagem com uma leve expressão de cansaço. Seu servo, que sabia de sua verdadeira identidade, permaneceu silencioso, prestando-lhe reverência enquanto o ajudava a ajeitar o casaco.

— Lembre-se, milorde, esta noite deve ser discreta. Os Belmontes são conhecidos por seus ouvidos atentos e línguas afiadas — sussurrou o criado, entregando-lhe uma máscara simples, porém bem trabalhada, para o baile de máscaras que logo começaria.

Francis apenas assentiu, seus olhos azul-acinzentados brilhando com um misto de tédio e determinação. Bailes, encontros sociais, chás da tarde... Eram todas distrações que ele preferia evitar, mas sabia que o destino de um arquiduque, especialmente um disfarçado, era jogar o jogo das aparências.

Os salões do Duque estavam impecavelmente decorados. Tapeçarias ricamente detalhadas cobriam as paredes, enquanto lustres enormes iluminavam o ambiente com luz suave e dourada. Os convidados já começavam a se agrupar em pequenos círculos, trocando cumprimentos e comentários maliciosos com uma elegância que apenas a corte sabia proporcionar. O som da música de cordas enchia o ar, proporcionando uma atmosfera quase etérea, enquanto os casais deslizavam pela pista de dança com passos ensaiados e sorrisos calculados.

Enquanto Francis entrava no salão, sua presença foi notada por alguns, mas não o suficiente para despertar curiosidade. Ele preferia assim. Estava ali para observar e, com sorte, encontrar a mulher que se tornaria sua esposa. Ele já havia ouvido falar de várias damas elegíveis, cada uma com suas qualidades e defeitos, mas até então nenhuma havia chamado sua atenção.

No entanto, naquela noite, algo mudaria.

Enquanto Francis se aproximava da mesa de vinho, onde alguns nobres mais jovens conversavam animadamente sobre as últimas caçadas e os bailes recentes, uma figura ao longe capturou seu olhar. Era Agatha, a marquesa de Lanvin, conhecida tanto por sua beleza quanto por sua astúcia. Ela estava sozinha por um momento, com uma expressão distante, como se estivesse calculando algo. Vestida com um vestido de cetim vermelho-escuro que contrastava com seus cabelos castanhos escuros e sua pele alva, Agatha irradiava um charme perigoso. Seus lábios curvavam-se em um sorriso leve, mas seus olhos carregavam um brilho de quem sabia mais do que deixava transparecer.

Francis, sempre observador, percebeu que havia algo de incomum nela. Ele já ouvira rumores sobre a jovem marquesa: diziam que seu noivado com o Conde Lucian havia sido quebrado, mas as circunstâncias ainda eram nebulosas. Alguns afirmavam que fora ela quem terminara o relacionamento, outros que houvera uma traição por parte de Lucian. Independentemente da verdade, havia algo inegavelmente intrigante sobre Agatha. Algo que ressoava com a própria essência de Francis — o desejo de manter segredos, o controle absoluto sobre as aparências.

Ele se aproximou, decidindo testar as águas com a mulher que, mesmo à distância, parecia exalar um ar de mistério e poder. Ao se aproximar, notou o olhar dela se voltar para ele, e seus olhos se encontraram. Durante um breve momento, o salão, com toda sua opulência e barulho, parecia desaparecer.

— Milady — Francis curvou-se levemente em uma saudação educada, um sorriso discreto no rosto.

Agatha o observou por um instante, com os olhos estreitados levemente, como se tentasse decifrar quem ele realmente era. Ela respondeu com uma inclinação de cabeça graciosa, sua voz baixa, porém firme.

— Milorde. Não me parece familiar. Vindo de longe?

— Pode-se dizer que sim — Francis respondeu evasivamente, os lábios curvando-se em um sorriso que escondia mais do que revelava. — Apenas mais um nobre comum, em busca de... boas companhias.

Agatha riu suavemente, mas havia algo afiado em seu riso, uma nota de sarcasmo que não passou despercebida por Francis.

— Boas companhias, é? — Ela inclinou a cabeça ligeiramente. — Não encontrará muitas companhias genuínas aqui, milorde. O que temos em abundância são máscaras. E não falo das que usamos esta noite.

Francis arqueou uma sobrancelha, intrigado. A sagacidade dela o impressionava. Talvez fosse uma adversária à altura, ou, quem sabe, uma aliada inesperada.

— Máscaras, milady? Mas que surpresa... Não são elas o que tornam estes eventos tão interessantes?

Agatha sorriu, um sorriso que não chegava a seus olhos. Ela tinha ouvido a palavra "interessante" tantas vezes que perdera a conta. No entanto, algo naquele homem parecia diferente. Seu rosto não era imediatamente reconhecível, o que indicava que ele não era uma figura central da corte, mas sua postura e maneira de falar sugeriam um intelecto afiado e experiência em jogar o jogo da nobreza. Ele era, no mínimo, alguém digno de atenção.

— O que traz um homem como vós até a corte, se me permite perguntar? — Agatha mudou o tom, menos provocador e mais inquisitivo.

Francis ponderou a pergunta por um momento, seu olhar passeando pela sala antes de voltar-se para Agatha.

— Digamos que estou em busca de uma aliança — respondeu ele, deliberadamente vago.

Agatha percebeu que ele estava escondendo algo, mas ao invés de pressioná-lo, decidiu jogar o mesmo jogo. Ela própria era uma mulher cheia de segredos e sabia como apreciar alguém que também sabia guardar os seus.

— Uma aliança? — Ela murmurou. — Ora, milorde, acho que veio ao lugar certo. A corte é famosa por suas... alianças convenientes.

Houve uma troca de olhares intensa entre os dois. Francis sabia que não deveria subestimá-la. Ele a estudava, tentando decifrar até onde poderia confiar nela, enquanto Agatha fazia o mesmo. Ambos sabiam que, em meio àquela corte cheia de intrigas, alianças eram feitas e desfeitas num piscar de olhos.

Após um breve silêncio, Francis quebrou a tensão.

— E vós, milady? Estais em busca de algo... ou alguém?

Agatha permitiu-se um sorriso verdadeiro, embora contido. Ela poderia jogar com ele, como jogava com todos os outros. Mas algo lhe dizia que Francis poderia ser mais útil do que ela imaginava.

— Talvez esteja, milorde. Talvez esteja em busca de algo muito mais interessante do que alianças tradicionais.

Francis inclinou-se levemente, sem quebrar o contato visual.

— E o que seria, então, milady?

Agatha suspirou, como se estivesse refletindo sobre algo muito maior do que as trivialidades da corte.

— Vingança.

A palavra pairou no ar entre eles. O olhar de Francis endureceu, e pela primeira vez, ele percebeu o quão perigosa aquela mulher realmente era. Mas, em vez de recuar, ele se sentiu atraído por ela. Havia algo de irresistível na franqueza com que ela falava de um tema tão sombrio.

— Vingança, milady? Contra quem?

Agatha olhou para Francis com um brilho nos olhos.

— Isso, milorde, é algo que talvez possamos discutir em outra ocasião. Por ora, saibam apenas que estou em busca de aliados... competentes.

Francis inclinou a cabeça, compreendendo a implicação. Ele sabia que havia mais naquela mulher do que os olhos podiam ver, e estava curioso para descobrir o quanto ela poderia ser útil para seus próprios objetivos.

— Talvez sejamos mais parecidos do que imaginais, milady — ele respondeu, com um sorriso calculado.

E assim, com uma troca de olhares e palavras cuidadosamente escolhidas, Agatha e Francis selaram o início de uma aliança. Ela, em busca de vingança; ele, com seus próprios segredos. Ambos sabiam que o caminho à frente seria cheio de desafios, mas também de oportunidades. E naquela noite, sob as máscaras e sorrisos da corte, uma nova fase da vida de ambos começava.

Capítulo 3: A Primeira Aliança

Capítulo 3: A Primeira Aliança

O baile da Marquesa de Belmonte era um dos eventos mais aguardados da temporada. Conhecida por sua habilidade de reunir os maiores nomes da nobreza, a Marquesa tinha um talento inato para transformar simples encontros em espetáculos de suntuosidade e intriga. As carruagens chegavam uma após a outra ao seu palacete, um imponente edifício adornado com colunas de mármore e jardins cuidadosamente podados, iluminados por centenas de lanternas que pendiam entre as árvores. No ar, o aroma de flores frescas misturava-se ao perfume caro das damas que desciam de seus veículos, acompanhadas por nobres ansiosos por exibir suas conquistas e criar novas alianças.

Dentro do salão principal, o ambiente era ainda mais deslumbrante. Lustres de cristal pendiam do teto alto, lançando um brilho suave sobre os convidados. O chão de mármore reluzia, refletindo as vestes extravagantes e as máscaras que cobriam os rostos dos presentes. Música de violinos preenchia o espaço, dando um tom de refinamento ao evento. Parecia que cada palavra sussurrada entre os convivas era carregada de segredos, e cada movimento escondia uma intenção oculta.

Francis adentrou o salão com a postura tranquila de quem sabia exatamente como navegar naquele tipo de evento. Vestido com um traje preto elegante, mas discreto o suficiente para não chamar atenção desnecessária, ele analisava os rostos mascarados ao seu redor com a precisão de um estrategista. Sabia que naquela noite algo importante aconteceria. Encontraria Agatha novamente, e, desta vez, a conversa entre os dois teria um rumo mais decisivo.

Enquanto observava as danças e ouvia fragmentos de conversas sobre terras, casamentos e disputas, Francis percebeu a chegada de Agatha. Ela estava vestida de preto e dourado, com uma máscara delicada que mal escondia seus traços perfeitos. Seus movimentos eram graciosos, mas havia uma determinação em seu olhar que não escapou à atenção de Francis. Aquele não era um baile comum para ela, era o início de algo muito maior.

Os olhares de ambos se encontraram no instante em que Agatha entrou no salão. A troca de olhares foi breve, mas carregada de entendimento. Sem precisar de palavras, Francis soube que ela estava pronta. Ela tinha um plano e, pelo brilho em seus olhos, era evidente que estava ansiosa para colocá-lo em prática.

Pouco depois, enquanto os casais giravam na pista de dança e os risos e sussurros se espalhavam como um zumbido suave, Francis aproximou-se de Agatha em uma varanda nos fundos do palacete. Era uma área menos frequentada, onde apenas os mais íntimos se refugiavam para discussões privadas longe dos ouvidos curiosos.

Agatha estava recostada na balaustrada, observando o vasto jardim iluminado pelas lanternas, quando ouviu os passos de Francis. Ela se virou lentamente, com um sorriso enigmático nos lábios.

— Milady — disse Francis, com um cumprimento discreto. — Esta noite está esplêndida. Mas temo que sua mente esteja longe dos salões.

— A noite pode estar esplêndida, mas os jogos que se desenrolam aqui são mais interessantes do que a música e as danças — respondeu Agatha, sem tirar os olhos de Francis.

— Jogos? — Francis ergueu uma sobrancelha. — Eu sempre gostei de jogos, especialmente daqueles que envolvem mais do que simples palavras.

— Imagino que sim — Agatha respondeu, cruzando os braços de forma elegante. — E eu sei que somos ambos bons jogadores. Vi isso em vós desde a primeira vez que nos encontramos.

Francis sorriu levemente. Ele sabia que não havia tempo para rodeios, e Agatha parecia compartilhar desse sentimento.

— E qual seria a proposta que me traz até aqui, milady? — ele perguntou, com um tom de curiosidade calculada.

Agatha aproximou-se um pouco mais, até que apenas alguns centímetros separavam os dois. Ela inclinou levemente a cabeça, como se estivesse prestes a revelar um segredo muito bem guardado.

— Vingança, meu caro. Contra Lucian. E contra Anabete, porém algo mais, lhe quero, sem que me comprometa com algo más.

O nome de Lucian fez os olhos de Francis se estreitarem, e a proposta era algo irresistível. Ele sabia que aquela história estava muito longe de ser um mero desgosto amoroso. O rompimento entre Agatha e Lucian, comentado em sussurros pela corte, era apenas a superfície. Agora, ouvindo os nomes dos traidores pronunciados com tanto veneno, Francis entendeu a profundidade da raiva de Agatha. E, estranhamente, isso o fascinava.

— Vingança, então — murmurou Francis, fingindo refletir. — Suponho que não seja uma simples vingança, milady. Conhecendo seu talento para o jogo, imagino que tenha algo muito mais interessante em mente.

Agatha sorriu, dessa vez um sorriso genuíno e perigoso.

— Não me contento com humilhações fáceis — disse ela, sua voz baixa e calculada. — Lucian e Anabete vão pagar. E não será de forma rápida. Eles perderão tudo o que prezam, um pedaço de cada vez, até que não reste mais nada além da ruína.

Francis ouviu com atenção, percebendo o cuidado com que ela planejava sua vingança. Ele gostava disso. Não havia impulsividade, apenas uma frieza metódica. Essa frieza o atraía. Como arquiduque, ele sempre fora obrigado a manter o controle de suas emoções, e agora, diante de Agatha, ele via o reflexo de si mesmo — alguém que usava sua inteligência como arma.

— E como esperas que eu possa te ajudar nesse plano? — Francis perguntou, inclinando-se ligeiramente em sua direção.

— Precisarei de um aliado, alguém que possa proteger-me, e que esteja ao meu lado, que me ajude a realizar os planos, auxilie-me a encontrar pessoas que eu possa usar.

Francis assentiu, entendendo a estratégia.

— E eu seria o homem para isso? — perguntou ele, com um sorriso no rosto.

— Sim — respondeu Agatha. — Tens uma aura de mistério, Francis. Ninguém sabe realmente quem és. Tuas intenções estão sempre ocultas, o que faz de ti o aliado perfeito. Ninguém nunca desconfiaria de ti.

Francis refletiu por um momento, os olhos de Agatha fixos nos seus. Ele sabia que a aliança com Agatha poderia ser arriscada. Afinal, ela não era uma mulher de intenções simples. Mas o risco trazia consigo uma sensação de perigo que o excitava. O desafio era irresistível.

Num movimento calculado, Francis aproximou-se ainda mais. Suas mãos roçaram levemente as de Agatha, testando os limites. Ela não recuou. Havia algo no silêncio que os envolvia que tornava aquele momento ainda mais intenso. Agatha ergueu o olhar, e seus lábios curvaram-se num sorriso confiante. O ar entre eles estava carregado de tensão.

Sem dizer uma palavra, Francis inclinou-se lentamente até que seus lábios roçassem os de Agatha. O beijo começou suave, uma troca cuidadosa, mas logo a intensidade cresceu. Agatha respondeu ao toque com a mesma frieza calculada que usava em seus jogos políticos, mas havia um calor subjacente. Era uma combinação de desejo e controle, como se o beijo fosse parte do próprio pacto que acabavam de selar.

Quando finalmente se afastaram, o olhar de Agatha queimava com uma mistura de triunfo e antecipação. Eles sabiam que aquela aliança não seria apenas política.

— Então estamos a formar uma parceria ? — perguntou Francis, formalizando a proposta, ainda com os lábios tingidos pelo gosto daquele momento.

Agatha o olhou fixamente, uma faísca de triunfo dançando em seus olhos.

— Sim — disse ela, estendendo a mão. — Uma aliança que mudará a corte para sempre.

Francis aceitou a mão dela, e com um aperto firme, o pacto estava selado. Mas os dois sabiam que esse aperto significava muito mais do que um simples acordo.

Enquanto voltavam para o salão, Francis e Agatha já começavam a discutir os primeiros detalhes do plano. Lucian seria o primeiro alvo. Vaidoso e confiante, ele acreditava que seu status na sociedade estava seguro, mas Agatha sabia que sua fortuna já começava a ruir. O objetivo seria deixá-lo acreditar que ainda tinha controle sobre sua vida, enquanto suas finanças desmoronavam. Pequenos rumores sobre sua má gestão começariam a circular pela corte, lançados com sutileza e precisão, corroendo lentamente sua reputação.

Anabete, por sua vez, seria atacada de outra forma. Sua imagem de pureza e bondade seria destruída aos poucos, com insinuações cuidadosamente plantadas sobre seu caráter. Agatha sabia que Anabete, apesar de sua aparência angelical, era uma víbora disfarçada, e ela faria questão de mostrar isso para toda a corte. Seria uma queda lenta e dolorosa, uma humilhação pública que deixaria cicatrizes profundas.

Conforme a noite avançava, Agatha e Francis dançaram uma vez no salão, mantendo a postura elegante e distante que a sociedade esperava deles. Mas, sob o véu de normalidade, os dois já estavam começando a tecer os fios de uma trama muito mais sombria.

E assim, o pacto entre Agatha e Francis estava firmado. Eles eram cúmplices, unidos por uma sede de desejo e vingança que transformaria suas vidas e abalaria os alicerces da corte. A Marquesa de Belmonte, sem saber, havia sediado o nascimento de uma aliança que traria o caos. O baile, com suas luzes cintilantes e risos despreocupados, era apenas o prelúdio para o que estava por vir.

No fundo de seus corações, ambos sabiam que o jogo havia começado.

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