A escuridão tomava conta da cobertura luxuosa no coração de São Paulo. Lá dentro, o silêncio era quase sagrado, interrompido apenas pelo som ritmado dos saltos de uma mulher atravessando calmamente um mar de corpos estendidos no chão. O cenário era um caos sangrento, mas ela parecia entediada com tudo aquilo. Como se já tivesse visto — e feito — muito pior.
Acendeu um cigarro com um estalar seco do isqueiro. A chama iluminou por um segundo o seu rosto, revelando uma beleza tão hipnotizante quanto perigosa.
Ela se sentou no sofá com a mesma naturalidade de quem se senta para assistir a um filme. Cruzou as pernas, jogou a cabeça levemente para o lado, e soltou a fumaça com um olhar cortante.
Era impossível ignorá-la.
A pele clara como porcelana contrastava com os cabelos negros como a noite — longos, lisos e intensamente brilhosos, caindo como uma cortina perfeita sobre os ombros. Os olhos, grandes e de um azul gélido, pareciam carregar mil segredos. Eram profundos, quase letais. Não piscavam com facilidade. Apenas observavam... como quem já decidiu o destino de alguém antes mesmo de ouvi-lo falar.
As maçãs do rosto levemente coradas davam um ar quase angelical, quebrado pelo contorno sensual da boca. Os lábios, carnudos e vermelhos como pecado, tinham um brilho discreto e perigoso — como se fossem feitos para mentir e seduzir ao mesmo tempo. E aquele olhar por cima do ombro... carregava o tipo de ameaça que vinha sem aviso.
A jaqueta de couro preta moldava perfeitamente o corpo dela, como uma armadura urbana feita sob medida para uma mulher que não conhecia medo. Nem arrependimento.
— AQUI É A POLÍCIA! ABRAM A PORTA!
gritou uma voz do lado de fora, feroz e desesperada.
Ela sorriu com ironia.
— Bom... é a minha deixa.
disse, num tom baixo e rouco, como um sussurro que deixava um arrepio no ar.
Quando a porta foi arrombada e os policiais entraram, armados e prontos para o confronto...
Ela já havia sumido.
O único sinal da sua presença era o cigarro apagado no chão — ainda soltando fumaça — e os olhos arregalados dos corpos, como se tivessem visto algo que nunca deveriam ter visto.
No topo do prédio, ela observava São Paulo de cima, com aquele olhar de quem já não se impressiona com nada. O vento batia nos cabelos enquanto a cidade abaixo fervilhava, sem saber que um dos seus piores pesadelos acabava de despertar novamente.
— Hora de voltar pra casa...
murmurou, com desdém, como se estivesse cansada de brincar de ser boazinha.
Quem é essa mulher?
O seu nome é Sara. E se você acha que ela veio contar a sua história... está muito enganado.
Ela veio acertar as contas.
\_Sara\_
Sei que, à primeira vista, eu não causei uma boa impressão. Mas... nada é exatamente o que parece.
Meu nome é Sara Beaufort Floyd. Tenho vinte e cinco anos, um metro e setenta de altura e um histórico familiar mais complexo do que qualquer novela de luxo britânico.
Nasci cercada por ouro. Filha do poderoso Victor Floyd Jackson, o maior nome da exportação alfandegária do Reino Unido e de Emmy Beaufort Franklin Floyd, a atual Primeira Ministra da Inglaterra. Títulos impecáveis. Aparências perfeitas. Mas amor? Zero.
Eles sempre viveram em mundos separados. Sob o mesmo teto, mas nunca ao mesmo tempo. Dois meses presentes... e o resto do ano ausentes — viajando, negociando e fingindo ser o casal exemplar da política e dos negócios. Cada um com os seus amantes e os seus segredos... junto de uma apatia mútua que nunca fizeram questão de esconder.
Não sei por que continuam juntos. Talvez por conveniência, talvez por orgulho, ou talvez porque o divórcio mancharia mais as suas imagens do que os seus corações.
Cresci entre o silêncio de uma mansão e os gritos que não eram ditos. Tínhamos tudo — menos aquilo que realmente importava.
Eu... Bruno... e Tyler.
Bruno, o meu irmão gêmeo, sempre foi o escudo que o mundo me negava. Sem ele, eu teria desmoronado! Ele era tudo o que mãe e pai não foram: presença, proteção e equilíbrio.
Tyler, o caçula, cresceu cedo demais tentando entender o que nós já havíamos aprendido a aceitar: que, naquela casa, os sentimentos eram supérfluos.
Olho para trás e quase não me reconheço. Antes dessa mulher fria, segura e inatingível que hoje habita o meu reflexo... existia uma garotinha.
Assustada, frágil, dependente do irmão e do melhor amigo até para respirar.
Mas isso faz parte do passado. E para entender quem eu sou hoje... você vai precisar voltar comigo. Para onde tudo começou... E não espere um conto bonito! Eu não vim aqui pra ser compreendida... Vim pra lembrar quem sobreviveu!
\_Flashback\_
Uma garotinha magricela, com aparelho nos dentes e óculos grandes demais para o rosto, se escondia atrás do irmão enquanto os pais gritavam descontrolados.
Sim, aquela garotinha era eu.
Não é difícil de adivinhar, eu sei. Mas é aqui que começa o estrago.
Meu pai me encarava como se eu fosse um erro de fabricação. Apontava o dedo no meu rosto e vociferava com desprezo:
— "Eu não te criei assim, Sara! Até quando vai agir como uma pirralha inconsequente?"
— "Ela fez sem querer, pai!"
A voz do Bruno sempre soava como escudo. As suas mãos, quentes e firmes, me mantinham inteira... quando eu só queria sumir.
— "Sem querer vai ser o cinto nas costas dela! Como ousa nos envergonhar na frente do presidente inferno?!"
— "Eu... Eu... Eu..."
— "SEM MAIS ‘EU’! VAI PRO SEU QUARTO AGORA! E VAMOS TER UMA CONVERSINHA..."
O sangue fervia, as pernas tremiam e mesmo assim corri — com as canelas finas e o coração disparado — como se aquela fuga pudesse mudar alguma coisa. Deixei o Bruno lidando com eles, como sempre fazia. Ele era meu escudo. Eu... a vergonha da família.
O crime? Derramar suco no vestido da Primeira Dama por acidente.
Ela sorriu com superioridade, dizendo que "vestidos são só pano", mas o olhar... o olhar dela me chamava de lixo.
Pano eu usaria pra enforcá-la, se tivesse coragem naquela época. Vaca.
Meus pais foram embora naquela mesma noite. Mas não antes da punição real. Bruno não deixou que me tocassem na frente dele. Mas bastou ele cair no sono...
que.. eu fui arrastada até o jardim, descalça e em silêncio.
A surra veio com fios grossos. Sem pausa. Sem voz. Só a respiração pesada deles e os estalos na minha pele.
Fui deixada lá fora. Sozinha, como um cão de rua.
Quando finalmente permitiram que eu entrasse, me escondi embaixo das cobertas, encolhida, esperando que o pesadelo recomeçasse. Mas não recomeçou porque depois disso... eles sumiram de vez.
Babás substituíram os pais. A indiferença substituiu o afeto. E o gelo de Londres — aquele frio arrogante e úmido — se enraizou em mim.
Eu não odiava só aquela casa. Eu odiava o que ela me obrigou a ser.
A única coisa boa — e ao mesmo tempo cruel — que me aconteceu naquele inferno foi o bendito dia em que conheci ele.
Brien Elliot Harrison.
O seu nome ainda ecoa como uma canção esquecida no tempo…
Ele era a perfeição moldada em carne e osso. Um verdadeiro sopro divino em meio ao caos da minha infância. Tinha a pele clara como porcelana, contrastando com os cabelos negros como a noite — densos, lisos, caindo levemente sobre a testa e os olhos… ah, aqueles olhos! De um azul tão profundo e intenso que pareciam perfurar a alma, capazes de acalmar até os meus pesadelos mais antigos. O seu rosto era uma obra de arte viva, harmonioso, delicado, mas ao mesmo tempo masculino — com traços que beiravam o celestial. Um anjo. Não… ele era o próprio anjo que ousou caminhar entre os mortais
Tinha quatro anos a mais do que eu, mas jamais me tratou com a indiferença ou crueldade que os outros da idade dele usavam contra mim. Nunca zombou do meu corpo, roupas, ou do meu jeito calado e arredio. Ele me viu e me enxergou quando ninguém mais enxergava.
Na época, eu tinha apenas sete anos. E ele, onze. No dia em que nos conhecemos, me levou até uma sorveteria e, com um sorriso que iluminava mais que o sol de verão, pagou o meu sorvete preferido. Lembro da voz dele, tão suave e gentil, como se cada palavra fosse feita para me acalmar. Lembro das covinhas que se formavam quando ele sorria, e do brilho no olhar sempre que acariciava um animal na rua. Ele era gentil. Era puro. Um príncipe encantado que havia, por alguma ironia do destino, cruzado meu caminho.
Mas eu sempre soube o meu lugar. Brien era como uma estrela no céu — linda, brilhante e inalcançável. Meninas deslumbrantes viviam ao redor dele, disputando o seu olhar, o toque das suas mãos, um simples “oi”. E eu? Eu era apenas a melhor amiguinha, a irmãzinha mais nova, a protegida, a garotinha que ele jurava cuidar.
Então, guardei meu amor em silêncio. Sufocado e recolhido num canto do peito, onde ninguém pudesse vê-lo. Ser protegida por ele, acolhida nos seus braços quando o mundo me virava as costas, já era o bastante. Pelo menos, era o que eu tentava convencer a mim mesma.
Mas tudo desabou quando ele completou dezesseis anos. No dia do seu aniversário, em meio aos sorrisos, brindes e aplausos, ele anunciou o seu namoro com a Patrícia — a garota que mais adorava me humilhar. Uma loira exuberante, de cabelos volumosos, cintura fina e um corpo que parecia desenhado para provocar inveja. Ela sabia, sabia do que eu sentia, e se aproveitava disso. Sempre fazia questão de me diminuir, como se dissesse sem palavras: “Ele nunca será seu.”
Eu tinha apenas doze anos. E foi naquela noite, sufocada pela dor de um amor impossível, que decidi enterrar meu sentimento. Foi naquele dia que eu desisti de amá-lo.
Brien começou a se afastar de mim naquela época. Lentamente, como um navio que desaparece na névoa, ele deixou de ser meu porto seguro para se tornar apenas mais uma sombra indiferente entre as tantas que me ignoravam.
Mas mesmo assim… mesmo assim, eu alimentava uma esperança tola de que um dia eu cresceria e me tornaria linda — linda o suficiente para que ele finalmente me notasse. Esse dia, no entanto, nunca chegou.
E é por isso que eu digo que conhecê-lo foi tanto uma dádiva quanto uma maldição. Porque o Brien que eu amava… morreu no dia em que completou dezoito anos.
Ele se transformou. De um garoto doce e protetor para um estranho frio, soberbo e manipulável. Bastou um sussurro venenoso da Patrícia — aquela cobra disfarçada de princesa — para ele acreditar em qualquer mentira sobre mim. Disse a todos que eu havia tentado prejudicá-la na maldita festa de aniversário. E então, na frente de toda aquela gente, ele me apunhalou com as palavras mais cruéis que eu já ouvi:
Brien: "Eu não suporto nem olhar na sua cara, Sara! Você realmente achou que podia ferrar com a minha namorada e sair impune? A sua sorte é o respeito que eu ainda tenho pelo seu irmão... porque, se dependesse só de mim, você já estaria na merda! Agora faz um favor pro mundo inteiro e desaparece de vez daqui porra! "
Ele cuspiu aquilo como se eu fosse lixo. Como se todos os anos de carinho e amizade nunca tivessem existido. Eu estava ali... com ele… naquela maldita festa e quando pedi para ir embora, com a voz embargada, tremendo, esperando pelo menos um resquício do menino que um dia me acolheu — ele apenas me lançou um olhar de desprezo e virou as costas.
Sem uma palavra. Sem piedade!
Eu voltei sozinha.
Sob uma chuva cortante, com os pés encharcados e o coração em pedaços, caminhei por mais de seis quilômetros naquela noite escura, sentindo o mundo desabar a cada passo.
Foi então que tudo piorou.
Um homem. Não, um monstro.
Saiu do mato como uma fera à espreita. Me agarrou, me arrastou. Gritei, supliquei por ajuda, por socorro… mas só o silêncio respondeu.
Fui violentada.
Ali mesmo, na lama, no frio, na escuridão sufocante daquela floresta, enquanto a chuva lavava o sangue e as lágrimas do meu rosto.
Fui deixada ali… despedaçada, chorando até não restar mais som.
E foi naquele momento, quebrada por dentro, que eu tomei a única decisão que ainda me restava — aos 15 anos, eu decidi mudar.
Eu já não usava mais os aparelhos nem os óculos grossos. Mas isso não importava. Ainda assim, me sentia a garota mais invisível e desprezada da escola. Com moletons grossos e um semblante de adolescente depressiva...
O bullying continuava, a humilhação era diária.
Patrícia, é claro, liderava o grupo das garotas que se divertiam me machucando.
Brien?
Ele assistia tudo, em silêncio e sem mover um dedo.
Deixava os amigos rirem enquanto cuspiam na minha comida. Fingia não ver quando esticavam o pé para me fazer cair no chão.
Ele não era mais o Brien que um dia me acolheu.
Agora ele era apenas mais um covarde entre tantos.
E se ele podia fingir que eu não existia…
Eu aprendi a fazer o mesmo.
[...]
Quando completei quinze anos, meus pais apareceram — pela primeira vez em muitos anos — com sorrisos ensaiados, me desejando parabéns e planejando uma festa grandiosa. Aquilo me pareceu estranho... e, claro, era. Eles não estavam ali por mim, e sim pelas aparências. Eles queriam holofotes em cima desse meu "aniversário!"
Mas eu já não era mais a criança ingênua que aceitava migalhas. Fiz um acordo com eles: eu escolheria um país para recomeçar, viveria lá até atingir a maioridade, e então voltaria. Simples.
Simples, mais perfeito! (ou era o que eu pensava)
Eles surtaram. Disseram que era uma loucura, que uma adolescente sozinha em um país estranho era um risco absurdo. Mas eu tinha uma carta na manga. Um sacrifício! Revelei o abuso que sofri aos treze anos — o segredo que me queimava por dentro. O choque nos rostos deles foi como uma lâmina e quando perceberam que nada poderia consertar aquilo, cederam. Me mandaram para o Brasil, para viver com uma tia distante.
Lembro-me do calafrio que me percorreu quando pisei fora de casa rumo ao aeroporto… e do olhar conturbado do Brien enquanto eu partia. Ele me viu ir embora. Mas não teve coragem de se despedir.
Virei as costas para aquele país miserável e parti em busca de uma nova chance. Um recomeço.
Ou pelo menos… era o que eu pensava.
Descobri, da pior forma possível, que o passado não se apaga. Ele é como uma sombra: pode até sumir por um tempo, mas sempre volta para engolir a luz.
Com dezessete anos, mergulhei de cabeça no inferno. Me envolvi com um dos maiores traficantes de São Paulo e a minha vida, que já era dolorosa, se transformou em um verdadeiro pesadelo. Vivi uma dependência emocional suja e sufocante. Apanhava feito um cão abandonado, dia após dia. Mas mesmo assim… eu nunca o traí. O nome dele era Lucas. E, contra tudo, eu o amei.
A única maneira de me libertar foi com o seu sangue. Um tiro certeiro na cabeça dele! A minha tia me ajudou a sumir do mapa, a me esconder da facção. E foi aí que eu aprendi... a sobreviver do jeito mais cruel.
Hoje, eu sou uma matadora de aluguel. Fria, calculista e quem tenta me derrubar… eu coloco para dormir cedo. E de caixão fechado.
Não pertenço a nenhuma facção. Porque, até hoje, não nasceu a coleira que vai me prender.
— Fim do flashback —
Mesmo sem muito contato com os meus pais, eles acreditam que estou bem. E isso, por agora, basta. O Bruno não sabe de nada. Tyler, menos ainda.
Sou só eu.
Só eu por mim.
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Curtem e comentem...
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Continua...
\_Sara\_
Acabei recebendo uma grana absurda pela cabeça do comandante de um dos maiores narco-traficantes de armas de São Paulo. Um belo tiro no crânio e pronto, problema resolvido! Agora posso voltar pro meu maldito país gelado...
Se fosse por mim, não colocava os pés lá nunca mais, mas o Bruno resolveu que é sensível demais pra assumir os negócios da família — disse que tem “crises existenciais”. Já o Tyler... bom, o Tyler agora é paisagista. Isso mesmo! Mexe com planta e adivinha? Vai sobrar tudo pra mim...
Mas quer saber? Que se dane! Dinheiro é dinheiro, e hoje em dia é só disso que eu gosto. Nada me motiva além de encher a cara com um bom whisky caro — de preferência pago com o sangue de algum desgraçado...
Ontem mesmo passei a noite na balada agarrada com um pretinho gostoso, e voltei pra casa acabada. Literalmente exausta, bêbada, e com a alma levemente arrependida (mentira).
Moro com a minha tia numa mansão gigantesca no centro de São Paulo. Dei tudo pra única pessoa que realmente ficou do meu lado em todas as minhas desgraças — mesmo sem saber dos meus “trabalhinhos”... Ainda não acredito que vou ter que me despedir da minha guerreira! Dona Amélia, quarenta e sete anos de puro escândalo e drama.
— Oi, tia.
— Filha, você não vai acreditar no que aconteceu ontem!
— Alguém morreu?
— O Datena deu uma cadeirada naquele rapaz... Como é o nome dele mesmo?
Veio marchando na minha direção com o celular numa mão e a outra plantada na cintura como uma mãe prestes a anunciar um sermão de três horas.
— Marçal?
— Esse mesmo! Uma coisa bizarra, filha!
Soltei uma risada seca, dessas que saem fáceis quando o mundo parece um episódio mal escrito.
— Bando de palhaços! A política brasileira é basicamente um reality show de quinta categoria! Vou sentir falta disso quando for embora.
— Né, filha? E o pior: ele foi levado de ambulância pro hospital. Acredita nisso?
Caí na gargalhada... É o tipo de absurdo que só esse país oferece.
— Não ri não, viu? Isso é sério!
— Tia, pelo amor de Deus... Quem apanha de cadeira e vai parar no hospital devia era ter vergonha! A política aqui é praticamente um UFC ao vivo.
Ela ficou um tempo em silêncio, provavelmente tentando decidir se discordava ou se concordava em silêncio.
— É... você tem razão. Agora vem comer, que eu fiz seu lanche favorito!
— Vou só tomar um banho primeiro, tia. Depois eu venho comer das suas panquecas milagrosas...
Ela me beijou na testa como se eu ainda fosse uma criança inocente — e eu assobiei indo até o meu quarto, como se não tivesse acabado de lembrar que tenho um cadáver fresquinho na conta.
Entrei no chuveiro e deixei a água cair sobre mim. O clima tá um lixo, como sempre, mas eu gosto dessa cidade... Talvez porque o meu primeiro trauma não tenha acontecido aqui — o que já é um bônus e tanto.
Enquanto me ensaboava, a minha mente viajou direto pro dia em que matei o segundo homem que eu amei. Sim, segundo, porque o primeiro vocês já sabem quem é. Com o segundo eram beijos intensos, promessas podres e a maldita sensação de que, se eu tivesse me rendido à droga junto com ele, eu não teria saído viva, mas saí e sobrevivi — como sempre.
O frio na barriga voltou, como sempre volta quando eu fico sozinha...
Tenho três tatuagens. Marcas que carrego na pele como lembretes de que o amor morre, mas a tinta fica!
A primeira é na nuca — uma borboleta de asas abertas, pequenas e sombrias, como se tivesse sido desenhada em silêncio. É o meu lembrete de que até o que é bonito pode voar pra longe quando quiser.
A segunda, nas costas, bem no centro da lombar, tem um traço afiado e simétrico. Um desenho tribal de asas viradas para cima, como se fossem chamas prontas para subir! É sensual e ameaçador!
E a terceira... a minha favorita, começa abaixo do sutiã e serpenteia pela lateral da cintura, descendo até quase o cós da calça jeans. Um dragão elegante e sombrio, como se dançasse em espirais pelo meu corpo... Perto dele, pequenas estrelas se espalham como cicatrizes estilizadas, contando histórias que ninguém precisa saber — só sentir.
Essas tatuagens não são só arte. São armaduras! Cada linha, cada sombra... é um pedaço do que eu matei pra continuar viva.
Nunca fui fã de extravagância! Sempre preferi o necessário, o essencial. Enquanto a minha cabeça parecia um campo minado e a minha alma era só um rascunho rasgado de quem já sofreu demais, o meu corpo precisava permanecer intacto, forte e vivo.
Corpo saudável é máquina de sobrevivência — e eu sobrevivo, sempre.
Todas as manhãs, antes do sol se erguer com a cara limpa, estou em movimento: caminhadas longas e academia pesada, mas domingo é exceção. Domingo é o dia em que eu deixo o sangue esfriar e a pele respirar...
Estudei até o terceiro ano do ensino médio. Não por falta de capacidade, mas por falta de paciência. Inteligência nunca me faltou! Estou considerando fazer um provão antes de voltar praquela droga gelada que chamam de Reino Unido, só pra evitar mais burocracia.
Depois do banho, vesti uma roupa leve e confortável, mas ainda assim justa o suficiente pra lembrar que por baixo da calmaria existe uma arma letal.
Desci as escadas atraída pelo cheiro das panquecas da minha tia e quase sorri...
— Finalmente! Pensei que tinha ficado presa no banheiro. — Falou ela com aquele tom debochado que sempre usava pra disfarçar a preocupação.
— Engraçadinha...
— Você vai mesmo voltar, filha? Não pode ficar nem mais alguns meses aqui?
O sorriso dela desapareceu e aquilo me doeu mais do que eu queria admitir...
— Não posso evitar, tia. Meu "querido" pai me quer de volta... Alguém tem que assumir o império dele.
— Aquele maldito desnaturado! A sua mãe também é outra... Nunca imaginei que a minha irmã se tornaria tão mesquinha e fria.
— As pessoas mudam...
Falei, mas na verdade estava lembrando do Brien.
Algumas cicatrizes não fecham — e outras, a gente aprende a exibir como troféu.
— Bom, vamos comer logo, senão esfria.
Mudei de assunto como quem esconde uma lâmina debaixo da língua.
— Verdade, filha...
Comemos em silêncio. Um silêncio confortável, porém definitivo! Depois, fui me deitar. Dormi leve, mas com a mente agitada como sempre... O inferno nunca descansa.
...
Dois dias depois...
Descobri que haveria um provão no dia seguinte e pensei: por que não?
Estou aqui mesmo e se puder evitar mais dor de cabeça quando chegar na Inglaterra, melhor.
Passei o dia inteiro focada com o cérebro tinindo. O que eu não mato, eu supero!
Fiz a prova no dia seguinte e voltei pra casa, cansada, mas satisfeita. Ainda precisei lidar com alguns clientes impacientes — gente que acha que assassinato tem prazo de entrega...
Depois disso, precisei encerrar o meu último trabalho no Brasil! Um presente de despedida... Nada pessoal, só negócios.
Vesti o meu traje preto, justo e funcional. Camiseta colada ao corpo, calça com encaixe perfeito, coturnos de couro e um casaco largo pra cobrir tudo, junto com um boné preto cobrindo metade do rosto.
Saí de casa silenciosamente. Tia Amélia já dormia, o que era melhor assim...
O alvo da vez era um dos afiliados de um cliente importante! Um ladrão infiltrado, traidor, que vinha desviando dinheiro há meses. O tipo de gente que ninguém sente falta...
Subi até a laje de um prédio velho, bem em frente ao apartamento dele. A noite estava abafada e úmida! Me posicionei sem pressa, com a frieza de quem já fez isso dezenas de vezes.
Montei a minha sniper com precisão cirúrgica. O metal encaixando nos meus dedos como se fosse uma extensão do meu corpo e coloquei uma música romântica tocando baixinho ao lado como um contraste. Eu gosto de ironia!
Ajustei o laser, mirei e ali estava ele: um careca despretensioso, sentado na varanda, parecendo ignorar o fato de que a vida dele estava prestes a acabar.
Mas então... algo quebrou o ritual.
Uma garotinha correu e pulou no colo dele e naquele momento, o meu coração simplesmente travou, a respiração falhou e os dedos congelaram!
Eu sabia o que precisava fazer. Era simples! Esperar ela sair, atirar e ir embora...
Mas não consegui.
— O que caralhos deu em você, Sara?? Porra, são 600 mil reais... Reage, caralho!
O zumbido começou no ouvido esquerdo. Um sinal que sempre começa assim...
As minhas mãos tremiam e suavam. Era como se a arma estivesse me rejeitando!
Se eu atirasse, acabava com a alegria da menina. Se não atirasse, acabava com o meu contrato! Merda de escolha...
Abaixei a arma, sem saber se era covardia ou humanidade. Talvez as duas coisas e
arrumei tudo em silêncio! Desmontei a arma, desliguei a música e prendi o fôlego...
Então fugi, corri como se algo estivesse me perseguindo.
E talvez estivesse mesmo.
— Filha, o que foi?? Por que está assim, minha linda??
— Tia... arruma as suas coisas. Agora!! Deu ruim, deu muito ruim... — A minha voz saiu trêmula, mas firme como aço prestes a cortar carne.
Ela franziu o cenho, confusa, tentando decifrar a urgência no meu olhar.
— Como assim, filha??? O que aconteceu??
A preocupação dela quase me desmontou... quase, mas não era hora pra hesitar! Ela não sabia quem eu realmente era. Sempre preservei a paz dela, escondendo o meu lado mais sombrio, o mais sujo, mas agora... agora o inferno estava vindo atrás da gente!
— Só arruma uma mala com o básico! Eu compro o resto depois. Agora se mexe, por favor!
Subi as escadas como um raio, tropeçando nos próprios pés, o coração batendo como se eu estivesse com uma arma encostada na nuca e
no quarto, agi no automático: documentos reais e falsos, identidades forjadas, joias, cartões, armas de pequeno porte, dinheiro em espécie e algumas roupas... Tudo jogado numa mala sem nenhuma delicadeza. Cada segundo parado ali era um risco de morte!
Desci e a encontrei parada na sala. Uma mala em mãos, o rosto pálido e o olhar... assustado.
— Vai ficar tudo bem.
Menti...
Segurei na sua mão e puxei com força, como quem arranca alguém de um naufrágio...
Corremos até a garagem e joguei tudo na caçamba da Saveiro. Entrei no banco do motorista com a adrenalina correndo nas veias e ela entrou em seguida, mas nem teve tempo de respirar — girei a chave e arranquei daquele lugar como se o próprio diabo estivesse na minha cola.
Rodamos em silêncio até alcançar uma distância segura. Então peguei o meu celular, apaguei tudo — contatos, mensagens, rastros — e o joguei dentro de uma lixeira enferrujada na beira da estrada.
Era isso ou me enterrar junto com ele.
Decidi que ficaríamos escondidas numa das minhas fazendas e no dia seguinte, eu compraria outra mansão, em outra cidade, bem longe dos olhos errados.
Chegamos à noite. Cansadas, suadas e sujas de medo.
Uma das empregadas veio pegar as nossas malas, e a minha tia continuava muda.
Ela não chorava, não reclamava, apenas... estava ali.
Sabia que não dava mais pra esconder. Ela merecia saber — mesmo que isso a quebrasse...
Depois do banho, encontrei ela no meu quarto. Sentada na beira da cama, de olhar fixo e expressão distante, como quem acabou de voltar de um pesadelo que não acabou ao despertar!
— Tia...
— Vai me dizer o que está acontecendo agora, Sara?
A voz dela era baixa, mas carregada de medo. Não daquele tipo de medo comum... Era o medo da verdade!
Respirei fundo pois não havia mais desculpas, nem volta.
— Tia... eu sou uma matadora de aluguel. — soltei de uma vez olhando em seus olhos.
Ela se levantou tão rápido que o mundo pareceu girar. Cambaleou como se o chão tivesse sumido debaixo dos pés e antes que caísse, eu a segurei.
— Tia! Tia, olha pra mim!
A deitei com cuidado na cama, batendo levemente em seu rosto tentando trazê-la de volta, mas foram minutos que pareceram horas.
Até que, finalmente, ela abriu os olhos — e o que vi neles me dilacerou mais do que qualquer tiro.
— Por favor... me fala que isso foi só um pesadelo...
Abaixei a cabeça e o silêncio respondeu por mim.
Ela então chorou... Chorou como quem sente que perdeu uma filha — e eu a deixei chorar.
— A culpa é minha!! Se eu tivesse te levado de volta pra Londres, nada disso teria acontecido...
— A culpa não é da senhora, tia. Eu que fiz as minhas escolhas erradas. Eu que abracei a escuridão, mas... eu quero sair disso! Quando eu voltar pra Londres, vou virar essa página, eu juro.
Nos abraçamos e choramos juntas. Ela pela minha perda de inocência, eu pelo peso que carrego... Depois disso, segui com o que precisava ser feito. Segunda-feira, a vida não para, nem mesmo quando a alma está aos pedaços!
Comprei uma mansão em Minas Gerais pra ela. Um lugar tranquilo, com árvores, ar puro e distância de tudo que fui!
Deixei todas as joias, dinheiro, contatos e segurança com ela. Graças à aposentadoria alta do meu tio militar falecido, ela teria conforto — mesmo que sem mim por perto...
Não queria deixá-la vulnerável. Era o mínimo que eu podia fazer por quem sempre tentou salvar o pouco que restava de mim!
E o mais importante...
A minha consciência estava, pela primeira vez em anos, em paz.
Porque eu não puxei o gatilho.
Não matei o pai daquela garotinha.
E naquele momento... eu me vi nela.
Tão pequena, esperançosa e tão, tão longe da mulher que eu sou hoje.
Já era noite e eu estava mexendo em algumas coisas quando uma notificação no meu novo celular chamou a minha atenção.
Era o Bruno, o meu irmão gêmeo.
Bruno ~ Boa noite, mana! Como você está? Ainda viva ou já foi abduzida por algum brazuca?
Sara ~ Estou bem, mano. Ansiosa pra ver vocês... mesmo que eu negue até o último segundo!
Bruno ~ Eu também estou! Mas olha só... nunca entendi por que você insiste em não ter nenhuma foto de perfil. Você é uma agente secreta ou só odeia a própria cara?
Sara ~ Haha. Seu humor continua o mesmo: péssimo! E você sabe que eu odeio tirar fotos, Bruno...
Era verdade, mas o motivo real ia muito além de uma simples antipatia por câmeras — sendo uma assassina de aluguel, qualquer selfie mal postada podia significar o fim da minha vida. Inclusive a deles!
Bruno ~ Descupinha clássica de quem está aprontando. Fala a verdade... tá escondendo um namoro ou uma tatuagem ridícula?
Na hora, um frio percorreu a minha espinha.
Será que ele desconfia de algo?
Bruno ~ Aposto que está com um chupão no pescoço do tamanho do Brasil!
Sara ~ BRUNO, PELO AMOR DE DEUS!
Bruno ~ Hahahaha! É tão fácil te tirar do sério que chega a ser terapêutico.
Suspirei aliviada. Era só ele sendo o idiota de sempre...
Sara ~ Vai dormir, palhaço!
Bruno ~ Vai você, sua bruxa! Amanhã você viaja, esqueceu? Melhor descansar essa sua cara de malvada.
Sara ~ Tá, tá... tchau.
Bruno ~ Tchau, princesa misteriosa da família!
Desliguei a tela com um sorriso bobo no rosto. Mesmo com tudo que eu escondia... ainda havia partes de mim que conseguiam sorrir sem culpa, e o meu irmão era uma delas.
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Curtem e comentem...
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Continua...
_Sara_
O dia seguinte chegou e com ele a minha ansiedade... Como será que estão todos? Tenho medo de acabar me encontrando com o Brien...
Arrumei a minha mala e guardei as minhas armas num lugar seguro! Não levarei nenhuma arma pois estou em busca de um novo recomeço.
Banhei, fiz a minha limpeza de pele diária seguida de uma hidratação e após isso fui me vestir, fiz uma leve maquiagem e escovei o meu cabelo.
Ondas suaves caiam no meu rosto e assim que me olhei no espelho eu tive a certeza!
Sara- Eles não vão me reconhecer!
Afinal já fazem 10 anos desde a última vez que estive com eles e naquela época eu era digamos que... Mal cuidada? Na infância eu era a nerd horrorosa, já na adolescência eu era a nerd esquisita. Eu nunca entendi o conceito!
Essa era eu na adolescência:
Assim que terminei de me arrumar eu dei uma volta no espelho e me lembrei de passar perfume.
Sara- Ninguém merece gente sem cheiro!
Fui até a minha penteadeira, passei um perfume e prontinho! Eu já estava pronta para enfrentar os meus problemas.
Peguei as minhas malas e desci as escadas da fazenda. Minha tia vai para a nova mansão amanhã, porém hoje ela vai me acompanhar até o aeroporto mesmo eu tendo insistido muito para ela não vir comigo.
Chegando na sala eu peguei ela chorando silenciosamente e aquilo me matou por dentro! Dei um abraço nela e logo após isso nós fomos para o carro. O capataz nos levou até o aeroporto e após isso ele foi embora com a minha tia! De início ela não queria me largar e não parava de chorar, porém eu consegui convencer ela mesmo estando só o caco por dentro.
Olhei para a minha chamada e fui embarcar...
Assim que cheguei dentro do avião eu percebi que seria um longo vôo. Para inicio de tudo o vôo duraria 18 horas, pense! 18 HORAS!!
Tudo para ir pra um lugar que eu detesto!
Ainda bem que estava na primeira classe, mas ainda assim era desconfortável ficar sentada por 18 horas.
Peguei o meu notebook e comecei a trabalhar até que um homem se sentou ao meu lado...
-Com licença...
Apenas acenei um consentimento e ele se sentou completamente desconfortável.
Acabei descobrindo que o filho da puta do meu último "cliente" havia invadindo a minha mansão e quebrado tudo no mesmo dia em que fugimos de lá.
Se eu tivesse lá com certeza estaria morta uma hora dessas...
Suspirei fundo e abri a pequena cortina da janela para pensar um pouco até que senti um perfume forte e amadeirado tomando conta do meu nariz. Me virei lentamente e percebi que era o homem que havia se sentado ao meu lado... Ele era muito atraente!
Lindo e musculoso...
* Toma vergonha Sara! Você está voltando para um novo recomeço. Nada de casos e relacionamentos! *
Percebi que estava encarando tempo demais e me virei para disfarçar o constrangimento até que escutei a sua gargalhada gostosa...
-Pode olhar o quanto quiser eu não mordo não...
* Mais eu sim...*
Pensei mordendo o lábio inferior e roçando a garganta para recuperar os sentidos...
Sara- Haha desculpa...
Sorri sem graça olhando para ele me sentindo culpada e naquele instante eu percebi o erro que havia cometido! Ele era um pecado na terra. Que homem!
Preto dos olhos castanhos e um sorriso apaixonante. Não sei nem como ainda estou respirando...
Sara- É brasileiro?
Perguntei sem vergonha alguma.
-Haha não, e você?
Sara- Também não.
-Eu poderia saber o nome da senhorita?
Perguntou ele com aquele sorriso safado.
Sara- Sara, meu nome é Sara.
-Aah... Muito prazer Sara, eu me chamo Brandon.
Sara- O prazer é meu...
Falei retribuindo o seu olhar nada discreto.
Eu sabia que daqui a 17 horas eu já não me lembraria mais dele, porém, o desejo de dar para aquele homem era imenso! Acabei me lembrando do porquê de eu não me apegar a ninguém e minha animação foi embora...
Tomei um gole da minha água e voltei a me concentrar no meu notebook. Ele também parecia ter algo para resolver, então ficou tudo mais fácil...
...
Só faltavam mais 2 horas para pousarmos em terra firme e as minhas pernas já estavam me matando!!
Me levantei para ir ao banheiro e passei por ele que sem muita pressa passou as mãos sobre a minha colcha... Fiquei excitada, mas não dei bola até chegar no banheiro e me aliviar com os meus dedos mesmo.
Assim que sai do banheiro eu dei de cara com ele que sem mais nem menos me empurrou para dentro da cabine com aquele olhar enigmático e trancou a porta logo em seguida. Toda aquela muralha que eu havia criado entre mim e ele havia se desmoronado naquele mesmo instante, não me controlei mais e deixei acontecer!
Com as mãos fortes ele me puxou e começou a me beijar fortemente, sua língua entrava e saía da minha boca, sua pegada firme me trazia uma enorme chama de luxúria contida e eu não consegui mais manter a sanidade.
Seu olhar era o mesmo que o meu... Para nós aquilo era só um jogo sem valor! Percebi que queríamos a mesma coisa quando ele soltou aquele sorriso sacana no instante em que eu o conheci.
Bom, melhor ainda para mim.
Brandon- Sem compromisso?
Perguntou ele hesitante...
Sara- Sem compromisso.
Confirmei com o meu melhor sorriso safado o que deixou ele um pouco desestruturado. Ele não se mexia e me encarava estranho...
Bom, isso é o que sempre acontece quando eu solto esse maldito sorriso meu.
* Espero que ele não mude de ideia sobre ser sem compromisso... *
Coloquei os meus braços ao redor do seu pescoço e ataquei a sua boca com precisão. 15 minutinhos de um beijo gostoso e nós já estávamos fodendo sem parar... Eu sabia controlar os meus gemidos, mas ele parecia ter certa dificuldade em fazer o mesmo.
Ele entrava e saia de mim grunindo no meu ouvido como se aquilo fosse a melhor coisa para ele, sorri com aquilo e voltei a sentir o prazer me preencher, depois de mais algumas estocadas eu gozei gemendo baixinho e manhoso no seu ouvido...
Brandon- Porra!!
Assim que ele saiu de dentro de mim eu pude sentir o peso daquele seu olhar para mim sem nenhum pudor...
Brandon- Não imaginei que seria assim...
Sara- Assim como? Gostoso?
Perguntei com ar de diversão enquanto ajeitava a minha roupa.
Brandon- Gostoso é pouco para descrever... Podemos ter outra vez? Eu sei que falei que não queria compromisso mais...
Coloquei o meu dedo na sua boca o calando e depois falei:
Sara- É só sexo Brandon! Mas admito que foi incrível e se por algum motivo nós nos esbarramos de novo eu prometo que te darei mais uma rodada...
Vi uma faísca nos seus olhos e sorri achando tudo aquilo engraçado demais.
Lavei as minhas mãos e saí da cabine deixando ele lá paralisado. Vendo que ele não saía do banheiro eu abri a porta e falei com um sorriso brincalhão:
Sara- Não vai sair do banheiro feminino não?
Só naquele momento é que ele se dá conta de onde estava e se apressou em sair. Eu queria gargalhar com aquilo, mas o ambiente não me permitia...
Assim que me sentei novamente eu olhei o horário e percebi que só faltavam mais 35 minutos para pousarmos.
* 1 hora e 25 minutos... É, eu preciso mesmo me controlar... *
Assim que ele chegou eu já estava me arrumando para quando pousássemos.
Brandon- Nossa... Eu nunca fiquei tanto tempo fazendo isso.
Falou ele olhando para o celular.
Sara- Já pode se considerar uma máquina.
Falei tentando tirar o constrangimento do lugar mas só consegui piorar ainda mais as coisas, pois ele acabou me olhando com um sorriso sugestivo no rosto.
Tomei a minha água mais uma vez para tirar todo aquele constrangimento e voltei a arrumar as minhas pequenas coisas na minha bolsa. Como eu havia dormido e me alimentado no avião, havia algumas coisinhas para arrumar como; o edredom e alguns saquinhos de alimentos.
Enquanto eu me arrumava para sair daquele lugar sufocante, eu sentia o seu olhar para mim...
Ele não vai querer me deixar em paz tão cedo...
* Você precisa aprender a se controlar com desconhecidos gostosos porra! *
Me repreendi mentalmente enquanto lutava contra aquele ar pesado...
Assim que o avião pousou eu senti um alívio instantâneo! Passei um pouco do meu perfume e ajeitei o meu cabelo.
Brandon- Bom, é isso... Foi bom te conhecer, Sarinha.
Falou ele me dando um beijo na boca sem nenhuma vergonha e logo após isso saindo como se não tivesse feito nada.
Sara- Droga, já cheguei com o pé esquerdo.
Peguei a minha bolsa e fui até o desembarque.
Após ter tudo arrumado eu fui para a saída do aeroporto onde ficava as pessoas que recebiam os viajantes.
Estava descendo uma escada rolante junto com um monte de pessoas e várias plaquinhas estavam à mostra, mas eu não conseguia achar a dos meus irmãos. Sei que eles vão aprontar mas não sei o quê, ainda...
Assim que desci uma faixa enorme, foi estendida atrás de todo mundo com o meu nome escrito junto de uma frase:
~Sara sua peste fujona!
Uma música então começou a soar de algum som e nela estava uma coreografia inteira me chamando de fujona e abandonadora de irmãos.
Sara- Bando de peste atentada!
Assim que eu atravessei a maré de gente eu encontrei eles completamente diferentes!
Bruno:
Tyler:
Nunca imaginei que aqueles magrelos ficariam tão bonitos!
Junto deles estava uma menina loira ao lado do Tyler. Eles pareciam não me reconhecer, pois a todo o momento olhavam para trás de mim, caçando uma possível Sara desengonçada.
Sara- Vão ficar nessa o dia todo suas pestes?
Tyler foi o primeiro a abrir uma enorme boca de surpresa enquanto Bruno parecia não acreditar no que via.
Tyler- Isso é algum trote da Sara? Ela te contratou para se passar por ela, não é moça?
Perguntou ele olhando para mim como se não acreditasse que eu poderia ser eu!
* Vou ensinar para ele como se faz! *
Fui até ele e dei um chute na sua canela como eu sempre fazia quando ele me chateava.
Tyler- Sua peste! Precisava disso??
Bruno- É sério isso??
Perguntou o Bruno me olhando com ainda mais espanto.
Sara- Quer levar um chute também maninho?
Ele deu um pulo para trás assustado e depois falou:
Bruno- não, não, não... Eu acredito!! Mesmo sendo irrealista demais para mim.
Sara- Eu não posso ter simplesmente mudado um pouquinho não?
Tyler- Um pouquinho?? Mana você parece até mesmo aquelas modelos da Victoria Secrets! Uma verdadeira DEUSA da moda contemporânea.
Falou ele me olhando dos pés a cabeça completamente boquiaberto.
Sara- Exagerado!
-Ele não exagerou não! Você é mesmo muito surreal de linda.
Falou a menina que estava com ele.
Sara- Você é...
Tyler colocou seu braço ao redor do ombro da garota a puxando e falou com orgulho:
Tyler- Essa é a minha namorada, Mady!
Ela era uma menina loira dos olhos verdes e pequenas sardas no rosto, eu não daria nem 1,67 de altura para ela mais de beleza ela entendia. A menina parecia até mesmo um anjo!
Mady- Muito prazer Sara!
Falou ela estendendo a mão direita...
Apertei a sua mão e falei com um sorriso gentil:
Sara- O prazer é meu Mady! Mas me diz aqui, o que você viu nesse palhaço?
Tyler retirou a minha mão da dela completamente bicudo e depois falou:
Tyler- Não fale mais com ela Mady! Só eu consigo aturar isso aí.
Dei uma gargalhada alta e falei:
Sara- Não é o contrário não?
Tyler- Se fosse o contrário eu teria dito o contrário!
Dei outro chute nele, porém infelicidade dessa vez não acertou!
Sara- Não tem medo de morrer não? Sua peste.
Mady não parava de rir das nossas palhaçadas enquanto Bruno balançava a cabeça negativamente...
Tyler- Por isso nunca nos apresentou um namorado, esse seu temperamento ruim não muda nunca!
Falou ele colocando as mãos na canela enquanto fazia uma expressão de dor...
Sara- Seu-
Bruno- Vamos pra casa logo antes que você arranque a perna do Tyler!
Me interrompeu Bruno enquanto caminhava na frente... Corri para alcançá-lo e começamos a pôr o papo em dia enquanto caminhávamos.
A todo o momento eu evitava falar sobre a minha vida amorosa ou trabalhista.
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Continua...
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