Lorena Vitória
Um tempo atrás
Finalmente, mais um dia de trabalho termina, estou exausta e já são exatamente 21:30.
— Então pessoal eu já vou embora, boa noite a todos.-falei aos meus colegas, desejaram-me uma boa noite e fui embora. Tenho que pegar o autocarro para chegar em casa, e a minha paragem fica a poucos minutos do meu trabalho.
Enquanto caminhava ao passar a frente de um beco escuro ouvi um barulho estranho e bem baixinho, porém como a rua ainda estava um pouco movimentada só ignorei e continuei o meu caminho, mais com uma sensação estranha de que se calhar eu devia ter verificado. Decidi não pensar muito nisso e já no autocarro paro para refletir um pouco sobre a minha vida.
Apesar de viver com os meus pais e irmãos a minha vida nunca foi fácil. O meu pai odeia-me porque acredita que eu sou fruto de uma traição, então a única coisa que faz é me xingar ou fazer questão de mostrar o quão insignificante eu sou, além de ser tratada como a empregada da casa.
Diariamente tenho que fazer as tarefas da casa, cozinhar e deixar tudo pronto antes de sair como se eu fosse a única pessoa a viver nessa casa e ainda tenho 2 empregos. É um milagre eu ter conseguido terminar o secundário, tudo graças ao esforço da minha tia, pois o meu pai insistiu em falar que eu não iria ter um centavo dele. A minha mãe ficou quieta, ela sempre fica na verdade e as vezes ela fingi que não repara no jeito que sou tratada.
Já a minha tia decidiu se responsabilizar por mim e tudo que eu fosse precisar, penso que eu tinha uns 8 anos na época e nunca vou esquecer.
Não sei se alguma vez senti o amor dos meus pais, mais só sei que a minha tia Ana é tudo para mim. Ela guiou-me em tudo e me fez ser a pessoa que sou agora.
Desde criança eu sabia que futuramente eu não iria ter o apoio dos meus pais. Nem um presente no natal eu ganhava, enquanto os meus irmãos ganhavam os melhores presentes e a desculpa sempre era que o dinheiro acabou e também eu nunca tive uma festa de aniversário, porque eles sempre esqueciam, já os meus irmãos sempre tiveram festas de dar inveja.
Então com isso eu decidi que iria juntar dinheiro caso eu decidisse continuar a estudar. Comecei a trabalhar com tarefas pequenas pela vizinhança e com o tempo aprendi muito e consegui juntar um bom dinheiro.
A minha tia é quem guarda, pois, não queria que os meus pais soubessem de nada, eles viviam trabalhando então não reparavam, além de que eu também não tinha idade para guardar num banco.
O meu pai trabalha numa fábrica aqui perto e a minha mãe numa loja de roupas, já os meus irmãos fazem um curso superior numa cidade próxima e de vez em quanto chegam para nos visitar nos finais de semana, enquanto eu na lógica do meu pai tenho que ficar em casa limpando por ser o mínimo que eu devia fazer pelos supostos gastos que eu dou.
Chegando em casa bato na porta e espero alguém abrir, depois de um tempo, meu pai abriu a porta e me encarou como se eu tivesse feito alguma coisa
— Onde estava garota?- perguntou com uma cara nada boa
— Boa noite, estava no trabalho
— Espero bem que seja verdade, porque se eu descobrir que andas a tramar algo, vais ti arrepender. - é sempre assim, já me acostumei que as suas palavras não me atingem mais
— Ok. - falei seca e indo para as escadas
— Deixei as minhas roupas para lavar e você tem que limpar a casa, pois os meus filhos vão chegar em breve
— Amanhã cedo eu faço isso. - simplesmente respondi, já tive um dia bem cansativo e só quero dormir na minha cama
— Não, tem que ser agora e lave as roupas a mão, não quero ouvir nenhum barulho enquanto eu estiver a dormir e quero o pequeno almoço na mesa quando eu acordar
Ele falou e foi para o seu quarto. Eu estava cansada mais bem acostumada com isso.
Tenho que decidir o que quero fazer e sair daqui, pois agora que finalmente tenho os meus 18 anos, tenho que seguir com a minha vida, só não o fiz ainda porque minha intuição me diz para esperar um pouco.
A minha mãe já estava a dormir, terminei tudo por volta da meia noite, comi algo, tomei o meu banho bem rápido, vesti o meu pijama, coloquei o alarme para tocar as 6:00 e dormi. Amanhã será um longo dia e acabei por dormir na hora de tão cansada que eu estava.
Foto de Lorena
🥰Nota da autora:
Lembrando que cada um pode imaginar os personagens como bem entenderem. Só vou colocar fotos de alguns dos personagens.
Espero que tenham uma boa leitura, sugestões e comentários sobre a obra são bem-vindos.
Esse é o meu primeiro livro e sem dúvida que é um desafio escrever um livro, mais é uma experiência incrível e os próximos tenho certeza que serão ainda melhor.
Peço que lembrem sempre de curtir a história e votar.
...❤️❤️Beijos da autora ❤️❤️...
Lorena Vitória
Acordei cedo, terminei de me preparar e de fazer o pequeno almoço e fui para a livraria da cidade onde trabalho no período da manhã e depois para o restaurante. Meu dia foi normal, bastante agitado como sempre, no final do dia já estava exausta e era a minha vez de terminar de organizar e fechar o local, então só terminei por volta das 22:15, não gosto de ir para casa a estas hora devido a pouca movimentação.
Avistei o meu autocarro, então comecei a correr em sua direção, contudo logo que passei em frente daquele beco ouve novamente um barulho e ouvindo com mais atenção parecia ser um gemido de dor e depois um leve choro.
— Será que é um bebé? -perguntei a mim mesma, com medo da resposta
Eu queria estar enganada, mais de facto é um bebé pequeno e parecia estar bem fraquinho, ele estava em uma caixa tapada em cima do caixote de lixo, abri a caixa com cuidado e o encontrei com um pano velho em sua volta e seu corpo estava sujo. Ele me olhou com um olhar assustado e minha vontade era de chorar. É inaceitável que alguém tenha coragem de fazer algo do tipo com um ser tão frágil, podia só deixá-lo em um lugar movimentado onde alguém podia o encontrar mais depressa ou o deixar em um orfanato. Mais o deixar aqui para morrer, simplesmente não tem perdão.
Então o peguei no colo com muito cuidado e com o meu casaco eu o envolvi nele e peguei um táxi rapidamente, fiquei bastante aliviada por ter saído de casa com algum dinheiro e chegamos bem depressa ao hospital mais próximo. Depois de sermos atendidos, fiquei algum tempo esperando por notícias, quer dizer eu fiz a minha parte, o trouxe para o hospital e essa era a coisa mais importante a fazer, mais então porquê que ainda estou aqui?
Fiz está questão a mim mesma várias vezes e após 3 horas a médica disse-me que a situação do bebé estava difícil, porém há hipótese de sobreviver, só é necessário esperar para ver como vai reagir com os tratamentos.
A médica falou que é uma menina recém-nascida de apenas 2 dias, que foi drogada e que isso explica o fato de ninguém tê-la percebido antes, mais ela foi forte e aguentou até ser encontrada e ela também disse que foi uma grande sorte, pois estando nesta situação rodeada de perigos podia ter sido atacada por um animal, ou seja lá mais o quê.
Após falar o que aconteceu com dois polícias, peguei novamente um táxi e fui para casa, desta vez eu tive de entrar pela janela do meu quarto pois meu pai não permitiu que eu tenha uma chave da casa.
Por a casa ser pequena com dois pisos, subi em uma árvore e consegui chegar a janela do meu quarto, o meu alívio foi grande após ver que a janela não estava trancada e entrei o mais quieto possível, após verificar que já estavam todos dormindo, fui ao banheiro que ficava no final do corredor e tratei de ser o mais rápida e silenciosa possível.
O quarto da minha irmã fica a frente do quarto dos meus pais e o do meu irmão fica de cara com o meu. Só de ver os quartos deles já dá para ver o quão amada eu sou aqui.
Meu irmão e minha irmã têm um quarto de dar inveja, desde uma cama enorme até aparelhos electrónicos de última geração, o que é de se espantar, pois os meus pais estão atolados de dívidas, mais mesmo assim se esforçam bastante para agradar os queridos filhos. Já eu só tenho minha pequena cama de solteiro e um guarda roupa velho e olha que foi a minha tia quem comprou o colchão ou então eu ia continuar naquele velho que eu tinha.
Antes eu chorava muito por causa disso, mais agora não me incómoda.
Tomei banho rapidamente e como perdi a fome, fui direto para cama, já era umas 3:45 e apesar de cansada decidi pensar e refletir um pouco sobre a minha vida e a bebé e decidi que quero tentar adotar ela, irei sair dessa casa e arrendar um lugar para ficar, não quero ficar na casa da minha tia, pois ela já fez muito por mim e não quero trazer mais problemas.
Após refletir um pouco o sono venceu-me e acabei a dormir, pelo menos já é fim de semana e não terei de trabalhar.
...
Acordei às 12 horas, achei estranho, pois normalmente se eu passar do horário meu pai vem acordar-me para fazer o pequeno-almoço, limpar a casa ou apenas me incomodar.
Depois de me preparar fui a sala e encontrei todos eles junto com os meus irmãos numa conversa animada. Isso explica do porquê não fui incomodada, se esqueceram que eu existo.
A Lana de 21 anos, ela é a cara do nosso pai, cabelos negros e olhos castanhos escuros, pele clara e bem magra e muito linda também, já o meu irmão Cris de 22 anos puxou mais a nossa mãe, com os cabelos num castanho claro e os olhos num tom de mel, já eu tenho os meus 1,70 cm e os meus cabelos são ruivos e os meus olhos azuis, deve ser por causa deles que o meu pai diz que não sou a sua filha.
Mais minha tia Ana que é irmã da minha mãe falou que a avó dela era assim, então deve ser por isso que eu nasci assim.
Lorena Vitória
— Boa tarde. - falei a todos que se encontravam sentados no sofá da sala
— Resolveu acordar preguiçosa. - o meu pai Carlos falou e eu só ignorei e fui procurar algo para comer. Peguei uns cereais e comi com leite.
— Lorena eu trouxe isso para você. - o meu irmão Cris entregou-me uma caixa e dentro dele estava um vestido da cor preta bem lindo e comprido com um decote e um sapato que combinava com ele. — Eu vi numa loja perto da escola e achei a sua cara.- ele falou todo orgulhoso de sua escolha.
— Obrigado irmão, é muito lindo. - o Cris é o mais legal de todos, não porquê me dá presentes sempre que pode, mais porque me trata bem, me trata como uma irmã ao contrário da Lana que é igual ao Carlos
— Já falei várias vezes para não comprar presentes para a Lorena, você tem que focar apenas em estudar, eu e a sua mãe matamos-nos de trabalhar para vocês os dois terem tudo enquanto estudam, a situação está apertada, então eu não volto a avisar.- Meu pai sempre faz esse discurso, parece até que não se cansa.
— Hora pai, a Lana vivi comprando coisas desnecessárias e você não fala nada, até fica enviando um dinheiro extra para ela, ou pensa que eu não percebi.- Cris falou e minha mãe olhou para o Carlos espantada
— Então é por isso que fica faltando dinheiro, você tem que parar de fazer isso, eu tive de fazer mais um empréstimo e a Lana vive a comprar roupas caras, maquiagem desnecessárias, ela tem que estudar, estamos todos a nos sacrificar para terminarem os estudos e ela vive como uma rica mimada, só que nós não somos ricos- a minha mãe Laura falou, depois de se pôr a frente do papai e com isso começaram uma briga sem fim como sempre e depois de uns minutos a Lana falou
— Eu tenho que estar sempre bonita e isso custa caro, senão como vou conseguir um tipo rico e também a Lorena trabalha, então porquê que ela não paga as contas de casa e assim passam a enviar mais dinheiro para mim e ficam com menos problemas. - Ela falou e eu não consigo acreditar no que acabei de ouvir, o meu dinheiro é meu e ponto final, os meus pais olharam-me como se estivessem a pensar sobre isso. Eu não acredito nisso, dá vontade de puxar a Lana pelos cabelos
— Até que é verdade, você tem dois empregos, então está na hora de ajudar a pagar as contas, eu devia ter pensado nisso antes. - o Carlos falou expressando o quão satisfeito está com a ideia da sua querida Lana.
— É mesmo, você pode fazer isso? - a Laura falou
— Não, eu junto dinheiro para fazer a minha formação, já que não vão ajudar-me como os meus irmãos e também guardo para uma coisa que não vou falar, então a resposta é não. - eu não vou falar sobre a bebé, já falei com a médica pelo telefone sobre a minha vontade de adotar a bebé, ela falou que ela ia ser transferida para um orfanato onde vai aguardar uma família para ser adotada e deu-me o contacto do responsável pelo caso dela, falamos por email, indicaram-me todos os documentos que precisaria fazer e os passos necessários, além de que recomendaram um advogado, vão ser muitos gastos, além de conseguir adotar ela, tem as coisas que a bebé vai precisar e a mudança. Então gastar devido às futilidades da minha irmã seria de menos.
— Você morou aqui a vida toda e quando mais precisamos você vira-nos as costas, a formação não custa tanto assim, então andas a tramar o quê? - o meu pai falou
— Deixa ela pai, se a Lana precisa tanto de dinheiro é só trabalhar também, eu trabalho num restaurante em meio período e ajuda bastante. - o meu irmão falou e eles ficaram surpreendidos por ele revelar que está a trabalhar, é só por ele ser meio que preguiçoso, em casa vivia a jogar, pelo menos sempre foi inteligente e conseguiu a bolsa, contudo não cobre todos os gastos, mais ajuda bastante, já a Lana não conseguiu a bolsa, então pesou mais para os pais
— Filho se passa por dificuldades era só falar e eu ia dar um jeito. - a Laura falou, acariciando as suas costas
— Eu sei disso mãe, só pensei que como a Lorena terminou o secundário a pouco tempo que iam ajudar ela no próximo passo, então resolvi trabalhar e assim eu também posso ajudar a Lorena nos estudos. - Me sinto tão orgulhosa do irmão que tenho, que bom que pensou em mim também, só ele ter falado isso me fez sentir feliz
— Nós estamos no limite. - o Carlos falou e não esperava outra coisa dele
— Não precisa se preocupar comigo, eu sei-me virar, mais muito obrigado irmão, agora preciso sair para tratar de umas coisas.
— Eu também vou sair, vou-me encontrar com uns amigos. - Cris falou e saiu
Eu vou procurar um advogado e começar com o processo de adoção, depois de resolver algumas coisas, fui a casa da minha tia Ana. Ela é casada com Zander que também é professor de química e ela de português, eles tem um filho de 15 anos Zayn e eles vivem bem e são bem legais.
Estou na casa deles a 1 hora e depois de conversar sobre coisas normais, resolvi chamar a Ana para termos uma conversa mais privada
— Então minha menina, seu pai brigou com você de novo?
— Também, mais já nem ligo, dá para acreditar que a Lana sugeriu que eu pagasse as contas de casa para que sobrasse mais dinheiro para as suas futilidades
— Sério, não acredito.- ela respondeu rindo muito
— É, não é, justo agora que vou ter a minha bebé. - Aí nossa. Mordi os lábios depois de falar isso. Não era assim que eu planeava contar, a Ana está com um sorriso enorme no rosto e os olhos bem abertos tentando ao que parece processar o que acabei de falar
— O QUÊ? Você está grávida. - ela falou bem alto e os outros dois ouviram do quarto ao lado
— Quem está grávida? - o Zander perguntou e se sentou ao meu lado e o Zayn curioso também se sentou atendo
— Não espera, você entendeu mal, eu não estou grávida, eu quero adotar uma bebé. - depois expliquei tudo o que aconteceu para eles
— Que maldade, fazer isso com uma bebé frágil é muito desumano, você tem o nosso apoio. - a minha tia falou e eles concordaram
— Obrigada. - depois nos abraçamos, fiquei mais um pouco lá, falei da minha vontade de viajar e eles ficaram de acordo, só um pouco triste, mais eu entendo
De resto, eu terminei a papelada e tudo necessário após um tempo, agora é só esperar.
Já iniciei a minha formação para cuidar de idosos e como a duração é bem curta logo que terminar farei um de cuidados de crianças que também tem pouco tempo de duração.
Como decidi adotar a pequena bebé decidir que é melhor não fazer um curso e sim uma formação, com uma duração menor e o meu objetivo é conseguir adotar ela, viajar e iniciar uma nova fase da minha vida com ela.
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