Bem-Vindos
Espero que aproveitem a leitura.
Leiam em modo noturno os seus olhos agradecem.
Boa leitura e não se esqueçam de curtir e comentar, é muito importante para nós autores📚😍
Apresentação dos personagens
Alyssa Davis
Nolan Brown
Harry Davis
Evan Jhonson
Erin Barnes
Dr.Carmen
...INÍCIO ...
Brooklyn, NY
Era uma sexta-feira a noite, Alyssa Davis, terminava de preparar o jantar e começou a colocar a mesa, adicionou duas velas para tornar o clima romântico, afinal, hoje Harry e ela faziam três anos de casados.
Ela checou tudo mais uma vez, tirou o avental e alisou o vestido novo, se olhou no espelho, mas uma vez e retocou o batom, conferiu as horas no relógio pendurado na parede que marcava quase oito horas, Harry já devia estar chegando.
Alyssa respirou fundo, estava visivelmente nervosa, mesmo depois de quase dez anos juntos ela ainda sentia aquele frio na barriga do começo do namoro.
Harry e Alyssa cresceram no mesmo bairro, as suas famílias viviam em pé de guerra, mas deram uma trégua quando eles decidiram assumir o relacionamento, Alyssa tinha 15 anos e Harry 17 anos, eram apenas adolescentes e as famílias achavam que isso ia passar.
Os anos foram passando e o amor entre eles só aumentou, depois de seis anos e meio, entre o namoro e noivado finalmente se casaram, uma cerimônia simples, as famílias e vizinhos organizaram a festa, todos contribuíram para que a união do casal fosse memorável, era visível todo o amor que eles sentiam um pelo outro.
Na manhã daquele mesmo dia, Alyssa acordou com café da manhã na cama, junto um bilhete e uma pulseira delicada.
Ela beijou o marido apaixonadamente, e antes de comer fizeram amor intensamente, Harry respirou fundo, tentando recuperar o fôlego, assim como ela. Alyssa sempre foi tudo para Harry, eles se completavam.
As suas almas estavam interligadas, como se a conexão entre eles viessem de outras vidas, após o café da manhã, tomaram banho juntos e se amaram novamente, estavam na flor da idade e sempre que estavam juntos mal conseguiam manter as mãos longe um do outro.
Após algum tempo Harry se arrumou e se despediu com um beijo demorado.
— Te amo. — Alyssa se declarou como todos os dias.
— Eu também amo você, até a última batida do meu coração. — Harry disse e saiu para o trabalho.
— Seu bobo. — Alyssa disse sorrindo.
Enquanto ele descia as escadas, parou e olhou para a esposa que ainda o olhava na porta, deu um sorriso e seguiu para o trabalho.
Alyssa estava de folga então após faxinar a casa, foi ao supermercado, comprou alguns ingredientes, vinho e um presente para o amado.
Retornou para casa e começou pela sobremesa, mousse de chocolate o preferido de Harry, para o jantar um risoto, o vinho ja estava no ponto, ela colocou a pequena caixa na mesa, Harry precisava de um relógio e ela havia economizado para poder dar isso a ele.
A noite chegou e ela aguardava ansiosa, o relógio marcou oito horas e Harry não apareceu, ela sentiu que algo estava errado, ela ligou mais o telefone não chamava o que aumentou ainda mais a sua preocupação, não era do seu feitio fazer isso.
Ela saiu e olhou para os lados, até o toque do seu telefone fazê-la retorna para o interior de casa, olhando para a tela o número desconhecido, sentiu um aperto no peito.
— Alô. — Ela disse
— Senhora Davis? — A voz do outro lado perguntou.
— Sim, quem é?
— Poderia por favor vir até o hospital?
— Por quê? É o Harry? O que houve?
— Por favor senhora, pode vir? — A pessoa do outro lado da linha reforçou.
— Estou indo.
Alyssa finalizou a ligação, pegou o seu casaco, a sua bolsa e correu para a casa da sua mãe que ficava ao lado da sua.
— Papai, papai, papai? — Ela o chamou adentrando na casa
— O que houve? — Tom o pai dela perguntou.
— O que está acontecendo? — Maria a sua mãe saiu do quarto com os gritos da filha
— Me leve até o hospital, é o Harry, algum ruim aconteceu, eu sinto. — Ela falou atordoada.
— Como assim? — Tom perguntou.
— Eu não sei, me ligaram, não falaram muito, por favor papai vamos! — Alyssa suplicou nervosa.
O seu pai pegou o seu casaco e os três saíram, dando de cara com Rejane a mãe de Harry.
— Onde está o Harry? Preciso falar com ele, estou ligando mais só cai na caixa postal. — Rejane perguntou com um tom preocupado.
— Estamos indo para o hospital, eu não sei o que aconteceu dona Rejane, me ligaram, acho que aconteceu algo com o Harry.
— Não vamos mais perder tempo, vamos agora. — Dona Rejane falou gritando pelo marido Robert.
Alyssa saiu com os pais e Dona Rejane veio logo atrás em outro carro com o marido e a irmã de Harry.
O carro mal parou e Alyssa correu até a recepção.
— Com licença, com licença, me ligaram agora pouco, sou a senhora Davis, o que está acontecendo? — Ela perguntou com a voz embargada.
— Senhora tenha calma, vou chamar o médico, só um momento.
— Não precisa, eu estou aqui. — O médico disse se aproximando.
— Onde está o meu marido? — Alyssa perguntou com os olhos marejados, sentindo uma dor no peito.
O médico a olhou com empatia, pois sabia que essa não ia ser uma boa notícia, ele viu todos ali presente e ali na recepção não era um bom local.
— Podem me acompanhar por favor. — O médico disse andando em direção a uma sala.
— Por favor, doutor. ONDE ESTÁ, O MEU MARIDO? — Alyssa perguntou, ela já estava ficando alterada, ninguém lhe dizia nada.
— O seu marido foi atropelado.
— Mais ele está bem, não é? Não é doutor? Onde ele esta? Quero vê-lo.
— Sinto muito senhora Devis, ele continua ligado aos aparelhos, mas teve morte cerebral.
— NÃO, NÃO, NÃO. — Alyssa gritou caindo de joelhos, a dor que ela sentia era tão grande que ela sentiu o seu peito ser dilacerado. — Deixe-me vê-lo doutor, onde ele esta? Por favor, deve ser algum engano.
— Pode vir comigo. — O médico disse a ajudando a se levantar.
Eles caminharam pelos corredores e pararam diante de uma porta, o médico abriu e ainda parada ali olhando para o homem ligado a vários fios, o seu coração quebrou em milhões de pedaços.
— Não, não, não. — Alyssa deu um grito tão desesperador que até quem não a conhecia sentiu pena, era o grito mais assustador que alguém poderia ouvir, estava carregado de dor, angústia e aflição.
Ela correu até Harry e o abraçou com toda a sua força, as suas pele estava pálida, isso fez ela chorar ainda mais.
— Harry acorde, por favor acorde, por favor não me deixe, não me deixe meu amor. — Alyssa suplicava agarrada ao seu marido.
Após alguns minutos, ela levantou beijando a mão dele, a sua maquiagem estava borrada, as lágrimas ainda rolavam pelo seu rosto sem controle.
— Senhora me perdoe, eu sinto muito, sei que não é o momento mais apropriado para falar sobre isso. — Alyssa o olhou. — O seu marido ainda pode salvar vidas, sabe se ele era doador?
— Acabei de saber que o meu marido não vai voltar, e você quer desmontar ele como se fosse um brinquedo?
— Não é isso senhora! Me desculpe, eu não consigo imaginar a dor que a senhora está sentindo.
— Tem razão, você não pode imaginar, por favor saia. — Ela fala desolada e o médico sai, logo os pais e os sogros são levados ao quarto e o choro toma conta do ambiente.
Alyssa fala sobre o que o médico lhe perguntou e a família dele sente muita raiva, mas passando alguns minutos, todos começam a entender a importância daquilo, o Harry poderia continuar vivendo por meio de outras pessoas.
— Doutor? — Alyssa o chamou, mais calma.
O médico preenchia um formulário na recepção e rapidamente virou-se para ela.
— Sim?
— Me desculpe como o tratei, Harry e eu já estamos juntos há quase dez anos, hoje é o nosso aniversário de casamento e saber o que aconteceu, eu ainda não consigo assimilar tudo isso. — Ela disse com os olhos marejados.
— Eu sinto muito, de verdade senhora Davis.
— Obrigada, nós seguiremos com a doação de órgãos, Harry nunca me perdoaria se eu negasse algo tão importante, nós não falamos sobre isso, mais sei que ele faria isso se fosse ao contrário.
— Ok, já começaremos com todos os procedimentos, e mais uma vez eu sinto muito pela sua perca, se eu puder fazer algo para ajudá-la é só me procurar.
— Obrigada. — Alyssa agradece voltando para o lado do marido.
Eles esperam ansiosos pela liberação do corpo de Harry, havia se passado pouco mais de vinte minutos quando uma movimentação lá fora começou, Alyssa estava sentada ainda não acreditando no que estava acontecendo, quando viu um homem numa cadeira de rodas passando por ela, ele parecia estar muito doente.
Ela andou por toda aquela pequena sala e voltou a se sentar, as lágrimas não cessavam, o que ela faria da vida sem Harry? Nunca, em hipótese alguma imaginaria que tal coisa aconteceria com ela.
Harry e ela passaram uma manhã tão linda, eles estavam felizes, mas agora só restavam lembranças, ela nunca mais ouviria a sua voz ou a sua risada, não veria mais aquele olhar, ou sentiria o calor do seu corpo, não teria um futuro com ele, tudo isso foi lhe tirado em um minuto, e ficar pensando nisso a deixava ainda mais desolada e desacreditada que algo assim tivesse ocorrido com eles.
Manhattan, NY
Nolan Brown, 27 anos
Filho do poderoso magnata Blake Brown com a ex modelo Helena, na verdade, o seu único filho, era um prodígio no mundo dos negócios, desde sempre acompanhou o seu pai, aos vinte anos já era CEO, apesar ser novo, o seu porte físico não condizia com a sua idade.
O homem moreno, de olhos claros, tinha 1,85 m, o seu corpo era bem definidos e os seus músculos estavam na medida certa, sem exageros.
Qual seria o seu defeito? Nolan era o pacote completo, além de lindo, rico, educado, era inteligente e sabia muito bem persuadir alguém, a palavra sucesso o acompanhava onde quer que fosse.
Blake estava infinitamente feliz pelo filho seguir os seus passos, e ser ainda melhor que ele, o que ele não esperava era vê tudo mudando drasticamente de um dia para o outro.
Um ano atrás, após tomarem café da manhã, Blake pegou a sua pasta e Nolan subiu para buscar a sua, Blake deu um beijo na esposa, Nolan retornava chegando ao final da escada, ele sentiu uma dor no peito, caindo de imediato no chão.
O seu pai correu para ajudá-lo enquanto Helena chamava por um médico, mas eles não podiam esperar, colocaram Nolan no banco de trás junto a Helena, Blake dirigiu o mais rápido que podia para o hospital.
— Tire os sapatos dele, e abra a sua camisa. — Blake mandou e Helena rapidamente fez.
Chegando ao hospital Blake gritou por ajuda que logo veio, levaram Nolan para um quarto e após minutos que pareciam horas sem fim o médico foi até eles, Nolan havia sofrido um infarto.
— O meu filho é saudável, ele tem só 27 anos, bebe socialmente, não fuma, come bem e prática esportes. Como isso aconteceu? — Blake fala sem parar
— Tenha calma senhor. Fizemos alguns exames e estamos esperando os resultados, ele está estável agora, querem vê-lo?
— Por favor. — Helena fala e o médico os leva até Nolan.
Poucas horas os resultados ficam prontos e o médico segue para o quarto, Nolan já estava acordado e os seus pais imediatamente se colocaram de pé vendo o doutor.
— Esses são os exames do meu filho? — Blake pergunta.
— Sim, e sinto muito não ter boas notícias.
— O que houve doutor? — Nolan pergunta.
— Pelos seus exames você tem cardiomegalia.
— E o que é isso?
— Pode ser conhecido também pôr o “coração dilatado”, a cardiomegalia é uma condição onde o coração fica maior do que o normal para o tamanho do paciente. Precisa ser observada com atenção porque, devido a ela, o paciente pode ter todo o sistema circulatório prejudicado, uma vez que o coração não consegue bombear direito o sangue para todo o seu corpo. Com o tempo, o paciente que sofre de cardiomegalia pode desenvolver insuficiência cardíaca, e foi exatamente o que aconteceu.
— Como assim o que aconteceu? — Blake perguntou.
— O coração do Nolan não consegue bombear sangue, não dá forma que deveria, podemos seguir com o tratamento, mais pelos exames, ele vai precisar de um transplante.
— Isso pode levar anos, não temos esse tempo. — Blake fala alterado.
— Podemos seguir com o tratamento, até aparecer um doador senhor.
— Então vamos fazer isso, me diga o que devo fazer doutor? — Nolan pergunta ignorando o estado estérico do pai.
— Faremos mais alguns exames, você deve evitar álcool, cafeína, cigarros, poderá fazer alguns exercícios, mais leves, não pode se estressar ou nada parecido.
— O meu filho não pode viver desse jeito.
— Mais terá que ser assim até aparecer um doador compatível.
Enquanto o médico falava Nolan tentava prestar atenção, mais a sua cabeça não parava, como algo assim aconteceu justo com ele, um homem que tinha tudo, mas agora o seu dinheiro não tinha valor para comprar o que ele precisava, um coração.
O médico saiu da sala e em algumas horas a Família Brown estava liberada., chegando em casa, Nolan entrou no seu quarto e sentou-se na sua cama, ele olhava para cada canto daquele cômodo, estava pela primeira vez observando os detalhes.
...Nolan Narrando...
Dizem que o filme da sua vida passa diante dos seus olhos quando você esta a beira da morte, eu sei que ainda havia uma chance para mim, apesar de não estar tão confiante assim, queria aceitar que tudo iria ficar bem.
Eu sou Nolan Brown, o jovem prodigo, não queria que lembrassem de mim de outra maneira, se por acaso eu falecesse em breve, apesar de saber que eu era arrogante às vezes, os meus funcionários ficariam divididos entre o choro, ou o festejo da minha partida.
Tinha a plena consciência de como eu sou, eu tratava as pessoas conforme o seu merecimento, não é fácil comandar um império como esse, nós tínhamos muitos negócios que levavam o nome da nossa família, eu não podia decepcionar o meu pai, mas, agora eu já nem sei o que fazer.
Essa notícia caiu como um balde de água fria, a água mais fria que poderia existir, acho que eu preferia estar em coma e retornar do que ter ouvido esse diagnóstico, não queria que os meus pais percebessem, mais eu estava devastado por dentro.
— Oi, meu amor, a sua mãe me ligou, o que aconteceu? — Erin, a minha noiva perguntou invadindo o meu quarto
— Vou ficar bem. — Disse forçando um sorriso, jamais ninguém me veria triste ou venerável, nunca.
— Por favor, me explique o que aconteceu?
Expliquei com riqueza de detalhes o que estava acontecendo comigo, o olhar de Erin mudou, aqueles olhos que sempre me olharam felizes, estavam triste e penosos.
Levantei da cama e fui até a janela, coloquei as mãos na cintura olhando para o enorme jardim.
— O que foi? — Ela perguntou se aproximando de mim
— Não quero que me olhe assim, você não, eu não estou morto, ainda tenho chances. — Falei bastante irritado
— Eu sei que tem uma chance, mais eu não quero que nada te aconteça. — Erin disse segurando o meu rosto com as duas mãos.
— Não quero que chore, muito menos que me olhe desse jeito, fui claro?
— Sim. — Erin concordou e me abraçou.
Estávamos juntos há três anos, eu sabia que ter uma esposa era algo que fazia os sócios ficarem mais tranquilos, um CEO com uma família era sinal de estabilidade.
Escolhi Erin numa festa da empresa, ela é filha de um antigo sócio, ela é bonita, sabia se comportar, vinha de berço, parecia perfeita para mim, eu não precisava amá-la, só precisava de uma esposa a minha altura, ponto.
Não posso dizer que não gosto dela, afinal, eu dizia eu te amo, mais isso era só da boca para fora, para mim é apenas uma frase como qualquer outra.
O nosso casamento seria como um negócio e precisava ser bem-sucedido, mais nada disso importaria se eu falecesse.
Enquanto Nolan e Erin estavam no quarto, Helena estava em seu quarto sem saber o que fazer pelo filho e Blake estava trancafiado no seu escritório, mesmo que houvesse um sistema único, ele ia conseguir encaixar o filho dele no topo, nem que isso lhe custasse todo o seu dinheiro.
Os dias se passavam, Nolan seguia com o tratamento, seis meses se passaram e tudo estava indo até que bem, até Nolan ter outro infarto, dessa vez foi pior, ele precisou ficar alguns dias sob observação, o grande Nolan estava ficando irreconhecível, após receberam alta, foram para casa já estavam no caminho quando o celular de Blake tocou.
Era o médico, Nolan precisava voltar, havia um doador compatível, o motorista deu a volta retornando para o hospital.
Após muitas horas, o médico retornou, a cirurgia havia sido um sucesso, mas precisariam continuar acompanhando, eles precisavam ver como o corpo dele reagiria ao novo órgão.
Dias depois Nolan recebeu alta, estava tudo aparentemente bem, fazia quatro meses desde a cirurgia, eles só não esperavam que o estado de Nolan teria um efeito borboleta.
O novo coração estava rejeitando o corpo dele o levando a internação sem previsão de alta, quando finalmente foi liberado, retornou para casa o seu pai já havia contratado enfermeiros para reversarem, o seu filho não ficaria sozinho, a sua noiva mal vinha vê-lo, mas era melhor assim, Nolan não queria ninguém vendo ele definhar.
Dias se passaram e Blake trabalhou incansavelmente, o seu filho não ia perecer, e como um milagre um novo coração apareceu para Nolan.
Após horas de cirurgia mais uma vez, ocorreu tudo bem, Nolan retornou para o seu quarto e esperavam ter alta em breve.
Os dias passaram virando semanas, semanas viraram meses, e a cada consulta o medo de que algo desse errado tomava conta da família, mais cinco meses depois não havia nenhuma alteração, Nolan continuaria com as consultas, e ao invés de uma vez por semana, seria uma a cada quinze dias.
A família comemorou, e Nolan se preparava para voltar para o lugar que era seu por direito, enquanto caminhava pelo corredor feliz da vida a sua mão tocou a de uma mulher numa maca, ele parou e ficou olhando enquanto sumiam pelo corredor.
— Vamos. — Blake disse tirando Nolan do transe.
Com a ajuda de um nutricionista ele continuou cuidando da sua alimentação e tinha acompanhamento durante os seus exercícios, logo ele voltaria a ser o imbatível Nolan Brown.
Erin dessa vez voltou a frequentar a casa mais vezes, algo lhe dizia que dessa vez Nolan ia mesmo ficar bem, talvez a posição que ela queria ocupar, logo chegasse.
Ela chorou dizendo que não aguentava ver Nolan naquele estado, as suas lágrimas não comoveram a Nolan, mas, aquela mulher ainda era uma boa opção de esposa, um negócio.
...Alyssa Narrando...
Cinco meses haviam se passado, o enterro do Harry foi muito doloroso, a dor era insuportável, eu estava tentando, mais eu não conseguia me reerguer, a cama e a solidão eram as minhas amigas diárias, eu estava um trapo, não sentia forças para continuar.
Eu não havia retornado para a casa que vivia com Harry, desde que sai do hospital, aquele lugar estava repleto de lembranças e saudades, agora eu me encontrava no meu antigo quarto na casa dos meus pais, eu não comia, não bebia, não tomava banho, eu não tinha forças, eu não queria viver em um mundo em que Harry não estivesse, só queria morrer e me juntar a ele, eu sabia que eu estava sendo egoísta, mais nada disso me importava.
— Filha, por favor. — A minha mãe mais uma vez retornava ao meu quarto e via a bandeja de comida do mesmo jeito.
Olhei para ela e a minha vista escureceu, a única coisa que eu conseguia ouvir eram os gritos da minha mãe chamando o meu pai.
Eu abria e fechava os olhos, via luzes passando rápidos, estava tudo branco, demorou um tempo para eu entender que ali era um hospital, eu não conseguia manter os meus olhos abertos, e quando eu achei que finalmente eu iria me juntar a Harry, uma mão tocou a minha, senti uma corrente percorrer o meu corpo, mais eu estava fraca demais para olhar quem era.
— Harry. — Foi a última coisa que eu disse antes de cair num buraco negro.
Eu sentia tudo o que faziam comigo, ouvia as vozes, mais eu não queria voltar, eu queria o Harry, nada mais.
Eu me via em um campo, para onde eu olhasse via verde, será que eu havia falecido? Corri e gritei o nome do Harry, logo avistei um homem embaixo de uma grande árvore, eu corri o mais rápido que podia, um sorriso se alargou nos meus lábios.
— Harry. — Disse lhe abraçando forte, ele me envolveu com os seus braços e eu me senti aliviada por estar com ele.
— Você precisava voltar pequena. — Harry disse
— Não, eu quero ficar com você.
— Eu sei, mais não é assim que funciona. — Ele disse me fazendo olhá-lo. — Eu sempre vou amá-la, mais precisa reagir, prometa que vai tentar?
— Eu prometo. — Respondi com lágrimas nos olhos. Eu não queria voltar.
— Agora você precisa voltar minha pequena.
— Por favor, não.
— Precisa voltar agora. — Ele disse me dando um beijo na testa.
Vi ele se afastando e por mais que eu quisesse alcançá-lo não conseguia.
— Os batimentos voltaram, está estável. — O médico disse me trazendo de volta ao mundo que eu não queria estar.
Alguns dias se passaram e a mesma lembrança do sonho vinha na mente, todos os dias que fiquei hospitalizada uma psicóloga veio, sempre a mesma, eu até me perguntava se ela não tinha folga. Carmen ficava lá, sentada com as suas longas pernas cruzadas, os seus óculos de grau quadrado e uma prancheta nas mãos, apenas esperando, eu sabia que ela estava me analisando, mais eu não me importava.
No início eu só fiquei calada, ela disse que quando eu quisesse falar ela estaria ali, só era nós duas e mais ninguém, com uma semana ela começou a me fazer perguntas, tipo, que filme eu gostava, meu estilo musical, lugares que eu conhecia ou queria conhecer, meu prato preferido, eu só a respondia e em poucos dias estávamos tendo um diálogo, devo admitir, ela era uma ótima profissional.
— Oi Alyssa, bom dia. — Carmen disse entrando no meu quarto
— Bom dia Carmen.
— Soube que vai receber alta hoje, quis vir vê-la antes.
— Sim, mais três semanas aqui e eu com certeza enlouqueceria.
— Não acredita nisso não é?
— Não, é uma piada para psicólogos.
— Então eu deveria rir. — Carmen fala e nós duas sorrimos. — Bem melhor assim.
— Obrigada por me fazer companhia.
— Posso falar uma coisa? Não como psicóloga.
— Pode.
Carmen retira o seu crachá e coloca sobre a cadeira, e senta-se ao meu lado.
— Sei que a dor que sente ainda é muito grande, sei do vazio que o Harry deixou, e eu nunca pediria para você esquecê-lo, mas procure preencher esse vazio, procure fazer algo, seja um esporte, exercício, voltar a trabalhar, saia Alyssa, você ainda tem oportunidades.
— Eu vou tentar.
— Posso te levar a um lugar?
— Pode.
— Vem comigo.
Andamos pelos corredores, e chegamos a uma ala afastada, as janelas de vidro dava visão dos vários quartos ocupados.
— Algumas dessas crianças nunca vão crescer, nem se apaixonar ou ter uma família, se eu pudesse fazer um desejo e ele se realizasse, eu pediria para que o câncer não existisse. — Carmen fala com os olhos marejados.
Eu continuei calada, observado com o coração apertado.
— Você é privilegiada Alyssa, coisas ruins acontecem todos os dias, eu entendo ser difícil para você, mais por favor, tente viver, faça o máximo de coisas que conseguir, eu não conheci o Harry, mais eu sei que se fosse ao contrário, você não iria gostar de vê-lo no estado que você se encontra, ou gostaria?
— Claro que não!
— Então tente, eu sempre vou estar aqui para você, se quiser me ligar, sair para tomar um café ou almoçar, pode me chamar, não faço isso com os meus pacientes, mais eu quero mesmo ser sua amiga.
— Posso te dar um abraço?
— Claro que pode.
Nós nos abraçamos por alguns segundos.
— Quer os conhecer? — Carmen pergunta
— Quero.
Passamos a manhã toda com as crianças, e eu pude ter a certeza, eu era mesmo muito egoísta, mesmo doentes e sabendo o que poderia acontecer elas não tiravam o sorriso do rosto, agradeciam por mais um dia e eu tinha a saúde que elas queriam ter e não estava dando o devido valor, isso era muito injusto.
Retornamos para o meu quarto e minutos depois já estava liberada, os meus pais vieram e logo eu estava em casa.
Entrei no meu quarto, e estava decidida a me reerguer, eu ia honrar a memória do Harry.
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