NovelToon NovelToon

O Paraíso Proibido

Capítulo 1

-Alguns anos antes-

Fazia muito frio, era uma noite chuvosa quando comecei a sentir as primeiras contrações, aquilo me deixava ainda mais raivosa pois essa criança parece que não saia nunca.

Vejo meus pais tentarem falar com alguém para que me levem até o hospital, mas não consigo me concentrar em nada além da dor horrível que estou sentindo.

Acho que estou alucinando de tanta dor, quando sinto me levantarem e me levarem até um carro que me esperava do lado de fora da nossa casa.

Meus pais me acompanham e até que depois de um bom tempo chegamos ao hospital, já fui rapidamente encaminhada pra o quarto e foi só o tempo de deitar na cama, que a criança já estava nascendo.

Sinto um misto de emoções, e com certeza nenhum deles é alegria, vejo os meus pais muito felizes com aquela menina que havia acabado de sair de dentro de mim, mas a única coisa que sentia era que tinha acabado com minha vida, pois além de ter engravidado de um imbecil que assim que soube fez questão de desaparecer no mundo, eu não queria ter esse bebê, eu queria aproveitar minha vida pois sou muito nova, ter um bebê aos 18 anos atrapalhou todos os sonhos que tive pra mim.

Não suporto nem ouvir o choro dela, e pouco me interessa o nome que irão escolher para ela, só tive essa criança depois da minha mãe me implorar e prometer que deixaria eu fazer o que quisesse da minha vida após o nascimento dela, agora sinto um peso a menos e vou correr atrás dos meus objetivos, bem longe de todos para que ninguém possa me atrapalhar, ou qualquer lembrança dessa criança me impeça de conseguir alguma coisa.

A noite foi tão longa e com tanto choro que eu nem aguento mais ouvir ela perto de mim, logo pela manhã o médico resolve nos dar alta, pois como o parto foi normal e como a criança nasceu em perfeito estado, já podíamos ir pra casa.

Fica mais que nítido na minha cara o quanto essa criança era indesejada e o quanto eu me sinto mais leve por saber que agora estou livre.

Depois de alguns dias já me sinto recuperada 100% e já me sinto preparada pra correr atrás da minha vida que tanto sonhei.

Joanne: Minha filha, você tem certeza do que está prestes a fazer ? - me olhando com cara de desaprovação-.

Beatrice: Nunca estive tão certa mãe, você sabe que eu nunca quis ter um filho, e essa criança foi apenas um deslize que cometi- falo sem nenhum tipo de remorso, e minha mãe me olha com o cenho franzido de raiva-.

Joanne: Não fale assim da menina, ela tem nome e se chama Lia. Eu tenho pena de você Beatrice, quando perceber a besteira que está fazendo será tarde demais!

Beatrice: Eu tenho certeza que não irei me arrepender de nada, eu nunca a quis, e você sabe muito bem que eu só tive ela depois de me implorar muito!

Joanne: Sendo assim Beatrice, é um grande favor que você faz para ela, eu e seu pai daremos muito amor para ela, muito melhor do que ela conviver com alguém tão amargurada quanto você -fala saindo de perto e me deixando sozinha-.

Eu vou em direção ao quarto e começo a arrumar as minhas coisas, pois já tinha combinado com uma amiga que viajaríamos no último ônibus da noite, vamos ficar algum tempo na casa da tia dela até que consigamos estabelecer nossa vida e cada uma viver sua vida.

Eu tenho um plano brilhante em mente, e espero que consiga executa-lo, se tudo der certo, em alguns anos estarei muito rica e o meu passado será a última coisa que eu precisarei lembrar.

Vou até o quarto da minha mãe, e vejo ela fazendo a menina dormir, espero algum tempo até que ela termine para me despedir.

Minha mãe parece sentir mais raiva que tristeza por eu estar indo atrás dos meus sonhos, mas eu nunca quis ser mãe, e isso não é algo que eu vá mudar de ideia. Meu pai parece estar indiferente com toda a situação, nós nunca tivemos um relacionamento muito amistoso e quase sempre brigávamos.

Me arrumo para ir até a rodoviária e saio de casa sem olhar para trás, espero que eu nunca precise voltar para esse fim de mundo, e que os meus planos deem certo.

Me encontro com minha amiga e vamos rumo ao nosso destino, algumas milhares de horas dentro desse ônibus nos aguarda.

Capítulo 2

Lia Thomas

Não posso acreditar que estou preste a completar 18 anos, sempre sonhei com isso. Embora tenha crescido longe dos meus pais biológicos, eu sempre tive muito amor e carinho da minha avó e do meu avô os quais considero meus verdadeiros pais.

Fui criada muito bem, e meus pais sempre me incentivaram a estudar e correr atrás do meus objetivos, não somos ricos, mas graças a Deus nunca nos faltou o básico.

Como nós moramos no campo, não tem muitas opções de continuar os estudos, meu sonho é ser uma grande advogada e estou prestes a receber o resultado para a faculdade que eu apliquei, tenho quase certeza que serei aprovada pois sempre fui uma aluna exemplar.

Durante todo esse tempo da minha vida, nunca me envolvi com os garotos, pois sempre vi minhas amigas sofrerem muito, não me acho muito bonita, pois os garotos nunca chegaram em mim como chegam nas minhas amigas, como sempre fui focada nos estudos, isso não me afetou tanto.

Falando em amigas, eu nem sei como vou viver longe delas, nós temos sonhos diferentes e as meninas tem outros planos para a vida delas, mas é claro que nós sempre vamos nos falar, não quero perder nunca o vínculo que nós temos.

Coincidentemente o resultado da faculdade irá sair no dia do meu aniversário, e eu nem sei pra qual dos dois eu estou mais ansiosa, minha mãe sempre tenta me acalmar pois sempre diz que o que tiver de ser será.

As vezes bem la no fundo, eu imagino o que minha mãe biológica me diria, e se ela teria gostado de conviver comigo, me magoa bastante saber que ela preferiu viver a vida dela, mas eu prefiro não deixar isso me consumir, acho melhor não destinar toda minha energia para isso.

- Algum tempo depois-

Amanhã finalmente é meu aniversário e o resultado da faculdade, a única coisa ruim é que nesse período do ano é sempre chuvoso, não dá pra fazer nenhum tipo de comemoração ao ar livre, sempre quis fazer um pequenique mas as condições climáticas nunca foram favoráveis.

Minha mãe e meu pai se organizam para ir até a cidade buscar algumas coisas para o meu aniversário e que estão faltando aqui em casa, vejo o clima ficando cada vez mais pesado e digo para eles terem cuidado com a estrada.

Joanne: Nós vamos ter o cuidado que sempre tivemos minha filha - fala tentando amenizar minha preocupação-.

Lia: Tudo bem mãe, estarei aqui rezando para vocês irem e voltarem bem -digo, sentindo um aperto no coração-.

Joanne: Obrigada minha filha, nós voltaremos logo, qualquer coisa nos ligue, te amamos.

Foram saindo e fechando a porta em seguida, o meu peito logo ficou apertado, mas tentei tirar minha cabeça disso pois acho que é ansiedade, vou ocupar minha mente para passar o tempo.

Vou logo organizando a sala, e deixando tudo do meu jeitinho, puxo uma mesa para um lado coloco a cadeira para o outro e logo vai tomando forma.

O tempo vai passando e quando olho para o relógio já está na hora de almoçar, minha mãe deixou tudo preparado e eu vou só esquentar.

Não demora muito e tudo fica pronto, vou tomar um banho já que estou muito suada de arrumar as coisas e depois disso vou almoçar.

Quando estou terminando a minha refeição, eu escuto o telefone de casa tocar, e sinto um enorme aperto no meu coração, pois quase ninguém tem aquele número e dificilmente ele toca.

Quando atendo, não reconheço a voz que está do outro lado, só consigo escutar muito barulho de sirenes e gritos, meu corpo paralisa e eu perco o chão quando escuto o que o homem do outro lado da linda diz

Homem: Olá, encontrei esse número no telefone de uma mulher, eu sinto muito ter que dizer isso, mas houve um acidente muito grave na estrada, um engavetamento, seguido de capotamento e ninguém sobreviveu, estão levando os corpos até o hospital da cidade, alô ? Tem alguém aí ?

Sinto o chão abrir por baixo de mim, e uma dor avassaladora consumir meu corpo, eu derrubo o telefone do chão e caio para o outro lado

Não sei quanto tempo fiquei deitada no chão, acordo torcendo para tudo aquilo ser um pesadelo e que quando eu abra os olhos meus pais estejam lá comigo, mas não, eles não estavam.

Recobro lentamente os sentidos, e ligo em desespero para minha melhor amiga que me atende prontamente, tento explicar o que aconteceu mas as lágrimas não me permitem, soluço e choro ao mesmo tempo, e quase não consigo pedir ajuda.

Alisson corre até minha casa junto com os pais dela, mesmo sem entender quase nada do que eu havia dito, ela só sabia que era importante, e associou com o que tinha ouvido que aconteceu na estrada, ninguém sabia que tinha sido com os meu pais, mas estavam todos cientes do que havia acontecido ali próximo.

Eles me levaram até o hospital e ter que reconhecer os corpos foi a coisa mais difícil que eu fiz em toda minha vida, eu estava completamente sozinha agora, a dor era tão grande que chegava a ser uma dor física, eu não sabia explicar o que estava sentindo, mas não conseguia me controlar.

Os pais da Alisson me acolheram e me ajudaram a resolver todas as burocracias, eu não tinha cabeça para nada, e agradeço muito por eles, a mãe da Alisson era melhor amiga da minha mãe, ela estava um caco nós jamais imaginávamos que isso poderia acontecer.

Já se passou uma semana e até agora sinto meu corpo doer em todas as partes, Alisson pegou a carta que chegou para mim da faculdade e até agora não tive coragem de abrir, sem meus pais aqui sinto que tudo isso não faz mais sentido.

Capítulo 3

Lia Thomas

Pauline, mãe da minha amiga Alisson me chama para conversar, e eu vou

Pauline: Lia minha querida, eu sei a dor que você está sentindo, e sei que Joanne não queria que te ver dessa maneira -fala me abrancando com os olhos cheio de água- mas eu tenho algumas coisas para conversar com você.

Algum tempo atrás conversando com Joanne, ela me contou a respeito da sua mãe, me falou que tinha conversado com ela pois sua faculdade fica na mesma cidade que ela mora, e Joanne ainda ia falar disso com você, mas elas combinaram que você poderia ficar na casa dela se você quisesse, e agora que ela e a sua única parente e acredito que a Joanne ia conversar isso com você depois do resultado da carta, me sinto na obrigação de compartilhar essa informação com você.

Eu escuto tudo aquilo sem acreditar, que depois de tanto tempo ela ainda queira algum tipo de contato comigo, eu não sei nem como reagir a isso.

Pauline me entrega um envelope que tinha um papel com o endereço da minha mãe biológica, e outro com os números de uma conta.

Pauline: Sua mãe deixou isso comigo, como precaução, ela sempre guardou dinheiro para você nessa conta, não tenho ideia de quanto tem aqui, mas acredito que dê pra você se virar por um tempo até arrumar algum emprego.

Pego o envelope e guardo, e pego aquele da faculdade sem nenhum pingo de ânimo, e vejo aquele resultado que tanto esperávamos, eu tinha sido aceita pra fazer a faculdade que sempre sonhei, mas agora não tinha mais o mesmo sentido.

Eu fui aceita, e era um misto de emoções fiquei feliz por aquele resultado mas não era tão do mesmo jeito por não ter meu pais aqui pra comemorar comigo.

Arrumo minha mala e já vou atrás de uma passagem para o último ônibus, peço uma carona até a rodoviária e chegando lá consigo a última passagem.

Não sei nem o que sentir, de conhecer a minha mãe biológica não sei o que ela sente por mim, não sei se tem alguma idealização comigo, são muitos questionamentos que rodeiam minha cabeça.

Volto até a casa da Alisson, e Pauline havia preparado um pequeno jantar para nos despedimos, me sinto muito acolhida por ela e agradeço por todo cuidado que teve comigo, vou até o banheiro para fazer minhas higienes e terminar de arrumar minhas coisas.

Alisson e sua família me levam até a rodoviária no horário certo e nos despedimos, fico muito emocionada e algumas lágrimas escapam dos meus olhos ao subir no ônibus e deixar tanta coisa para trás.

Mas acho que os meus pais gostariam que eu seguisse em frente, e que fosse atrás de conquistar meus sonhos. Vou honrar a memória deles e fazer eles se orgulharem de mim de onde quer que eles estejam.

A viagem até Seattle é longa, mas como é de noite aproveito para dormir um pouco, acredito que só chegarei lá pela manhã.

A noite passa bem rápido, e como eu consegui dormir nem vi o tempo passar, chego até a cidade e pego o endereço que está na minha bolsa, e fico um pouco pensativa sobre o que será que está por vir.

Vou até um banco que havia próximo dali e saco algum dinheiro da conta que Pauline havia me dado naquele papel, saindo de lá pego um táxi e passo o endereço que eu tinha, algum tempo depois o carro para na frente de uma mansão, que tinha um jardim maior do que eu poderia alcançar com os olhos.

Me identifico no portão e digo que vim atrás de Beatrice Thomas, o segurança liga para algum lugar e um pouco depois me autoriza entrar, os portões se abrem e eu me perco ali dentro, o jardineiro um senhor muito gentil me indica o caminho que tenho que fazer até chegar na casa principal.

Fico espantada com tamanha riqueza, no campo não tínhamos nada parecido com isso.

Consigo chegar a entrada principal e sou recepcionada por Germana, a governanta, ela me pede para esperar um pouco na sala que a Beatrice está no salão que fica na lateral da casa, finalizando o cabelo e já vem até o meu encontro.

Sento ali no sofá e fico aguardando ela, cerca de 15 minutos depois ela surge, através da porta e um misto de sentimentos me arrebatam.

Mas todas as minhas dúvidas são respondias assim que ela decide falar

Beatrice: Então você é a famosa Lia, seus traços ainda lembram de quando era um bebê - fala totalmente inexpressiva- Então Lia, minha mãe pediu para que eu te acolhesse aqui na minha casa, e eu dei uma única condição, que aqui nos somos “irmãs”, não quero que ninguém saiba sobre a minha história, principalmente meu noivo o David.

Contei para ele que você viria, e ele concordou, ele sabe que nós somos irmãs e que meus pais te adotaram e é isso que você tem que dizer para qualquer pessoa que te perguntar - sinto um nó na minha garganta, eu fui muito tola em pensar que alguém que nunca me procurou teria algum sentimento por mim- estamos reformando alguns quartos e espero que você se acomode bem no quarto de empregada.

As lágrimas veem até meus olhos mas eu não vou dar a vitória para essa mulher.

Lia: Tudo bem Beatrice, espero que você esteja sabendo que nossos pais morreram há alguns dias - vejo a cara dela quase não mudar de expressões-

Beatrice: Nossa que pena, depois me diz onde estão enterrados que eu mandarei flores, para agradecer o grande presente que me deixaram -ouvir aquilo foi como um soco no estômago- de qualquer modo Germana indicará seu quarto

Ela sai me dando as costas e num passe de mágica Germana aparece, meus olhos ainda estão cheios de lágrimas e ela percebe.

Ao me deixar no quarto ela me pergunta o que eu gostaria de comer e eu falo que não estou com fome, Germana me diz que qualquer coisa que eu precisar dela não tenha vergonha de falar, concordo com a cabeça e ela sai do quarto.

Me deito na cama e só consigo chorar, por tantas decepções ao mesmo tempo, por perceber que Beatrice nunca se importou comigo e que se eu existir ou não, não faz diferença nenhuma para ela.

Não pensei que iria ser assim, e fico questionando se eu realmente deveria estar ali.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!