Em um olhar, um universo,
No toque, um verso.
Corações entrelaçados,
Destinos abraçados.
No silêncio, a canção,
No abraço, a proteção.
Amor que transcende,
Eternamente se estende.
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Nas profundezas da noite, quando o véu entre os mundos parecia mais tênue, uma figura solitária corria pelas florestas densas de Eldoria. Liora, uma elfa da luz, movia-se com a graça e a urgência de quem sabe que cada passo pode ser o último. Seus cabelos dourados, normalmente brilhantes como o sol, estavam agora emaranhados e sujos, refletindo a desesperança que sentia.
O luar filtrava-se pelas copas das árvores, lançando sombras dançantes no chão. Liora sabia que não podia parar. Atrás dela, o eco distante de trompas de caça e o latido feroz dos cães de guarda do reino a lembravam constantemente do perigo que a perseguia. Ela havia cometido um crime imperdoável, e agora, sua única chance de sobrevivência era encontrar refúgio além das fronteiras conhecidas.
Seus pés descalços mal faziam barulho ao tocar o solo coberto de folhas. Cada respiração era um esforço, cada batida do coração um lembrete de sua fragilidade. Mas Liora não podia se dar ao luxo de fraquejar. Ela precisava encontrar um lugar seguro, mesmo que não soubesse exatamente onde.
A floresta parecia interminável, um labirinto de árvores antigas e caminhos ocultos. Liora sentia a presença dos espíritos da floresta, observando-a silenciosamente, talvez julgando sua jornada. Ela sabia que a luz e a escuridão estavam em constante batalha, mas agora, mais do que nunca, ela precisava acreditar que uma aliança entre esses dois mundos era possível.
Após horas de fuga incessante, Liora avistou uma silhueta imponente no horizonte. Um castelo gótico, com torres negras que se erguiam contra o céu estrelado, surgiu diante dela como um farol de esperança em meio à escuridão. Com as últimas forças, ela correu em direção aos portões, sentindo o peso de seu passado e a incerteza de seu futuro.
Ao chegar aos portões, Liora bateu com força, sua voz um sussurro desesperado. “Por favor, me ajudem…” Mas a resposta não veio imediatamente. Em vez disso, os portões permaneceram fechados, e o silêncio profundo que se seguiu foi quase ensurdecedor. Liora sentiu o desespero crescer dentro de si. E se ninguém a deixasse entrar? E se sua última esperança fosse negada?
Ela bateu novamente, mais forte desta vez, e esperou. Finalmente, o som de passos ecoou do outro lado, e os portões rangeram ao se abrir lentamente. Uma figura alta e sombria apareceu, seus olhos brilhando com uma luz fria. “Quem ousa perturbar meu domínio?” A voz do vampiro era tão gelada quanto a noite ao redor deles.
“Eu… eu preciso de ajuda,” Liora respondeu, tentando manter a voz firme. “Estou fugindo e não tenho para onde ir.”
O vampiro a observou por um longo momento, seu olhar penetrante avaliando cada detalhe. “Entre,” ele disse finalmente, mas havia uma advertência em seu tom. “Mas saiba que a segurança aqui tem um preço.”
Liora entrou, sabendo que sua vida estava prestes a mudar para sempre.
Liora entrou no castelo com passos hesitantes, sentindo o peso do olhar do vampiro sobre ela. As portas se fecharam atrás dela com um som surdo, selando seu destino. O interior do castelo era tão sombrio quanto o exterior, com paredes de pedra fria e tapeçarias antigas que contavam histórias de eras passadas. O ar era denso, carregado com o cheiro de cera de vela e madeira envelhecida.
Kael, o vampiro das sombras, caminhava à frente dela, seus passos silenciosos como a própria noite. Ele a conduziu por corredores sinuosos, iluminados apenas por tochas tremeluzentes. Liora sentia a tensão no ar, uma mistura de medo e curiosidade. Quem era esse ser que oferecia abrigo a uma fugitiva como ela?
Finalmente, eles chegaram a uma grande sala, onde uma lareira crepitava, lançando sombras dançantes nas paredes. O calor do fogo era um contraste bem-vindo ao frio que parecia emanar das pedras do castelo. Kael virou-se para ela, seus olhos brilhando com uma intensidade que a fez estremecer. “Você está segura aqui, por enquanto,” ele disse, sua voz baixa e controlada. “Mas preciso saber quem você é e por que está fugindo.”
Liora hesitou, suas mãos tremendo levemente. “Meu nome é Liora,” ela começou, sua voz quase um sussurro. “Eu… cometi um erro terrível no meu reino. Agora, eles me caçam sem piedade.”
Kael a observou em silêncio por um momento antes de falar novamente. “Neste castelo, a luz e a escuridão coexistem. Você encontrará proteção, mas também desafios. Preciso que confie em mim, assim como eu estou confiando em você ao permitir sua entrada.”
Liora assentiu, sentindo um misto de alívio e apreensão. “Obrigada,” ela disse simplesmente, sem saber o que mais poderia dizer. A jornada até aqui havia sido exaustiva, e ela sabia que ainda havia muito a enfrentar.
Kael indicou uma porta ao lado da lareira. “Você pode descansar ali. Amanhã, discutiremos o que fazer a seguir.” Com isso, ele se afastou, deixando Liora sozinha na sala.
Ela abriu a porta e encontrou um quarto pequeno, mas acolhedor, com uma cama de dossel e uma janela que dava para os jardins escuros do castelo. O quarto era decorado com móveis antigos, e uma tapeçaria pendurada na parede mostrava uma cena de batalha entre criaturas da luz e da escuridão. Liora deitou-se, sentindo o cansaço finalmente tomar conta de seu corpo. Enquanto seus olhos se fechavam, ela se perguntou que tipo de aliança poderia surgir entre a luz e a escuridão, e se essa união seria suficiente para garantir sua sobrevivência.
No silêncio do quarto, Liora ouviu os sons distantes do castelo: o vento uivando nas torres, o farfalhar das folhas nos jardins e, ocasionalmente, o som de passos ecoando pelos corredores. Ela sabia que estava em um lugar estranho, cercada por mistérios e perigos desconhecidos. Mas, por enquanto, ela estava segura, e isso era tudo o que importava.
Enquanto o sono a envolvia, Liora sonhou com seu passado, com as terras ensolaradas de seu reino e os rostos familiares que havia deixado para trás. Mas, mesmo em seus sonhos, a sombra do castelo de Kael pairava, um lembrete constante de sua nova realidade. Ela acordou várias vezes durante a noite, assustada por pesadelos e pelo medo do desconhecido.
Quando a manhã finalmente chegou, Liora se levantou, determinada a enfrentar o que quer que o dia trouxesse. Ela sabia que sua jornada estava apenas começando e que precisaria de toda a sua coragem e força para sobreviver no mundo das sombras.
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Liora acordou com os primeiros raios de sol filtrando-se pela janela do quarto. O sono havia sido inquieto, perturbado por sonhos de seu passado e o constante medo do desconhecido. Ela se levantou, determinada a encontrar Kael e entender melhor sua situação. Precisava saber mais sobre o vampiro que a havia acolhido e sobre o castelo sombrio que agora chamava de refúgio.
Ao sair do quarto, Liora encontrou-se em um corredor longo e mal iluminado. As paredes de pedra fria eram adornadas com tapeçarias antigas, cada uma contando histórias de batalhas e alianças entre luz e escuridão. Ela caminhou lentamente, seus passos ecoando suavemente no silêncio do castelo. O ar estava impregnado com o cheiro de cera de vela e madeira envelhecida, criando uma atmosfera de mistério e antiguidade.
Depois de alguns minutos, Liora chegou a uma grande escadaria de mármore que descia para o salão principal. Ela desceu os degraus com cuidado, sentindo a tensão aumentar a cada passo. Ao chegar ao final da escadaria, avistou uma figura alta e imponente parada ao lado da lareira. Não era Kael, mas um homem alto e negro, com uma postura elegante e olhos que brilhavam com uma gentileza inesperada.
“Bom dia, senhorita,” disse o homem, inclinando-se ligeiramente em um gesto de respeito. “Meu nome é Alaric, sou o mordomo deste castelo. Posso ajudá-la em algo?”
Liora hesitou por um momento antes de responder. “Estou procurando por Kael. Preciso falar com ele.”
Alaric sorriu suavemente. “O mestre Kael está ocupado no momento, mas posso levá-la até ele assim que estiver disponível. Enquanto isso, posso oferecer-lhe algo para comer ou beber? Deve estar faminta após sua longa jornada.”
A gentileza de Alaric era um contraste marcante com a frieza que Liora havia sentido de Kael na noite anterior. Ela assentiu, sentindo-se um pouco mais à vontade. “Sim, por favor. Algo para comer seria ótimo.”
Alaric fez um gesto para que ela o seguisse e a conduziu por um corredor até uma sala de jantar aconchegante. A mesa estava posta com uma variedade de frutas, pães e queijos, e uma jarra de suco fresco. Liora sentou-se e começou a comer, sentindo a fome finalmente ser saciada.
Enquanto comia, Alaric permaneceu em pé, observando-a com um olhar atento, mas gentil. “Se me permite, senhorita, gostaria de saber mais sobre sua situação. O que a trouxe até aqui?”
Liora suspirou, colocando um pedaço de pão de lado. “Cometi um erro terrível em meu reino. Agora, eles me caçam sem piedade. Não tinha para onde ir, então corri até encontrar este castelo.”
Alaric assentiu, compreendendo. “O mestre Kael é um homem justo, apesar de sua aparência fria. Ele viu algo em você que o fez abrir as portas. Aqui, você encontrará proteção, mas também desafios. Este castelo guarda muitos segredos, e nem todos são amigáveis.”
Liora sentiu um calafrio percorrer sua espinha. “Que tipo de segredos?”
Alaric sorriu enigmaticamente. “Segredos que você descobrirá com o tempo. Por agora, descanse e recupere suas forças. Quando o mestre Kael estiver disponível, ele a chamará.”
Liora terminou sua refeição em silêncio, refletindo sobre as palavras de Alaric. Havia algo reconfortante na presença do mordomo, mas também uma sensação de que ele sabia mais do que estava revelando. Após comer, ela agradeceu a Alaric e voltou para o corredor principal, decidida a explorar mais do castelo enquanto esperava por Kael.
O castelo era um labirinto de corredores e salas, cada uma mais misteriosa que a anterior. Liora passou por uma biblioteca vasta, com estantes cheias de livros antigos e pergaminhos. Em outra sala, encontrou uma coleção de armas e armaduras, relíquias de batalhas passadas. Cada descoberta aumentava sua curiosidade sobre o lugar e seu enigmático anfitrião.
Finalmente, Liora encontrou-se de volta ao salão principal, onde Alaric a aguardava. “O mestre Kael está pronto para vê-la agora,” disse ele, fazendo um gesto para que ela o seguisse.
Liora seguiu Alaric por mais um corredor até uma grande porta de madeira. Alaric bateu suavemente antes de abrir a porta, revelando um escritório espaçoso. Kael estava sentado atrás de uma mesa, seus olhos frios fixos em Liora enquanto ela entrava.
“Por favor, sente-se,” disse Kael, indicando uma cadeira em frente à mesa. Liora obedeceu, sentindo a tensão no ar.
“Eu entendo que você está fugindo de algo terrível,” começou Kael, sua voz baixa e controlada. “Mas preciso saber mais sobre o que aconteceu e por que você veio até aqui.”
Liora respirou fundo, reunindo coragem. “Eu… cometi um crime em meu reino. Algo que não posso desfazer. Eles me caçam, e eu não tinha para onde ir. Quando vi seu castelo, pensei que talvez aqui eu pudesse encontrar segurança.”
Kael a observou em silêncio por um momento antes de responder. “Você encontrará proteção aqui, mas deve entender que este lugar tem suas próprias regras e perigos. Alaric e eu faremos o possível para ajudá-la, mas você também deve estar preparada para enfrentar os desafios que virão.”
Liora assentiu, sentindo um misto de alívio e apreensão. “Obrigada, Kael. Eu farei o que for necessário para sobreviver.”
Kael inclinou a cabeça ligeiramente. “Muito bem. Alaric a ajudará a se instalar e a entender melhor o castelo. Se precisar de algo, não hesite em pedir.”
Com isso, Kael voltou sua atenção para os papéis em sua mesa, indicando que a reunião havia terminado. Liora levantou-se e seguiu Alaric para fora do escritório, sentindo que sua jornada estava apenas começando.
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