O mar estava calmo naquela noite, com as ondas se movendo de maneira suave e ritmada, quase como se fossem embaladas por uma melodia distante e melancólica. A lua cheia pairava no céu, banhando as águas em um brilho prateado que parecia quase mágico. As criaturas do oceano, acostumadas ao silêncio noturno, mantinham-se discretas, como se soubessem que algo diferente estava prestes a acontecer.
Layla, a mais jovem filha do reino subaquático, nadava preguiçosamente entre os recifes de corais. Seus longos cabelos ruivos flutuavam ao seu redor, refletindo o brilho da lua que penetrava a superfície do mar. Ela sempre foi curiosa, especialmente em relação ao mundo humano, um lugar que lhe era proibido explorar. Mas naquela noite, Layla sentia um desejo incontrolável de nadar até a superfície e ver a terra firme com seus próprios olhos.
— Só por um instante — murmurou para si mesma, como se tentasse justificar sua desobediência. — Ninguém vai perceber.
Com um impulso suave de sua cauda escamosa, Layla nadou em direção à superfície. À medida que se aproximava, a escuridão do oceano deu lugar a um mundo iluminado pela lua e pontilhado por estrelas. Ela emergiu silenciosamente, com apenas a cabeça fora d'água, observando a costa ao longe. As luzes da pequena vila piscavam como vaga-lumes, mas o que realmente chamou sua atenção foi um grande navio ancorado próximo à praia.
Curiosa, Layla nadou até ficar a uma distância segura do barco. Ela observou a embarcação com fascinação, os mastros altos balançando suavemente com o movimento das ondas. No convés, uma figura solitária se destacava contra o fundo escuro: um jovem humano, com cabelos castanhos, postura elegante, apoiado na amurada. Seus olhos pareciam perdidos, fitando o horizonte como se buscassem respostas para perguntas que nem ele mesmo sabia formular.
Layla sentiu o coração acelerar. Já havia visto humanos antes, mas nunca de tão perto. Ele parecia diferente, mais sereno, mas ao mesmo tempo, carregado de um peso invisível. Ela se aproximou um pouco mais, mantendo-se oculta entre as sombras, quando de repente uma onda mais forte sacudiu o barco. A figura se desequilibrou, soltando um grito abafado de surpresa. Layla observou horrorizada quando o jovem caiu no mar, desaparecendo nas águas escuras.
Sem pensar, ela mergulhou em sua direção. O pânico a dominava, mas Layla sabia que não poderia deixá-lo se afogar. Seus movimentos rápidos a levaram até ele em segundos. O jovem príncipe lutava desesperadamente para voltar à superfície, mas estava desorientado, as roupas pesadas o arrastando para baixo.
Layla envolveu o corpo dele com seus braços, puxando-o para cima com facilidade graças à sua força de sereia. O príncipe estava inconsciente quando ela finalmente conseguiu emergir e nadar em direção à praia mais próxima. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto ela lutava contra o peso dele e a correnteza.
Com esforço, Layla arrastou o corpo inerte do príncipe até uma faixa de areia isolada. Ofegante, ela o deitou suavemente e se afastou um pouco, observando-o. Ele era ainda mais bonito de perto, com traços delicados e um semblante que, mesmo desacordado, parecia carregar uma serenidade imensa. O coração de Layla batia rápido, não apenas pela adrenalina, mas também pela estranha sensação de conexão que sentia com aquele humano.
Com cuidado, ela aproximou a mão de seu peito, verificando se ele estava respirando. Para seu alívio, o peito dele subia e descia lentamente, sinal de que o pior havia passado. Layla suspirou, aliviada. Estava prestes a retornar ao mar quando ouviu um gemido baixo.
— Onde... estou? — murmurou o príncipe, os olhos piscando confusos. Ele se sentou, olhando ao redor com dificuldade, até que seus olhos se fixaram em Layla.
Por um instante, os dois ficaram em silêncio, encarando-se. Layla sentiu o pânico subir por sua espinha. Ele não podia saber o que ela era. As histórias de sereias eram cheias de tragédias e desconfiança. Humanos temiam seu povo, e se ele descobrisse sua verdadeira identidade, poderia haver consequências terríveis para ela e para seu reino.
— Eu... eu estava no navio e caí... — disse ele, mais para si mesmo do que para Layla. Seus olhos se estreitaram, como se tentasse se lembrar do que acontecera. — Você... me salvou?
Layla hesitou. Era a primeira vez que falava com um humano. Sua voz saiu suave e baixa:
— Eu vi você cair e o trouxe até aqui. Você estava inconsciente.
Ele a olhou, seus olhos escuros brilhando sob a luz da lua. A gratidão em sua expressão era clara, mas havia também curiosidade e desconfiança.
— Como você conseguiu? Eu estava... me afogando. — O príncipe se inclinou um pouco mais, tentando ver além do que os olhos lhe permitiam no escuro. — Quem é você?
Layla se levantou rapidamente, dando um passo para trás em direção ao mar. Cada fibra do seu ser gritava para ela desaparecer antes que ele fizesse mais perguntas.
— Eu sou apenas... uma amiga — respondeu ela, com um sorriso triste. — Uma amiga que passava por aqui. Agora você está seguro. Preciso ir.
Antes que o príncipe pudesse responder ou se mover, Layla se virou e correu para a água. Em um instante, ela mergulhou e desapareceu nas profundezas, deixando o jovem príncipe sozinho na praia, confuso e com um estranho sentimento de perda.
Henrique, o príncipe do reino de Águas Altas, permaneceu ali, olhando para o mar por longos minutos. Ele sabia que deveria retornar ao palácio, explicar o que aconteceu. Mas como poderia contar aos outros que uma garota misteriosa o salvou do afogamento? E por que ele sentia que havia algo mais naquela estranha desconhecida?
Com a mente cheia de perguntas, Henrique se levantou, ainda sentindo o frio do mar em suas roupas encharcadas. Antes de se afastar da praia, olhou uma última vez para o oceano.
— Quem é você, realmente? — sussurrou, como se o vento ou as ondas pudessem responder.
Enquanto isso, sob as águas, Layla nadava de volta ao seu lar, sentindo que acabara de abrir a porta para algo que mudaria sua vida para sempre.
Layla não conseguiu parar de pensar no príncipe humano. O encontro inesperado ainda a assombrava enquanto nadava pelas águas cristalinas de seu reino, muito abaixo da superfície. Sabia que deveria deixar aquele episódio para trás, mas a lembrança dos olhos verdes de Henrique a puxava como a força de uma maré.
Nas profundezas do oceano, onde o brilho do sol se transformava em uma penumbra mágica, Layla tentava seguir sua rotina. O reino submarino era um lugar de esplendor, repleto de corais cintilantes e peixes que nadavam em padrões harmoniosos. O castelo de conchas onde vivia com sua mãe, a Rainha do Mar, era uma estrutura grandiosa, cujas paredes ondulavam com a energia do oceano.
Mas, mesmo com toda aquela beleza ao seu redor, Layla sentia que faltava algo. Estava inquieta. Uma parte de si queria voltar à superfície, onde os humanos viviam suas vidas em um mundo que ela só podia imaginar. E havia Henrique. O príncipe que ela salvou parecia assombrá-la, mesmo quando estava cercada pela tranquilidade do oceano.
— Layla, você está me ouvindo? — A voz da rainha interrompeu seus pensamentos.
Layla piscou, voltando sua atenção para a mãe, que a observava com uma expressão preocupada. A Rainha do Mar, uma figura imponente com longos cabelos azul-escuros e olhos que refletiam a sabedoria de séculos, sabia que algo havia mudado em sua filha. Ela podia sentir.
— Sim, mãe. Desculpe, estava distraída — Layla respondeu, tentando sorrir.
A rainha franziu o cenho. — Você tem estado distante ultimamente. Onde esteve na noite passada? Eu senti sua ausência.
Layla engoliu em seco. Era difícil mentir para a mãe, mas sabia que não podia contar a verdade. O mundo humano era proibido. Aproximar-se deles era perigoso e poderia trazer desgraça ao reino submarino.
— Eu... fui nadar perto dos recifes do norte — respondeu, desviando o olhar.
A rainha estudou o rosto da filha, seus olhos perspicazes avaliando cada expressão. Após um momento de silêncio, ela suspirou.
— Tenha cuidado, Layla. A superfície pode ser atraente, mas os humanos são criaturas imprevisíveis e perigosas. Não se aproxime deles, por mais tentador que seja.
Layla assentiu, mas no fundo, sabia que não conseguia tirar Henrique da cabeça. Assim que a rainha se afastou, ela tomou uma decisão: voltaria à costa. Só mais uma vez, para garantir que o príncipe estava bem. Precisava disso para encontrar paz e seguir em frente.
Naquela mesma tarde, Layla emergiu das águas próximo ao lugar onde havia salvo Henrique. Na forma humana, seus cabelos ruivos transformavam-se em um loiro suave, e sua cauda de escamas brilhantes dava lugar a longas pernas. Sentiu a brisa fria da tarde e caminhou lentamente pela praia deserta, suas pegadas se apagando na areia molhada a cada passo.
A curiosidade a levou para mais perto do vilarejo. Cautelosa, Layla manteve-se escondida entre as pedras, observando de longe. As pessoas se moviam com energia e propósito, falando e rindo em um idioma que ela entendia, mas que parecia tão diferente no ritmo da voz humana. Estava prestes a se virar e voltar ao mar quando uma voz conhecida ecoou pelo ar.
— Olá! — O chamado era suave, mas carregava um tom de surpresa. — Você é... a garota da noite passada, não é?
Layla prendeu a respiração e virou-se lentamente. Henrique estava ali, a poucos metros de distância. Ele parecia melhor, embora ainda houvesse um ar de exaustão em seu rosto. Vestia roupas simples, longe dos trajes reais que um príncipe normalmente usaria, mas mesmo assim, sua presença era imponente. Ele deu alguns passos hesitantes em sua direção, como se temesse que ela fosse desaparecer de novo.
— Como... como você me encontrou? — Layla perguntou, mais para si mesma do que para ele.
Henrique sorriu, um brilho de alívio nos olhos. — Eu não encontrei. Estava caminhando por aqui na esperança de que você aparecesse. Queria agradecer por ter me salvado. — Ele fez uma pausa, procurando as palavras certas. — E queria saber quem você é.
Layla mordeu o lábio, olhando para o mar. Sabia que deveria inventar alguma desculpa, uma história que o afastasse, mas não conseguia. A sinceridade no olhar de Henrique a desarmava.
— Eu... me chamo Layla — disse finalmente, mantendo o nome verdadeiro. — Eu moro em um vilarejo não muito longe daqui.
Henrique deu mais um passo, parecendo relaxar com a resposta. — Layla. É um nome bonito. — Ele a observou por um momento, como se tentasse decifrar um enigma. — Mas você apareceu tão misteriosamente e foi embora tão rápido... Eu achei que fosse um sonho.
Layla soltou uma risada nervosa, tentando disfarçar o nervosismo. — Talvez eu seja apenas alguém que gosta de aparecer e desaparecer, como as marés.
Henrique sorriu, mas seus olhos ainda carregavam curiosidade. — Bem, agradeço por ser uma maré que trouxe algo de bom. Eu estava certo de que não sairia daquele mar vivo. — Ele estendeu a mão, hesitante. — Posso acompanhar você de volta ao seu vilarejo? Gostaria de conhecer mais sobre você... se me permitir.
Layla congelou. A oferta a pegou de surpresa. Se ele a acompanhasse, certamente descobriria que não havia vilarejo algum. Precisava encontrar uma maneira de recusar sem parecer rude. Mas, enquanto pensava, notou a sinceridade no rosto dele. Não era só curiosidade – era gratidão e talvez algo mais. Uma faísca de interesse que poderia levar a algo perigoso, mas tentador.
— Eu... preciso voltar logo — disse ela, olhando para o horizonte. — Minha família deve estar preocupada. Mas podemos nos encontrar aqui, talvez, amanhã?
Henrique assentiu, um sorriso suave no rosto. — Claro. Amanhã, então. — Ele se inclinou ligeiramente, como se quisesse se despedir de forma mais formal, mas acabou apenas acenando de leve.
Layla retribuiu o gesto, sentindo uma estranha sensação de expectativa no ar. À medida que se afastava, podia sentir o olhar de Henrique seguindo cada um de seus passos.
Assim que chegou à beira da água, mergulhou de volta no mar, onde podia finalmente respirar aliviada. Não deveria ter concordado em vê-lo novamente. Era uma má ideia. Mas, mesmo sabendo disso, seu coração acelerou ao pensar no reencontro.
Algo havia mudado. E o que começou como um encontro acidental começava a se transformar em algo muito mais profundo – um segredo compartilhado entre a sereia e o príncipe, envolto nas ondas de um amor que não deveria existir.
As semanas se passaram desde o encontro de Layla com Henrique, e a jovem sereia não conseguiu afastá-lo de sua mente. A cada noite, enquanto as estrelas brilhavam sobre o mar, ela se lembrava do rosto dele, do sorriso que iluminou seu semblante ao reconhecê-la e da conexão inexplicável que se formou entre eles. Era um desejo que a consumia e, mesmo sabendo dos perigos que isso representava, Layla se viu cada vez mais atraída pela ideia de se encontrar com ele novamente.
No fundo do oceano, sua mãe, a rainha das sereias, notou a mudança no comportamento da filha. Layla estava mais distante, frequentemente perdida em pensamentos, e seu coração parecia estar em conflito. A rainha decidiu que era hora de confrontá-la. Em um momento de tranquilidade, enquanto Layla observava os corais coloridos e as criaturas marinhas que nadavam ao seu redor, a rainha se aproximou.
— Layla, minha filha, o que está acontecendo com você? — perguntou a rainha, sua voz ressoando como um trovão sob as ondas. — Você não tem mais interesse nas tradições do nosso povo.
Layla hesitou, sabendo que a conversa seria delicada. Ela amava sua mãe e seu reino, mas não podia ignorar os sentimentos que a consumiam. — Mãe, eu... eu conheci alguém — disse finalmente, a voz tremendo.
A rainha franziu o cenho, a preocupação refletida em seus olhos. — Alguém? O que você quer dizer? Você sabe que não pode se envolver com humanos, não é? Eles são perigosos e imprevisíveis.
— Eu sei! — interrompeu Layla, sua frustração transbordando. — Mas ele não é como os outros. Ele se chama Henrique. Ele é... ele é um príncipe. Eu o salvei de se afogar.
A rainha suspirou, a gravidade da situação evidente. — Layla, você não entende as consequências. A vida humana é cheia de riscos, e o amor entre uma sereia e um humano é condenado. Não podemos nos misturar. Isso trará apenas dor.
— Eu não posso evitar o que sinto! — Layla disse, sua voz se elevando. — Desde que o conheci, não consigo parar de pensar nele. Eu quero saber mais, quero estar perto dele!
A rainha a olhou com tristeza. — Você deve esquecer esse amor antes que ele se torne mais forte. A única maneira de proteger você e nosso povo é evitar qualquer contato.
Layla sentiu seu coração apertar. A luta interna era intensa. Ela não queria desobedecer sua mãe, mas a ideia de abrir mão de Henrique era insuportável. — Mãe, eu... — começou, mas a rainha a interrompeu.
— Layla, eu não posso permitir que isso aconteça. Não posso ver você se machucar. — A rainha virou-se, indo embora, deixando Layla sozinha em seus pensamentos. O peso da decisão a pressionava, mas a força de seus sentimentos por Henrique a impelia para a superfície.
Determinada a se encontrar com ele, Layla decidiu que precisava vê-lo novamente. Era um risco, mas sua necessidade de estar perto dele superava o medo das consequências. Naquela noite, quando a lua iluminava o céu com seu brilho prateado, Layla nadou até a praia, seu coração acelerando a cada braçada.
Ao chegar à costa, transformou sua cauda novamente em pernas e vestiu a túnica que havia feito com algas. Caminhou pela areia, sentindo a adrenalina pulsar em suas veias. A praia estava calma, e as ondas sussurravam segredos à medida que ela se aproximava do local onde se encontraram pela primeira vez.
Henrique estava sentado em uma rocha, olhando para o mar, perdido em pensamentos. A visão dele fez o coração de Layla disparar. Ela hesitou, mas a necessidade de vê-lo superou o medo. Com um passo hesitante, ela se aproximou.
— Henrique! — chamou, sua voz suave como o vento.
O príncipe virou-se rapidamente, e seu rosto iluminou-se ao vê-la. — Layla! Você voltou! — Ele se levantou, claramente surpreso e feliz. — Eu pensei que não a veria novamente.
— Eu precisava vir — disse Layla, sua voz tremendo. — Eu não consegui parar de pensar em você.
Henrique sorriu, um sorriso que fez o coração de Layla derreter. — Sente-se comigo. Eu estava pensando em como a vida aqui é tão diferente do que você deve conhecer.
Os dois se sentaram juntos na rocha, e Henrique começou a falar sobre seu dia, as aventuras que teve e os desafios que enfrentou como príncipe. Layla escutou com atenção, fascinada. A maneira como ele falava sobre seu reino, suas responsabilidades e os sonhos que tinha a encantavam.
— Às vezes, sinto que não pertenço a este lugar. As pessoas esperam muito de mim, mas eu só quero ser livre, viver aventuras — confessou Henrique, olhando para o horizonte.
Layla sorriu, entendendo exatamente o que ele sentia. Ela também se sentia presa em sua vida sob as ondas. — Eu sei como é. Às vezes, desejo poder explorar o mundo, conhecer lugares que nunca imaginei.
— Então, por que você não vem comigo? — Henrique perguntou, seu olhar intenso fixo nela. — Você poderia me mostrar seu mundo, e eu poderia lhe mostrar o meu. Seríamos livres juntos.
Layla sentiu um frio na barriga. O que ele estava propondo era impossível. Os riscos eram altos, mas a ideia de estar ao lado dele, vivendo aventuras, a atraía irresistivelmente. — Eu adoraria, mas... — Ela hesitou. — Você não entende o que isso significaria para mim.
— O que você quer dizer? — ele questionou, preocupado.
Layla olhou para o mar, lutando contra a tempestade de emoções dentro de si. Se ela revelasse sua verdadeira identidade, as coisas mudariam para sempre. Mas, ao mesmo tempo, sentia que não podia esconder a verdade para sempre. — Eu sou diferente, Henrique. Eu não sou como você.
— Então, me diga quem você é. Eu quero conhecer você de verdade, Layla. — Henrique estava decidido, seus olhos fixos nos dela com uma intensidade que a fez sentir um calor inexplicável.
Era agora ou nunca. Layla respirou fundo, sua mente correndo a mil por hora. — Eu sou uma sereia. Eu vivo no mar.
Henrique ficou em silêncio por um momento, a revelação pairando no ar entre eles. A incredulidade começou a se formar em seu rosto. — Uma sereia? — ele repetiu, como se estivesse tentando processar a informação.
Layla viu a confusão em seus olhos e apressou-se a explicar. — Eu sei que parece loucura, mas é verdade. Eu sou uma criatura do mar. O que sou não pode ser mudado. — Ela falou com fervor, sua voz se entrecortando.
Henrique piscou algumas vezes, incapaz de formar palavras. Layla sentiu o medo tomando conta dela. E se ele a rejeitasse? E se as histórias que ouvira sobre humanos se revelassem verdadeiras? Mas, ao invés de afastar-se, Henrique deu um passo em direção a ela.
— Isso é... incrível! — exclamou, um sorriso se formando em seus lábios. — Então você realmente pode nadar nas profundezas do mar, entre peixes e corais? Isso é como algo de uma lenda!
— Sim, mas não é seguro. Eu não posso ficar muito tempo na superfície, e não posso ficar perto de humanos como você. — Layla disse, a tristeza pesando em seu coração. — Minha mãe não permitiria.
— Eu não me importo com o que as pessoas pensam. O que importa é o que sinto por você. — Henrique declarou, sua voz cheia de convicção. — Nós poderíamos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar.
Layla sentiu um calor tomar conta dela. Mas, ao mesmo tempo, uma parte dela se rebelava contra essa ideia. Sabia que não era tão simples. Os mundos de ambos eram diferentes demais, e havia regras que não poderiam ser quebradas. — Henrique, você não entende os riscos. Se minha mãe souber que estou aqui, posso perder tudo. Minha vida no mar, minha família...
— Mas e nós? — Henrique interrompeu, sua frustração evidente. — Não podemos ignorar o que temos. Eu não posso deixar você ir. Vamos encontrar uma maneira de estar juntos.
A sinceridade em sua voz fez o coração de Layla se acelerar. Ela queria acreditar nele, queria se entregar a esse amor. Mas a realidade estava sempre presente, como as ondas que vinham e iam. — Se você se arrisca, eu também vou me arriscar. Mas precisamos ser cautelosos. — Layla finalmente respondeu, um novo brilho nos olhos.
— Vamos fazer isso juntos — Henrique declarou, seu olhar determinado. — Não importa o que aconteça, estarei ao seu lado.
Enquanto o sol começava a se pôr, tingindo o céu com cores quentes, Layla se sentiu tomada por uma mistura de esperança e medo. Ela sabia que estavam prestes a entrar em um território desconhecido, onde os sentimentos poderiam ser intensos, mas as consequências poderiam ser devastadoras.
Layla e Henrique passaram a se encontrar com frequência ao longo das semanas
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