Nas ruas sombrias de Londres antiga,
Onde a névoa envolve cada esquina ambígua,
Caminha um vulto, na noite oculto,
Seu rastro de morte é frio e adulto.
As vielas escuras são seu domínio,
Lá onde o medo é constante vizinho.
O relógio marca a hora tardia,
Enquanto ele observa, em fria vigília.
Jack, o nome que a cidade murmura,
Um fantasma de carne, na noite impura.
Suas mãos são gélidas, precisas e cruéis,
Desenhando em sangue, seus feitos fiéis.
Seus passos são leves, sem pressa, sem ruído,
Nos becos ele some, furtivo e perdido.
O luar, pálido, ilumina o cenário,
Onde Jack tece seu destino sanguinário.
Suas vítimas, escolhidas a dedo,
São sombras perdidas, sem porto, sem medo.
Mulheres da noite, esquecidas do mundo,
Que encontram em Jack o fim mais profundo.
A lâmina dança, cortante, voraz,
Como se o aço carregasse a paz.
Em cada golpe, uma vida esvaída,
Uma alma perdida, uma história esquecida.
O sangue que escorre, nas pedras da rua,
Reflete a frieza de quem continua.
Não há piedade, não há compaixão,
Só o prazer mórbido de sua ação.
Na névoa espessa, Jack desaparece,
Como um fantasma que a noite enaltece.
Seus crimes são obras, sua arte sombria,
E a cidade treme em cada nova agonia.
Quem é Jack? Ninguém sabe ao certo,
Uma sombra que vaga no negror deserto.
Seria um homem? Um monstro? Um mito?
Seu nome ressoa, de medo é um grito.
As cartas que envia, assinadas com graça,
São recados da morte, de quem a abraça.
"Do Inferno" ele diz, e seu riso ecoa,
Enquanto a cidade, em terror, desmorona.
Cada cadáver deixado ao relento,
É um testemunho de seu cruel intento.
Ele brinca com a morte, ele a desafia,
E nas ruas de Londres, a escuridão amplia.
Os detetives buscam, mas não o encontram,
Na névoa, seus passos jamais se afrontam.
Um jogo de caça, um jogo macabro,
Onde Jack é o mestre, o cruel diabo.
A cidade respira o medo em segredo,
Cada sombra esconde um novo degredo.
Ninguém sabe onde Jack surgirá,
Mas todos sabem como ele terminará.
Com mãos cirúrgicas, corta sem errar,
O corpo é um mapa que sabe decifrar.
Seus olhos calculam cada movimento,
Na frieza do ato, não há arrependimento.
Jack não é apenas um homem ou fera,
Ele é o reflexo de uma época austera.
Um grito da Londres que sofre em silêncio,
Que sente a miséria como um sopro denso.
E assim ele some, sem deixar seu rastro,
A lenda cresce, um conto nefasto.
Jack, o Estripador, o nome que fica,
No véu da história, onde a morte se explica.
A cidade o teme, e o tempo o consagra,
Um mito sombrio que a mente desgraça.
Mas no fim, é só o vazio que resta,
Um nome gravado na pedra funesta.
Londres respira, mas nunca esquece,
Das noites em que o terror a enriquece.
Jack, na escuridão, segue invisível,
O monstro eterno, sempre impassível.
E no silêncio da madrugada fria,
A cidade ainda ouve sua melodia.
Jack, o eterno vulto a espreitar,
Nas sombras do tempo, sempre a esperar.