No interior do Brasil, onde as vacas ainda pastam livremente e as tradições são tão fortes quanto o café da manhã, conhecemos Isabela, a filha única de um fazendeiro conservador. Isabela cresceu rodeada de cavalos, porcos e as regras rígidas de sua família. Desde pequena, ela sonhava em escapar da monotonia da fazenda e explorar o mundo. Mas, com apenas 22 anos, estava presa a um futuro já traçado: um noivado arranjado com um jovem da cidade vizinha, que se mostrava mais interessado em sua fortuna do que em seu coração.
Certa manhã, enquanto ajudava sua mãe a preparar o café, Isabela ouviu um burburinho na cidade. A notícia era sobre uma família rica de São Paulo que planejava investir em petróleo nas terras ao redor. Para os moradores locais, essa era uma tragédia em potencial; as fazendas seriam arrasadas e a essência da cidade, destruída. Isabela, sempre curiosa, decidiu ir até a cidade para ver o que estava acontecendo.
Chegando ao centro, Isabela se deparou com uma cena caótica: grupos de moradores se reuniam em frente à prefeitura, debatendo acaloradamente sobre os "gringos" que viriam para arruinar a vida pacata deles. A jovem, tentando entender a situação, se aproximou de uma mulher idosa que se destacava no meio da multidão.
— O que está acontecendo? — perguntou Isabela, intrigada.
— Ah, minha filha, esses forasteiros vão acabar com tudo! — exclamou a mulher, balançando a cabeça em desgosto.
Logo, um homem alto e atraente apareceu no meio da confusão. Era Miguel, o filho do CEO da empresa que estava por trás do investimento. Com seu charme despreocupado, ele se movia pela multidão como se fosse o centro do universo. Isabela não pôde deixar de notar como ele atraía olhares e sussurros, mas seu instinto conservador lhe dizia que ele era tudo o que sua família desaprovava.
Enquanto Miguel tentava acalmar os ânimos, Isabela se sentiu estranhamente atraída por ele. Ela se escondeu atrás de uma barraca de frutas, observando-o. Naquele momento, ela não percebeu que estava prestes a cruzar seu caminho de uma forma que mudaria suas vidas para sempre.
A Primeira Impressão
Naquela mesma tarde, Isabela decidiu que não poderia mais ficar de braços cruzados. Se os forasteiros realmente vinham para destruir sua cidade, ela precisava fazer algo. Com um espírito destemido, resolveu ir até a apresentação que a empresa faria sobre seus planos.
Ao entrar no salão, Isabela notou Miguel já no palco, tentando explicar que não vinham para arruinar, mas para ajudar. Porém, suas palavras foram interrompidas por um grito de um morador.
— Você está só aqui para encher os bolsos, seu playboy!
Isabela não sabia se ria ou se ficava preocupada. Miguel parecia estar se divertindo com a situação, enquanto tentava manter a compostura. O caos aumentou, e, em um momento de impulso, Isabela levantou a mão.
— Pessoal, vamos dar uma chance a ele! — gritou, sem saber se era a coisa certa a se fazer.
Miguel a olhou surpreso, e a sala ficou em silêncio. O olhar dele foi como um raio, atravessando o espaço e se fixando nos olhos dela. Algo naquele momento criou uma conexão estranha e elétrica.
— Quem é você? — perguntou Miguel, com um sorriso maroto.
A situação se transformou em uma comédia quando a mulher idosa que Isabela conhecera antes se levantou novamente.
— Essa é a filha do fazendeiro! — anunciou, como se estivesse revelando um segredo.
Isabela ficou ruborizada, mas Miguel riu alto.
— Uma heroína então! Vamos lá, Isabela, me diga, o que você realmente acha que deveríamos fazer?
Ele a estava desafiando, e ela não sabia se deveria se sentir lisonjeada ou assustada. O público começou a rir, e Isabela percebeu que poderia estar em apuros. Aquele encontro inesperado não era apenas um choque cultural; era o início de uma série de eventos que a levariam a questionar tudo o que conhecia sobre amor e vida.
Nos dias seguintes, Isabela tentou evitar Miguel, mas ele parecia ter uma habilidade sobrenatural para aparecer nos momentos mais inusitados. Seja no mercado ou na igreja, lá estava ele, sempre com um sorriso travesso e uma piada pronta. Ela, por sua vez, lutava para se manter firme na tradição que a sua família defendia.
Um dia, enquanto caminhava pelo campo, Isabela encontrou Miguel sentado em uma pedra, olhando para o horizonte. Ele parecia tão perdido em seus pensamentos que não notou a presença dela.
— Você está pensando em como vai destruir a cidade? — perguntou Isabela, com um tom provocativo.
Miguel virou-se, surpreendido, e riu.
— Na verdade, estou pensando em como fazer amigos por aqui. As pessoas parecem me odiar.
Isabela não conseguiu segurar a risada. A espontaneidade dele era refrescante. Eles começaram a conversar e, a cada troca de palavras, o clima entre eles mudava. Miguel não era apenas um playboy; ele tinha sonhos e um desejo genuíno de ajudar a cidade.
Conforme o sol se punha, Isabela percebeu que estava se apaixonando por aquele jovem de jeito despreocupado. Mas o que a mantinha acordada à noite era o medo de sua família descobrir e desaprovar. Assim, decidiu que precisava estabelecer limites.
— Miguel, você sabe que não podemos... — começou, mas ele interrompeu.
— O que você tem a perder? Você vive em um mundo tão restrito. Venha comigo, experimente algo diferente!
E naquele momento, algo dentro dela quebrou. Isabela concordou em acompanhá-lo para uma festa que aconteceria na cidade. Apesar de suas inseguranças, algo a puxava para ele, como um imã. E, naquele instante, a ideia de se libertar de suas amarras parecia tentadora.
A Noite de Festa
A festa estava agitada. Música alta, luzes piscando e risadas por toda parte. Isabela se sentia um peixe fora d'água, mas Miguel estava lá, segurando sua mão, guiando-a para o centro da pista de dança. Ele a fez sentir-se viva, como se estivesse experimentando o mundo pela primeira vez. Entre giros e risadas, Isabela se esqueceu de seus problemas e deixou-se levar pela música.
Enquanto dançavam, Miguel se inclinou para sussurrar em seu ouvido.
— Você é incrível, Isabela. Não se deixe prender pelo que os outros pensam.
Seus olhos se encontraram e, por um instante, tudo ao redor desapareceu. O beijo que se seguiu foi apaixonado e inesperado, como se o mundo estivesse ao seu redor e ao mesmo tempo completamente vazio.
Mas a felicidade não durou muito. Ao se afastarem, Isabela avistou seu noivo, Lucas, atravessando a multidão com um olhar furioso. Ela sabia que precisava se afastar antes que fosse tarde demais.
— Eu... eu preciso ir! — disse, tentando escapar.
Miguel a puxou de volta, mas ela estava determinada. O mundo conservador que a cercava ainda era muito real e a pressão de ser a boa filha a atingiu com força. No entanto, ela sabia que a atração que sentia por Miguel era inegável e, mesmo que a vida em sua cidade fosse cheia de regras, seu coração estava prestes a entrar em um grande conflito.
Na manhã seguinte, Isabela acordou com o coração pesado. A noite anterior havia sido mágica, mas agora era hora de encarar a realidade. Com um aperto no estômago, decidiu que deveria se encontrar com Miguel para esclarecer as coisas. Eles precisavam falar sobre o que estava acontecendo.
Miguel a aguardava em um café local, e ao vê-la, seu rosto iluminou-se. Isabela tentou manter a seriedade, mas ele rapidamente quebrou o gelo.
— Então, você me deixou ontem à noite sem nem um tchau? O que fiz de errado?
— Não foi você, foi... tudo isso! — respondeu ela, gesticulando ao redor, como se estivesse explicando as regras de um jogo impossível.
Ele riu, e, mesmo em meio ao caos de seus sentimentos, Isabela não pôde deixar de sorrir.
— Escute, Isabela. Eu realmente quero conhecer você. Não sou o vilão dessa história. — Miguel se inclinou para mais perto, seu olhar sério e sincero.
A conexão era palpável, mas antes que Isabela pudesse responder, Lucas apareceu, interrompendo o momento. Ele olhou para Miguel com desprezo e virou-se para Isabela.
— O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar em casa ajudando seu pai?
Isabela se sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. A tensão estava no ar, e a sala parecia ter parado. Ela olhou entre os dois homens, sem saber o que dizer para ambos.
O Confronto
Após a inesperada aparição de Lucas, Isabela sentiu seu coração disparar. O olhar fulminante do noivo era tudo menos amigável. Lucas não só se opunha ao que ela sentia por Miguel, como também era o símbolo de uma vida que começava a parecer sufocante. Ele se aproximou, e o clima tenso fez com que todos no café desviassem o olhar.
— O que você está fazendo aqui, Isabela? — perguntou Lucas, com um tom acusatório.
— Eu estou... — começou ela, mas Miguel a interrompeu, percebendo a necessidade de defender a jovem.
— Ela estava apenas conversando. Não vejo problema nisso, Lucas.
Lucas lançou um olhar desdenhoso a Miguel, antes de se voltar para Isabela.
— Você deveria voltar para casa. Seu pai está preocupado com você. — Ele disse, o desprezo evidente em suas palavras.
Isabela respirou fundo, tentando manter a calma. O que Lucas não entendia era que, mesmo ao lado dele, ela se sentia aprisionada. Miguel a olhou, como se estivesse pedindo permissão para continuar.
— Ou, quem sabe, Isabela possa decidir o que quer fazer por conta própria. — Miguel disse, seu tom leve contrastando com a tensão crescente.
Lucas riu, um riso que transparecia desprezo.
— Ah, o playboy tem um plano, não é? Só porque você tem dinheiro, acha que pode fazer o que quiser?
Isabela sentiu um frio na barriga. Essa era a primeira vez que alguém a questionava de verdade. Lucas, com sua postura possessiva, parecia a encarnação de tudo o que ela estava tentando evitar. Olhando para Miguel, ela sentiu uma onda de coragem.
— Eu não sou um objeto, Lucas. E não quero viver a vida que você planejou para mim.
A resposta de Isabela foi como um golpe. Lucas, atônito, apenas balançou a cabeça, claramente não acreditando que ela tivesse ousado falar assim. Miguel sorriu, encorajado pela reação dela, enquanto Lucas se virou e saiu do café, deixando um silêncio ensurdecedor no ar.
— Uau, você realmente se soltou! — exclamou Miguel, com um sorriso de aprovação.
Isabela sentiu-se um pouco mais leve, mas também assustada. Era a primeira vez que desafiava as expectativas de sua família, e não sabia se estava pronta para as consequências.
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