Clara
Acordo com o barulho incessante das buzinas e o burburinho da cidade que desperta, uma sinfonia caótica que me arrasta para fora dos sonhos. O aroma do café fresco e dos pães quentes invade meu quarto, mas, apesar da fome que faz meu estômago roncar, não consigo pensar em comida. A expectativa de mais um dia sem direção aperta meu peito, um peso que só aumenta.
A batida firme na porta quebra meus devaneios. É minha mãe, Lúcia, sua voz ressoando com autoridade familiar:
— Clara, não se esqueça de levar meu almoço hoje na empresa! O senhor Lincon voltará de suas férias hoje, e eu quero estar prestativa. Levanta logo. O café da manhã está sob a mesa. E não se atrase!
O som dos seus saltos altos ecoa pelo corredor enquanto eu me encolho sob os cobertores, escondendo meu rosto. Respondo, com a voz ainda sonolenta:
— Eu também te amo, mãe.
Ela se afasta, e o silêncio volta por um instante, permitindo que eu encare o teto do meu quarto, coberto por pôsteres e recordações de uma adolescência que mal comecei a deixar para trás. Com apenas 18 anos, terminei o ensino médio, mas a liberdade que tanto esperei não trouxe consigo um propósito.
Uma onda de frustração me invade. Olhando ao redor, percebo que estou presa em um ciclo repetitivo: acordar, ajudar minha mãe e passar os dias sem saber para onde ir. A ideia de entrar na faculdade parece não só distante, mas entediante, como uma rotina que não consigo imaginar.
Respiro fundo e levanto-me relutantemente, os pés frios tocando o chão gelado. A luz suave da manhã entra pela janela, iluminando o caos do meu quarto, revelando roupas espalhadas, livros inacabados e sonhos desfeitos.
Uma xícara de café e um pão quentinho me aguardam, mas sinto que, mais do que alimento, preciso de um plano. Um propósito. Um caminho que me faça sentir viva, não apenas sobrevivendo a mais um dia.
E assim sigo para o banheiro, bocejando. Ao entrar, encaro meu reflexo no espelho. Meus cabelos castanhos estão bagunçados, a mexa rosa que pintei recentemente brilha sob a luz. Uma pequena rebeldia em meio à monotonia.
Sem mais enrolação, sigo para o chuveiro, ligando a água quente. O vapor começa a subir, e sinto a tensão nos meus ombros lentamente se dissolver. Enquanto a água escorre, fecho os olhos e permito que a rotina se transforme em um momento só meu. Por alguns instantes, esqueço da pressão, dos dias vazios e das expectativas. É apenas eu, a água e a esperança de que algo mude.
Com o coração um pouco mais leve, saio do chuveiro, decidida a enfrentar o dia. Assim que adentro o quarto novamente, enrolada na toalha, meu celular vibra em cima da mesa, piscando. Vejo no visor que é Bruna, minha amiga que está estudando fora. Coloco no viva-voz enquanto caminho até o guarda-roupa e atendo.
📱LIGAÇÃO ON
— Fala, mocreia — digo, esboçando um sorriso.
— Nossa! Eu também te amo, mocreia — responde Bruna, sua voz cheia de alegria.
Enquanto vasculho algo confortável para vestir, quase entrando dentro do guarda-roupa, digo alto:
— Mas e aí, amiga, como está sendo sua faculdade?
Ela sorri ainda mais, e a empolgação transparece na voz:
— Está sendo incrível! Já conheci alguns gatinhos por aqui. Só faltou você, sua tonta... mas fica aí fazendo esse tipinho de garota rebelde.
Sorrio enquanto escolho uma camiseta cinza e a visto. Respondo, tentando não deixar a frustração transparecer:
— Eu realmente não quero fazer faculdade, Bruna. Sinto que isso não é para mim. Quero algo mais, sabe? Algo que talvez eu mesma ainda não sei o que é. Mas definitivamente não é ficar presa nesses serviços chatos.
A voz dela ressoa, mais séria agora:
— Eu sei, Clara. Mas amiga, você não será jovem para sempre. E você precisará de dinheiro para sobreviver; não poderá depender dos seus pais para sempre.
Penso nas palavras dela enquanto me apoio na porta do guarda-roupa. A verdade é que o futuro me assusta. O desejo de liberdade se choca com a realidade dura da vida adulta. O dilema se forma na minha mente: a necessidade de segurança contra a busca por um propósito.
— Você tem razão — admito, sentindo a pressão crescendo. — Mas não consigo me ver em uma sala de aula, apenas seguindo regras e obrigações. Preciso encontrar algo que faça meu coração bater mais forte.
— Então faz algo, Clara! Acha um estágio, uma atividade que te empolgue! Você precisa experimentar, descobrir o que realmente gosta — sugere Bruna, a preocupação na voz dela evidente.
Olho pela janela, vendo a cidade pulsar lá fora, cheia de possibilidades. Talvez eu devesse sair da minha zona de conforto. A ideia começa a germinar em minha mente.
— Vou pensar nisso, amiga. Obrigada por me lembrar que eu não preciso ter todas as respostas agora.
— Sempre aqui por você, mocreia! E não esquece de me contar sobre seus planos! — diz ela, rindo.
📱LIGAÇÃO OFF
Desligo a chamada, sentindo uma mistura de ansiedade e esperança. Então, visto uma calça jeans qualquer, sem muita cerimônia, e desço para tomar o café da manhã. O cheiro do café fresco me recebe na cozinha, e me sento à mesa, saboreando um pão quentinho enquanto a mente ainda dança entre as palavras de Bruna e a pressão do dia.
Depois de comer, me levanto e começo a arrumar a casa. As tarefas se tornam quase automáticas: coloco os pratos na pia, arrumo as almofadas do sofá e organizo algumas coisas espalhadas. O ambiente desordenado reflete meu estado interior, e, enquanto organizo, sinto uma leveza surgindo. Às vezes, pequenos gestos são o que precisamos para começar a clarear a mente.
Mais tarde, volto para a cozinha para preparar o almoço da minha mãe. A rotina de cozinhar é familiar e reconfortante. Pego ingredientes, cortando legumes e temperando, quase como se o ato de cozinhar me proporcionasse um momento de meditação.
Enquanto mexo na panela, não consigo deixar de pensar no que Bruna disse. Preciso descobrir algo que me faça sentir viva. Com o almoço pronto, coloco tudo em um recipiente e me preparo para levar até a empresa.
Antes de sair, percebo que não estou com sutiã, uma das coisas que realmente odeio. Quem foi o gênio que criou isso? Sério, para mim, é uma tortura. Me sinto desconfortável usando.
— Quer saber, vou sem sutiã mesmo, que se lasque! — digo para mim mesma, decidida.
Com essa leve revolta, saio de casa, pego minha bicicleta e, após fechar o portão, mergulho no movimento caótico da cidade. O vento fresco me envolve enquanto pedalo, e a adrenalina do momento ajuda a dissipar um pouco da ansiedade.
As buzinas, as pessoas apressadas e as lojas movimentadas criam uma sinfonia urbana que me energiza. Cada pedalada é como um pequeno grito de liberdade, e, por um instante, esqueço as preocupações e a incerteza do futuro.
Enquanto sigo em direção à empresa onde minha mãe trabalha, sinto uma mistura de nervosismo e excitação. A cidade, com todas as suas cores e sons, parece cheia de possibilidades, e talvez, só talvez, eu esteja começando a me abrir para elas.
Chego à empresa e estaciono a bicicleta, olhando para o prédio imponente que abriga os dias de trabalho da minha mãe. Com o recipiente de almoço na mão, respiro fundo e entro.
Como minha mãe já me explicou onde fica sua sala, sigo em direção ao elevador. Ao me aproximar, vejo as portas se fechando.
— Ei, me espera! — grito, como se o elevador pudesse me ouvir.
Com um impulso, me jogo pela fresta, passando pela abertura antes que ele se feche completamente. O problema é que o elevador já está subindo, e me sinto como em uma daquelas cenas de filme, onde a música dramática toca ao fundo, enquanto caio literalmente em cima de alguém.
Suas mãos grandes e firmes me seguram, e o cheiro do seu perfume invade meu nariz, fresco e intrigante. Levanto os olhos e encontro os dele, que têm uma cor quase dourada. Engulo em seco, tentando processar o que está acontecendo.
Misericórdia. É a única coisa que meus neurônios conseguem captar diante da beleza descomunal deste homem. Ele me encara com uma intensidade que faz meu coração acelerar, e por um momento, sinto-me nua, vulnerável sob seu olhar penetrante.
Então me dou conta de que ele ainda me segura, e, para minha infelicidade ou talvez felicidade, suas grandes mãos estão sob meus seios, justamente hoje que decidi vir sem sutiã. Que bela ironia do destino, não é?
Lincon
Enquanto seguro os seios dela, o calor da sua pele se irradia através da fina camiseta, e o toque direto me faz perceber a ausência do sutiã. Meu coração acelera como um tambor em uma floresta silenciosa, e uma onda de instintos primitivos brota dentro do meu interior. É um chamado profundo, visceral.
Sinto meu lobo despertando, a fera que sempre esteve escondida, dentro de mim. Num movimento abrupto, retiro minhas mãos, um desespero súbito me invade, ao dizer:
— Tome mais cuidado, garota! Aqui não é um parque de diversões!
As palavras escapam de mim, mais um aviso do que uma reprimenda. O elevador chega ao meu andar e as portas se abrem como se fossem uma saída de emergência. Saio apressado, cada passo largo e firme, tentando ignorar a confusão que ela deixou em mim.
Assim que entro na minha sala, tranco a porta e me dirijo ao grande vidro que me separa da cidade pulsante lá fora. Afrouxo a gravata, sentindo o ar pesado da tensão. É nesse momento que a voz rouca do meu lobo ecoa em minha mente, um sussurro insistente que logo se transforma em um rugido interior.
"É ela... a garota, nossa companheira... Vá atrás dela! Precisamos acasalar com ela o quanto antes."
Um suspiro profundo e furioso escapa dos meus lábios, e exclamo:
— Não! De jeito nenhum! Você percebeu que ela é uma pirralha? Cheirando a leite! Eu não senti nada, e nem você!
A risada do meu lobo ressoa, profunda e poderosa, reverberando por toda a sala.
"Sentiu sim, Lincon. Assim como eu. Ela é nossa!"
Antes que eu consiga protestar novamente, ele avança, invadindo meu ser. A transformação começa, e sinto minha pele se esticar, ossos se rearranjando. Tentando resistir, murmuro:
— O que conversamos sobre a transformação aqui na empresa? Isso é inaceitável!
"Cale-se, Lincon. Sua sala é à prova de som, foi feita para isso. Eu preciso me sentir livre. Somos um, aceite isso."
Num instante, me encaro no vidro, imponente na forma de lobo. O reflexo é uma combinação do meu ser humano e da besta que me habita, um predador poderoso. Ao me virar, derrubo meu laptop e papéis, o som do caos ecoando na sala como um eco de minha luta interna.
"Você sabe que dividimos a mesma alma. Queremos ela... aquela garota! Não me importo com as regras humanas. Ela será nossa!"
A conexão com ela foi inegável, e mesmo eu, em minha forma humana, senti a atração ardente. É uma chama que queima intensamente, ameaçando consumir minha razão. Venho de uma tribo de lobos, onde cada criança é ligada ao seu lobo desde o nascimento.
Fugi daquele mundo, buscando algo além, mas sempre carregando a herança de ser filho do alfa. Agora, a sombra do passado se mistura com o presente de uma forma que eu nunca poderia ter imaginado.
Olho para o vidro, refletindo não apenas minha imagem, mas o conflito que se desenrola dentro de mim. O lobo quer romper as barreiras, enquanto minha parte humana se recusa a ceder.
Estou preso entre dois mundos, e a única coisa clara é que, de alguma forma, essa garota se tornou um ponto focal de tudo que eu sou. E, se não tomar cuidado, poderei perder mais do que apenas o controle.
O desejo de encontrá-la, de descobrir quem ela é, pulsa como um tambor na minha mente. O lobo e eu sabemos que o futuro não pode ser ignorado. Em um instante de clareza, percebo que a vida que escolhi fora da tribo pode não ser suficiente para me proteger do chamado da minha natureza.
"Ela é a chave, Lincon. E não podemos deixá-la escapar."
As palavras do meu lobo ecoam, e, contra a vontade, sinto um impulso irresistível de agir.
— Não... — sussurro para mim mesmo, enquanto a necessidade de seguir esse instinto cresce, ameaçando tomar conta.
O dilema apenas começou, e a batalha por minha alma, e pela dela, está prestes a se intensificar.
"Você ainda sente o doce aroma dela, não sente? Ahhhh... eu sinto, Lincon, e você a trará para nós."
Suas palavras parecem um mantra hipnótico na minha mente. O cheiro dela ainda está preso em mim, uma mistura de frescor e vulnerabilidade que me seduz e me perturba ao mesmo tempo.
Enquanto me esforço para retornar à minha forma humana, sigo em direção a um pequeno armário onde guardo algumas roupas para esses momentos inesperados.
— Eu não trarei ninguém, lobo. Ela é jovem demais — respondo, tentando impor uma racionalidade que parece cada vez mais frágil.
Ao abrir o armário, a visão das roupas bem dobradas me traz um breve conforto, mas a tensão persiste. Visto uma camisa limpa, o tecido contra a minha pele me lembra que ainda sou humano, apesar da luta interna. O lobo dentro de mim resiste, agitado e insatisfeito.
"Jovem demais? E quem decide isso? Nós precisamos dela! A conexão é inegável, Lincon. Não ignore o que está evidente."
Minhas mãos tremem ligeiramente enquanto coloco a gravata no lugar, uma tentativa de recuperar um pouco de controle em meio ao caos emocional. Olhando pela janela, a cidade movimentada parece distante e indiferente às minhas tormentas internas.
— Você não entende. Isso não é só sobre desejo. É sobre responsabilidade, sobre o que isso pode significar para nós. Eu não posso simplesmente arrastá-la para esse mundo.
Ele ri, uma risada grave e intimidadora que reverbera em minha mente.
"Responsabilidade? Ela é nossa companheira, a chave para a nossa verdadeira força."
Sinto uma onda de raiva e confusão. O que ele diz é tentador, mas o medo de prejudicá-la, de arrastá-la para um mundo que ela não conhece, pesa em meu coração.
— Eu não posso... — murmuro, mas minha própria voz soa fraca.
"Sim, você pode. E, a cada instante que passa, você se afasta dela, deixando espaço para que outro a reivindique."
A ideia de alguém mais se aproximando dela provoca um impulso de possessividade que eu mal consigo controlar. O lobo dentro de mim se agita ainda mais, desejando a união que ambos ansiamos.
— Está certo... — admito, sentindo a pressão crescente. — Mas se eu fizer isso, será nas minhas condições. Quero saber mais sobre ela. Quem é, de onde vem, o que deseja.
"Excelente. Mas não se esqueça: isso não pode ser adiado."
Fecho os olhos por um momento, respirando fundo. O aroma dela ainda está fresco na minha memória, e percebo que não posso ignorar a atração que me liga a ela. Essa batalha interna me forçou a confrontar não apenas meus instintos, mas a necessidade de ser mais do que um lobo fugindo do seu passado.
A luta entre os instintos e a razão apenas começou, e, com um último olhar para a cidade lá fora, sinto que a conexão com aquela garota poderá mudar tudo, para mim, para ela e para o lobo que habita em mim.
Clara
Enquanto caminho em direção à área de lazer onde minha mãe me aguarda, meu coração ainda bate descompassado. A excitação que sinto é quase palpável, como se cada batida ressoasse em todo o meu ser.
Minhas pernas parecem bambas, e eu olho para os lados, ansiosa, certificando-me de que ninguém está me observando. Um olhar rápido para baixo revela a rigidez dos meus seios, algo que não consigo ignorar.
— O que foi isso? — murmuro para mim mesma, surpresa com a intensidade da sensação.
Nesse momento, minha mãe aparece à minha frente, o som dos seus saltos ecoando pelo corredor.
— Aí, está você! Já ia te ligar. Por que demorou? — pergunta, com um olhar avaliativo.
Quando abro a boca para responder, ela me interrompe, e sua expressão muda para uma combinação de preocupação e reprovação.
— Não acredito! Você veio sem sutiã, Clara? Está dando para ver perfeitamente que está sem! Seus seios estão rígidos!
Meu rosto se aquece ao ouvir suas palavras, e eu rapidamente coloco uma das mãos sobre o meu seios, tentando cobrir a situação.
— Ah, mãe, qual é? Para! Você sabe que eu odeio usar sutiã.
Ela avança, pegando o recipiente que contém seu almoço da minha mão com um gesto firme.
— É, mas já conversamos sobre isso. Em casa, tudo bem, mas quando você sair, precisa usar. Não sabe que tipo de tarado existe por aí.
Ouvindo suas palavras, minha mente divaga para o momento com aquele homem hipnotizante.
"Se for um tarado, como aquele do elevador...".
— Clara! Clara? Você está me ouvindo? — diz minha mãe, puxando-me de volta da minha reflexão.
Pisco rapidamente, tentando focar, ao dizer:
— O que foi, mãe?
Ela suspira, visivelmente frustrada, e se vira, andando rapidamente na minha frente.
— Vamos. Assim que eu almoçar, você pode voltar.
Sigo-a, os pensamentos ainda confusos e a adrenalina misturada com a expectativa. Quem é aquele homem? A pressão da situação parece me acompanhar, tornando cada passo mais carregado de significado.
Assim que adentramos a área de lazer, minha mãe escolhe uma mesa ao sol e eu a sigo, sentando-me ao seu lado. Ela começa a comer, enquanto eu pego meu celular e me distraio com um joguinho qualquer. A tranquilidade do momento, no entanto, é rapidamente interrompida.
E então, ele surge novamente. O homem que encontrei no elevador, desta vez com uma roupa mais casual, mas que ainda assim chama a atenção. Seu andar é confiante, e os cabelos bem arrumados são sedutores. Ele exala uma masculinidade que me instiga de formas que eu não consigo explicar.
Engulo em seco, sentindo meu coração acelerar. Minha mãe, percebendo meu silêncio, olha para mim com o cenho franzido e, pergunta:
— O que foi?
Mas eu nada digo. Ela segue meu olhar e, ao perceber o homem, observa-o com um interesse inesperado. Ele está conversando com um jovem de óculos, gesticulando com segurança. O magnetismo que emana dele é quase palpável, e um impulso irrefreável toma conta de mim.
Sem pensar, abro a câmera do meu celular e tiro uma foto dele. O estalo do flash ressoa pelo ambiente quase vazio, como um tiro. Ele se vira na mesma fração de segundo, e num reflexo rápido, me jogo no chão, me escondendo atrás da minha mãe.
Ela fica em pânico ao ver o olhar do homem e, depois de um breve momento de hesitação, sorri nervosamente, levantando seu celular como se estivesse tirando uma selfie.
— Olá, senhor Lincon — diz ela, acenando de forma descontraída.
Meus olhos se arregalam ao ouvir o nome. Ele acena levemente com a cabeça e se vira novamente, seguido do jovem. Assim que me levanto, sinto um tapa no meu braço.
— Ai, mãe! Doeu! — digo, esfregando o local.
Ela me lança um olhar furioso, a tensão entre nós palpável, enquanto diz ríspida:
— Você não é mais criança, Clara! Pelo amor de Deus! O que deu em você? Quer que ele me mande embora?
Então, as lembranças desta manhã voltam à minha mente. Ela mencionou que Lincon estava voltando de férias, e meu coração acelera com a revelação.
— Ele é seu chefe? — pergunto, a incredulidade evidente na minha voz.
Ela me olha ainda mais confusa, seus olhos arregalados.
— Sim! E por que raios você tirou uma foto dele?
Um sorrisinho nervoso surge nos meus lábios.
— Ele é gatinho, mãe... quer dizer, gatão, não é?
Ela balança a cabeça, claramente desapontada.
— Onde eu errei com você, Clara? Onde? Ele é bem mais velho que você, menina! Toma juízo!
Dou de ombros, tentando manter a calma.
— Não exagera, mãe. Ele nem é tão velho assim. E outra, eu curto caras mais velhos mesmo.
A minha resposta a deixa ainda mais irritada, mas a adrenalina da situação faz meu sangue ferver. Olho para a foto que tirei dele e amplio a imagem, como se quisesse absorver cada detalhe.
O nome dele brilha em minha mente, como se me convidasse a explorar mais sobre ele. Com um sorrisinho travesso, penso:
"Certamente quero saber mais sobre você, senhor Lincon. Me aguarde."
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