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Persona 3 Arauto do Diabo

Capítulo 0, A recordação

...Persona 3...

...Arauto do Diabo...

...Atenção, essa novel é fiel e segue a risca alguns dos eventos do jogo persona 3, caso não queira receber spoiler sobre o jogo e quer conhecer a história totalmente do zero. Recomendo que não leia esta novel para não prejudicar sua experiência quando for jogar....

...O aviso foi dado! Boa leitura....

...17/06/2006 Sábado; período da manhã...

O vento soprava suavemente contra as janelas da sala de aula, anunciando mais um período de provas no Colégio Gekkoukan.

Os corredores estavam agitados, com os alunos indo e vindo, dirigindo-se para suas respectivas salas.

Dentro da sala, Mitsuru Kirijo estava sentada à sua mesa, concentrada nas respostas da tarefa de japonês, enquanto esperava a aula começar.

De repente, a porta se abriu, e a professora entrou, acompanhada por um aluno desconhecido.

Ele tinha cabelos pretos, olhos da mesma cor, e uma estatura atlética e robusta.

Ao caminhar com a professora até o quadro, seu olhar se fixou diretamente em Mitsuru, que notou a intensidade em seus olhos.

Os dois pararam em frente ao quadro enquanto os demais alunos se acomodavam, preparando-se para o início da aula.

Um murmúrio discreto percorreu a sala, especialmente entre as meninas.

"Quem é esse?" uma aluna sussurrou para a amiga ao lado. "Ele é até que bem bonitinho."

"Deve ser o novo aluno transferido," a outra respondeu, com uma ponta de receio na voz. "Mas aquele olhar... me dá medo. Não parece ser uma boa pessoa."

A professora, percebendo o burburinho, bateu palmas para chamar a atenção de todos.

O murmúrio cessou imediatamente, e ela começou a falar com autoridade.

"Chega de cochichos, todos vocês. Como podem ver, temos um novo aluno transferido.”

Ela pegou um pedaço de giz e escreveu no quadro: "Hiro Mikoshi". Após colocar o giz de volta na mesa, apontou para o rapaz ao seu lado.

"Este é Hiro Mikoshi." ela anunciou. "Ele será nosso novo colega de classe. Agora, Kirijo!"

Mitsuru colocou o lápis sobre a mesa, levantando-se com um olhar respeitoso em direção à professora.

"Sim, sensei." respondeu Mitsuru com firmeza.

A professora assentiu, reconhecendo a postura impecável de Mitsuru. Em seguida, voltou-se para Hiro com um tom um tanto autoritário.

"Escolha um lugar para Mikoshi se sentar. Já perdi as contas de quantas vezes tive que reorganizar os lugares de vocês."

Mitsuru olhou ao redor e, com um gesto elegante, apontou para a mesa vazia ao lado dela.

"Por favor, sente-se aqui," disse ela, com um tom educado, mas firme.

Hiro começou a caminhar em direção à mesa vazia indicada por Mitsuru. Enquanto ele avançava, Mitsuru sentiu um desconforto repentino.

Uma pressão sutil se formou em sua cabeça, e uma voz começou a chamá-la incessantemente, repetindo seu nome sem parar.

Ela levou a mão à testa, tentando identificar a origem daquela voz que parecia ecoar em sua mente.

“Mitsuru... Mitsuru…” A voz continuava, insistente.

Fechando os olhos, ela tentou focar, tentando reconhecer de quem era aquela voz, mas a sensação era opressiva, como se estivesse presa em um nevoeiro denso.

...23/07/2009 Quinta-Feira; Tarde...

Quando finalmente abriu os olhos novamente, piscando para ajustar sua visão à luz da sala, percebeu um rapaz à sua frente, com a mão pousada em seu ombro.

Ele tinha cabelos prateados, curtos e bem arrumados, e olhos cinzentos que refletiam um ar de preocupação.

É Akihiko Sanada.

Seu uniforme bem ajustado revelava uma postura firme e atlética.

"Mitsuru, Mitsuru, você tá bem?" A voz familiar do rapaz a trouxe de volta à realidade.

Ela piscou mais uma vez e se encontrou sentada em uma poltrona, se ajusta na almofada com um bocejo cansado.

Akihiko, agora visível em sua totalidade, era um dos seus companheiros de equipe e um amigo próximo, conhecido por sua seriedade e força de vontade.

"Akihiko... não se preocupe." Mitsuru respondeu, ainda com a voz um pouco enfraquecida pelo cansaço.

Seus cabelos longos e ruivos caíam levemente sobre os ombros, destacando-se contra a luz suave do ambiente.

Seus olhos, vermelhos como rubis, normalmente expressivos, pareciam mais pesados, revelando o esgotamento que sentia.

"Eu tô bem. Só estou exausta... depois de ontem. Aquelas Shadows apareceram do nada, e fui a única que trouxe um Evoker.”

Akihiko sorriu levemente, cruzando os braços enquanto observava Mitsuru se levantar e caminhar em direção à bolsa que estava sobre a cama.

Seus movimentos eram graciosos, refletindo sua elegância natural, mesmo em momentos de cansaço.

Enquanto ela organizava seus pertences, Akihiko pegou o celular do bolso e verificou a hora. Eram 16:50.

"Bom, acho que tá na hora de irmos." disse Akihiko, ainda com um tom descontraído, mas firme. "O pessoal já tá no barco esperando. Só falta você. Então, eu vim te chamar.”

Mitsuru pegou a bolsa e o celular que estava em cima da cama.

Ao conferir as mensagens, ela deu um último olhar para Akihiko, seus olhos refletindo a determinação de sempre, apesar do cansaço evidente.

"Tudo bem, vamos." respondeu ela, colocando o celular no bolso e ajustando a alça da mala em seu ombro. "As pequenas férias em Yakushima terminaram. Hora de voltar para casa.”

...23/07/2009 Quinta-Feira; Por-do-sol...

Mitsuru e Akihiko caminharam em direção ao porto da Ilha de Yakushima, prontos para voltar ao continente.

O sol começava a descer no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados.

À medida que se aproximavam do cais, notaram um rapaz encostado em algumas caixas, de cabelos azuis desgrenhados e olhos da mesma cor, que pareciam perder-se no céu.

Ele estava ouvindo música, alheio ao movimento ao seu redor.

Quando percebeu a presença de Mitsuru e Akihiko se aproximando, o rapaz retirou os fones de ouvido e os encarou com uma expressão calma.

Akihiko, mantendo sua postura relaxada, cruzou os braços.

"Minato, o resto do pessoal já está no barco?" perguntou Akihiko, direto ao ponto.

Minato Arisato, o jovem de cabelos azuis, pausou a música, em um tocador MP3 em formato de cilindro e uma pequena presilha que simula um colar em volta de seu pescoço, e ele se aproximou de Akihiko com as mãos nos bolsos.

Sua expressão serena contrastava com a notícia que estava prestes a compartilhar.

"Sim, a gente só tava esperando vocês dois." respondeu Minato, com a voz baixa e tranquila. "Ah, o presidente Shuji vai conosco dessa vez."

Mitsuru arqueou uma sobrancelha, surpresa ao ouvir isso. Não era o que ela esperava.

"O presidente Shuji?" ela perguntou, confusa. "Arisato, o presidente não tinha dito que só voltaria amanhã?"

Minato deu de ombros casualmente, enquanto começava a caminhar em direção à rampa de acesso do barco.

"Sabe, eu me perguntei a mesma coisa." ele admitiu, olhando por cima do ombro.

"Mas ele mencionou algo que chamou a atenção de todos. Parece que ele encontrou um novo usuário de Persona e vai nos dar os detalhes durante a viagem."

As palavras de Minato fizeram Mitsuru e Akihiko se entreolharem, surpresos.

A ideia de um novo usuário de Persona, e possivelmente um novo membro para o grupo, era ao mesmo tempo intrigante e preocupante.

Enquanto Akihiko observava Minato se juntar a Junpei e Fuuka, que estavam conversando perto da rampa, ele vira para Mitsuru, ainda ponderando sobre a notícia.

"Mas já?" Akihiko perguntou, claramente intrigado. "A Aigis entrou no grupo antes de ontem, e agora já temos um rumor de outro usuário."

Mitsuru balançou a cabeça, refletindo sobre a situação. Seus olhos normalmente compostos revelavam uma ponta de preocupação.

"Eu também acho estranho." ela admitiu. "O número de usuários de Persona aumentou muito logo após o Arisato ter entrado. Por quê? Além disso, a síndrome da Apatia está começando a ter picos novamente."

Com esses pensamentos em mente, tanto Mitsuru quanto Akihiko começaram a subir a rampa de entrada do barco.

Mitsuru, ainda confusa e refletindo sobre os recentes acontecimentos, falou em um tom pensativo.

"Às vezes me pergunto se estamos no caminho certo... até onde as Shadows e a Dark Hour irão nos perturbar?"

Akihiko colocou a mão no ombro de Mitsuru, seu toque firme e a expressão tranquilizadora no rosto transmitindo apoio.

Ele sorriu, tentando aliviar a tensão visível em Mitsuru.

"Claro que estamos no caminho certo." disse ele, com uma confiança que parecia contagiar o ambiente. "Afinal, conseguimos diminuir os picos da síndrome da Apatia nesses últimos meses, sem contar as pessoas que salvamos de dentro do Tartarus."

Mitsuru, com um leve sorriso nos lábios, assentiu. "Você tem razão. Vamos ver o que o presidente Shuji tem a dizer."

...23/07/2009 Quinta-Feira; Noite...

Enquanto o barco se afastava da ilha de Yakushima, as ondas batiam suavemente contra o casco, criando um som constante que preenchia o ar.

No convés de convívio, Yukari Takeba, Fuuka Yamagishi, Junpei Iori e Aigis estavam aguardando o restante do grupo.

Yukari, com seus cabelos castanhos claros presos em um rabo de cavalo e olhos expressivos, estava encostada na grade, observando o mar, enquanto Fuuka, uma garota de cabelos verdes curtos e olhos cinzas meio acastanhados, que realçavam seus traços delicados, parecia perdida em pensamentos.

Junpei, com seu boné inseparável e expressão descontraída, estava sentado ao lado, jogando conversa fora.

Aigis, com sua figura androide perfeitamente moldada, estava parada ao centro, monitorando a situação com seus olhos azuis e expressão serena.

A porta do convés se abriu, e Minato entrou, seguido por Akihiko.

Junpei levantou o olhar para Minato, a confusão evidente em seu rosto.

"Já era hora." comentou Junpei, franzindo a testa. "A Mitsuru tá bem?"

"Sim, ela tá." respondeu Akihiko, com uma tranquilidade reconfortante. "Ela só estava no quarto dela cochilando. Nada demais."

Fuuka, sempre atenta e preocupada com os outros, comentou com um tom suave: "A Kirijo-senpai não parou um pouco nessas nossas férias. Um momento ela estava falando com o pai, no outro, cuidando de nós."

Aigis deu um passo à frente, sua voz robótica soando clara e precisa. "A Mitsuru-san é uma ótima pessoa. Afinal, é o papel dela como líder do SEES."

Yukari deu um pequeno suspiro e olhou para Aigis, corrigindo-a gentilmente: "Não é exatamente isso que estamos dizendo, Aigis."

Nesse momento, a porta se abriu novamente, e Mitsuru entrou, seguida pelo presidente Shuji, um homem mais velho, de expressão severa, mas com uma presença que exalava autoridade.

Mitsuru olhou para todos, seus olhos refletindo um cansaço.

"Peço desculpas por ter preocupado vocês todos." disse Mitsuru, sua voz carregada de sinceridade. "Mesmo que nossa vinda para Yakushima tenha sido para as férias, eu não descansei direito."

Junpei, com um largo sorriso no rosto, tentou aliviar o clima: "Não se preocupe, senpai. Era esperado que você dormisse em algum lugar."

Fuuka, sempre gentil, acrescentou: "Você faz o seu melhor, Kirijo-senpai. Às vezes, um descanso faz bem para a mente."

O presidente Shuji, um homem de meia-idade com uma presença acolhedor e um sorriso largo, observou a conversa animada do grupo.

Com um gesto enérgico, ele bateu as mãos e se aproximou de uma poltrona, acomodando-se nela com confiança.

"Muito bem, muito bem." disse ele, satisfeito com o que via. "Vejo que todos estão bem. Agora, que tal falarmos sobre o que descobri sobre o novo usuário?"

Todos assentiram, curiosos, e se acomodaram nos sofás ao redor, prontos para ouvir o que o presidente tinha a dizer.

Minato, com seu olhar sereno mas atento, foi o primeiro a quebrar o silêncio.

"Então, o que você descobriu, presidente?" perguntou ele, observando Shuji, que agora segurava uma prancheta em suas mãos.

O presidente Shuji ajustou os óculos, um gesto que já se tornara um hábito quando estava prestes a compartilhar informações importantes.

"Bom." começou ele, com a voz firme, "Os agentes da família da Mitsuru foram enviados para analisar as leituras que o computador do dormitório detectou algumas semanas atrás. Pensávamos que era uma Shadow que estava se tornando um risco. Porém..."

Ele virou uma página na prancheta e a colocou na mesa no centro da sala, revelando os resultados da análise.

"Como podem ver, os resultados foram totalmente diferentes do esperado. Não é uma Shadow, sendo na verdade..."

Akihiko, atento aos detalhes, pegou a prancheta para examinar mais de perto. Seus olhos mostram uma centelha de interesse.

"Um usuário de Persona..." disse ele, absorvendo a informação. "Um bem forte."

O presidente Shuji assentiu, satisfeito com a reação. "Exatamente. E, para nossa sorte, ele também é um aluno da Gekkoukan. Isso facilitará o contato com ele."

Mitsuru, que havia observado a conversa em silêncio até então, desviou o olhar para a prancheta nas mãos de Akihiko, que estava ao seu lado.

"Isso é algo bom de se ouvir." disse ela, sua voz mostrando uma mistura de alívio e curiosidade. "Por acaso sabemos o nome dele?"

"Sim, sabemos a identidade dele." respondeu o presidente Shuji, estendendo a mão para que Akihiko lhe devolvesse a prancheta.

Akihiko devolve, e o presidente virou algumas páginas até encontrar o que procurava.

"Muito obrigado. Onde está... ah, encontrei." Ele mostrou a imagem do registro do aluno no colégio Gekkoukan.

"Hiro Mikoshi. É o nome dele." anunciou o presidente Shuji, com um tom de quem já tinha estudado o aluno.

"Admito que o vi várias vezes nos corredores do colégio. Um sujeito interessante, para dizer o mínimo."

Mitsuru se surpreendeu ao ouvir o nome e ficou olhando fixamente para a foto na prancheta que o presidente segurava.

Yukari, percebendo a confusão no rosto de Mitsuru, não conseguiu deixar de perguntar.

"Mitsuru-senpai, tá tudo bem com você?"

Mitsuru levou a mão à testa, como se estivesse tentando processar a informação. "Eu sei quem ele é. Ele faz parte da minha sala desde o nono ano."

Todos se entreolharam, surpresos com essa revelação.

Fuuka, sempre atenciosa e preocupada com os outros, olhou para Mitsuru e perguntou, com um tom suave.

"Mas, Kirijo-senpai, já que você o conhece, viu algo de diferente nele?"

Mitsuru cruzou os braços e recostou-se no sofá, seus olhos fixos em um ponto distante. "Não, ele é apenas mais um aluno no colégio. Embora seja muito reservado, muitos alunos têm medo dele... por causa do olhar dele."

Junpei, que até então estava calado, olhou mais atentamente para a foto e finalmente reconheceu o rapaz.

Com um tom meio tenso, comentou: "Ah, então esse é o nome desse cara. Eu já o vi algumas vezes no corredor. Os olhos dele dão um calafrio só de você olhar."

Mitsuru refletiu por um momento antes de continuar. "Das vezes que conversei com ele, não pareceu que ele é uma má pessoa. Deve ser porque ele é bastante reservado. Até mesmo na aula ele só fala comigo para perguntar sobre o assunto de japonês."

O presidente Shuji, observando a conversa e ponderando sobre as melhores opções, chegou a uma conclusão.

"Muito bem, por ele ser do terceiro ano e da mesma sala da Kirijo-san, isso facilita a comunicação. Deixem que eu cuido disso. Vou convencê-lo a se mudar para o dormitório. Por agora, descansem bem. Afinal, a viagem é longa."

Com essa declaração, o presidente Shuji se levantou e saiu da sala, deixando o grupo para digerir as novas informações.

Enquanto todos continuavam conversando sobre o que tinham acabado de ouvir, Mitsuru permaneceu quieta, seus olhos fixos na prancheta sobre a mesa, onde a imagem de Hiro ainda estava à vista.

"Hiro Mikoshi..." pensou Mitsuru, suas palavras silenciosas ecoando em sua mente. "Não esperava que você também seria um de nós."

...23/07/2009 Quinta-Feira; Dark Hour...

O ponteiro do relógio bate à meia-noite. Mais uma vez, sem perceber, as pessoas nas ruas pararam, congeladas no tempo, enquanto um caixão se formava ao redor de cada uma delas.

Hiro estava em seu quarto, em casa, revirando-se na cama, inquieto.

Em um sonho perturbador, ele se viu em uma plataforma desolada, segurando um grande machado de guerra.

Seu olhar se elevava para o céu, agora tingido de um verde inquietante, onde uma figura gigantesca e negra rugia, fitando-o com olhos vazios. Uma voz angustiante ecoou na vastidão daquele pesadelo.

"Loipón, poia eínai i apófasí sas? O proángelos tou diavólou."

Hiro acordou bruscamente, caindo da cama com um baque surdo.

O impacto reverberou por seus ossos, arrancando-lhe um gemido de dor.

"Aí... merda. Que sonho foi esse?" murmurou, ainda atordoado, enquanto se levantava devagar.

Seus olhos se voltaram para a janela. Uma luz verde penetrava pelas cortinas, espalhando um brilho sobrenatural pelo quarto.

Confuso, ele estendeu a mão para pegar seu celular na cabeceira. Mas, ao tentar ligá-lo, a tela permaneceu escura. O aparelho parecia morto, apesar de estar conectado ao carregador.

"O que? Porque ele não tá pegando? Liga, seu desgraçado!" bufou irritado, apertando o botão repetidamente, sem sucesso.

Frustrado, Hiro caminhou até a janela e afastou a cortina, revelando um céu de um verde brilhante, em nada parecido com o habitual azul escuro da madrugada.

Ele piscou várias vezes, tentando entender o que via.

"O céu... ele não deveria estar assim..." disse, sua voz embargada pela confusão.

De repente, o som de algo caindo na sala de estar ecoou pela casa.

Hiro se sobressaltou e, sem hesitar, pegou um bastão que mantinha atrás da porta do quarto.

Seu coração batia acelerado enquanto ele se movia devagar pelo corredor, os sentidos em alerta.

"Quem tá aí? Apareça!" sua voz ecoou no silêncio, mas não recebeu resposta.

Cauteloso, Hiro chegou à sala de estar. Seus olhos se voltaram para o relógio na parede, cujos ponteiros estavam parados, marcando exatamente meia-noite.

Ele se aproximou do relógio, ainda mais confuso.

"Eu comprei esse relógio semana passada. Ele não tá quebrado, e é impossível ele estar sem bateria." disse a si mesmo, tentando racionalizar o que estava acontecendo.

Então, algo à distância chamou sua atenção. Através da janela, Hiro avistou uma torre colossal que parecia ter surgido do nada. Ele se aproximou da janela, assombrado pelo que via.

"Mas o que? O que diabos é aquilo?" exclamou, a voz trêmula de medo e incredulidade.

A torre era composta de blocos irregulares, empilhados de forma caótica.

Sua arquitetura bizarra e distorcida desafiava todas as leis da física, com partes da estrutura aparentemente flutuando ou desconectadas do todo.

Relógios gigantes adornavam as paredes da torre, funcionando de forma sinistra em uma contagem regressiva.

Quando os ponteiros alcançaram novamente a meia-noite, um sino ecoou, anunciando o fim de algo desconhecido.

Em um piscar de olhos, o céu começou a retomar sua cor habitual, e o relógio na parede voltou a funcionar, os ponteiros marcando o tempo normalmente.

Hiro piscou várias vezes, incapaz de acreditar que a imensa torre desapareceu tão rápido.

O celular em sua mão vibrou, arrancando-o de seus pensamentos.

Ele olhou para a tela e viu que o aparelho estava em perfeito estado, com 95% de bateria.

Uma mensagem promocional havia chegado:

"Venha aproveitar o nosso desconto de fim de semana! Ferramentas elétricas, de 23.000¥ por apenas 10.000¥. Não perca!"

Hiro apagou a mensagem com um suspiro exasperado e voltou a olhar pela janela, tentando encontrar respostas.

"O que tá acontecendo aqui?" murmurou para si mesmo, ainda imerso na confusão.

...??/??/2009 A Velvet Room...

Uma melodia melancólica ressoa em notas graves de piano, ecoando em uma sala que parece subir infinitamente, como um elevador que nunca alcança seu destino.

A sala é pintada em um azul índigo profundo, dando a tudo um ar etéreo e misterioso.

Um relógio imenso, com ponteiros que giram sem cessar, ocupa uma das paredes, reforçando a sensação de que o tempo, ali, é uma ilusão.

No centro da sala, repousa uma poltrona imponente, onde se senta uma figura peculiar.

O homem é baixo, com uma estatura quase desproporcional à grandeza da sala.

Ao lado de uma mulher, de cabelos prateados curtos, olhos dourados, vestindo um uniforme que se assemelha a de uma aeromoça, ela segura um enorme livro com uma capa metálica, destacando-se um enorme "V" no meio.

O homem sentado está de olhos fechados. Seu nariz é longo e pontudo, quase caricatural, e ele veste um terno formal que se ajusta perfeitamente à sua figura.

Suas mãos estão juntas, apoiando o queixo, e um sorriso enigmático, que se estende de uma ponta a outra de sua boca, completa sua expressão.

Ele olha fixamente para outra cadeira, onde uma figura indistinta e vazia está sentada.

A presença dessa figura, ainda que indefinida, é tangível no ar pesado da sala.

O sorriso do homem se alarga, como se estivesse aguardando esse encontro há muito tempo.

"Bem-vindo à Velvet Room. Este lugar existe entre o sonho e a realidade, entre a mente e a matéria." diz o homem, sua voz grave e carregada de uma sabedoria que transcende o tempo. "Eu sou Igor, o mestre deste lugar."

Com um estalar de dedos, várias cartas de tarô aparecem ao redor de Igor, flutuando no ar em um movimento circular, como se obedecessem a uma força invisível.

As cartas dançam ao redor da poltrona, criando uma aura ainda mais enigmática ao seu redor.

Igor continua, "Nesta sala, todos os convidados que assinam nosso contrato recebem nossos auxílios para alcançar o seu destino. Mas isso não significa que você está aqui para usufruir de nossos serviços."

As cartas, obedecendo a um comando silencioso, começam a pousar suavemente sobre a mesa diante de Igor, organizando-se na ordem dos Arcanos Maiores.

Do Arcano 0 até o Arcano 22, todas se alinham, exceto a carta 0, que flutua acima das outras.

Igor aponta para a carta que permanece no ar. "O Arcano do Louco, a carta que representa enfrentar o que o destino tem a oferecer, sem temer o que lhe espera no final do abismo. Pode morrer? Sim. Pode haver algo que amortecerá sua queda e o fará sobreviver. Observe a imagem."

Na carta, a figura de um homem caminha despreocupadamente em direção a um precipício, confiante de que o destino o salvará.

Ao seu lado, um cachorro morde sua calça, tentando segurá-lo, como se implorasse para que ele não saltasse.

Igor volta seu olhar para a figura indistinta. "O contrato já foi assinado para o Salvador. Ele já está no processo de criar novos laços com seus aliados, tornando-se mais poderoso a cada passo."

De repente, Igor parece escutar algo que está além da percepção comum.

Seu sorriso não desaparece, mas seus olhos se fecham, como se estivesse absorvendo uma mensagem do próprio universo.

Quando os abre novamente, suas pupilas estão cheias de melancolia, animação e uma determinação que transparece em seu olhar profundo.

"O nosso tempo está se esgotando." ele diz, com uma suavidade que contrasta com a gravidade de suas palavras. "Mas permita-me fazer uma última pergunta antes de você partir."

A sala começa a se desfazer ao redor da figura, como se estivesse sendo sugada por uma força invisível.

Igor estende a mão na direção da figura, seu sorriso alargando-se ainda mais, enquanto a sala desaparece aos poucos.

"Você acreditaria se eu te contasse que o dia tem mais de 24 horas?" pergunta Igor, sua voz ecoando enquanto tudo ao redor se dissolve na escuridão.

Capítulo 1; A chamada

...24/07/2009 Sexta-feira; Manhã...

Hiro se senta na beira da cama, as mãos cobrindo o rosto enquanto tenta afastar os resquícios do estranho sonho.

A cada vez que fecha os olhos, flashes de memória o atingem, trazendo de volta a imagem daquela imensa torre que ele viu.

O despertador ao lado começa a tocar, emitindo um som agudo e irritante, mas ele logo o silencia com um golpe que o amassa ainda mais. Hiro solta um suspiro irritado.

"Tá bom, tá bom. Eu sei que já tá na hora de levantar." resmunga, a voz abafada pelas mãos.

Ele se levanta lentamente e olha para seu reflexo no espelho do guarda-roupa.

O jovem de cabelos escuros e desgrenhados que o encara de volta tem olhos profundos, tingidos por uma mistura de cansaço e confusão.

Hiro encara seu reflexo por um momento, refletindo sobre o que presenciou.

"Aquela torre... não foi só um sonho... mas o que era aquilo?" murmura para si mesmo, enquanto esfrega a nuca, tentando entender.

Ele se levanta e vai até o armário, pegando o uniforme escolar. Após pegar sua bolsa, Hiro sai do quarto e segue para o banheiro.

O vapor da água quente começa a embaçar o espelho à medida que ele toma seu banho, mas os pensamentos sobre a torre persistem, rodopiando em sua mente.

Pouco depois, já vestido e pronto, Hiro sai de seu apartamento e desce as escadas, misturando-se à multidão de alunos que se dirigem à estação de metrô, todos com destino ao Colégio Gekkoukan.

"Hunf, os dias de folga terminaram e a maioria das alunas já estão reclamando." pensa Hiro, caminhando entre os outros estudantes.

"Tô começando a achar que eu tô ficando louco." Ele fala coçando sua cabeça.

O metrô chega e ele entra, juntando-se ao mar de estudantes que, como ele, estão indo para mais um dia de aula.

Quando chega à frente do colégio e começa a caminhar em direção à entrada, um arrepio percorreu sua espinha.

Ele sente que está sendo observado.

Hiro para por um instante e olha em volta, procurando o rosto de algum aluno que esteja o encarando.

Mas tudo o que vê são rostos comuns, distraídos com suas próprias preocupações.

"Acho que é só minha imaginação." pensa, tentando afastar a sensação desconfortável.

Ele continua a caminhar em direção à sua sala, mas o que ele não percebe é que, de trás de uma árvore, Junpei, Minato e Yukari o observam atentamente.

"Sei não hein..." sussurra Junpei, o rosto em uma expressão mista de curiosidade e apreensão. "Parece que a qualquer hora ele vai tirar uma katana da bolsa."

"Você só tá inventando." retruca Yukari, estreitando os olhos em direção a Hiro. "Ele não parece tão ruim assim. De qualquer forma, precisamos saber mais sobre ele. Ainda bem que o presidente é quem vai conversar com o Hiro sobre o SEES."

Minato, aparentemente aborrecido por estar ali, pensa consigo mesmo, "Aí que saco, por que o Junpei e a Yukari me puxaram para aqui?"

Dentro da sala de aula, Hiro entra e coloca sua bolsa sobre a carteira. 

Seus olhos se voltam para Mitsuru, que está sentada perto da janela, anotando algo em seu caderno.

Seu semblante está tão sério e concentrado como sempre, os longos cabelos ruivos perfeitamente alinhados, refletindo a luz suave que entra pela janela.

"Dá pra ver que esses dias de folga não fizeram nenhum efeito em você, Mitsuru." comenta Hiro, sentando-se em sua carteira.

Mitsuru para de escrever por um momento e levanta o olhar, encontrando os olhos de Hiro. "Bom dia, Mikoshi. Não posso descansar muito, afinal, eu sou a presidente do conselho estudantil." responde ela, sua voz firme, mas com um leve sorriso nos lábios.

Hiro puxa a cadeira e se senta. "Sim, eu sei. Pra mim não faz diferença."

Mitsuru volta a escrever, mas seu olhar de vez em quando desvia para Hiro, como se estivesse ponderando algo.

Após um breve silêncio, ela fala novamente, agora com um tom mais sério.

"Mikoshi, posso te perguntar algo?"

Hiro se vira para ela, ligeiramente surpreso com a mudança de tom. "Ok... sobre o que seria?"

Mitsuru coloca a caneta na mesa e, com os olhos fixos nos dele, pergunta, "Por acaso, você viu alguma coisa de madrugada? Algo de diferente no céu?"

Hiro se surpreende com a pergunta, e sua mão inconscientemente vai até o queixo.

Ele reflete por um momento antes de responder. "Isso é inesperado. Mas já que você perguntou... sim, eu vi."

Mitsuru levanta uma sobrancelha, interessada, e se inclina ligeiramente para frente. "Sério? E o que seria?"

"Céu verde." começa Hiro, cruzando os braços e voltando seu olhar para a frente da sala. "E também vi uma torre gigante no horizonte. Os eletrônicos não funcionavam e o relógio na minha casa simplesmente parou na meia-noite."

Um leve sorriso surge no rosto de Mitsuru, como se tivesse confirmado uma suspeita.

"Entendo." ela diz, voltando a postura normal na cadeira e pegando a caneta novamente. "Talvez você tenha visto algo em seu sonho. Ou algo assim."

Hiro, ainda encarando o quadro, estreita os olhos, seus pensamentos girando em torno da pergunta de Mitsuru.

"Para ela ter perguntado sobre isso, então ela já sabe do que se trata." pensa, desconfiado.

Ele se vira para Mitsuru e pergunta, "Por que a pergunta, Mitsuru?"

Mitsuru o encara de volta, seu olhar sereno, mas enigmático. "Não é nada importante. Apenas estava curiosa."

Hiro a observa por um momento, seus olhos estreitando. "Tem certeza?"

"Absoluta." Ela responde com um tom sereno, mantendo uma postura elegante.

Os dois se encaram, o silêncio carregado de uma tensão não dita, até que o professor entra na sala, quebrando o momento.

"Desculpem a demora." diz o professor, ajeitando os óculos enquanto se dirige à mesa.

"Estava procurando meu livro de circunferências que tinha perdido na sala dos professores. Abram seus cadernos para anotar as fórmulas que vou escrever no quadro."

Mitsuru e Hiro voltam às suas atividades, o mistério do que aconteceu na madrugada anterior permanecendo entre eles, não resolvido, mas certamente não esquecido.

...24/07/2009 Sexta-feira; Entardecer...

O sinal ecoa pelos corredores do Colégio Gekkoukan, anunciando o fim do dia letivo. Hiro, com sua expressão habitual de desinteresse, caminha lentamente em direção à saída.

Ele atravessa os corredores e o pátio, onde observa alguns alunos conversando e rindo despreocupados. Sua mente, no entanto, está em outro lugar.

Após pegar o metrô e sair na estação Iwatodai, Hiro percebe que algo está estranho.

Um grupo de garotos o cerca, formando um círculo ao seu redor.

Hiro reconhece um dos líderes, Akasa, que estuda em outro colégio.

"Trouxe mais amigos, Akasa?" pergunta Hiro, sem se deixar intimidar. "Eu já não te falei que não tem mais motivo de você vir atrás de mim?"

Akasa, visivelmente irritado, responde: "Ah, Hiro. Você sempre gosta de bancar o inocente. Mas não se esqueça que você me deve uns vinte mil ienes."

Hiro solta um suspiro de tédio. "Eu não te paguei semana passada? Ou você gastou o dinheiro com a conta do hospital?"

Antes que Akasa pudesse responder, um dos garotos tenta surpreender Hiro por trás, erguendo o punho para um golpe.

Mas Hiro, com reflexos rápidos, agarra o braço do agressor, gira habilmente e aplica uma chave de braço que faz um estalo ecoar pelo ar.

O garoto grita de dor enquanto Hiro o empurra para longe, fazendo-o cair aos pés de Akasa.

"Mais alguém quer ter o braço engessado?" Hiro pergunta, o olhar afiado encarando todos ao redor.

Os outros garotos hesitam, incertos se devem atacar. Akasa, no entanto, não recua.

Ele avança contra Hiro, tentando machucá-lo. Mas Hiro desvia com facilidade, colocando o pé na frente do Akasa para ele tropeçar.

Quando Akasa cai no chão, um canivete escorrega de sua mão.

Hiro rapidamente o chuta para longe e pisa com força no pulso de Akasa, arrancando um grito de dor do valentão.

"Da próxima vez, a conta do hospital vai vir o triplo. Entendeu?" diz Hiro, com frieza.

Akasa, agora aterrorizado, acena com a cabeça em concordância.

Sem hesitar, Hiro chuta o rosto de Akasa, quebrando seu nariz, e sai andando calmamente, como se nada tivesse acontecido.

No entanto, ao se afastar, Hiro é parado por um policial, que o impede de continuar.

"Os mesmos encrenqueiros de sempre?" pergunta o policial, que parece já estar acostumado com essas cenas. "Se eu fosse eles, já teria parado de ir atrás de você.

Hiro dá de ombros."Sinceramente, eles só querem tirar dinheiro de mim. Eu já perdi as contas das vezes que me perturbaram e denunciei eles para você. Bom, sabe o que tem que fazer."

O policial suspira e vai falar com o grupo de garotos, enquanto Hiro continua seu caminho de volta para casa.

Chegando ao prédio onde mora, Hiro sobe as escadas com uma sensação de inquietação.

Quando ele vai abrir a porta de seu apartamento, percebe que ela está entreaberta.

Ele estreita os olhos, confuso, pois lembra claramente de ter trancado a porta antes de sair. Cautelosamente, empurra a porta e entra.

Sentado no sofá, esperando por ele, está um homem de meia-idade, com olhos castanhos escuros, cabelos castanhos longos e ondulados, e um cavanhaque bem cuidado.

Ele veste uma jaqueta bege sobre uma gola alta preta. Seu olhar é tranquilo, quase acolhedor, mas Hiro não consegue esconder a desconfiança.

"Quem caralhos é você? Como entrou aqui?" Hiro pergunta, a voz carregada de cautela.

"Peço desculpas pela invasão de sua casa, Mikoshi-san." o homem responde com um tom polido. "Eu sou Shuji Ikutsuki, presidente do conselho administrativo do Colégio Gekkoukan."

Hiro se aproxima, reconhecendo vagamente o rosto de Shuji. "Agora eu lembro de você. Eu lhe vi algumas vezes nos corredores. Mas você ainda não respondeu minha outra pergunta. O que tá fazendo aqui?"

Shuji aponta para o sofá, indicando que Hiro deveria se sentar.

Relutante, Hiro se senta, mas mantém o olhar atento.

"Mikoshi-san." começa Shuji, cruzando as pernas, "Venho aqui para te pedir um favor. Não é qualquer coisa, mas algo que envolve a segurança de todos."

Hiro coça a cabeça, ainda desconfiado. "Me chame apenas de Hiro. Então, o que quer dizer com 'a segurança de todos'?"

Shuji sorri levemente, seus olhos penetrando nos de Hiro de uma maneira quase hipnótica. "Então, Hiro, você acreditaria em mim se eu dissesse que um dia consiste em mais de 24 horas?"

Hiro se surpreende, sua mente repassando as palavras de Shuji. "Peraí... como é? Explica direito."

"A Dark Hour," começa Shuji, "é uma hora escondida entre um dia e outro, onde monstros chamados 'Shadows' aparecem. São esses monstros os responsáveis pela síndrome da Apatia."

Hiro sente um arrepio percorrer sua espinha enquanto Shuji ajusta sua postura, falando com seriedade. "Por acaso, você em algum momento viu o céu verde?"

Hiro acena com a cabeça, ainda confuso. "Sim, eu vi. O celular não funcionava, e tudo parecia parado no tempo. Na meia-noite."

Shuji assente, como se já esperasse essa resposta. "A Dark Hour não é percebida pela grande maioria das pessoas porque, para elas, é apenas alguns segundos. E caso alguém veja a Dark Hour, após o período dela terminar, a pessoa simplesmente esquecerá e continuará vivendo normalmente. Porém, tem um detalhe..."

Shuji olha pela janela, e Hiro segue seu olhar.

"Certas pessoas têm a capacidade de lembrar da Dark Hour. Porque, ou elas têm uma certa resistência a essa influência, ou elas têm um poder dentro delas, os Personas. E é por isso que estou falando com você, Hiro."

Shuji tira de sua jaqueta uma braçadeira e a estende para Hiro.

Ele a pega e vê as palavras "S.E.E.S" escritas, e logo abaixo, "Specialized Extracurricular Execution Squad", com o número 8 gravado.

No centro da ombreira, o brasão do Colégio Gekkoukan está em destaque.

"S.E.E.S... é um clube do colégio?" pergunta Hiro, ainda processando as informações.

"Algo parecido." responde Shuji, assentindo com a cabeça. "O S.E.E.S é um grupo de alunos que têm o mesmo poder que você, Hiro. Vocês lutam contra as Shadows para manter a segurança de todos."

Hiro devolve a braçadeira para Shuji, seus pensamentos girando com as novas informações. "E que poder é esse?"

"Como posso explicar?" Shuji começa, seu tom ponderado. "O 'Persona' é uma manifestação da personalidade de um usuário, é uma espécie de 'máscara' que um indivíduo pode arrancar. Quem consegue fazer isso, tem a possibilidade de usá-la para destruir as Shadows. Sendo essa personalidade o seu 'verdadeiro eu'."

Hiro fica surpreso ao ouvir isso, e olha para a própria mão, refletindo sobre o que Shuji disse. "Então, você está querendo dizer que eu tenho um poder que pode parar a síndrome da Apatia?"

"Exatamente." confirma Shuji. "Você é um dos poucos que podem salvar as pessoas, Hiro. Se você quiser continuar a viver sua vida normalmente, eu não irei lhe obrigar. Mas tudo o que você fizer com o S.E.E.S será o mesmo que salvar a humanidade, sem que ela saiba que houve uma luta."

Hiro desvia o olhar, questionando a si mesmo se isso é o que realmente quer.

Seria necessário sacrificar tanto e não receber nem um simples "obrigado"?

Enfrentar criaturas que ninguém sabe o que são ou qual é o propósito delas?

"Eu nunca quis carregar o peso do mundo nas minhas costas." Hiro pensa para si mesmo. "Mas, uma única vez, vou poder salvar alguém."

Finalmente, ele olha diretamente nos olhos de Shuji e fala: "Tudo bem, eu tô dentro."

...24/07/2009 Sexta-feira; Noite...

No dormitório Iwatodai, Minato retorna após fazer algumas compras na farmácia. Ao entrar, ele vê Yukari sentada no sofá, saboreando um mochi.

"Bem-vindo de volta." diz Yukari, sorrindo. "A Mitsuru-senpai ainda não voltou, então provavelmente não vamos ao Tartarus hoje."

Minato, tirando os fones de ouvido, responde: "Que coincidência, eu também estava pensando em não ir hoje. Preciso descansar."

Enquanto Minato se acomoda no sofá, Junpei desce as escadas ao lado de Akihiko.

"Ah, você chegou, Minato." diz Junpei animado. "A gente vai para o Tartarus hoje?"

Minato balança a cabeça, negando. "Não, eu não tô afim de ir hoje. Ainda me sinto cansado."

Fuuka sai da cozinha e se junta ao grupo. "A Kirijo-senpai acabou de mandar uma mensagem." informa ela. "Ela disse que está voltando com a Aigis para o dormitório. Parece que o presidente conseguiu falar com o…”

Antes que pudesse terminar, a porta do dormitório se abre, e um grupo de homens de terno entra, carregando caixas em direção às escadas.

Logo atrás, Mitsuru e Aigis fazem sua entrada.

Mitsuru, com sua presença imponente, comenta: "Bom, parece que o presidente Shuji conseguiu convencer o Mikoshi a entrar."

Akihiko, ainda meio surpreso com os homens carregando caixas, pergunta: "Mitsuru, quem são esses?"

Com um movimento elegante, Mitsuru joga o cabelo para o lado e responde: "São trabalhadores da minha família. Estão apenas trazendo as coisas do Mikoshi para o quarto."

Nesse momento, o presidente Shuji entra no dormitório, seguido por Hiro.

"Então, esse é o dormitório que você mencionou..." Hiro começa a falar, mas sua voz desaparece ao ver Mitsuru, congelando confuso.

Ele reconhece Akihiko também, junto com algumas outras pessoas que já viu pelos corredores do colégio, mas com quem nunca havia conversado.

"Mitsuru? Você tá aqui?" pergunta Hiro, surpreso.

Mitsuru, já esperando essa reação, responde calmamente: "Mikoshi, espero que o presidente tenha lhe explicado tudo."

Antes que Hiro pudesse responder, Junpei se aproxima com seu habitual entusiasmo. "E aí, cara! Prazer, eu sou o Junpei Iori."

Hiro acena de volta para Junpei, enquanto os outros membros do grupo observam em silêncio.

Akihiko, com seu olhar sério, cruza os braços. "Acho que não preciso me apresentar, não é?"

Hiro balança a cabeça, reconhecendo, e cerrando seus olhos de forma desafiadora. "Não, nem um pouco. Akihiko Sanada."

Yukari e Fuuka se aproximam com sorrisos gentis. Yukari, pegando a mão de Hiro, diz: "Prazer em te conhecer, Hiro. Sou a Yukari Takeba, do segundo ano."

Fuuka, tímida, faz uma pequena reverência. "E... eu sou a Fuuka Yamagishi. É um prazer, Hiro-san."

Hiro passa a mão na cabeça, tentando processar tudo enquanto conhece o resto dos membros do grupo. "Aonde que eu fui me meter?" pensa ele.

Após alguns minutos de conversa, o grupo sobe até a sala de comando no quarto andar.

Hiro, surpreso com o grande computador na parede, olha em volta e comenta: "Uma baita estrutura essa de vocês, hein. Não esperava que o dormitório Iwatodai fosse uma base para um esquadrão secreto."

Mitsuru, colocando uma maleta sobre a mesa, abrindo e retirando um florete, explica: "Esse dormitório foi criado como nossa base de operações desde o início. Além disso, os recursos são disponibilizados pela Kirijo Corporation. Minha família é a fundadora e administra todos os recursos do S.E.E.S."

Akihiko, pegando uma faixa vermelha de uma gaveta, joga ela para Hiro. "Em questão de materiais de combate, a gente tem de sobra. Essa faixa é sua até que os nossos trajes de combate sejam fabricados."

Hiro examina a faixa, notando o nome "S.E.E.S" bordado. Ele olha para Akihiko e pergunta: "Minha arma vai chegar agora e depois a gente vai para esse tal de Tartarus, não é?"

Nesse exato momento, Aigis entra na sala, carregando uma cimitarra que estende para Hiro. "Hiro-san, essa é a cimitarra que você encomendou?"

Hiro pega a arma, tira um pouco da lâmina da bainha e comenta: "Sim, chegou rápido. Aliás, como é que se usa o Persona?"

Minato, que estava sentado no sofá observando tudo em silêncio, tira uma pistola de um coldre e a arremessa na direção de Hiro, que a pega no ar.

"Esse é o Evoker." explica Minato. "Sem ele, não conseguimos invocar nossos Personas. Para usar, aponte para sua cabeça e puxe o gatilho."

Hiro se assusta com o que Minato disse. "Pera aí. Como é que é? Apontar essa pistola pra minha cabeça?"

Yukari, sorrindo de forma divertida, acrescenta: "Não se preocupe. Essa foi a mesma reação que tive quando me falaram isso."

O presidente Shuji termina de beber o chá de sua xícara e fala com um tom tranquilizador: "Não se preocupe, não é uma pistola de verdade. É apenas uma forma que os cientistas da Kirijo Corporation desenvolveram para conseguir fazer o Persona, que está no fundo de sua mente, ser invocado."

Hiro olha para o Evoker, que tem o símbolo do S.E.E.S gravado em seu cano, e comenta: "Entendo. Já que falam com tanta certeza, vou acreditar."

...24/07/2009 Sexta-feira; Quase meia noite...

Perto da meia-noite, o grupo se reúne em frente ao portão do colégio Gekkoukan.

O ar está silencioso, carregado com uma tensão que Hiro ainda não compreende completamente. Ele olha em volta, confuso.

"Por que estamos na frente do colégio a essa hora? Não tem nada aqu..." Hiro começa a perguntar, mas sua frase é interrompida quando Mitsuru coloca delicadamente um dedo sobre seus lábios, fazendo ele corar levemente.

"Está quase na hora." diz Mitsuru com um sorriso enigmático. "Espere e veja."

Akihiko, atento ao relógio em seu celular, anuncia: "Vai começar."

Assim que os relógios marcam meia-noite, um sino distante ressoa, seu som ecoando pelo ambiente.

O céu acima deles começa a mudar, tornando-se um verde etéreo, surreal.

Hiro observa, fascinado, enquanto o colégio Gekkoukan à sua frente desaparece, dissolvendo-se na escuridão.

No lugar onde o colégio estava, o chão começa a tremer.

Uma torre colossal começa a se erguer, a mesma estrutura imponente que Hiro viu uma vez antes.

A torre cresce sem parar, subindo em direção ao céu até que seu topo se perde na vastidão.

O sino toca mais uma vez, marcando o início da Dark Hour.

Mitsuru, com os olhos fixos na torre, declara: "Bem-vindo ao Tartarus, Hiro."

Capítulo 2; O bater das asas

...24/07/2009 sexta-feira; Dark Hour...

O Tartarus se ergueu em sua forma melancólica, imponente e avassalador.

As paredes pareciam pulsar suavemente, como se estivessem vivas, enquanto os ponteiros de um relógio gigantesco continuavam seu movimento incessante.

Hiro, olhando para cima, não conseguia esconder seu espanto.

"Cacete, olha o tamanho disso. É enorme." exclamou, tentando processar a magnitude do lugar.

Aigis, sempre calma e precisa, respondeu: "O Tartarus é o lugar onde lutamos para tentar diminuir os casos de síndrome da Apatia. Mas, pelos meus scanners, nem sequer estamos na metade do caminho."

O grupo começou a avançar, atravessando as enormes portas da entrada.

Um corredor imponente os levou a uma área vasta e aberta, que mais parecia o interior de um gigantesco relógio.

Engrenagens metálicas giravam sem parar ao redor, enquanto um enorme pêndulo balançava de um lado para o outro, o seu movimento hipnotizante.

Hiro, ainda impressionado, observou o ambiente. "Meu Deus..."

Mitsuru e Akihiko avançaram à frente. Mitsuru carregava uma caixa médica, que começou a instalar no chão, para caso de emergência.

Hiro, ainda atordoado, olhou para a imponente escadaria que levava ao grande relógio no centro da sala.

"Nosso colégio sempre foi essa torre? Caramba." murmurou, ainda tentando entender a situação.

Junpei, que já estava acostumado com a visão, deu um leve sorriso, mas ainda parecia impressionado. "Não importa quantas vezes eu veja esse andar. Eu sempre me arrepio."

Minato, que até então permanecia em silêncio, lembrou-se de algo importante. "Hiro, tem algo que esquecemos de te falar. O Tartarus tem muitos andares que mudam a cada Dark Hour. Nosso objetivo é chegar até os andares limite de cada área."

Fuuka, que havia se juntado ao grupo, explicou: "O grupo é separado em quatro pessoas, sendo Minato-san o líder. Ele decide quem vai subir com ele, ou seja, mais três pessoas."

Mitsuru se levantou após terminar de posicionar a caixa médica e, batendo as mãos, decidiu: "Já que vamos ver como você se sai em combate, o grupo será composto por você, Takeba e Iori. Arisato, você cuida dele?"

Minato assentiu. "Sim, eu fico de olho no Hiro. Estarei na passagem do relógio no topo da escada."

Enquanto isso, Hiro observava Yukari ajustando a corda de seu arco, enquanto Junpei praticava alguns golpes com sua montante.

De repente, uma voz distante ecoou em sua mente: "Finalmente... a hora está chegando."

Mitsuru, notando que Hiro estava parado, aproximou-se com uma expressão preocupada. "Mikoshi, você tá bem?"

Hiro, saindo de seu breve transe, respondeu: "Ah, eu tô. Só tava pensando em algo."

Mitsuru, puxando o seu Evoker do coldre, ofereceu-o a Hiro. "Entendi. Aqui, leve meu Evoker. O seu ainda não foi produzido, então fique com o meu emprestado."

Hiro pegou o Evoker, observando-o por um momento.

O dispositivo em formato de pistola prateada com detalhes intrincados e o emblema do SEES gravado no cano.

Ele girou o Evoker em seu dedo e o colocou no coldre no seu novo cinto. "Obrigado, vou precisar conhecer meu persona."

No topo da escadaria, Minato, Junpei e Yukari esperavam pacientemente.

Fuuka, ajustando seu headset, se dirigiu a Hiro: "Hiro-san, esqueci de avisar. Meu persona não é para lutar como o de vocês, mas vou dar suporte tático por meio da minha telepatia."

Mitsuru acrescentou: "Outra coisa, quando estiver subindo os andares com Arisato, sempre escute as ordens dele, ou as minhas, que eu enviarei por meio da telepatia da Yamagishi."

Hiro começou a subir a escadaria, ouvindo as instruções de Mitsuru.

Antes de desaparecer pela passagem do relógio, ele olhou para trás, tirando sua cimitarra da bainha. "Pode deixar, vou tentar seguir as ordens dele. Por enquanto."

Mitsuru observou enquanto os quatro desapareciam na escuridão do Tartarus.

Ao seu lado, Fuuka já havia invocado sua Persona, Lúcia.

A figura etérea de Lúcia flutuava ao lado de Fuuka, com seu corpo pálido e translúcido, trajando um vestido rosa que emitia um brilho suave.

Seu rosto é vermelho, cobertnas suasaixas que deixam amostra apenas sua boca e seu nariz, e em suas costas, seu cabelo loiro levitava lentamente, refletindo a luz esverdeada do Tartarus.

Mitsuru observava o Tartarus com uma expressão grave. "Yamagishi, consegue ver eles?"

Fuuka, concentrada em sua Persona, respondeu: "Sim, daqui a pouco consigo espelhar a visão da Lúcia no centro do círculo."

Aigis se aproximou de Lúcia, curiosa. "Eu me pergunto, que tipo de Persona o Hiro-senpai tem. Todos nós temos Personas ligados a deuses ou figuras importantes da mitologia grega."

Akihiko, cruzando os braços enquanto olhava para o círculo projetado por Lúcia, comentou: "Vamos ver o que você é capaz, Hiro."

Após atravessarem a passagem, Hiro olhou em volta, observando o ambiente sombrio e claustrofóbico. "Caraca, acho que vai demorar para eu me acostumar com isso." murmurou, ainda surpreso.

A voz de Fuuka ressoou em suas mentes através da telepatia. "Pessoal, conseguem me ouvir?"

Yukari olhou para cima, como se pudesse ver Fuuka. "Alto e claro. Dessa vez estamos aqui apenas para testar o Hiro, né?"

Mitsuru confirmou pela telepatia. "Sim, caso ele se saia melhor do que o esperado, podem subir até onde conseguirem."

Junpei, sempre entusiasmado, apertou o cabo de sua montante. "Muito bem, hora de matar umas Shadows."

O grupo começou a avançar pelos corredores, subindo alguns andares em busca de Shadows.

Quando Hiro virou uma esquina, Yukari rapidamente agarrou a gola do casaco dele, puxando-o de volta.

"Cuidado, tem uma ali." sussurrou Yukari.

Os quatro espiaram pela esquina e avistaram uma Shadow: uma criatura gosmenta, com vários braços, que se arrasta pelo chão em busca de algo.

Minato puxou sua espada da bainha e se preparou para atacar. "Certo, vou te explicar rápido como funciona nossa tática. Se conseguirmos atacar uma Shadow por trás, teremos vantagem. Por algum motivo, elas só reagem após nossa 'rodada', então é crucial atacá-las primeiro."

Hiro assentiu, tentando assimilar a informação. "Entendi, um de cada vez. Vamo nessa."

Com um movimento rápido, Minato avançou contra a Shadow, atingindo-a pelas costas com sua espada.

A criatura soltou um grito irritado, seu corpo se distorcendo e se transforma em um ser verde e cilíndrico, com membros e olhos completamente brancos.

Hiro recuou, assustado. "Mas o quê? Que porcaria é essa?"

Junpei ajustou sua postura com a montante, pronto para atacar. "Uma das várias formas que uma Shadow pode assumir."

Cercados, os quatro ficaram de olho na Shadow, que parecia analisar seus oponentes em busca de uma saída.

Minato, sem desviar o olhar da criatura, deu o próximo comando. "Yukari, sua vez."

Yukari puxou a corda de seu arco, mirando cuidadosamente. "Tá bom."

Ela disparou uma flecha que acertou o olho da Shadow, fazendo-a gritar de raiva e focar em Yukari.

A voz de Mitsuru ecoou em suas mentes através da telepatia. "É agora, Hiro. Use seu Persona."

Hiro olhou para o Evoker em seu coldre e o puxou com a mão esquerda, enquanto sua direita segurava firmemente a cimitarra.

Ele observou o dispositivo, que parecia incrivelmente com uma pistola.

"Ok, é só apontar para minha cabeça e puxar o gatilho." murmurou, tentando acalmar seu coração acelerado.

Ele pressionou o cano contra a lateral de sua cabeça, fechando os olhos por um momento.

"Só puxa o gatilho. Só puxa o gatilho," repetiu para si mesmo.

Até que uma voz, profunda e ressonante, ecoava em sua mente: "Então, finalmente podemos viver uma nova fase dessa história. Vamos, grite aquilo que você carrega. Eu sou tu, e tu és eu."

Um sorriso macabro se formou nos lábios de Hiro, tão perturbador que fez Yukari se assustar.

"Hiro..." sussurrou Yukari, sentindo um calafrio.

Hiro sentiu seus cabelos se arrepiando, uma sensação estranha e poderosa tomando conta de seu corpo.

Mesmo que o dispositivo o matasse, o que importava? Esta era a verdade.

"Sim, vamos acabar com isso." murmurou, quase como se falasse para si mesmo. "Lúcifer!"

Seus olhos se abriram, cheios de uma sede de sangue que ele manteve oculta por muito tempo.

"Persona!" gritou, puxando o gatilho.

Um flash de luz vermelha saiu do outro lado de sua cabeça, sinalizando que o Evoker havia sido ativado.

Uma energia escura e vermelha começou a flutuar em volta de Hiro, até que finalmente, atrás dele, seu Persona emergiu.

Lúcifer apareceu, uma figura imponente e aterradora.

Seu rosto era pálido como a lua, com um sorriso largo e assustador que revelava dentes afiados. Seus olhos brilhavam com uma luz vermelha intensa, emanando um poder avassalador.

Seus cabelos curtos e brancos complementavam a pele pálida, enquanto penas pretas se espalhavam por seu corpo musculoso e bem definido.

As penas se concentram principalmente nos ombros e no peito, algumas delas pulsando com uma luz vermelha semelhante à dos olhos.

E suas pernas se assemelham a patas cobertas de escamas pretas e detalhes vermelhos.

Para completar sua aparência, Lúcifer possuía enormes asas brancas que se estendiam para os lados.

Apesar de sua aparência angelical, contraste com o resto de sua figura criava uma sensação perturbadora e ameaçadora.

Junpei, desacreditado, apenas conseguiu murmurar: "Caramba, olha esse Persona."

Com um grito de guerra, Hiro ordenou: "Acaba com ele, Lúcifer!"

Lúcifer apontou suas mãos na direção da Shadow e lançou Eiha, um ataque de escuridão.

Arames negros emergiram do chão, enrolando-se em volta dos membros da Shadow.

Com um puxão estrondoso, os arames retornaram ao chão, arrancando os membros superiores da criatura.

A Shadow soltou um grito de dor enquanto um líquido negro jorrava de onde antes estavam seus braços.

Sem dar tempo para a criatura reagir, Lúcifer desapareceu, e Hiro avançou com sua cimitarra em mãos.

Ele agarrou a cabeça da Shadow e, com um corte limpo e preciso, decapitou ela.

A Shadow se desfez em uma névoa negra, desaparecendo no ar.

Hiro girou a cimitarra, limpando o sangue negro da Shadow com um movimento fluido. "Essa sensação... foi incrível."

Minato relaxou, saindo de sua postura de combate. "Admito, a primeira vez pode ser incrível."

Yukari ainda parecia abalada, seu olhar fixo em Hiro. "Hiro, por um momento você ficou..."

Hiro, percebendo sua preocupação, deu de ombros. "Ah, o sorriso macabro? Não se preocupe, é raro me ver animado daquele jeito."

Yukari balançou a cabeça, frustrada. "Não é isso, idiota. O seu Persona... ele é diferente dos nossos."

Junpei, sem entender, interveio. "Ahn, Yukari, você se esqueceu que cada um tem seu próprio Persona?"

Ela suspirou, levando a mão ao rosto. "Ai meu Deus, parece que vocês compartilham o mesmo neurônio."

A voz de Akihiko soou através da telepatia, esclarecendo o que Yukari queria dizer. "Ela tá tentando explicar que os nossos Personas têm ligação com deuses gregos ou personagens da mitologia grega. Mas o do Hiro... é da mitologia judaica ou cristã."

Hiro, com uma expressão entediada, retrucou: "E por acaso isso importa? Com todo respeito, mas, se acham o meu Persona estranho, não sei como mu..."

Antes que pudesse terminar, ele notou que Yukari, Junpei e Minato o olhavam com expressões de puro terror.

Hiro ficou confuso. "O que foi? Tem algo atrás de mim?"

Fuuka, com desespero evidente em sua voz, gritou através da telepatia: "Hiro, se abaixa!"

Instintivamente, Hiro se agachou no exato momento em que uma enorme bala mágica passou voando, colidindo com a parede atrás dele e explodindo em incontáveis pedaços.

"Cacete, o que foi isso?!" Hiro exclamou, ainda em choque.

Fuuka respondeu, sua voz tremendo de medo. "É o Ceifador! Corram!"

Hiro se virou para olhar, e seu sangue gelou ao ver uma enorme Shadow, com um par de revólveres gigantescos, encarando ele.

A figura ameaçadora parecia analisá-lo, seus olhos vazios r, os seusndo uma escuridão tenebrosa.

Ceifador: "ヘラルド"

Minato correu até Hiro, agarrando o braço dele com força. "Não fica aí parado, corre!"

Sem hesitar, Hiro, Minato, Junpei e Yukari começaram a correr o mais rápido que podiam, o som das botas ecoando pelos corredores enquanto o Ceifador os perseguia implacavelmente.

"Ei, por que essa Shadow tá correndo atrás da gente?!" Hiro gritou, tentando entender a situação.

A voz de Mitsuru ecoou em suas mentes, explicando com urgência. "Para o Tartarus, nós somos invasores. Se passarmos muito tempo nos andares, ele envia o Ceifador atrás de nós."

Minato, liderando o grupo enquanto corriam freneticamente, adicionou: "Além disso, o andar de entrada é o único onde o Ceifador não entra. Ou seja, nosso único lugar seguro é lá."

Yukari olhou para trás, pálida. "Ele tá chegando perto!"

Junpei olhou para trás e viu o Ceifador se aproximando rapidamente de Yukari.

Em um movimento desesperado, ele puxou o Evoker do coldre e apontou para a própria cabeça.

"Hermes!" Junpei gritou, invocando o seu Persona.

Um flash de luz surgiu do outro lado da cabeça de Junpei, e seu Persona, Hermes, apareceu, voando em direção ao Ceifador.

Com uma velocidade impressionante, Hermes desferiu um chute no peito da criatura e lançou uma rajada de Agi, uma poderosa magia de fogo.

As chamas envolviam o torso do Ceifador, mas este não hesitou; apontou um de seus enormes revólveres para Hermes e disparou uma bala mágica de vento, acertando a fraqueza do Persona.

Hermes foi lançado para trás, ferido, e desapareceu no ar.

Hiro olhou para trás e viu que, embora tivessem ganhado distância do Ceifador, Junpei estava com o braço coberto de sangue.

"Junpei, seu braço!" Hiro exclamou, preocupado.

Junpei mordeu os lábios para conter a dor. "Eu tô bem. Continua correndo."

Os quatro continuaram correndo pelos corredores do Tartarus, até que chegaram a uma sala com uma máquina de teletransporte.

"Subam no teletransporte! Vão!" A voz de Mitsuru soou através da telepatia.

Sem hesitar, os quatro subiram na plataforma, e Minato pressionou o botão.

Um brilho envolveu todos, e eles desapareceram da sala, escapando por pouco.

Na entrada do Tartarus, Mitsuru olhava para cima, observando o teletransporte ativando.

Em um instante, Minato, Junpei, Yukari e Hiro foram arremessados para fora da máquina, caindo um em cima do outro.

Akihiko e Aigis correram até eles, preocupados.

"Vocês estão bem?" Akihiko perguntou.

Hiro se levantou, ainda ofegante. "Acho que sim. Caramba, foi por pouco."

Aigis, notando o ferimento de Junpei, aproximou-se para ajudar. "Junpei-san, me permita cuidar do seu braço."

"Ah, valeu, Aigis." Junpei respondeu, grato, enquanto Aigis começava a enfaixar seu braço.

Enquanto Fuuka se apressava em trazer a caixa médica, Mitsuru se aproximou de Minato e Yukari, mas algo estranho aconteceu.

Uma voz sussurrou em sua mente.

"Arauto..."

Ela olhou ao redor, procurando a origem da voz, mas não encontrou nada.

Hiro percebe a confusão de Mitsuru, ele para de massagear o ombro e questiona. "Mitsuru, aconteceu alguma coisa?"

"Eu escutei uma voz." Mitsuru respondeu, ainda tentando entender o que havia ocorrido.

Yukari olhou para ela com preocupação. "Voz? Mitsuru-senpai, acho que o Tartarus tá mexendo com sua cabeça. Ninguém aqui escutou voz alguma."

Mitsuru colocou a mão na testa, tentando afastar a sensação estranha. "Acho que você tem razão."

Minato, tentando aliviar a tensão, mudou de assunto. "Bom, trocando de assunto... O Hiro até que sabe lutar."

Hiro, despreocupado, tirou o Evoker do coldre e o devolveu para Mitsuru. "Não é a primeira vez que eu luto. Eu treinei no clube de esgrima e no de defesa pessoal do meu antigo colégio, antes de ser transferido pro Gekkoukan."

Akihiko, com os olhos semicerrados de irritação, encarou Hiro. "Isso explica muita coisa."

Os dois começaram a se encarar, uma tensão palpável no ar.

A aura de ódio entre eles era quase tangível, e Junpei, percebendo a situação, interveio.

"Por que vocês dois estão se encarando assim?" Junpei perguntou, tentando aliviar o clima.

Aigis, ao enfaixar o braço de Junpei, acabou aplicando um pouco mais de força do que o necessário, fazendo Junpei pular de dor. "Aí aí, cuidado, Aigis."

Akihiko olhou para Junpei e depois para Hiro. "Bom, como todos vocês sabem, eu sou o melhor lutador do clube de boxe. Mas um dia, um aluno estava derrotando todos os outros sem nenhuma dificuldade, desafiando todo mundo. E esse era o Hiro."

Junpei, Yukari e Fuuka ficaram surpresos ao ouvir isso.

Akihiko era famoso por ser o melhor lutador do colégio.

"Espera." Yukari exclamou. "Akihiko-senpai, aquele boato do ano passado de que um aluno conseguiu derrotar todos do clube de boxe, incluindo você, não foi mentira?"

Akihiko balançou a cabeça, negando. "Não, não foi mentira. Foi uma luta meio secreta que eu tive com o Hiro. Admito que eu queria por o Hiro no lugar dele. Resultado..."

Hiro, se espreguiça como se não fosse grande coisa, completou. "Eu saí com o nariz quebrado, e o Akihiko saiu com um dos dedos da mão inchados e o dedão do pé quebrado."

Fuuka, ainda tentando entender a situação, perguntou: "Mas... por que você desafiou todo o clube de boxe?"

Hiro respondeu com um tom indiferente: "Fizeram uma aposta comigo, na qual, se eu ganhasse de todo o clube de boxe do colégio, eu ganharia vinte mil ienes. Na verdade, eu fiz isso porque não tinha nada melhor para fazer."

Mitsuru, irritada com o que acabou de ouvir, não conseguiu conter sua indignação. "Você fez isso apenas por causa do tédio? Mikoshi, você tem noção do que fez?"

Hiro, que estava se afastando em direção à saída, parou e olhou para Mitsuru. "Sim, eu tenho. Eu precisava ganhar algumas coisas. Diferente de você, eu nunca ganhei nada dos meus pais. Dinheiro, presentes, nada. Afinal, eu nem conheci minha mãe, e meu pai me abandonou. Tudo que eu faço, é apenas para sobreviver. Tô voltando pro dormitório."

Hiro começou a caminhar para fora, deixando todos para trás, mostrando claramente que não se importava com ninguém.

Minato, surpreso com as palavras de Hiro, comentou: "Isso foi inesperado. Bom, vou aproveitar e ir com ele."

Minato seguiu Hiro em direção ao dormitório, enquanto Mitsuru permanecia parada, refletindo sobre as palavras que ainda ecoavam em sua mente. "Diferente de você, eu nunca ganhei nada."

Ela colocou a mão no peito, sentindo o peso dessas palavras como um tiro.

Mitsuru sussurrou para si mesma: "Nem eu ganho algo, Hiro. Apenas recebo ordens da minha família."

Akihiko, percebendo o impacto emocional em Mitsuru, colocou a mão no ombro dela. "Vamos voltar. Amanhã a gente conversa com o Hiro."

Mitsuru apenas acenou em concordância e começou a sair do Tartarus.

Fuuka, ainda processando o que Hiro havia dito, olhou para Yukari e comentou, preocupada: "Yukari-chan, só eu que, depois do que o Hiro falou, percebi que ele tem algo faltando? Tipo..."

Yukari completou, também preocupada: "Tipo, como se ele estivesse vazio por dentro? Sim, eu percebi também."

Junpei, agora de pé, refletiu sobre Hiro. "Eu tinha receio em falar com o Hiro. Mas, ele é um cara legal. Acho que ele só precisa se acostumar conosco."

...25/07/2009 Sábado; Manhã...

O som irritante do despertador ecoou pelo quarto, forçando Hiro a se mexer na cama.

Com os olhos ainda fechados, ele estendeu a mão em direção ao aparelho barulhento.

"Fica quieto. Maldito." murmurou irritado, a voz sonolenta.

Num movimento repentino, Hiro golpeou o despertador com força.

O som de algo quebrando preencheu o quarto, seguido por um furo na cabeceira da cama. Hiro arregalou os olhos ao ver o que tinha feito.

"Eita... Acho que coloquei força demais." ele comentou, olhando para o despertador agora rachado no meio.

Coçou a cabeça e, resignado, levantou-se da cama, observando o quarto novo.

"Até que é bem confortável aqui. Bom, vou me arrumar." disse para si mesmo, enquanto se dirigia ao armário para pegar suas roupas e se preparar para a aula.

Os dias passaram, e a rotina normal se instalou.

O grupo continuava suas vidas escolares durante o dia, enquanto à noite, durante a Dark Hour, eles se tornavam combatentes, subindo cada vez mais os andares do Tartarus.

...28/07/2009 Terça-feira; Meio-dia...

Era hora do almoço, e os corredores da escola estavam cheios de alunos conversando e se movimentando de um lado para o outro.

Na sala do conselho estudantil, Mitsuru estava concentrada, lendo documentos de reclamações, entre elas há de um aluno pego fumando no ambiente escolar.

Uma batida na porta ecoou pela sala, fazendo Mitsuru desviar o olhar dos papéis.

"Entre." disse, colocando o papel na mesa.

A porta se abriu, revelando Hiro, que entrou na sala com uma expressão indiferente, enquanto terminava de beber um suco.

O líquido na garrafa acaba, e Hiro joga ela no lixo ao lado da porta, ele limpa a boca após terminar o suco.

"O seu vice-presidente faltou me decapitar, só pra avisar que você queria falar comigo. Então, o que você quer?" Hiro perguntou, sem rodeios.

Mitsuru se levantou, mantendo a compostura. "Mikoshi, sobre o que você falou durante a Dark Hour, da primeira vez que fomos ao Tartarus."

Hiro fechou a porta e cruzou os braços, encarando Mitsuru. "Sim, eu lembro. Quer me dar um sermão por causa do que eu fiz no clube de boxe?"

Mitsuru balançou a cabeça, negando. "Não, é outra coisa."

Hiro notou que Mitsuru parecia cabisbaixa, refletindo sobre o que ele havia dito anteriormente.

Sentiu um peso em sua consciência ao perceber que suas palavras a haviam magoado.

"Ah, eu te magoei, não foi?" ele perguntou, sem jeito.

Mitsuru, surpresa, respondeu rapidamente. "O quê? Não, não é isso."

Ela deu a volta na mesa e se aproximou de Hiro, parando em frente a ele.

Com o olhar baixo, ela parecia estar lutando com suas próprias emoções.

"Quando você falou aquilo, eu não quis falar naquele momento. Mas, após pensar um pouco..." Mitsuru desviou o olhar, pondo a mão em seu próprio braço.

"Você não tem tudo?" Hiro suavizou seu tom, tentando compreender o que ela queria dizer.

Mitsuru fechou os olhos, como se tentasse encontrar coragem para continuar. "Não. Quando você disse que nunca tinha ganhado algo, e que era diferente de mim... você tá errado."

Ela finalmente levantou o olhar, encarando Hiro com uma mistura de indecisão e preocupação. "Mesmo que eu tenha nascido em uma família rica, de uma das maiores empresas do mundo, a Kirijo Group, eu não ganho nada. Eu luto para fazer meu pai ficar orgulhoso e para protegê-lo. Mas, eu não ganho nada além de um 'Bom trabalho'."

Hiro se surpreende com a confissão.

A lembrança de seu próprio pai, que o abandonou quando era criança, passou por sua mente.

"Você tem sorte de ter um motivo pra lutar." Hiro sussurrou, mas Mitsuru não conseguiu ouvir.

"O que disse?" ela perguntou, confusa.

Hiro abriu os olhos e, depois de um suspiro, falou com mais clareza. "Olha, Mitsuru. Eu posso ter falado algo que te incomodou, e desculpa por isso. Mas, não tem motivo para você querer se explicar. Cada um de nós tem seus motivos, seus objetivos, e seus demônios internos."

Mitsuru ficou surpresa com a sinceridade de Hiro, mas antes que pudesse responder, ele continuou.

"Se o seu motivo para lutar é proteger seu pai, então se mantenha firme. Mas não deixe que uma frase dita por alguém barre o seu objetivo."

Ele colocou a mão no ombro de Mitsuru, com um gesto firme e encorajador. "Você é nossa líder, não fique de cabeça baixa."

O sinal para o início da próxima aula tocou, cortando o silêncio que da sala.

"Bom, acho que devemos voltar para a sala." Hiro sugeriu, olhando para cima.

Mitsuru assentiu, um sorriso calmo surgindo em seus lábios. "Sim, você tem razão. Obrigado por me escutar."

Hiro se virou em direção à porta. "Não há de quê. Às vezes, desabafar é bom."

Quando ele estava prestes a sair, Mitsuru se virou para voltar à mesa, mas parou por um momento.

"Mikoshi, posso fazer uma pergunta?" ela disse, ainda de costas para ele.

Hiro parou e se virou para ela. "Pode."

Mitsuru pensou por um momento, antes de se virar para encará-lo. "Qual é seu motivo para lutar?"

Hiro foi pego de surpresa pela pergunta e olhou para o lado, confuso.

Depois, voltou a olhar para Mitsuru com um sorriso incerto.

"Eu não faço ideia." respondeu, dando de ombros.

Os dois ficaram se encarando por um breve momento, como se ambos estivessem tentando entender o que se passava na mente do outro.

"Talvez, eu ainda encontre algum. Aliás, me chame apenas de Hiro. Não tem motivo para manter essa formalidade." Hiro fala isso olhando para os olhos da Mitsuru, com um raro sorriso gentil.

Mitsuru ficou surpresa com a informalidade repentina, mas antes que pudesse responder, Hiro saiu da sala e fechou a porta atrás de si.

Sozinha, Mitsuru sorriu suavemente. "Entendo... vou lembrar disso. Hiro."

...??/??/2009 ????; Dark Hour...

Um homem desperta em meio à escuridão, os olhos arregalados e a mente confusa.

Ele olha ao redor, tentando entender onde está. As ruas que antes conhecia agora estão repletas de caixões fechados, alinhados como se aguardassem algum ritual macabro.

"Que lugar é esse? Por que as ruas estão cheias de caixões?" ele murmura, a voz tremendo de medo.

De repente, um som metálico e pesado rompe o silêncio.

Algo se move nas sombras de um beco próximo, acompanhado por barulhos mecânicos que reverberam pelo ar.

"Ótimo, a Justiça e o Carro de Guerra acordaram." uma voz fria e impassível ecoa das trevas.

O homem se sobressalta, virando-se para a origem do som. "Quem tá aí?" ele grita, o desespero evidente em sua voz.

Três figuras emergem da escuridão, cada uma com uma presença ameaçadora. Dois homens e uma jovem mulher se aproximam lentamente.

O primeiro, um homem de cabelos prateados envolta de um cabo preto mantendo o cabelo preso, seus olhos amarelos, veste-se de forma casual, mas sua falta de camisa e a postura relaxada contrastam com o olhar penetrante e macabro.

Ele é Takaya Sakaki, líder de um grupo que cumprem contratos de assassinato, utilizando a Dark Hour, ele está com ambas das mãos apontadas para o céu. E um revólver magnum de calibre 0.500, está preso ao cinto de sua calça jeans.

A segunda figura é uma jovem garota, Chidori Yoshino.

Seus longos cabelos ruivos se espalham por seus ombros, com olhos castanhos escuros, usa uma faixa preta com babados branco-creme e uma adaga falsa presa, dando a ilusão de que sua cabeça foi empalada por ela.

Fora isso, ela usa gola de tecido estilo branco com fita preta, vestido longo gótico lolita branco, meias brancas e sapatos de salto alto.

Seu olhar vazio e desprovido de emoção faz com que qualquer um que a encare sinta um calafrio na espinha.

O terceiro, um homem de casaco verde e óculos com lentes alaranjadas, Jin Shirato, observa tudo com uma frieza analítica, como se estivesse calculando cada movimento e consequência, enquanto carrega uma maleta prateada.

"Vocês...? Eu... eu não fiz nada! Eu fiz o que vocês pediram." o homem balbucia, o desespero transbordando de sua voz enquanto tenta justificar sua existência diante dos três.

Takaya para, seus olhos gélidos fixos no homem. "Sim, você fez. Mas isso não significa que estaria livre. Você foi escolhido para ceder sua vontade a eles."

O medo domina o homem, e ele tenta se levantar, desesperado para fugir.

No entanto, antes que consiga dar um passo, uma mão gelada e implacável pousa em seu ombroimpedindo a suaua fuga.

"Medeia, não precisa ceifá-lo. O Takaya não deu a ordem." Chidori diz, sua voz monótona e sem emoção.

Sua Persona, Medeia, desaparece, deixando o homem livre, mas ainda aterrorizado.

"Por favor, eu faço qualquer coisa." ele implora, seus olhos suplicando por misericórdia.

Jin, com os olhos semicerrados, observa o homem com desdém. "Qualquer coisa?" ele repete, antes de se virar para Takaya. "O que fazemos?"

Takaya havia tirado seu revólver do cinto, pronto para atirar na perna do homem, mas após a intervenção de Chidori, ele reconsidera e guarda a arma.

"Fique parado onde está." ordena Takaya, levantando os braços como se fosse dar um comando final.

"Como assim?" o homem pergunta, sua voz trêmula de medo e confusão.

De repente, um estrondo ensurdecedor preenche o ar.

Uma bala de canhão, vinda de algum lugar nas sombras, atinge o homem por trás, partindo-o ao meio.

Seu torso e suas pernas são separados com brutalidade, e suas entranhas se espalham pelo chão enquanto ele grita em agonia.

"Isso dói! Isso dói! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!" o homem grita, sua voz se tornando um lamento desesperado e dolorido.

O som mecânico se intensifica, e da névoa que envolve a rua, uma Shadow em forma de tanque emerge, movendo-se com uma intenção mortal.

Takaya começa a rir, um riso macabro e sem alma, enquanto Chidori e Jin observam a cena com atenção fria.

"Conheça dois dos Arcanos Maiores. Entregue sua alma à vontade deles!" Takaya declara, como se estivesse apresentando o destino macabro do homem.

O som do canhão recarregando preenche o ambiente, e em um instante, o disparo ressoa novamente, ecoando pelos becos durante a Dark Hour.

O tanque, implacável, termina o serviço, obliterando o que restava do homem.

Seus gritos são silenciados, deixando apenas o som pesado do tanque se afastando na névoa.

Ninguém, exceto aqueles presentes, tem a menor noção de que um monstro mecânico está à solta, escondido na escuridão da Dark Hour.

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