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Vampira entre o Amor e a Vingança

Capítulo 1 : Noite de sangue

Desde pequena, sempre acreditei que as sombras da noite carregavam segredos que ninguém poderia imaginar.

Segredos que poderiam estar além da nossa compreensão.

Mas eu jamais pensei que, quando esses mistérios se revelassem, trariam consigo o próprio inferno até a minha porta.

Aquele dia havia sido comum, igual a tantos outros.

O que eu não sabia era que seria a última vez que veria a minha família.

Eu tinha acabado de completar 19 anos e estava em busca de um futuro. Estávamos todos reunidos quando meu tio começou a nos contar uma história antiga.

— Existe uma lenda que diz: quando a lua se torna sangue, lobos e vampiros saem em busca de presas. Sedentos, eles caçam e atacam aqueles que ousam não acreditar na sua existência.

Na época, nenhum de nós levou a sério. Rimos, desconfiados.

— Tio, por que o senhor contou uma história dessas? Vai acabar assustando as crianças! — reclamou alguém.

Pouco depois, minha mãe apareceu na sala com um sorriso e anunciou que o jantar estava pronto. Todos entramos felizes, rindo e conversando.

Mais tarde, a noite caiu, e a hora de dormir chegou. Por algum motivo, o sono parecia me evitar. Revirei-me na cama, inquieta, até que decidi ir até a cozinha buscar um copo de água.

Foi então que ouvi.

Um barulho forte, vindo do lado de fora.

Meu coração disparou.

Logo depois, um uivo cortou a escuridão, seguido de passos pesados que se aproximavam da porta.

Minhas mãos tremiam tanto que deixei o copo cair no chão, o estilhaço ecoando pelo silêncio da casa.

De repente, uma sombra imensa parou diante da entrada. A porta rangeu, até ser arrebentada com brutalidade.

O estrondo me lançou contra o chão. Tremendo, paralisada, ergui o olhar e vi a criatura atravessar o batente.

Seus passos ressoavam no chão de madeira, cada impacto fazendo meu corpo estremecer.

Na penumbra, sua aparência se revelou: cabelos vermelhos como fogo, uma cicatriz profunda cruzando o rosto, olhos de um vermelho intenso que lembravam sangue recém-derramado.

Ele sorriu, exibindo presas afiadas, e passou a língua pelos lábios ao me encarar.

Meu pai se colocou à minha frente.

— Saia da minha casa! — gritou, a voz firme apesar do medo.

O monstro apenas permaneceu parado, olhando fixamente para mim, como se estivesse escolhendo sua presa.

— Tire seus olhos da minha filha! Vá embora, ou eu vou chamar a polícia!

Sem aviso, ele se lançou sobre meu pai. O som dos dentes rasgando a carne ecoou pelo cômodo, junto com os gritos.

O sangue jorrou, respingando em mim. Minha mãe correu desesperada para o quarto dos meus irmãos.

Eu, coberta por sangue, agarrei um bastão que estava encostado à parede e acertei o invasor com todas as minhas forças. Ele se contorceu de dor, largando meu pai.

— Você tem coragem, garotinha. Eu gosto disso em uma mulher.

Com um único golpe, me lançou contra a estante. O impacto tirou o ar dos meus pulmões.

Escutei gritos vindos do quarto. Com dificuldade, me levantei e corri até lá.

Ao abrir a porta, vi dois outros estranhos sugando a vida da minha mãe. Meus irmãos estavam caídos no chão, agonizando.

— Fuja! Filha, fuja! — gritou minha mãe, antes de ser silenciada pela dor.

O desespero tomou conta de mim. Corri para fora da casa, sem olhar para trás.

As lágrimas ardiam nos meus olhos. Como morávamos em um sítio, entrei pela mata densa, tropeçando nas raízes e galhos.

As cenas não saíam da minha cabeça: meu pai caído, minha mãe sendo atacada, meus irmãos indefesos.

A dor e o medo me sufocavam.

Tropecei em um galho e caí no chão. Quando tentei me levantar, uma mão fria me agarrou pelo braço.

Ele estava lá.

O mesmo monstro de olhos vermelhos.

Fui arremessada contra uma árvore. Machucada, tentei reagir, mas ele rapidamente me imobilizou, subindo sobre mim.

— Você é linda… Acho que quero me divertir um pouco antes de sugar o seu sangue.

— Me solta! — gritei, em desespero.

Ele aproximou o rosto, a língua fria deslizando pelo meu pescoço.

O toque me fez estremecer.

Num gesto brutal, rasgou minha blusa e começou a beijar minha pele.

Minha visão se fixou em uma pedra ao alcance da minha mão. Agarrei-a e acertei sua cabeça.

O sangue escorreu, mas, mesmo assim, ele não me soltou.

— Eu estava sendo gentil… mas agora você vai conhecer a dor.

Suas presas perfuraram meu pescoço. O calor do meu sangue escorria, enquanto minha visão começava a ficar turva.

De repente, ele foi arrancado de cima de mim com violência e arremessado contra as árvores.

Forças se chocaram na escuridão da mata. Um confronto começava.

Eu não sabia quem havia me salvado. Minha consciência vacilava, os sons da luta soavam distantes.

Com o pouco de energia que restava, me levantei cambaleando e segui pela floresta, deixando aqueles dois seres para trás.

Capítulo 2: Queimar

Enquanto corria pela floresta, o cansaço tomou conta do meu corpo até que, exausta, desmaiei.

Aquela noite foi o início de toda a mudança em minha vida. A partir dali, passei a viver escondida em cavernas, prisioneira das trevas da noite.

Quando despertei, estava deitada no mato. A luz do sol atravessava as árvores e queimava minha pele como lâminas invisíveis. Tentei me levantar, mas uma dor aguda percorreu cada osso, cada músculo.

A claridade era insuportável, cada passo que eu dava fazia minha pele arder ainda mais, ficando vermelha como brasa. Andei horas até encontrar uma caverna; meu único refúgio contra aquele sol que parecia querer me aniquilar.

Ali fiquei, encolhida no frio, até que a noite finalmente chegou.

Mas logo o verdadeiro tormento começou. Uma queimação tomou conta de mim como se meu sangue estivesse fervendo. A agonia era insuportável, um fogo correndo em minhas veias, consumindo o que restava da minha humanidade. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo.

Três anos depois...

Três longos anos se passaram desde que perdi tudo: minha casa, minha família, meus amigos… minha própria vida.

Descobri tarde demais que havia me transformado na mesma criatura que destruiu tudo o que eu amava. Eu me tornei uma vampira.

No início, lutei contra isso. Recusei-me a me alimentar de sangue, acreditando que poderia resistir. Mas o desejo sempre foi mais forte. A sede me dominava, me enlouquecia, até que cedi. Hoje, carrego a maldição de ser aquilo que mais odeio.

Vivo condenada às sombras. Sozinha. Presa na escuridão.

De vez em quando retorno à minha antiga casa. Sento-me diante dela e passo horas lembrando dos momentos felizes que vivi ali.

Naquela época, eu sonhava em sair, ter meu próprio destino, escrever minha própria história. Mas se pudesse voltar atrás, teria valorizado cada segundo ao lado deles. Teria abraçado mais. Teria dito que os amava.

Agora, diante da velha casa abandonada, sinto uma presença me observando. Não preciso ver para saber. Posso ouvir a respiração.

Levanto-me e começo a andar. Quem quer que fosse, não estava disposto a se esconder. A cada passo que dou, sinto que me segue.

Se fosse antes, talvez estivesse aterrorizada. Mas agora não. Agora estou pronta para lutar. Minha maldição também me concedeu uma dádiva: meu corpo se recupera de qualquer ferimento.

E meu único desejo é encontrar aqueles que massacraram minha família… e fazê-los sofrer antes de morrer.

Todo esse tempo, vivi apenas para isso. Esperando.

E hoje, a espera acabou.

Chegando à minha caverna, viro-me para trás e fico imóvel, encarando as sombras.

E então ele surge.

O brilho da lua revela sua figura. Seus olhos têm um tom dourado hipnótico, selvagem. Os cabelos castanhos caem até os ombros, e sua expressão carrega uma seriedade cortante, uma frieza que congela.

Mas ele é diferente.

Não se parece com os outros.

E, embora eu não me lembre de tê-lo visto naquela noite sangrenta, talvez seja nele que resida minha única chance… de vingança.

(kemilly recém transformada em vampira passará a se chamar Scarlet)

Capítulo 3 : Quem é você?

A brisa daquela noite trazia um frio cortante, como se pequenas lâminas de gelo deslizassem pela minha pele. O vento leve, porém constante, balançava meus cabelos, espalhando-os pelo rosto. A cada rajada, o silêncio da noite parecia mais denso, quase sufocante.

As lembranças queimavam dentro da minha mente, e com elas o ódio crescia, alimentando-se de cada memória dolorosa que eu carregava.

Ele estava ali — imóvel, uma sombra viva —, e me encarava com um olhar fixo e perturbador. Permanecemos em silêncio por alguns instantes, um duelo invisível travado apenas com os olhos.

Respirei fundo, tentando afastar o medo. Endireitei a postura, erguendo o queixo, como se aquele gesto pudesse me blindar.

— Quem é você? — perguntei, a voz firme, mas o coração acelerado.

Nada. Nenhuma reação, nem um piscar de olhos.

— Não vai responder?! — insisti, sentindo a estranheza daquela presença me envolver. — Por acaso é surdo? Responda de uma vez! E, se não for me dizer nada... então não me culpe se eu acabar matando você.

Um leve sorriso se formou no canto dos seus lábios, frio e irônico, como se estivesse se divertindo com a minha ameaça.

— Do que está rindo? — questionei, irritada. Seu sorriso desapareceu num instante. — Pensa que estou brincando?

De repente, ele começou a caminhar em minha direção. Seus passos eram lentos, mas carregavam um peso feroz, como o de um predador que já sabe que a presa não tem para onde fugir. Antes que eu pudesse reagir, ele me derrubou no chão com facilidade brutal. A dor me atravessou, mas foi o seu olhar malicioso que realmente me atingiu.

— Pensei que você fosse mais forte — murmurou, colocando a mão no bolso enquanto se aproximava novamente. — É fraca... vai ser fácil capturá-la.

Meu sangue ferveu. Eu o encarei com fúria.

— Nossa... está com raiva? — ele debochou. — Vamos fazer assim, filhote de morcego... você me obedece, e eu não machuco você.

Já não importava quem ele era. Eu só queria destruí-lo. Um sorriso sombrio escapou dos meus lábios antes de eu avançar contra ele. Mas, novamente, fui lançada ao chão.

— Então você quer brincar? — provocou. — Vamos nessa... me mostre do que é capaz, filhote de morcego.

Senti minhas presas se revelarem, afiadas como minha determinação. Lancei-me sobre ele com velocidade, e a luta começou. Consegui derrubá-lo várias vezes, até arremessá-lo contra as árvores.

— Agora, ainda acha que sou fraca? — perguntei, aproximando-me dele, caída de joelhos sobre o seu peito.

Quando estava prestes a cravar minhas presas e acabar com ele, imagens da morte da minha família invadiram minha mente. O ódio se transformou em hesitação. E foi nesse instante que ele aproveitou para me empurrar e se lançar sobre mim.

— O que foi? Não tem coragem o suficiente? — perguntou, fitando-me com um olhar de quem acredita já ter vencido.

— Me solta.

— E se eu não quiser?

— Então acabe de uma vez com o que veio fazer. — Olhei direto em seus olhos, firme.

Para minha surpresa, ele se levantou e se afastou. Antes que eu pudesse entender, outra figura surgiu da escuridão, aproximando-se dele.

— E aí, Jacob... achou mais uma vampira? — disse o recém-chegado, me encarando. — Você é bom nisso. É uma pena que um rosto tão bonitinho tenha que ser eliminado.

Jacob. Então esse era o nome daquele maldito.

— Cuidado, ela pode morder — comentou com sarcasmo.

— Eu gosto de garotas que mordem — respondeu o outro, aproximando-se enquanto eu me levantava. — Quem são vocês? O que querem comigo?

— Eu sou Ethan, e aquele ali é Jacob. Somos soldados da matilha.

— Soldados? — a palavra soou estranha na minha boca. — E o que querem comigo?

— Ora, é simples... você é uma vampira, e nós... — ele se inclinou, tão perto que senti seu hálito repulsivo — nós somos lobisomens.

Meu olhar voou até Jacob. Lembrei-me do uivo que tinha ouvido naquele dia. Uma conexão sombria começou a se formar na minha mente, e uma suspeita dolorosa me atingiu: talvez eles estivessem envolvidos na minha tragédia.

— Vampiros e lobisomens são inimigos — continuou Ethan. — Nós caçamos vampiros... e depois os matamos. E vamos fazer o mesmo com você.

Uma dor aguda e repentina explodiu no meu pescoço. Algo havia sido injetado em mim. Minhas forças começaram a se esvair como água entre os dedos.

Caí no chão, a visão turva. Ainda consegui sentir mãos me erguendo no colo, e então... tudo se apagou.

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