Me Nota, Capitão
cap 01
Mais uma escola. Mais um uniforme ridículo. E mais um recomeço forçado. pensei, enquanto ajustava a gola torta da minha blusa no espelho.
Meu nome é Noah, 17 anos, recém-despejado de outra cidade graças ao trabalho maluco do meu pai. Já perdi a conta de quantas escolas passei. Eu deveria ganhar um cartão fidelidade.
Desci as escadas sentindo o cheiro de café queimado. Lá estava ele meu pai de terno e olhos grudados no celular, como sempre.
Nolan
Bom dia filho, ansioso pra hoje, hein?
Aryan
*revira os olhos* Claro. Mal posso esperar pra ser ignorado por mais um grupo de adolescentes
Ele apenas riu. Eu queria rir também, mas só conseguia pensar em quantos armários eu ia bater com a cara até o fim do dia.
A escola era grande. Tipo, nível se você se perder aqui dentro talvez descubra um universo paralelo. As pessoas pareciam saídas de um catálogo de moda colegial: grupos bem formados, risadinhas nos corredores, dramas acontecendo em tempo real.
O sinal tocou e eu me enfiava no meio do caos do intervalo quando aconteceu.
Primeiro, um esbarrão. Depois, um tropeço. Meu pé falhou miseravelmente na missão de me manter de pé.
Fechei os olhos, pronto para minha morte trágica estampado no chão do corredor, pisoteado
Senti um braço firme me segurando pela cintura. Quando abri os olhos, dei de cara com ele.
Alto. Ombros largos. Cara de quem protagoniza sonhos adolescentes e destrói corações no café da manhã.
ele perguntou, com aquela voz de comercial de perfume masculino.
Aryan
Ahn… sim. Quer dizer… eu acho?
eu respondi, tentando entender se estava vivo ou em coma.
Ele sorriu, e eu perdi três batimentos cardíacos de uma vez.
Ryker
Você é novo, né? Sou Riker. Capitão do time de basquete.
Aryan
Aryan. Eu sou novo na escola…e aparentemente salvo por um atleta.
Ele soltou uma risadinha baixa e foi embora, deixando um leve cheiro de desodorante esportivo e caos hormonal no ar.
Uma semana depois, todos já sabiam meu nome. Não porque eu era popular, mas porque “o novato que quase caiu e foi salvo pelo Riker” virou meme interno da escola.
E o pior: Riker agora parecia gostar de me provocar. Toda vez que passava por mim, soltava um “cuidado com o chão, hein” ou “não precisa desmaiar de novo pra me ver, Aryan.”
O que esse cara quer, afinal?
cap 02
Na primeira semana, eu só queria passar despercebido. Entrar e sair das aulas como um ninja socialmente ansioso. Mas é claro que o universo, como sempre, tinha outros planos
E por “universo”, eu quero dizer Riker.
O garoto que me salvou da morte por pisoteamento agora fazia questão de me notar todo santo dia.
ele disse outro dia, enquanto passava por mim no corredor, malhando um bolinho de papel e arremessando direto na minha mochila.
Ryker
Não quero ter que te salvar de novo. Tô ficando sem braços.
*virando de leve e tentando parecer mais sarcástico que corado.*
Riker sorriu de novo. Aquele sorriso de “sei exatamente o que estou fazendo com seu coração, novato”.
Foi nesse dia que conheci Owen e Megan. Eles literalmente me puxaram pela gola da blusa pra uma mesa no refeitório.
Megan
Você é o Aryan, né? O do quase-tombo-épico?
Megan disse, com um sorriso debochado.
Aryan
É assim que todos vão me conhecer agora?
Owen
Tecnicamente, sim *Owen respondeu, dando de ombros.* Mas relaxa, você parece legal. Vamos te adotar.
Megan tinha uma vibe messy girl, cabelo preto e olhares que atravessavam a alma. Owen era mais chill, meio nerd, meio fofo, com um sorriso sincero demais pra esse mundo. Descobri depois que Megan namorava uma garota chamada Rihanna
Megan
Rihanna é minha namorada e a irmã gêmea do Jasper
ela explicou, apontando discretamente para uma mesa no fundo.
Ali estavam Jasper, Caleb e Jonh os “irmãos de quadra” de Riker. Cada um mais alto e mais bonito que o outro, como se Deus tivesse usado a mesma receita, só mudando os temperos.
Jonh parecia o mais brincalhão, Jaspe era o misterioso que quase nunca falava, e Caleb… bom, ele parecia ter saído de um drama coreano direto pro vestiário de basquete
Owen
Você devia ficar longe deles
Owen comentou, percebendo meu olhar.
Owen
Principalmente do Riker.
Owen
Ele é… complicado. Charmoso, claro. Mas complicado.
Como se fosse uma maldição invocada pelo meu nome, Riker apareceu naquele momento. Atrás de mim.
Ryker
Falando mal de mim, Owen?
Eu quase derrubei meu suco no colo.
Owen
Só alertando o novato sobre suas táticas de flerte questionáveis
Ryker
Quem disse que estou flertando?
Riker rebateu, olhando direto pra mim.
Ryker
Talvez eu só ache o Aryan… interessante.
Panela cai no chão. Silêncio no refeitório. Gente finge que não tá ouvindo mas claramente tá ouvindo.
Aryan
É, bem… eu sou interessante?
Owen e Megan seguraram o riso. Riker apenas arqueou uma sobrancelha e saiu andando, como se não tivesse acabado de virar o roteiro da minha vida de cabeça pra baixo.
Mais tarde, no grupo do WhatsApp que Megan criou e me colocou sem minha permissão veio a mensagem:
Megan
“Parabéns, Aryan. Você oficialmente entrou na lista de alvos emocionais do Riker. Sobreviva se puder.”
Owen
“Se rolar beijo, eu quero ser padrinho.”
Rihanna
“Já tô fazendo apostas com o Jasper. Eu disse que vocês ficam até o baile da primavera.”
Aryan
eu nem sei o que eu comi no almoço, quem dirá o que eu sinto por ele
mais no fundo, talvez eu sabia sim
cap 03
Sexta-feira. Eu só queria sobreviver à aula de história sem dormir em cima do caderno. Mas, como sempre, o universo tem planos especiais pra mim.
E por “universo”, eu quero dizer minha boca grande.
Tudo começou quando a professora pediu silêncio e alguém (que definitivamente não fui eu, mas que estava na minha boca no exato momento) soltou um comentário baixo:
—Isso aqui é mais chato que tutorial de impressora.
Ela parou. Olhou diretamente pra mim.
Aryan
— Sala dos professores. Agora.
perguntei, incrédulo, de pé na frente da coordenadora.
— Você vai ajudar o professor de educação física na organização do treino do time de basquete por uma semana — ela respondeu, como se estivesse me dando um prêmio.
Isso não é castigo, isso é uma sentença de morte!
Saí de lá sentindo que estava prestes a viver uma daquelas montagens clássicas de filme adolescente em que o protagonista tropeça no apito do professor e vira alvo de bolas voadoras.
Cheguei no ginásio, e com a camiseta do uniforme e uma expressão de sofrimento tão intensa que o faxineiro me desejou “força” só de me ver entrando.
E lá estava ele: Riker. Suado. Brilhando. Tipo… muito.
Ryker
Olha só quem veio se entregar voluntariamente à humilhação pública
disse ele, girando a bola nos dedos com aquele ar de “sou bonito e sei disso”.
Fui condenado, na verdade
rebati, tentando não olhar demais para os braços dele. Ou o sorriso. Ou o suor. Socorro.
O treinador, um senhor com cara de ex-militar e zero paciência, me entregou uma prancheta e um cronômetro.
Treinador Carlos
Anota os tempos, ajuda na contagem dos passes e tenta não desmaiar.
Treinador Carlos
Não me chama de senhor. Me faz sentir velho. Me chama de… sei lá… Carlos.
Ryker
Você vai ser ótimo nisso, Aryan. Vai dar tempo de sobra pra ficar me admirando da arquibancada.
Aryan
Quem disse que eu te admiro?
Ryker
Seus olhos disseram. Ontem. E hoje. E agora, inclusive.
Corei. Tentei disfarçar olhando pra planilha na prancheta como se ela estivesse escrita em elfico.
Durante o treino, Caleb quase me atropelou tentando pegar um rebote, Jasper tentou me ensinar a girar a bola no dedo (falhei miseravelmente), e Jonh me chamou de “nerdzinho bonitinho” e saiu andando como se não tivesse acabado de destruir minha estabilidade emocional.
Mas no fim, foi Riker quem ficou até depois do treino, me ajudando a guardar o material.
Aryan
Você não precisava ficar
falei, empilhando cones coloridos.
Ryker
Eu quis. Além disso… você é engraçado. Gosto disso.
ele respondeu, simples assim.
Aryan
Sério? Eu sempre achei que fosse só inconveniente.
Ryker
Inconveniente também. Mas de um jeito… legal.
Silêncio. E um silêncio esquisito. Daqueles que você sente o ar mudar. Daqueles que parecem pedir um beijo ou um surto.
Aryan
mas ainda tá muito cedo pra isso
ele continuou, pegando mais uma bola
Ryker
se quiser vim aqui no treino, mesmo sem castigo… você pode.
Aryan
Você tá me chamando pra ver você suar de novo?
Ryker
Tô te chamando pra ver se você continua tropeçando em mim ou começa a tropeçar… por mim.
Meu cérebro travou. Congelou. Deu tela azul.
ele disse, piscando pra mim antes de sair do ginásio.
E lá fiquei eu. No meio do chão do ginásio. Com cones espalhados e o coração fazendo slam dunk dentro do peito.
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