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Lorde Do Tempo

Prólogo — Lembrança

O gigantesco labirinto, um enigma mutante que parecia desafiar o tempo e a lógica, finalmente revelara seu fim. Mayla, uma jovem mulher de olhar determinado, estava diante de uma imponente porta de metal, que cedeu com um simples toque seu. O som agudo do metal rangendo ecoou pela caverna escura, quebrando o silêncio opressivo do lugar. Quando a porta finalmente se abriu, revelou uma escuridão que mais parecia uma vasta sala esperando para ser descoberta.

Subitamente, várias tochas acenderam-se como por mágica, banhando o local em uma luz oscilante e revelando a magnitude do espaço. Era uma sala monumental, tão grande que poderia facilmente acomodar mais de quinhentas pessoas. No centro, algo captou sua atenção, uma visão inesperada que fez seu coração acelerar de curiosidade e apreensão. Com passos cautelosos, ela se aproximou para confirmar o que seus olhos testemunhavam. Quanto mais se aproximava, mais claro ficava que sua mente não a estava pregando peças.

No centro da vasta sala, uma figura humana estava acorrentada ao teto e ao chão, completamente imobilizada. O corpo esguio do prisioneiro estava coberto por papéis adornados com símbolos estranhos, e um capuz obscurecia sua cabeça, escondendo suas feições. Aqueles mesmos símbolos estranhos estavam espalhados por todas as paredes e pelo chão da sala, como se formassem uma espécie de ritual místico, sugerindo que não eram meramente decorativos.

"Olá?" Mayla chamou, sua voz ecoando pelas paredes frias da caverna. "Você pode me ouvir?" O silêncio pesado foi a única resposta que recebeu, criando uma atmosfera ainda mais opressiva. Uma sensação de fraqueza começou a dominá-la, como se a própria sala drenasse sua energia vital. Apesar da dor de cabeça crescente, ela se aproximou, determinada a verificar o estado daquela figura enigmática. Com mãos trêmulas, Mayla começou a remover os papéis com símbolos que cobriam o rosto da pessoa e, em seguida, retirou o capuz que encobria sua cabeça.

"*****" A voz fraca do prisioneiro sussurrou palavras em uma língua desconhecida. Mayla franziu o cenho\, tentando decifrar o que ele dizia.

"Não entendo..." murmurou frustrada\, mas logo depois\, para sua surpresa\, ouviu palavras claras. "***** aqui..."

"Como você chegou aqui?" ela perguntou, a curiosidade e a confusão em sua voz. A situação era surreal, e ela mal podia acreditar que havia encontrado alguém naquele local desolado.

"Você não deveria estar aqui..." respondeu ele, a voz agora marcada por uma preocupação evidente enquanto piscava repetidamente, tentando recuperar a visão.

Com delicadeza, Mayla removeu o pano que cobria seus olhos. O que viu a deixou sem palavras por um momento. O jovem diante dela tinha uma beleza etérea: sua pele era pálida, os longos cabelos brancos caíam em cascata sobre os ombros, e seus olhos vermelhos brilhavam com uma intensidade quase sobrenatural. O olhar que ele lançou a ela era profundo, quase como se pudesse ver através de sua alma.

"Lindo," Mayla disse sem pensar, tentando aliviar a tensão com um sorriso. Para sua surpresa, ele retribuiu o sorriso, ainda que de forma tímida. "Então você sabe sorrir," ela provocou, achando graça em seu próprio comentário.

"Você é do tipo que gosta de brincar?" ele perguntou, um brilho curioso em seus olhos. "Eu conheço alguém que seria um ótimo amigo para você." Mas, em um instante, seu sorriso desapareceu, substituído por uma expressão de profunda compreensão e, talvez, resignação.

"Por que você está aqui?" Mayla insistiu, desejando entender mais sobre aquela situação bizarra.

Uma sombra passou pelo rosto do jovem enquanto ele murmurava, "Você acreditaria se eu dissesse que feri um deus?"

Mayla ficou surpresa, mas a sinceridade em sua voz era inegável. Havia algo de genuíno naquela confissão que a fazia acreditar nele, mesmo que fosse difícil de entender. Ela inclinou a cabeça, intrigada. "Como assim? Isso é sério? Espere um pouco! Deuses realmente existem?"

"Sim," ele respondeu, os olhos ardendo com uma verdade oculta. "Mas não estamos falando do mesmo deus. O deus que me aprisionou aqui é diferente do que você conhece..."

Machucar um deus... Mayla ponderou. Seria isso um crime tão grave a ponto de justificar essa prisão cruel? Quem quer que fosse esse deus, parecia mais um tirano do que uma divindade benevolente. Ela olhou para o jovem diante dela, avaliando suas palavras e sua aparência. Ele parecia apenas um belo e frágil jovem, incapaz de fazer mal a alguém sem motivo. Talvez sua percepção estivesse errada, mas algo em sua intuição lhe dizia que ele era inocente.

Determinada, Mayla aproximou-se das correntes que prendiam seus braços, agarrando-as com força. Elas não se moveram. Por mais que tentasse, era como se tentasse mover uma montanha.

"O que você está fazendo?" A voz do jovem soou surpresa, mas Mayla não tinha intenção de parar. Sentia uma compulsão de libertá-lo, como se essa fosse a única coisa certa a fazer.

"A resposta é simples, não é?" ela disse, respirando fundo. "Estou libertando você."

Os olhos vermelhos dele brilharam com uma mistura de esperança e desconfiança. "Não! Não faça isso. Você só sofrerá..." ele advertiu, a tristeza pesando em sua voz.

Mayla compreendia a relutância dele. Era evidente que ele não queria que ela se machucasse por causa dele. "Você feriu um deus? Então, você pode me proteger," ela declarou, com uma confiança que não sabia se sentia de verdade. Como a única pessoa adulta presente, Mayla precisava mostrar coragem, mesmo que fosse apenas uma fachada.

Ela tentou novamente remover as correntes, mas sem sucesso. Eram finas, porém seu peso era desproporcional, como se fossem feitas de algum material além da compreensão comum. "Por que essas correntes são tão fortes?" murmurou, mais para si mesma do que para ele, enquanto continuava a luta para libertá-lo.

"Precisamos quebrar o selo." Nesse momento, Mayla finalmente compreendeu. Ao remover a capa de sua cabeça, viu que ele estava coberto por inúmeros símbolos. Parecia não fazer sentido. Como alguns papéis poderiam tornar aquelas correntes tão pesadas? Mayla sabia que não era a pessoa mais inteligente, mas conseguia entender algumas coisas. Nada do que tinha visto até agora fazia sentido, então decidiu seguir suas instruções. Ao remover os papéis com símbolos das correntes, elas caíram como por mágica.

Neste ponto, Mayla já não se surpreendia facilmente. Aceitou que o mundo não funcionava como ela pensava. "Isso daria uma ótima piada. Lembre-se de pegar o contato do criador disso, vai ser útil..." Suas palavras saíram como um murmúrio, mas o garoto apenas se levantou.

Ele começou a esfregar os pulsos. Havia marcas deixadas pelas correntes, indicando que ele esteve ali por muito tempo. Ele parecia ter dificuldade em se manter de pé com aquele corpo frágil. Observando mais de perto, Mayla percebeu que sua pele estava pálida pela falta de luz solar. Ele parecia não estar se alimentando corretamente. Era evidente que seu corpo estava extremamente debilitado.

"Obrigado..." Suas poucas palavras carregavam tristeza, alegria, confusão e dúvida. Havia muitos sentimentos inexplicáveis, mas Mayla sabia o que eram.

Aproximou-se dele e o abraçou. Talvez estivesse agindo mais como uma mãe do que como uma mulher, cuidando de uma criança vulnerável. "Está tudo bem agora. Não precisa mais se preocupar." Sentia sua respiração tentando esconder as emoções, mas ele não conseguia ocultar tudo.

Mayla não tinha o direito de dizer aquelas palavras, mas estava ali. É papel dos adultos confortar as crianças. Ela não sabia quais conflitos ele enfrentou ou o que testemunhou, mas sabia que agora ele precisava de alguém. "Vamos, vou levá-lo para minha casa. Podemos conversar em um lugar confortável." Ela não sabia como sair daquele lugar, mas tinha confiança em suas palavras. Isso poderia ser visto como excesso de confiança.

"Ah, é mesmo, eu ainda não sei seu nome."

Ele se afastou. Após acariciar seu rosto, Mayla sentiu o olhar dele sobre ela. Sua presença não parecia mais tão cansada como antes. "Nome... Sim, meu nome... Meu nome é―"

Suas palavras foram interrompidas por um estrondo distante. Ambos se viraram para o som que ecoava pelas paredes da caverna. Os sentidos de Mayla se aguçaram ao máximo. De repente, o chão sob seus pés começou a tremer, como se a própria caverna estivesse viva e instável.

"Precisamos sair daqui, agora!" sua voz carregava um senso de urgência enquanto ele se levantava com um novo esforço.

Mayla concordou com um aceno de cabeça, o coração batendo rápido no peito. Ela olhou ao redor, procurando uma saída. As sombras das estalagmites criavam um labirinto desconcertante. Aquele tremor parecia presságio de algo muito pior, e a urgência na voz do garoto a fez sentir que não havia tempo a perder.

"Azrael!!"

Azrael abriu os olhos devagar, piscando para afastar o sono. Ele olhou para o teto por um momento, tentando entender se a voz que ouvia era real ou apenas um resquício de seus sonhos. Ao seguir a direção do som, seus olhos encontraram uma criança de cerca de seis anos ao seu lado.

Seu cabelo curto e preto contrastava com a pele clara, enquanto os grandes olhos violetas refletiam uma curiosidade infantil misturada com algo enigmático. Ela vestia um elegante vestido preto, adornado com rendas e pequenas rosas vermelhas, conferindo-lhe um ar gótico e misterioso. Suas mãos delicadas estavam cobertas por luvas de renda, e ela calçava meias arrastão com sapatos pretos de fivelas.

"Az!!" Ela chamou novamente, impaciente.

"Sim, sim. Já estou acordado." Azrael murmurou, tentando se levantar, mas a menina se jogou contra seu peito, empurrando-o de volta para o chão.

"Ela chegou," anunciou a pequena, sua voz suave soando reconfortante aos ouvidos de Azrael.

Essas palavras trouxeram de volta à mente de Azrael o problema que precisava resolver naquele dia. Ele deveria acolher a irmã de um amigo e ser responsável por seu treinamento durante um ano. Essa responsabilidade pesava sobre ele, mas Azrael não tinha intenção de ir buscá-la. A decisão havia sido tomada sem o seu consentimento, e ele planejava rejeitar qualquer tentativa de se aproximar da garota no futuro. Contudo, dadas as circunstâncias, não tinha como recusar o que já havia sido acordado.

"Noir, Alice sabe sobre mim?" perguntou Azrael, buscando confirmar uma suspeita.

Noir balançou a cabeça lentamente. Pelo que Azrael sabia, Alice havia chegado recentemente, e ele não tinha informado sua localização. Talvez pudesse desfrutar de um pouco de paz antes que ela descobrisse onde ele estava.

"Você não vai buscá-la?" A voz de Noir carregava uma preocupação sincera.

"Não pretendo fazer isso," respondeu Azrael sem hesitação.

Noir olhou para ele, um brilho de tristeza nos olhos violetas. "Eu queria saber sobre sua situação atual..."

Azrael passou a mão pelos cabelos de Noir, em um gesto carinhoso. "Não se preocupe, teremos um ano para descobrir isso."

"Se depender de você, isso não vai acontecer, vai?" Noir comentou, um sorriso amargo surgindo em seus lábios. Ela já conhecia bem Azrael e sabia qual seria sua resposta.

"Exatamente, mas eu não tenho voz nessa decisão. Tudo foi decidido sem meu consentimento," ele replicou, sua voz carregando uma nota de resignação.

Azrael olhou ao redor. Estavam no jardim de inverno, na parte de trás da mansão. Diversas flores floresciam ali, cada uma escolhida por uma pessoa especial para ele. Cada flor carregava um significado indescritível, talvez fosse por isso que Azrael se sentia em paz naquele lugar. Deitado à sombra das árvores, envolto pelo aroma das rosas, era difícil imaginar uma situação melhor.

"Az, estou com fome," Noir reclamou, quebrando o silêncio.

"Surpreendente como o assunto mudou de repente," Azrael comentou, observando Noir se levantar e caminhar em direção à saída do jardim de inverno.

"Não exagere," disse ela, enquanto se afastava.

"Entendido!" Azrael respondeu com um leve sorriso.

Enquanto Noir se afastava, Azrael voltou aos seus pensamentos. Talvez devesse descansar um pouco mais. Seus olhos começaram a se fechar lentamente, o sono voltando a tomar conta dele. Precisava dormir um pouco antes que Alice o encontrasse. Sabia que não demoraria muito... Zenith a contataria em breve.

O que o futuro reservava para ele? A pergunta pairava em sua mente, enquanto ele se deixava levar pelo sono novamente. No entanto, sua tranquilidade durou pouco. Noir retornou, e dessa vez não estava sozinha. Ao seu lado, estava uma figura que Azrael não via há anos, mas que jamais poderia esquecer. Os olhos dele encontraram os dela, e por um breve instante, Azrael foi transportado de volta para um passado distante...

Capítulo 1 — O Primeiro Encontro

A viagem para a cidade havia sido exaustiva, mas finalmente Eriel chegara ao seu destino em segurança. Ela não conseguia deixar de pensar no irmão, cuja insistência tinha sido o fator decisivo para que ela aceitasse aquela oportunidade. Ele era uma pessoa que nunca desistia de algo uma vez que tomava uma decisão. Isso a fazia querer entender melhor o que a esperava.

O objetivo era claro: treinar por um ano com o melhor membro da facção humana. Contudo, algo nesse arranjo a deixava intrigada. Em seus dezessete anos de vida, Eriel nunca tinha ouvido falar desse amigo da família. Se esse homem era tão importante, por que o irmão nunca havia mencionado seu nome? Esse mistério a deixava inquieta, misturando curiosidade com uma leve desconfiança. Poderia realmente confiar nesse desconhecido?

No entanto, Eriel tinha uma fé inabalável no irmão. Ele era sua rocha, sua base. Se não pudesse confiar nele, em quem mais poderia confiar? E, portanto, ela embarcou nessa jornada, na esperança de que esse amigo misterioso pudesse ajudá-la a despertar a habilidade que começava a se manifestar dentro dela.

Quando o avião pousou, Eriel sentiu uma mistura de excitação e nervosismo tomar conta dela. Era como dar um salto para o desconhecido, mas sabendo que algo a esperava do outro lado. Rapidamente, pegou sua bagagem e se dirigiu ao local combinado, onde a pessoa que a conduziria ao seu novo lar a aguardava.

Ele era um homem alto, vestido de forma elegante, com um semblante sério que não deixava transparecer nenhuma emoção. Seus olhos eram atentos, analisando cada movimento de Eriel como se buscasse avaliar sua determinação. Após se apresentar, ele, sem muitas palavras, a conduziu a um carro luxuoso, que a levaria até o local onde passaria os próximos doze meses.

Durante o trajeto, Eriel não conseguia conter a mente inquieta. As perguntas dançavam em sua cabeça, incessantes: "Quem será esse amigo da família? Por que meu irmão nunca mencionou seu nome antes?" Por mais que tentasse, não conseguia entender. Ainda assim, Eriel acreditava que as respostas não tardariam a chegar.

Enquanto o carro se aproximava da residência onde ela treinaria, a tensão em seu corpo aumentava. Ela sabia que em breve encontraria alguém com conhecimentos e habilidades muito além do comum. Isso a deixava ansiosa, mas ao mesmo tempo determinada a provar seu valor.

Observando a paisagem que passava pela janela, Eriel se perdeu em pensamentos. Vinda de uma casa isolada perto de uma floresta, o contraste com a cidade era impressionante. Os arranha-céus e o som constante do trânsito lhe traziam uma estranha sensação de excitação. Era um mundo novo, repleto de possibilidades, e Eriel estava pronta para explorá-lo.

Com o coração acelerado, ela se preparava para conhecer o homem misterioso que moldaria o próximo ano de sua vida.

Quando o carro parou diante de um grande portão, algo chamou a atenção de Eriel. As paredes ao redor tinham mais de 10 metros de altura, bloqueando completamente a visão do interior. Era claramente um local privado, de acesso restrito e altamente protegido. Após verificar a identidade de Eriel, o responsável pelo portão permitiu sua entrada.

O carro seguiu por um caminho sinuoso, cercado por uma paisagem exuberante. Árvores majestosas ladeavam a estrada, despertando a curiosidade de Eriel sobre a área de treinamento. Finalmente, chegaram a uma imponente mansão de quatro andares ou mais. A grandiosidade da arquitetura e a beleza natural ao redor criavam uma atmosfera encantadora. O lugar exalava respeito e mistério.

Ao entrar na casa, um dos empregados da mansão a recebeu e a conduziu pelo interior. Caminhando pelo hall principal, Eriel viu muitos empregados alinhados de forma ordenada. Cerca de 20 pessoas uniformizadas estavam presentes, algumas lançando olhares curiosos em sua direção, enquanto outras pareciam indiferentes à sua presença.

Quando Eriel se aproximou da escada que levava ao segundo andar, percebeu três figuras importantes aguardando sua chegada. A primeira a cumprimentá-la foi uma garota de aparência nobre, com longos cabelos negros e impressionantes olhos verdes. Ela usava um uniforme diferente dos outros empregados, com detalhes dourados que exalavam autoridade e respeito. Um pequeno pingente em seu peito chamou a atenção de Eriel. Nele, havia um design enigmático de runas e um dragão guardião.

Aquela insígnia despertou em Eriel uma sensação familiar. Parecia algo que ela já havia visto antes, mas não conseguia lembrar exatamente onde. O símbolo parecia carregar um significado oculto, esperando para ser desvendado.

“Bem-vinda! Sou Beherit, a criada pessoal do jovem mestre Azrael,” disse a garota com um sorriso caloroso.

Ao lado de Beherit, uma segunda garota sorriu ao ouvir a apresentação. Seus olhos brilhavam com gentileza e acessibilidade, e sua presença emanava uma sensação natural de conforto. Era evidente que sua personalidade era calorosa e amigável, fazendo com que Eriel se sentisse à vontade perto dela.

Essa segunda garota tinha longos cabelos vermelhos que lembravam o crepúsculo, aparentando ter pouco mais de quinze anos. Diferente de Beherit, ela vestia um simples vestido vermelho, adornado com bordados delicados de flores na cintura.

“Beherit, você deveria deixar a jovem senhorita Alice se apresentar primeiro,” repreendeu um mordomo de olhar afiado, interrompendo Beherit.

“Eu...,” Beherit começou a dizer, mas a garota de cabelos vermelhos a interrompeu.

“Está tudo bem, Malphas,” disse Alice suavemente, enquanto lançava um sorriso caloroso para Eriel, levantando levemente a barra do vestido em uma reverência. “Sou Alice, a segunda filha desta casa. Estarei cuidando de você daqui em diante, Eriel.” Alice fez uma pausa, suspirando com uma leve tristeza em sua voz. “Desculpe-me. Meu irmão não está aqui agora. Ele queria recebê-la, mas surgiu um assunto urgente.”

“Está tudo bem,” respondeu Eriel, compreendendo que imprevistos acontecem. Embora estivesse curiosa para conhecer seu novo professor, não sentia urgência. Havia bastante tempo para isso.

“Então, que tal um tour pela mansão? Acho que você vai gostar,” sugeriu Alice com entusiasmo, quebrando o silêncio. Parecia que ela gostava de proporcionar boas experiências aos visitantes.

Normalmente, Eriel preferia ficar quieta em seu quarto, mas a oportunidade de explorar aquele lugar despertou seu interesse. O ambiente ao seu redor estava repleto de segredos esperando para serem descobertos, e sua curiosidade estava em alta.

“Estou ansiosa,” respondeu com um sorriso sincero. Arrumar suas malas seria a atividade mais interessante do dia até então, mas conhecer a mansão parecia muito mais atraente.

“Ótimo! Beherit, pode preparar chá e alguns petiscos no jardim depois?” pediu Alice à empregada ao seu lado.

“Com certeza!” respondeu Beherit prontamente.

Alice conduziu Eriel para o segundo andar e avançaram por um corredor repleto de portas, cada uma com um nome escrito. No final do corredor, do lado direito, havia uma porta com o nome de Eriel. Quando Alice abriu a porta, revelou um quarto surpreendente.

O espaço parecia ser três vezes maior do que o quarto da casa anterior de Eriel. A cama era ampla e tudo estava perfeitamente arrumado. Eriel havia imaginado que talvez fosse necessário fazer alguns ajustes após a chegada, mas tudo parecia estar preparado de acordo com suas preferências.

“Seu irmão veio à mansão e explicou como deveria ser seu quarto… Gostou?” perguntou Alice, com os olhos brilhando de satisfação.

“Sim, está perfeito,” respondeu Eriel com sinceridade e gratidão. O ambiente simples e minimalista a acalmou. Havia uma televisão ao lado da janela, o que significava que ela poderia ficar no quarto por um tempo. Havia também um computador para estudo, tornando o espaço ideal e tranquilo como um refúgio.

“Que bom que gostou. Na verdade, foi fácil porque meu irmão pediu para deixar o quarto o mais minimalista possível,” revelou Alice, mencionando a colaboração de seu irmão.

Eriel sentia-se ainda mais grata. Se o quarto estivesse cheio de objetos, provavelmente teria se sentido um pouco desconfortável. Pensaria em agradecer ao seu irmão mais tarde.

“Bem… você pode explorar o quarto mais tarde. Vamos para o próximo andar?” sugeriu Alice, indicando que ainda havia mais para mostrar.

“Claro,” concordou Eriel imediatamente.

Após mostrar a área dos quartos, subiram para o terceiro andar. Lá, encontraram uma biblioteca impressionante. Era muito maior do que a biblioteca da cidade anterior de Eriel. Nunca imaginou que existisse uma biblioteca pessoal tão ampla.

“Aqui é a área que meu irmão criou para estudo. Ele adora ler sobre história e está sempre em busca de aprender coisas novas, por isso acumulou tantos livros,” explicou Alice com orgulho.

“Não pensei que houvesse tantos livros…” disse Eriel, encantada com o vasto acervo de conhecimento.

Alice não conseguiu esconder o sorriso ao ouvir as palavras de Eriel.

“Sinta-se à vontade para usar a biblioteca sempre que quiser. Você pode ir a qualquer lugar na mansão… apenas tenha cuidado com alguns livros que estão em outros idiomas,” alertou ela.

“Entendi…” respondeu Eriel, animada com a perspectiva de explorar esse tesouro literário. O terceiro andar estava completamente ocupado pela biblioteca. Ela se perguntava quantos livros havia ali.

“Então, vamos para o próximo lugar?” perguntou Alice, indicando que ainda havia mais para explorar.

Ao subir para o próximo andar, encontraram uma área de recreação repleta de jogos e brinquedos variados. Havia uma sala de cinema e um playground para crianças, tornando o espaço realmente divertido. Alice explicou que havia também um bar e mencionou que seu irmão costumava brincar ali quando era criança.

Após explorar o quarto andar, Alice levou Eriel para a área do telhado. Havia algumas cadeiras e mesas, um espaço destinado para descanso e banho de sol.

Voltaram para o hall principal e seguiram para a cozinha, onde Eriel foi apresentada a vários mordomos e empregados. Alice guiou-a por todas as áreas da mansão para que ela se acostumasse com o ambiente. Depois, foram para o jardim nos fundos da mansão, que tinha flores e árvores coloridas.

Alice decidiu ficar perto da piscina. Foram para uma área sombreada com algumas cadeiras e mesas, que era um local muito agradável. Sentaram a convite de Alice, e, com a brisa fresca, o ambiente estava ainda mais confortável. Com o doce aroma das flores, Eriel pensou que aquele lugar se tornaria um dos seus favoritos na mansão.

Beherit trouxe alguns doces e chá, e Eriel continuou conversando com Alice. Ela parecia empolgada com a ideia de que seu irmão estaria treinando alguém. Alice contou que, inicialmente, seu irmão não estava interessado em ser um tutor, mas acabou fazendo uma exceção ao pedido de Ethan.

Enquanto desfrutavam do chá, uma menina da mesma idade que Eriel se aproximou. Ela tinha cabelos loiros e olhos negros marcantes, e seu olhar intenso fazia com que seu rosto fosse inesquecível. Ela tinha uma postura nobre e esperava com dignidade, sem se aproximar demais, até que Alice fosse até ela.

“Finalmente chegou…” murmurou Alice, levantando-se. Então, dirigindo-se a Eriel, disse: “Tenho um pequeno compromisso. Você pode esperar um pouco?”

“Claro, não se preocupe. Não tenho planos de sair imediatamente…” respondeu Eriel educadamente.

Enquanto Alice se afastava, Eriel voltou a contemplar a beleza do jardim. A serenidade e satisfação que sentia ali a envolviam. O chá estava delicioso e os doces também. Estava certa de que passaria mais momentos agradáveis nesse lugar.

Após alguns minutos, Alice ainda não havia retornado. A brisa suave acariciava o rosto de Eriel, e ela estava aproveitando aquele ambiente tranquilo.

Ao refletir sobre tudo o que tinha visto até agora, percebeu que a mansão era mais do que apenas um lugar para viver. O terceiro andar estava repleto de jogos e diversão. A área da piscina era perfeita para relaxar e desfrutar das flores ao redor. E a biblioteca era um lugar acolhedor e agradável.

Enquanto observava o jardim, notou uma variedade de flores. Havia rosas, orquídeas, tulipas, hortênsias e outras que ela não conhecia. A curiosidade e o desejo de aprender mais sobre essas flores cresceram dentro dela.

Era evidente que alguém estava cuidando dessas flores com grande dedicação. Elas floresciam magnificamente, refletindo o esforço e o conhecimento necessários para mantê-las saudáveis e bonitas.

Enquanto estava imersa nesses pensamentos, uma sombra cruzou sua visão. Ao olhar para trás, viu uma pequena menina de pé.

Ela tinha cabelo preto curto com as pontas ligeiramente encaracoladas. Seus grandes olhos roxos eram impressionantes, e seu olhar expressivo e cativante tornava seu rosto inesquecível. Ela usava um vestido gótico elegante, preto com detalhes vermelhos e bordados de rosas na saia. As mangas eram fofas e o colarinho preto era marcante. Ela também usava meia-calça e sapatos pretos resistentes, além de luvas de renda preta.

Ela carregava muitos pacotes e sacolas de doces. No entanto, estava tendo dificuldades para segurar tudo e acabou deixando cair um dos doces. Tentava pegar o doce que havia caído com cuidado para não deixar cair os outros.

Eriel se aproximou da menina e pegou o doce que havia caído.

“Posso ajudar?” perguntou gentilmente, oferecendo o doce de volta.

“Eh?” A menina, surpresa, parecia não ter notado a presença de Eriel. Seus olhos roxos a encaravam e sua expressão confusa acentuava sua personalidade. Eriel se segurou para não sorrir.

“…Você pode me ajudar?” A voz suave e tranquila dela era como uma melodia feita para acalmar quem a ouvisse.

“Claro!” respondeu Eriel com um sorriso amigável. Pegou alguns dos doces dos braços da menina para aliviar o peso que ela carregava. Ela parecia grata pela ajuda, e seus olhos roxos observavam Eriel com curiosidade e surpresa.

Caminharam em direção à estufa, mantendo uma certa distância enquanto a menina a guiava. A menina ainda parecia um pouco confusa, e sua inocência estava mais evidente.

Ao entrar na estufa, Eriel percebeu uma mudança na temperatura em relação ao ambiente externo. O ar estava um pouco mais quente e úmido, ideal para as plantas que estavam sendo cultivadas ali. A menina levou Eriel até um local sob algumas flores que não precisavam de luz solar direta.

Enquanto observava a menina se mover com agilidade e graça, Eriel ficou impressionada com sua elegância. Ela parecia uma guardiã das flores ao seu redor.

“Estamos de volta,” disse a menina, apontando para um local específico na estufa. Eriel seguiu o olhar dela e encontrou um jovem homem perto de uma árvore, aparentemente em um sono tranquilo, como se tivesse caído em um sono silencioso por causa das palavras dela.

Quando se viraram na direção em que estavam indo, seus olhares se cruzaram. Nesse momento, algo aconteceu dentro de Eriel. Sentiu uma conexão familiar, como se os conhecessem de antes, e, apesar de nunca ter visto seu rosto antes, parecia que a conhecia.

Seu coração começou a bater rápido e uma confusão emocional tomou conta de Eriel. “Quem é esse homem?” “Por que nossa conexão parece tão forte?” Essas perguntas giravam em sua mente. Mas, antes que ela encontrasse uma resposta, a realidade a trouxe de volta.

Ficou parada por um momento, tentando processar a intensidade do momento. Era como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, deixando apenas ela e o homem. Seus pés queriam correr até ele, mas ela se controlou. Ainda não compreendia o que estava acontecendo e agir precipitadamente poderia causar ainda mais confusão. Respirou fundo e recuperou sua coragem e determinação. Ela precisava encontrar uma resposta, desvendar a verdade por trás desse encontro estranho e descobrir o significado dessa conexão inexplicável.

Capítulo 2 — Azrael

O cabelo castanho, levemente ondulado, cobria parte de seus olhos verdes penetrantes, que observavam a cena de maneira inexpressiva. Seus traços, marcados por uma beleza sombria, eram envoltos por uma aura de mistério. Ele dirigiu seu olhar para a pequena garota que havia se aproximado com os doces e, em seguida, voltou a atenção para Eriel.

“Vejo que você encontrou alguém enquanto fazia sua viagem até a cozinha…” A voz  era, calma e suave, carregava um tom enigmático, revelando uma leve curiosidade.

“Tive dificuldades em trazer tudo, então ela se ofereceu para me ajudar,” respondeu a jovem garota, com um sorriso gentil.

“Se ofereceu? Noir, você não deveria incomodar as pessoas.”

Ele acariciou delicadamente a cabeça da menina, transmitindo conforto e segurança à garota. Seu toque era suave e carinhoso, como se possuísse um talento natural para acalmar os outros.

A pequena, com os olhos marejados, parecia sentir-se culpada por algo. Ela lançou um olhar confuso para seu amigo e perguntou: “Fiz algo errado?”

Com um sorriso reconfortante, ele tentou acalmá-la. “Não, você não fez nada de errado. Eu só estou dizendo que... não é nada.”

Enquanto suspirava, os olhos dele se fixaram em Eriel. Ela sentiu um arrepio percorrer seu corpo, como se a intensidade do olhar a envolvesse. Havia algo mais naquele primeiro encontro, algo inexplicável e profundo.

A pequena, ao perceber a troca de olhares entre o garoto e Eriel, entregou um dos doces ao jovem, mostrando um pouco mais de animação. Um leve sorriso apareceu no rosto de Eriel ao recordar que foi ela quem o havia acordado.

“Quer sentar? Não é um espaço especialmente confortável para descansar, mas é agradável… tem um clima ótimo e é possível até mesmo dormir.”

Normalmente, Eriel não aceitaria uma oferta dessas, pois poderia estar interrompendo algo. No entanto, decidiu fazer uma exceção. Não tinha certeza sobre sua maneira de agir, mas, naquele momento, nada importante a aguardava.

“Eu aceito o seu convite,” respondeu Eriel. Ela se acomodou um pouco afastada, observando a pequena saborear seus doces. Uma sensação estranha tomou-a. Não conseguia entender exatamente o que estava acontecendo, mas observar os dois a fazia sentir uma tranquilidade inesperada. Era como se já tivesse vivenciado algo parecido antes, embora não conseguisse recordar desse momento.

“Então, você chegou hoje, certo?” indagou.

“Oh? Sim,” respondeu Eriel, surpreendida por falar algo, já que parecia indiferente à sua presença.

“Entendo, me perdoe por não te receber,” acrescentou.

Eriel não estava incomodada; ela imaginou que, ao dormir naquele local, ele estivesse provavelmente cansado. Não esperava que alguém interrompesse seu sono apenas para a receber. Na verdade, ela se sentiria incomodada com o contrário.

Foi então que Eriel lembrou de algo importante. “Eu ainda não me apresentei, certo?” disse, decidindo que era hora de se apresentar.

“Sou Eriel, e ficarei aqui por um ano,” completou.

“Sim, eu sei,” respondeu o jovem, demonstrando conhecimento sobre sua chegada à mansão. Não deveria ficar surpresa com suas palavras; afinal, era de conhecimento geral que ela viria.

“Bom, é um prazer. Eu me chamo A-”

Antes que pudesse concluir sua apresentação, a voz de Alice interrompeu a conversa. Noir, que até então estava concentrada em seus doces, desviou o olhar com desânimo na direção em que Alice apareceu. A garota passou por Eriel sem sequer a notar, focada em Noir e no jovem.

“Você chegou e não foi se apresentar. Você entende o quão rude isso é?” repreendeu Alice.

Ele permaneceu em silêncio, mas Eriel pôde perceber uma mudança repentina em seu olhar, indicando um certo irritamento.

“Devo lembrar quem manda aqui? Normalmente, poderia fazer isso se fosse um assunto do meu interesse... É assim que pensa?” rebateu, retirando gentilmente Noir de seu colo e se aproximando de Alice.

A tensão no ar era palpável, e Eriel se encontrava no meio daquela disputa silenciosa. Era evidente que havia algo além do que ela conhecia acontecendo entre eles, e estava prestes a descobrir o que estava por trás daquela aparente rivalidade.

A voz dele não emanava nenhum tom de ameaça, mas Alice deu de ombros por um momento, prestes a continuar sua repreensão. No entanto, o jovem colocou gentilmente os dedos nos lábios de Alice, sinalizando sua intenção de impedi-la de falar mais.

“Você não deveria falar mais do que o necessário…” disse, olhando em direção a Eriel. Alice seguiu seu olhar e finalmente notou a presença de Eriel.

“Estava prestes a me apresentar antes de você chegar...” Alice suspirou. Ela não parecia surpresa com as ações de Azrael e percebeu seu próprio erro.

“Me desculpe, Az. Não notei a situação...” lamentou Alice, um tanto desanimada.

“Bom, não tem importância,” respondeu, voltando ao seu lugar inicial e permitindo que Noir se sentasse em seu colo novamente. Era evidente que Noir não se importava com o que estava acontecendo ao seu redor.

“Como eu estava dizendo, eu sou Azrael...” começou Azrael, mas foi interrompido por uma lembrança repentina. “Isso me lembra... Onde está Zenith? Ela não avisou sobre minha volta?”

“Sim, mas você esqueceu de informar o local onde estaria, então passamos um tempo te procurando,” explicou Alice.

“Foi um erro meu, mas me deu a oportunidade de dormir um pouco,” respondeu Azrael com um sorriso fraco, como se suas palavras fossem uma piada. Ele era um pouco diferente do que Eriel havia imaginado. Seu irmão lhe contou que Azrael era habilidoso em diferentes estilos de luta e que sempre estava treinando durante a infância, o que levou Eriel a imaginar Azrael como alguém forte e imponente. No entanto, o que ela via agora era um jovem aparentemente comum.

“Devemos sair? Ou você ainda quer descansar?” perguntou Alice.

“Não é necessário. Já descansei o suficiente,” respondeu Azrael.

“Você deveria entrar e comer algo. Sua viagem foi cansativa, e eu imagino que comer doces não seja nutritivo,” sugeriu Alice.

Azrael, a pessoa que seria responsável pelo treinamento de Eriel, estava diante dos seus olhos. Ele era considerado o mais habilidoso na facção humana e agora seria seu novo professor.

“Verdade, amanhã começa o treinamento... Não ficaria entediado por um tempo, eu imagino...” refletiu Azrael, antecipando os desafios que teria pela frente.

Desde que ouviu falar de Azrael, Eriel sentiu que ele seria um homem cuja força seria evidente apenas de olhar para ele. Percebeu que ainda tinha muito a aprender e crescer. Ele era conhecido como o mais forte, e ainda não havia testemunhado sua verdadeira força.

Após a conversa, Eriel voltou para o seu quarto e decidiu arrumar suas malas antes do jantar. Seu treinamento só começaria no dia seguinte, então ela tinha algum tempo livre. Pensou em visitar a biblioteca, já que estava interessada, mas decidiu deixar isso para outro momento.

Depois de arrumar tudo, ela foi para o jardim. Seu objetivo era terminar o livro que estava lendo antes de chegar à mansão. A história não era tão interessante, mas o autor era bem conhecido e o livro era difícil de encontrar. Com a ajuda das conexões de seu irmão, conseguiu uma das poucas cópias disponíveis.

O jardim parecia um lugar tranquilo, mas para sua surpresa, Eriel notou uma pessoa lá. Era a mesma garota que tinha falado com Alice mais cedo. Zenith, se ela se lembrava corretamente.

Zenith segurava um arco e mirava em um alvo distante. Com precisão, ela disparou uma flecha, e mesmo à distância, Eriel pôde ouvir o som do impacto da flecha atingindo o alvo. A destreza com que Zenith manuseava o arco era impressionante, e a precisão de seus disparos parecia demonstrar um domínio absoluto sobre a arma. Eriel se sentiu intrigada com a habilidade da jovem e decidiu observá-la por mais um tempo, maravilhada pela tranquilidade e pelo foco com que Zenith praticava.

Decidida a não incomodá-la, Eriel começou a se afastar, mas notou que Zenith estava a observando. Zenith guardou seu arco em um suporte e se aproximou.

"Eriel, certo?" ela perguntou.

"Sim..." respondeu Eriel. Sua presença era um assunto conhecido, afinal.

"Ouvi dizer que Azrael será responsável pelo seu treinamento."

"Sim. Meu irmão disse que ele é o melhor usuário de habilidade nascente do mundo e que ele poderia me ajudar a descobrir a minha própria habilidade... Eu ainda não sei qual é."

Normalmente, Eriel consideraria esse assunto delicado, mas falou sobre isso com uma naturalidade que a surpreendeu um pouco.

"Eu entendo... Não sei se Azrael será capaz de ajudá-la. Isso depende apenas de você. Mas se você confiar nele, encontrará o conhecimento necessário."

Eriel sabia que quanto mais forte fosse uma habilidade nascente, mais difícil seria controlá-la. Portanto, acreditava que sua habilidade nascente deveria ser consideravelmente poderosa, já que ainda não a descobrira. Havia também uma pequena chance de não ter uma habilidade nascente. As chances eram menores do que as de uma pessoa ter duas habilidades nascentes, mas não eram impossíveis.

"Seu controle de mana é bom. Não consigo sentir sua mana, mesmo estando ao seu lado," disse Zenith, observando-a atentamente.

Eriel explicou a Zenith que já havia recebido treinamento sobre o controle da sua mana e que seu irmão, Ethan, havia sido seu mentor. Zenith pareceu surpresa com isso.

"Com seu irmão, você quer dizer Ethan?" ela perguntou.

"Sim. Você o conhece?" indagou Eriel.

Zenith sorriu em resposta. "Bom, ele é o líder da facção humana; seria difícil não conhecê-lo. Posso dizer que ele tem algumas relações com essa família..."

Houve uma breve pausa antes que Eriel continuasse. "Mesmo com essas relações, eu nunca ouvi falar sobre vocês até o momento em que fui enviada para cá."

Zenith inclinou a cabeça levemente para o lado.

"Oh? Talvez ele tenha apenas se esquecido de mencionar?" sugeriu Zenith. Sabia que Ethan, às vezes, era um pouco distraído. Exceto quando se tratava de assuntos relacionados à facção.

"Sim, talvez seja isso. Eu também prefiro pensar assim," respondeu Eriel.

"Observe pelo lado bom, Azrael é um ótimo treinador, e você está em boas mãos," ela acrescentou antes de voltar para pegar seu arco e se preparar para sair do local.

"Você parece ter confiança nas habilidades dele," comentou Eriel.

Zenith parou de caminhar e, de costas para Eriel, respondeu: "Ele treinou apenas algumas pessoas, mas todas elas se tornaram extremamente fortes. Você pode confiar. Eu sou uma delas."

Em seguida, Zenith colocou uma flecha em seu arco e, sem olhar para Eriel ou para o alvo, disparou.

Bum!

A flecha atingiu o alvo com precisão.

"Não se preocupe, ele é um bom professor. Eu posso acertar qualquer alvo, não importa a distância, graças ao seu treinamento. Isso não tem nada a ver com a minha habilidade nascente," afirmou Zenith.

Eriel ficou sem palavras, apenas observando Zenith sair do local. Ela já havia ouvido muito sobre as habilidades de Azrael, mas sempre achou que fossem apenas rumores. Mesmo depois de demonstrar um pouco de confiança em suas habilidades, nunca imaginou que ele pudesse ser alguém tão poderoso como diziam os boatos.

"Pensei que minha forma de pensar estivesse limitada... Será que me enganei? Talvez as habilidades de Azrael não sejam apenas rumores," refletiu em silêncio.

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