Prólogo – O Início do Pesadelo
Naquela noite, eu não fazia ideia de quão sombrio eu havia me tornado.
Pois ali, naquele instante, naquele lugar...
Eu teria mesmo cometido algo tão terrível?
Tudo isso foi consequência das minhas decisões?
Era isso que eu realmente desejava?
E o mais assustador: por que eu me sentia... bem?
Essa história se passa em um vilarejo esquecido do vasto reino de Arcóvia.
Erick Oltz era um jovem simples, criado apenas pelo avô. Viviam sozinhos, isolados, numa casa de madeira próxima à floresta. Erick o ajudava como podia, mas tudo o que recebia em troca era desprezo. O velho jamais se contentava com nada.
“Você não serve nem pra ser lenhador”, dizia com raiva. “Inútil como sempre.”
E assim, o tempo foi passando. Erick cresceu, calado, sufocado por uma mistura de tristeza e raiva. Cada dia alimentava dentro de si um ódio surdo, uma vontade crescente de fugir dali, de nunca mais olhar para aquele rosto cansado e cruel.
Certa noite, algo estranho aconteceu.
Ele sonhou com o rosto de sua mãe. Era suave, familiar, mas distante como uma lembrança há muito apagada. No dia seguinte, ainda perturbado pelo sonho, decidiu confrontar o avô.
— Vô... — disse, hesitante — sonhei com ela... com a minha mãe. O que aconteceu com ela?
O velho o olhou com um misto de dor e fúria.
— O que tu quer saber disso agora? — rosnou. — Já não basta tudo o que tu me fez passar com a perda dela?
Erick ficou em choque. O que eu fiz? — pensou. — Como assim, o que eu fiz?
Sem entender, saiu da casa, confuso, e decidiu ir até a floresta buscar lenha para se acalmar. A madeira precisava ser estocada antes da chegada do inverno.
Ao retornar, a casa estava em silêncio. Um silêncio estranho. Ao entrar, Erick viu seu avô caído no chão.
O desespero o tomou. Correu até ele, tentou acordá-lo, gritou, sacudiu seus ombros. Nada.
Colocou o velho na cama e verificou os batimentos. Sua pele estava fria. Seu peito, imóvel.
Ele estava morto.
Erick ficou paralisado. Tentou de tudo, implorou por um sinal de vida, mas tudo foi em vão. Ao fim, cobriu o corpo com um lençol e o deixou descansar.
Naquela mesma noite, o sono veio pesado. E com ele, um novo sonho.
Duas figuras. Dois rostos.
Rostos que ele não reconhecia.
Eles estavam em um lugar estranho, antigo, coberto por sombras. Nenhum som, apenas a sensação de que algo estava para começar.
Quando acordou, Erick estava suado, tonto e com o coração disparado. Tentou se convencer de que era apenas um pesadelo. Um delírio causado pelo luto, pelo cansaço, pela dor.
Mas o que ele não sabia...
É que o verdadeiro pesadelo tinha começado ali.
Naquela noite.
Naquele instante.
...Após a morte do seu avô, Erick que já questionava o porquê dos sonhos, e decide ir falar com a sua amiga Agnes para tentar entender isso com ela....
Criada numa família pobre e vista por maus olhos no vilarejo, Agnes era a filha única de Ivan e Olga dois camponeses que por não terem o conhecimento do uso de armas, eram dados como inúteis, além de fracos, eram camponeses que não conseguiam ter uma boa colheita, assim não tendo um bom estoque de comida.
Agnes sempre foi pró-ativa, esperta e corajosa, quando era pequena se aventurava com Erick na floresta, assim ela teve um bom contato com arcos e espadas e isso trouxe uma facilidade no manejo de qualquer arma.
Agnes e Erick sempre foram muito amigos desde infância, sempre o ajudou, protegeu até mesmo acolheu por um certo tempo, com isso veio a enorme consideração que ambos tiveram um com o outro.
Após um tempo Erick encontra Agnes e fala sobre os seus sonhos
— Você não acha estranho isso? Logo após a morte do meu avô isso começar a aparecer? — disse Erick, olhando para o chão, com a voz carregada de inquietação.
— Pode ser que exista alguma ligação... Mas como você vai resolver isso? — respondeu Agnes, arqueando uma sobrancelha. Ela cruzou os braços e encostou-se a uma árvore próxima. Os olhos castanhos pareciam mais atentos do que o normal.
— Não faço ideia... Mas eu preciso fazer algo para parar com isso. Esses sonhos não são normais. Tem sangue, uma igreja queimada, e vozes... vozes que me chamam pelo nome. — Erick levou a mão à cabeça, pressionando as têmporas.
Agnes ficou em silêncio por alguns segundos. Ela observava o amigo com preocupação. Os olhos dele estavam fundos, com marcas de noites mal dormidas.
— Seu avô... ele era devoto, não era? Sempre ia à capela, falava de anjos e de sinais, essas coisas.
— Sim. Ele dizia que algumas pessoas nascem marcadas por Deus... mas também dizia que o inimigo sempre sabe quem você é antes de você saber. Eu achava que era só loucura de velho.
— Talvez não seja — disse Agnes, se aproximando. — Talvez... você tenha herdado mais do que os livros dele. Talvez esse “dom” ou maldição venha de sangue.
— Eu achei um símbolo nos papéis que ele deixou. Parecia um olho com três cruzes dentro. Quando toquei, tive um vislumbre — uma mulher de branco, com olhos vazios, chorando sangue.
Agnes sentiu um arrepio subir pela espinha.
— Isso parece coisa de seita antiga. Ou coisa da igreja... daquelas que foram apagadas da história.
— Eu pensei o mesmo. Por isso vim até você.
— Erick, se há algo real nisso, a floresta talvez guarde alguma pista. Lembra da caverna atrás da colina dos pinheiros? Aquela que a gente achou quando tinha dez anos?
— Lembro... seu pai proibiu a gente de voltar lá.
— Pois é. Ele disse que “coisas impuras se escondem onde o homem esqueceu de rezar”. Aquilo nunca me saiu da cabeça.
Erick respirou fundo, e pela primeira vez em dias, sentiu o peito se aliviar um pouco.
— Você viria comigo?
Agnes sorriu, mas havia algo sombrio em seus olhos.
— Sempre. Até o fim.
Eles partiram ao entardecer, levando apenas uma tocha, uma adaga e os papéis antigos deixados pelo avô. A floresta parecia mais silenciosa do que o normal, como se até os animais soubessem que algo se aproximava.
Ao longe, as nuvens tomavam a forma de asas. E o sino da capela, que estava quebrado há anos, tocou sozinho pela primeira vez.
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Capítulo 2 – A Voz na Caverna
A floresta parecia viva. Cada passo que Erick e Agnes davam pela trilha antiga fazia as folhas suspirarem, como se respirassem em uníssono. O ar estava mais denso, e o céu, antes dourado pelo entardecer, agora escurecia com nuvens pesadas.
— Não me lembro dela ser tão silenciosa — sussurrou Agnes, com a mão no cabo da adaga.
— Nem eu. Parece que até os pássaros foram embora — respondeu Erick.
Chegaram à entrada da caverna. Coberta por trepadeiras e raízes grossas, a abertura era estreita, como uma ferida antiga na pedra. Eles retiraram os galhos com cuidado, revelando o símbolo que Erick havia visto em sonho: o olho com as três cruzes.
Agnes engoliu seco.
— Isso está esculpido. E é antigo… muito mais do que a gente imaginava.
Erick tirou do bolso uma folha amarelada com o mesmo símbolo desenhado à mão. No verso, uma anotação escrita pela letra trêmula do avô:
> "A verdade repousa onde a fé foi silenciada."
— O que será que ele quis dizer com isso? — perguntou Erick.
— Talvez... que aquilo que a Igreja não quis aceitar foi enterrado aqui — disse Agnes, acendendo a tocha. — Vamos.
Eles entraram, e o ar mudou. Era frio, úmido, e carregava um cheiro de incenso antigo misturado com ferro. Mais adiante, a caverna se alargava, formando uma câmara circular. Nas paredes, afrescos apagados mostravam imagens de anjos com rostos cobertos, demônios chorando diante de um altar, e um homem de túnica branca enfrentando uma criatura feita de sombras.
— Isso é cristão? — perguntou Erick, tocando um dos murais.
— Não do jeito que a gente conhece — respondeu Agnes. — Parece uma mistura. Cristianismo, gnosticismo... e algo mais antigo.
No centro da sala, havia uma mesa de pedra com uma cruz quebrada sobre ela. Quando Erick se aproximou, ouviu um sussurro.
— Benedictus... Benedictus...
Ele congelou. Agnes não ouviu nada.
— O quê? — perguntou.
— Minha cabeça… ouvi alguém me chamar de “Benedictus” — respondeu ele, com os olhos arregalados. — Era a mesma voz dos sonhos.
Agnes se aproximou da mesa. Debaixo da cruz, havia um compartimento de pedra. Eles abriram juntos, revelando um livro com capa de couro marcado pelo mesmo símbolo.
Erick tocou a capa — e o chão tremeu.
De dentro da parede, um lamento ecoou, como se uma alma esquecida tivesse sido acordada. A tocha oscilou, e as sombras ganharam forma. Por um instante, uma figura encapuzada apareceu ao fundo da câmara. Seu rosto estava coberto, mas os olhos brilhavam em vermelho.
— Acordaram aquilo que dormia — sussurrou a voz, agora ouvida por ambos.
Agnes segurou o braço de Erick com força.
— Isso… não é só sobre o seu avô. É sobre você.
Erick abriu o livro. Na primeira página, escrito em sangue seco:
> "O herdeiro da promessa deve escolher entre a fé e o fogo."
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