Erick acorda, cercado por várias mulheres que dormem ao seu lado, a ressaca pesada da noite anterior pesando sobre seus ombros. Com um suspiro, ele pega uma quantidade de dinheiro da mesa de cabeceira e joga sobre a cama antes de se vestir rapidamente. Ele precisa sair antes que alguém acorde e descubra o caos que deixou para trás.
Ele vai até a sala, onde encontra Derick também se vestindo. Os dois se olham e soltam um sorriso cúmplice. Sem trocar muitas palavras, eles saem e entram no carro, rumando para casa.
Enquanto dirigem, Derick quebra o silêncio.
— Papai e mamãe não podem saber disso. Você sabe que vai se casar, e não pode ficar traindo sua futura esposa.
Erick dá uma risada debochada.
— Esse maldito casamento… Você só fala isso porque não é você quem está passando por isso. Eu mal conheço essa garota. Lembra dela? Nós só a vimos quando éramos crianças.
Derick sorri, um brilho de nostalgia nos olhos.
— Sim, ela era uma menina linda.
Erick fecha a cara e lança um olhar irritado para o irmão.
— Cala a boca, Derick.
Ambos se olham e riem. Erick sacode a cabeça, ainda irritado, mas também divertido pela situação. Eles continuam sua viagem, conversando sobre o que aconteceu na noite anterior e se preparando para o que virá com a iminente reunião familiar e o casamento arranjado.
Cena
Erick e Derick chegam em casa, tentando evitar que sejam vistos. Eles entram na mansão, tentando passar despercebidos. No entanto, antes que possam se esconder ou pensar em uma desculpa, Naby aparece no corredor, com uma expressão furiosa no rosto.
— Onde vocês estavam? — Naby pergunta, sua voz carregada de frustração e preocupação.
Erick e Derick se entreolham, claramente surpresos por terem sido pegos. Erick tenta encontrar uma resposta convincente, mas é Derick quem toma a frente.
— Mãe, nós só estávamos… — Derick começa, mas Naby o interrompe com um olhar severo.
— Não me diga que estavam em mais uma das suas farra. Já sabemos que vocês têm uma vida cheia de aventuras, mas o que eu não posso tolerar é que vocês estejam tão desrespeitosos e fora de controle.
Erick tenta desviar o olhar, sentindo-se envergonhado.
— Desculpe, mãe. Eu só… precisava de um pouco de diversão. Não queríamos preocupar você.
Naby cruza os braços, mantendo o olhar firme sobre os filhos.
— Não se trata apenas de diversão, Erick. Você tem responsabilidades, especialmente agora que o casamento está se aproximando. Não posso permitir que continue agindo assim. O que eu espero de vocês é que sejam responsáveis e ajam de acordo com o que é esperado de vocês como futuros líderes da máfia.
Derick, percebendo a gravidade da situação, tenta suavizar o clima.
— Vamos ser mais cuidadosos, mãe. Prometemos.
Naby suspira, tentando controlar sua frustração.
— Espero que sim. E lembrem-se, sempre que saírem, não se esqueçam das consequências e do que vocês têm a perder.
Com isso, Naby se afasta, deixando Erick e Derick na entrada, refletindo sobre a seriedade da conversa. Eles se dirigem para seus quartos, a tensão do confronto ainda pairando no ar.
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No Brasil, a noite cai sobre a casa de Souza, e a mansão está silenciosa. Dentro do quarto de Eduarda, ela está se preparando para uma escapada clandestina. Com cuidado, ela abre a janela e se esgueira para fora, se certificando de não fazer barulho.
Ela desce pelo jardim, vestida de maneira a atrair olhares na balada, e rapidamente se dirige para a rua. O sentimento de liberdade a faz sentir uma emoção que há muito não experimentava.
Eduarda, olhando para trás para se certificar de que não foi vista, corre em direção ao carro que a aguardava na esquina. Assim que entra no veículo, o motorista a leva rapidamente para a balada.
No local, a música alta e as luzes brilhantes criam uma atmosfera vibrante. Eduarda mergulha no ambiente com um sorriso no rosto, esquecendo por um tempo a rigidez de sua vida cotidiana. Ela se entrega à diversão, dançando e socializando com os outros frequentadores.
Enquanto isso, seus pais, Souza e Amélia, estão na sala de estar da mansão, conversando sobre os preparativos do casamento e a futura integração de Eduarda na família russa. Souza se mostra preocupado com a recente rebeldia da filha.
— Amélia, você viu Eduarda? — Souza pergunta, seu tom demonstrando apreensão.
Amélia, com um olhar preocupado, responde:
— Não, ela não está aqui. E, para ser honesta, estou começando a me preocupar com as constantes fugas dela. Acho que ela não está feliz com a situação.
Souza franze a testa, demonstrando desconforto.
— Eu também tenho essa sensação. Mas o que podemos fazer? Precisamos que ela se comprometa com o que foi acordado, especialmente com o casamento com Erick.
Enquanto isso, na balada, Eduarda continua se divertindo, sentindo uma sensação de rebeldia e liberdade que contrasta fortemente com as expectativas que sua família tem para ela. Ela dança com um grupo de amigos, alheia ao fato de que seus pais estão cada vez mais preocupados com sua ausência.
Horas depois, quando a festa chega ao fim e Eduarda decide voltar para casa, ela se sente misturada entre a alegria da noite e a inquietação sobre o futuro que a espera. Ela sabe que, em breve, terá que enfrentar as consequências de suas ações e lidar com as expectativas de seus pais, o que adiciona uma camada de ansiedade ao que deveria ser apenas uma noite de diversão.
Eduarda estava de volta à mansão, subindo cuidadosamente pela janela do seu quarto, tentando evitar ser vista. Quando estava quase lá, uma mão forte agarrou seu braço, fazendo-a parar abruptamente.
— O que está fazendo aqui, princesa? — perguntou Nego, um homem que trabalhava para o pai de Eduarda na loja de drogas. Ele estava ali para manter a segurança e controlar os acessos.
Eduarda se virou, tentando disfarçar o susto. O olhar de Nego era de interesse e algo mais pessoal. Ela tentou se desvencilhar, mas ele segurou seu braço com firmeza.
— Deixe-me ir, Nego — ela disse, sua voz carregada de frustração. — Eu preciso entrar.
Nego a puxou para mais perto, seu tom era suave, mas possessivo.
— Não é assim que você deve tratar alguém que se preocupa com você — ele murmurou. — Você não pode ficar fugindo assim, Eduarda. Isso não é bom para você.
Eduarda tentou afastá-lo, mas a proximidade só aumentava sua raiva e confusão. Lembrou-se dos momentos que passaram juntos, dos beijos e quase algo mais, mas a promessa de manter-se pura até o casamento a fez recuar. Sua vida estava cheia de regras e expectativas que a sufocavam.
— Eu não posso continuar assim — ela gritou baixo, sentindo lágrimas de raiva e frustração começarem a se formar. — Tenho que me casar com um homem que mal conheço e viver uma vida que não escolhi.
Nego, percebendo o desespero dela, soltou seu braço com um suspiro.
— Eu entendo, Eduarda. Mas você não pode deixar a raiva controlar suas decisões. O que você quer fazer agora?
Eduarda olhou para ele, com uma mistura de dor e determinação.
— Não sei o que fazer. Só quero ser livre das amarras que meus pais colocaram em mim. Mas parece que cada vez que tento algo, encontro mais obstáculos.
Nego a observou com compreensão, mas também com um olhar que indicava que ele não podia fazer nada além de ouvir.
— Vá para a cama, Eduarda. Não quero que se meta em mais problemas. E lembre-se, há sempre um caminho para a liberdade, mesmo que seja difícil encontrá-lo.
Eduarda, ainda com raiva e desiludida, subiu pela janela e entrou no quarto. Fechou a janela atrás de si e se deixou cair na cama, olhando para o teto com pensamentos turbulentos. Sabia que precisava encontrar uma forma de lidar com o destino imposto a ela e que a luta para encontrar sua própria liberdade estava apenas começando.
Cena
A luz da manhã entrava suavemente pelas cortinas do quarto de Eduarda, mas a tranquilidade foi interrompida quando sua mãe, Amélia, abriu a porta de repente. Ela entrou apressada, com o rosto preocupado, acordando Eduarda de seu sono inquieto.
— Eduarda! — Amélia chamou, sua voz baixa, mas cheia de urgência. — Acorde!
Eduarda abriu os olhos lentamente, o coração acelerando ao lembrar-se da noite anterior. Tentou se sentar, mas sua mãe já estava ao lado da cama, com uma expressão grave no rosto.
— Onde você foi ontem à noite? — Amélia perguntou, cruzando os braços. — Se seu pai souber o que você fez, ele vai ficar furioso! Você sabe o quanto ele é rígido com essas coisas.
Eduarda se sentou, esfregando os olhos, tentando pensar em uma desculpa ou uma forma de evitar o confronto.
— Mãe, eu só... — começou, mas Amélia a interrompeu.
— Não venha com desculpas. Sei que você não estava aqui e que fugiu pela janela. Já te avisei que isso não pode continuar! — Amélia suspirou, sentando-se na beira da cama. — Filha, você sabe como seu pai é. Você tem responsabilidades... o acordo com Erick, o casamento... Não pode ficar saindo assim, ainda mais para esses lugares perigosos.
Eduarda bufou, irritada, jogando o cobertor para o lado e se levantando da cama.
— Eu não aguento mais ouvir sobre esse casamento! — ela explodiu, andando pelo quarto. — Eu nem conheço o Erick! Não quero passar o resto da minha vida presa a um destino que eu não escolhi, com alguém que não faz sentido para mim!
Amélia suspirou profundamente, com um olhar de tristeza e compreensão, mas também de resignação.
— Eu entendo, Eduarda. De verdade. Mas essa é a nossa vida. Há expectativas que precisamos cumprir, e a sua segurança está em jogo. Seu pai só quer protegê-la, e esse casamento é parte disso.
— Proteger-me? — Eduarda riu, mas sem humor. — Ele quer me prender, isso sim! Eu não sou uma peça de xadrez, mãe. Quero viver minha vida, fazer minhas próprias escolhas. Não quero ser lembrada como a "esposa do Erick"!
Amélia se levantou e se aproximou da filha, tocando seu rosto com suavidade.
— Eu sei que é difícil, minha querida. Mas as coisas não são tão simples. O mundo que vivemos é perigoso. Fazer parte dessa família tem seu preço. Só peço que pense bem antes de agir. Fique longe de problemas, por favor.
Eduarda mordeu os lábios, ainda com raiva, mas viu o quanto sua mãe estava preocupada. Ela assentiu lentamente, sem dizer mais nada.
— Tudo bem, mãe. Eu vou tentar.
Amélia sorriu com alívio, embora soubesse que o coração de Eduarda ainda estava inquieto. Ela se inclinou para beijar a testa da filha antes de sair do quarto.
— Desça para o café, está na hora — disse Amélia, enquanto se dirigia à porta. — E por favor, Eduarda, tente não dar mais motivos para seu pai desconfiar.
Eduarda suspirou profundamente, olhando para o reflexo no espelho, perdida em seus próprios pensamentos. Ela sabia que essa luta interna estava longe de acabar.
Eduarda19 anos
Cena
Eduarda estava sentada à mesa, tomando café com sua mãe, quando Souza entrou na sala com um sorriso radiante. Ele parecia animado, mas isso apenas fez Eduarda se sentir mais ansiosa.
— Bom dia, filha! — Souza exclamou, sua alegria evidente. — Tenho novidades para você!
Eduarda tentou forçar um sorriso, esperando que as notícias fossem boas. No entanto, a expectativa rapidamente se desfez quando Souza continuou.
— A família Calmore vai dar uma festa de noivado! — anunciou Souza, como se fosse a melhor notícia do mundo.
O sorriso de Eduarda desapareceu instantaneamente. Ela tentou esconder seu desapontamento, mas a frustração era evidente em seu rosto.
— Festa de noivado? — repetiu ela, sua voz carregada de desânimo. — Pai, eu não quero ir para a Polônia ainda. Falta muito para eu me casar. Eu não estou pronta para isso.
Souza franziu a testa, seu tom mudando para um mais sério e autoritário.
— Eduarda, você não tem escolha. A festa é um evento importante para as famílias, e você deve comparecer. — Ele respirou fundo, tentando manter a calma. — Vamos para a Polônia para a festa de noivado e, depois, seu futuro marido virá para o Brasil para conhecer nosso mundo aqui no morro. Em seguida, ele voltará para a Polônia.
Eduarda levantou-se, seus olhos ardendo de frustração.
— Mas eu não quero isso! — ela exclamou. — Eu quero viver minha vida do meu jeito, não ser uma peça no tabuleiro dos negócios da nossa família. Eu nem conheço esse Erick direito!
Souza se aproximou, seu rosto mostrando uma mistura de preocupação e irritação.
— Eduarda, você precisa entender que isso é parte do nosso mundo. Há acordos, compromissos, e todos nós temos papéis a cumprir. Não é sobre o que você quer agora, mas sobre o que é necessário para a nossa segurança e para a nossa posição. — Ele falou com firmeza, mas também com uma pitada de pena. — Eu quero o melhor para você, mas às vezes precisamos fazer sacrifícios.
Eduarda olhou para seu pai, seu coração pesado com a sensação de falta de controle sobre seu próprio destino. Ela sabia que estava lutando contra algo maior do que ela, mas a frustração ainda a consumia.
— Então, o que mais eu posso fazer? — ela murmurou, derrotada. — Só... me deixe lidar com isso à minha maneira. Eu não vou mudar o que você já decidiu, mas só peço um pouco de compreensão.
Souza suspirou, compreendendo a dor da filha, mas mantendo sua posição.
— Eu entendo que é difícil, filha. Vamos tentar fazer isso o mais tranquilo possível para você. Mas lembre-se, isso é importante. Se fizer tudo direitinho, talvez encontre um jeito de fazer isso funcionar.
Eduarda assentiu lentamente, seu olhar distante. Ela sabia que não tinha muito controle, mas ainda se apegava à esperança de encontrar alguma forma de fazer sua própria marca no mundo.
— Vou tentar, pai — respondeu ela, mais para si mesma do que para ele.
Com isso, Souza se retirou, deixando Eduarda com seus pensamentos, sentada na mesa de café, tentando processar tudo o que estava por vir.
Cena
Eduarda, ainda irritada com a notícia da festa de noivado e sua iminente viagem para a Polônia, tentou desviar o pensamento para algo mais leve. Enquanto tomava um gole de café, ela não pôde deixar de rir ao imaginar a cena.
— Mãe, você já pensou como um metido e mimado como o Erick vai se sair aqui no morro? — ela perguntou, rindo ao imaginar a situação. — Vai ser hilário ver um garoto de uma mansão polonesa tentando se adaptar ao nosso mundo.
Sua mãe, Amélia, olhou para ela com um sorriso compreensivo, embora também houvesse uma pitada de preocupação em seu olhar.
— Filha, Erick pode parecer mimado, mas ele cresceu nesse mundo da máfia na Polônia. — Amélia respondeu, tentando acalmar a filha. — Nada do que ele vê aqui vai assustá-lo. Ele está acostumado com desafios e com a vida que leva.
Eduarda continuou a rir, apesar de um fundo de ansiedade ainda a incomodar.
— Bem, se ele consegue lidar com a máfia polonesa, talvez consiga lidar com um pouco de caos no morro. — Ela tentou fazer uma piada, mas sua voz ainda tinha um tom de frustração. — Só espero que ele seja mais do que apenas uma cara bonito e mimado.
Amélia deu um leve sorriso e deu um tapinha no ombro da filha.
— Só tente dar uma chance, Eduarda. Às vezes, as pessoas não são tão diferentes quanto imaginamos. E lembre-se, esse casamento é importante para nós. Vamos fazer o melhor para tornar tudo o mais tranquilo possível.
Eduarda respirou fundo, tentando engolir sua frustração.
— Certo, mãe. Eu vou tentar. — Ela disse, com um tom mais resignado.
Com isso, as duas continuaram a conversar, tentando tirar o melhor proveito da situação enquanto se preparavam para o que estava por vir.
Erick, ainda de ressaca da noite anterior, entrou no escritório encontrando seu pai, Niki, e seu irmão, Derick. O ambiente estava carregado, e a expressão de Niki era de clara irritação.
— Sentem-se agora. — Niki disse, com uma voz firme que não deixava espaço para contestação. — Vocês acham que podem me enganar? Farreando com mulheres e amigos enquanto eu estou fora? Sou o dom e ninguém faz nada por trás dos meus olhos.
Erick e Derick se acomodaram nas cadeiras diante da mesa de Niki, ambos com expressões de surpresa e desconforto.
— O que você está fazendo não está certo, Erick. — Niki continuou, seu olhar fixo no filho mais velho. — Daremos uma festa de noivado para você e para Eduarda. Eles virão para a Polônia para festejar o noivado e, quando retornarem para o Brasil, você irá com eles. Você vai conhecer um pouco do mundo dela e se aproximar de sua futura esposa.
Erick, que já estava de mau humor, se levantou abruptamente.
— Isso é absurdo, pai! Eu mal conheço essa garota. — Ele protestou. — E agora você quer que eu vá para o Brasil e faça tudo isso? É um casamento arranjado e eu nem tive a chance de me conhecer direito com ela!
Derick, ao lado, não conseguiu esconder um sorriso divertido ao ver a frustração do irmão, mas tentou manter a compostura. Niki, percebendo a atitude, virou-se para Derick.
— E você, Derick? Não acha que está na hora de você também pensar em seu futuro? — Niki perguntou, com uma expressão mais relaxada, embora ainda séria.
Derick sorriu, um brilho travesso em seus olhos.
— Ah, claro, pai. — Ele respondeu, sem esconder o sorriso. — Só estou esperando o momento certo para encontrar a pessoa certa.
Niki fez um gesto para que ambos se levantassem e se aproximassem.
— Erick, você vai fazer isso porque é o que precisa ser feito. — Niki disse com firmeza. — E Derick, você encontrará alguém, e quando isso acontecer, espero que você esteja pronto para o que vem. Até lá, se divirta e aprenda a ser um bom exemplo.
Erick, ainda irritado, lançou um olhar de desdém para o irmão, mas, ao ver a expressão tranquilizadora de Niki, assentiu com relutância.
— Está bem, pai. — Ele disse, sua voz carregada de descontentamento. — Vou fazer o que você quer, mas só porque não tenho escolha.
Niki e Derick trocaram um olhar de compreensão, e a reunião chegou ao fim. Erick saiu do escritório com um sentimento misto de frustração e resignação, enquanto Derick, ainda com um sorriso, seguiu seu pai para discutir mais sobre os planos futuros.
Erick
Erick entrou no quarto, ainda enrolado na toalha depois de um banho rápido. Quando viu Alana sentada na beirada da cama, levantou uma sobrancelha surpreso.
— Alana, o que você está fazendo aqui? — Erick perguntou, um tanto chocado ao encontrar a irmã em seu quarto.
Alana levantou os olhos e sorriu de forma maliciosa.
— Oi, irmãozinho. Ouvi dizer que você vai para o Brasil com sua futura esposa. Eu quero ir junto. — Ela disse, olhando para ele com um olhar suplicante. — Por favor, me leve com você. Papai não vai deixar eu ir, mas você pode me ajudar.
Erick, ainda enrolado na toalha e um pouco desconfortável, deu uma risada leve.
— Não, Alana. — Ele respondeu, começando a se vestir. — Isso não vai acontecer. É uma viagem importante e complicada. Não é lugar para você.
Alana se levantou e foi até ele, agarrando seu braço com um olhar de determinação.
— Vai, Erick, por favor. Eu só quero ir junto para ver o que está acontecendo e aproveitar um pouco. — Ela implorou. — Eu prometo que não vou atrapalhar. Você pode convencer papai para me deixar ir.
Erick suspirou, claramente irritado com a insistência da irmã.
— Vou tentar convencer papai, mas não prometo nada. — Ele disse, enquanto começava a vestir uma camiseta. — Se ele não deixar, eu não posso fazer nada.
Alana sorriu aliviada, dando um abraço rápido em Erick.
— Obrigada, irmão! — Ela disse, apertando-o com carinho. — Eu realmente aprecio isso.
Erick, um pouco mais tranquilo, devolveu o abraço com um sorriso.
— Não vá fazer nada que possa me causar problemas. — Ele advertiu, enquanto se afastava. — Agora, volta para o seu quarto e deixe-me me preparar para essa viagem.
Alana saiu do quarto com um sorriso satisfeito, enquanto Erick, finalmente vestido, se preparava para enfrentar a tarefa de convencer seu pai a deixar sua irmã acompanhar a viagem.
Cena
Era hora do almoço, e a mesa estava arrumada para uma refeição familiar. Naby e Niki estavam sentados em um dos lados, enquanto Alana, Erick e Derick ocupavam os outros lugares. O ambiente estava repleto de uma atmosfera de expectativa, com Niki observando atentamente.
Erick, aproveitando a oportunidade, decidiu tocar no assunto que havia prometido à irmã. Ele se dirigiu a seu pai com uma expressão séria.
— Pai, eu preciso falar com você sobre a Alana. — Erick começou, tentando manter um tom respeitoso. — Ela realmente quer ir conosco para o Brasil. Acho que seria bom para ela ver o mundo e se familiarizar com o que está por vir.
Niki levantou uma sobrancelha, claramente intrigado com a ideia. Derick, que estava ao lado de Erick, tentou apoiar o irmão.
— Sim, pai. Acho que seria uma boa oportunidade para ela. E, se você permitir, eu posso ficar de olho nela e garantir que ela esteja segura.
Niki suspirou, olhando para a filha com um semblante preocupado. Ele ponderou por um momento, claramente debatendo internamente a decisão.
— Alana, você já ouviu o que seu irmãos disseram. — Niki finalmente falou, com um olhar severo. — Eu vou permitir que você vá, mas preciso que você se comporte e não cause problemas. Erick, você ficará responsável por ela. Mantenha-a sob controle e certifique-se de que ela não se meta em encrenca.
Alana sorriu, visivelmente aliviada e animada com a notícia.
— Obrigada, pai! — Ela disse, quase pulando de alegria. — Eu prometo que vou me comportar e não vou causar problemas.
Niki assentiu, satisfeito com a resposta de Alana, mas seu olhar ainda carregava um toque de preocupação.
— Apenas lembre-se do que foi combinado. A segurança de todos é a prioridade. — Niki acrescentou, com um tom firme. — Agora, vamos aproveitar o almoço.
Os três irmãos, Alana, Erick e Derick, começaram a comer, enquanto Niki e Naby observavam, satisfeitos com a solução encontrada, mas sempre atentos ao que estava por vir.
Derick 19 anos
Alana 19 anos
O salão de festas da família Calmores estava sendo decorado com flores luxuosas e candelabros brilhantes, preparando-se para o grande evento do noivado de Erick e Eduarda. A agitação tomava conta da mansão, mas Erick estava inquieto. O peso do casamento arranjado começava a incomodá-lo, e a expectativa de conhecer Eduarda depois de tantos anos apenas aumentava sua ansiedade.
Percebendo o nervosismo do irmão, Derick, sempre prático e descontraído, sugeriu:
— Vamos sair um pouco. Beber, relaxar e esquecer disso por um tempo. Vai te ajudar a desanuviar.
Erick, ainda que relutante, acabou concordando. Pouco tempo depois, os dois estavam em um bar, bebendo uísque e tentando aliviar a tensão da festa iminente.
— Então, o que está pegando, irmão? — perguntou Derick, inclinando-se para frente, seu olhar sempre analítico. — Você está nervoso por causa da Eduarda? Afinal, vai casar com uma garota que você mal conhece.
Erick tomou um gole longo de sua bebida e suspirou.
— Para ser honesto, Derick, estou mais curioso do que qualquer outra coisa. Faz anos que não vejo a Eduarda. — Ele fez uma pausa, o rosto se contorcendo em uma expressão de leve irritação. — Só espero que, se vou ter que casar com ela, que ela ao menos seja bonita. Se ela não for… — Ele deu de ombros e sorriu ironicamente. — Bom, você sabe como eu sou. Não prometo fidelidade se não for algo que me atraia.
Derick soltou uma gargalhada.
— Cara, você é cruel! — disse ele, ainda rindo. — Mas, sério, será interessante ver como ela está. Quem sabe você se surpreende. E se não for o caso… bem, você sempre arranja um jeito, né?
— Claro, sempre tem uma saída — respondeu Erick, com um sorriso despreocupado. — Mas vamos deixar isso de lado por agora.
Nesse momento, duas mulheres entraram no bar, ambas claramente interessadas nos dois irmãos, lançando olhares provocativos. Elas se aproximaram, insinuantes, sorrindo com charme.
— Bem, parece que nossa noite só melhorou — disse Derick, piscando para uma delas.
Erick sorriu maliciosamente, e sem hesitar, ele e Derick entraram na brincadeira, conversando e flertando com as mulheres. Entre risadas e provocações, o clima leve os fez esquecer, ao menos temporariamente, da festa de noivado que se aproximava.
Alana caminhava com leveza pelos corredores do shopping, cercada por três seguranças que carregavam suas sacolas. Ela estava em um de seus dias preferidos: comprando sem limites, escolhendo roupas e acessórios dos mais caros e luxuosos. Seu sorriso era radiante enquanto passava de loja em loja, mas algo chamou sua atenção de repente.
Do outro lado do corredor, ela avistou Yasmin, uma das ex-ficantes de Erick. Elas se conheciam desde o ensino médio, mas a amizade nunca havia sido verdadeira. Yasmin tinha se afastado de Alana quando começou a andar com Luara, outra das antigas "peguetes" de Derick, e ambas eram o tipo de garotas que Alana desprezava: falsas e interesseiras. Alana não podia deixar passar a oportunidade de colocar Yasmin em seu devido lugar.
Ela se aproximou com um sorriso disfarçadamente cordial, enquanto os seguranças ficavam à distância, respeitando o espaço.
— Yasmin! Quanto tempo! — Alana disse, com uma doçura forçada. — O que faz por aqui? Comprando alguma coisinha?
Yasmin, claramente surpresa ao vê-la, sorriu nervosamente.
— Ah, oi, Alana! Sim, estou só dando uma olhada nas vitrines. E você? Comprando o shopping todo? — perguntou, lançando um olhar às várias sacolas que os seguranças carregavam.
— Você me conhece, gosto de me mimar um pouquinho — Alana respondeu, rindo. — Mas olha só, que coincidência te encontrar. Sabe, eu estava pensando no Erick hoje. Ele tem tantas coisas acontecendo na vida agora...
Yasmin arqueou uma sobrancelha, curiosa, mas tentando manter a pose de desinteressada.
— Ah, é? O que tem ele? — perguntou, fingindo desinteresse, mas Alana podia ver o brilho nos olhos dela. Ela sabia bem da obsessão de Yasmin pelo seu irmão.
— Bem, você provavelmente não ouviu ainda, mas o Erick vai se casar em breve — Alana disse casualmente, mexendo nos cabelos com uma falsa despreocupação. — Com Eduarda, a filha de uma grande família no Brasil. O noivado já está sendo preparado.
O rosto de Yasmin ficou rígido por um momento, mas ela rapidamente tentou disfarçar com um sorriso forçado.
— Casar? Erick? — Ela riu sem graça. — Que surpresa... Não sabia que ele estava nesse caminho.
— Pois é, querida. As coisas mudam, né? E ele está muito ansioso pra isso. — Alana enfatizou a última frase, se deliciando ao ver a reação desconfortável de Yasmin. — Mas me conta, e você? Como está sua vida? Encontrou alguém especial ou ainda está... se divertindo por aí?
Yasmin tentou manter a compostura.
— Ah, estou bem. Aproveitando a vida, sabe como é. — Ela olhou de relance para os seguranças e depois para as sacolas de Alana, claramente incomodada com o fato de que a vida de Alana estava em um nível muito superior ao dela.
Antes que Alana pudesse responder, Luara, a antiga "peguete" de Derick, apareceu ao lado de Yasmin. As duas trocaram olhares rápidos e cúmplices, mas Alana não perdeu o controle da situação. Pelo contrário, ela sorriu ainda mais, percebendo que agora tinha a atenção de ambas.
— Luara! Que surpresa também! Sabiam que Erick vai se casar? — Alana repetiu, só para garantir que a notícia circulasse. Ela sabia que a ideia de perder os irmãos Calmores mexeria com as duas.
— Sério? — Luara perguntou, sem conseguir esconder a surpresa.
— Sim. E a festa de noivado vai ser enorme. Acho que vocês não estão na lista de convidados... — Alana disse, sorrindo com um toque de ironia.
As duas tentaram disfarçar o desconforto, mas Alana percebeu que sua missão estava cumprida. Ela sabia que Yasmin e Luara iriam remoer a notícia por um bom tempo.
— Bem, preciso continuar com minhas compras. Foi ótimo ver vocês — Alana disse, jogando o cabelo para trás e se virando em direção à próxima loja, seus seguranças a seguindo de perto.
Enquanto ela se afastava, pôde ouvir os murmúrios irritados de Yasmin e Luara. Com um sorriso vitorioso no rosto, Alana continuou seu dia de compras, satisfeita por ter deixado uma marca.
Cena
Alana chega em casa exalando confiança, os seguranças a seguem carregando várias sacolas de grifes. Ela mal conseguia conter o sorriso enquanto cruzava a porta, sentindo-se realizada após um dia de compras bem-sucedido. Ao entrar no hall da mansão, encontra sua mãe, Naby, observando a cena com uma mistura de surpresa e divertimento.
— Filha, pra que tudo isso? — Naby pergunta, arqueando uma sobrancelha e cruzando os braços. — Nem parece que você já tem um closet enorme, cheio de roupas.
Alana sorri, despreocupada, enquanto entrega as sacolas para uma das empregadas organizarem.
— Ah, mamãe, você é tão incrível que, às vezes, parece um sonho. — Ela gira em volta de si mesma, ainda empolgada com suas novas aquisições. — Eu só estou renovando meu closet. As coisas que estão lá já não são suficientes, sabe? Preciso me atualizar com as últimas tendências.
Naby ri, balançando a cabeça, mas sem conseguir esconder a admiração pelo espírito livre da filha.
— Alana, você e esse seu jeito… Se seu pai souber desses gastos... — Naby diz, tentando parecer séria, mas claramente divertida com a situação.
Alana faz uma careta, sabendo muito bem como o pai reagiria, mas depois solta uma gargalhada leve.
— Ah, mamãe, ele não vai saber. E mesmo que soubesse, tenho certeza que com um sorriso e um charme, ele me perdoaria rapidinho.
Naby suspira, rindo junto.
— Você sempre soube como amolecer o coração do seu pai, mas cuidado, hein? Nem sempre o sorriso vai funcionar.
Alana piscou para a mãe, ainda em seu mundo de leveza e despreocupação.
— Pode deixar, mamãe, eu sei como lidar com ele.
Cena
Alana, ainda empolgada com suas compras, joga o cabelo para trás e olha para Naby com um sorriso travesso.
— Ah, por sinal, mamãe, esqueceu que eu vou pro Brasil? Melhor dizendo, Rio de Janeiro! Lá faz calor, e eu vou aproveitar pra pegar uma marquinha na praia — diz Alana, quase sonhadora, já se imaginando sob o sol carioca.
Naby sorri, mas logo adota um tom mais sério, preocupada como sempre com o bem-estar da filha.
— Filha, você sabe que o Rio de Janeiro é lindo, mas também tem seus perigos. Cuidado lá, tá? — Ela a observa com um olhar mais firme. — E, por favor, não faça besteira. E se fizer... ou conhecer alguém... se cuide, tá bom?
Alana revira os olhos, mas sorri carinhosamente.
— Ah, mamãe, relaxa. Eu vou ficar bem. Já sou grandinha, sei me cuidar! — Alana ri, tentando tranquilizar a mãe, mas logo a abraça. — Mas obrigada por se preocupar. Eu prometo que vou me comportar… na medida do possível.
Naby ri e balança a cabeça.
— Na medida do possível... só você mesmo, Alana.
Cena
Alana entra no seu quarto, cercada pelas sacolas de compras, e joga-se na cama macia. Seu celular começa a vibrar na mesa de cabeceira. Ela estica o braço preguiçosamente e, ao olhar para a tela, vê o nome de Alan, irmão de Luara. Um sorriso se forma em seus lábios, já imaginando o que ele queria.
— Oi, Alan — ela atende com um tom casual, mexendo distraidamente nos fios de cabelo.
— Alana! Como você está, linda? Já faz um tempo que a gente não se fala... Tava com saudades de ouvir sua voz — responde Alan, com sua voz sempre envolvente e cheia de segundas intenções.
Alana sorri, mesmo sabendo que ele adorava jogar charme.
— Ah, tô bem. Estive ocupada, sabe como é... comprinhas, preparando-me pra uma viagem pro Brasil. E você? O que anda fazendo?
— Me preparando pra ver você — ele responde rapidamente, arrancando uma risada suave de Alana. — Brasil, hein? Sorte dos brasileiros que vão te ver por lá... E eu aqui morrendo de saudade. Sabe que eu nunca esqueci aquele beijo, né?
Alana revira os olhos, mas mantém o sorriso.
— Você e esse papo de sempre, Alan. Foi só um beijo.
— Só? Eu diria que foi um dos melhores momentos da minha vida — ele brinca, a voz rouca, tentando ser sedutor.
Alana morde o lábio, divertida com a situação, mas não ia cair fácil nos joguinhos de Alan.
— Ah, é? Então, parece que precisa de mais diversão na sua vida, porque, sinceramente, foi só um beijo comum.
Alan ri do outro lado da linha, mas não desiste.
— Você me provoca, Alana. Um dia ainda te convenço que podemos ir além... A propósito, você tá linda como sempre, né? Aposto que tá aí com um sorriso maravilhoso.
Ela ri e se ajeita na cama, satisfeita com a conversa, mas sem dar muita abertura.
— Sempre esse charme barato, Alan. Vamos ver se um dia você melhora. Mas por enquanto, vou deixar você só com a saudade.
— Ah, Alana, um dia você não vai resistir... — ele diz, brincalhão, mas ela já está distraída.
— Vou te deixar sonhando por enquanto. Cuida de você, tá? — ela diz, encerrando a ligação com um toque leve de provocação.
Desligando o celular, Alana joga-se de volta na cama, rindo sozinha. Alan podia ser insistente, mas ela sempre controlava o jogo.
Naby
Alan 19 anos
Luara 19 anos
Yasmin 19 anos
Niki
Eduarda descia uma das vielas da favela, com a música alta tocando ao longe e a brisa quente do fim de tarde balançando seus cabelos. Usava um shorts curto e uma blusa justa, deixando um pouco de pele à mostra. Enquanto caminhava distraída, ela esbarra em Nego, que vinha na direção oposta.
— Opa! Olha por onde anda, princesa — ele diz, segurando-a pelo braço, com um sorriso malicioso.
Eduarda ergue o olhar para ele, sem tirar a expressão desafiadora do rosto.
— Relaxa, Nego. Eu tô só andando, ninguém aqui manda em mim.
Ele dá uma olhada para ela, passando os olhos pelo corpo dela com um misto de desejo e ciúmes.
— Cê não pode andar assim por aí, Eduarda. Tá quase pelada! — ele comenta, a voz carregada de frustração.
Ela cruza os braços, provocativa.
— E daí? Não tô pedindo opinião. Você não gosta do que vê, é isso?
Nego ri, um riso curto, mas claramente interessado.
— Gostar eu gosto. E muito — ele responde, aproximando-se mais dela, baixando a voz. — Mas eu não curto ver os outros te olhando como se fosse mercadoria. Aqui no morro, você sabe como é.
Eduarda arqueia uma sobrancelha, desafiando-o.
— Pois então acostuma. Eu me visto como eu quero, e ninguém manda no que eu faço — ela rebate, encarando-o de frente.
Nego suspira, um misto de admiração e frustração nos olhos. Ele sabia que Eduarda era teimosa e que, por mais que tentasse, não a controlaria. Mesmo assim, a atração entre eles sempre deixava tudo mais complicado.
— Um dia isso vai te trazer problemas — ele murmura, ainda sorrindo.
— Que venham os problemas, então — Eduarda responde, sem perder a pose.
Ela dá um passo para o lado e continua andando, sem olhar para trás, enquanto Nego a observa ir embora, sabendo que a atitude dela era uma das coisas que mais o atraía... e o deixava louco.
Eduarda estava encostada no balcão da pequena vendinha de Joana, uma senhora que conhecia desde criança. Elas conversavam animadamente, como sempre faziam quando Eduarda passava por ali.
— Menina, eu não sei como você aguenta viver no meio desse fogo cruzado — disse Joana, rindo, enquanto enrolava um pacote de pão para Eduarda. — Se eu fosse você, já tinha saído dessa favela faz tempo, ainda mais com o futuro que te espera.
Eduarda sorriu, sem muita empolgação.
— É, Joana, mas fugir daqui não resolve nada. E esse "futuro" que o meu pai arrumou pra mim… — ela faz uma careta, revirando os olhos. — Eu não tô nada animada com isso.
Joana dá um tapinha no braço de Eduarda, com uma risada afetuosa.
— Ah, menina, vai ver até que o rapaz não é tão ruim assim. Vai que você gosta dele!
Eduarda estava prestes a responder quando notou o olhar pesado vindo da esquina. Algumas das mulheres que ficavam por ali — as putas da favela, como eram conhecidas — a encaravam com desprezo. Elas se reuniam sempre naquele ponto, e algumas já tinham dado em cima até do pai de Eduarda, o que só aumentava a antipatia que ela sentia por elas.
Eduarda endireitou-se e lançou um olhar afiado na direção delas. Ela nunca abaixava a cabeça para ninguém, muito menos para aquelas mulheres. Seu pai era o dono do morro, e todos sabiam quem ela era. O respeito era imposto, e ela não deixaria aquelas olhares intimidarem.
Uma delas, Vanessa, se aproximou lentamente, com um sorriso venenoso nos lábios.
— E aí, princesa do morro? — Vanessa provocou, com a voz cheia de sarcasmo. — Tá se achando, né? Porque seu papai é o chefe daqui, acha que pode andar onde quiser?
Eduarda riu, sem demonstrar medo, cruzando os braços.
— Eu não me acho, Vanessa. Eu sou. E sim, posso andar onde eu quiser — ela respondeu, com a voz firme. — E você? Vai ficar aí tentando me provocar ou vai fazer algo mais útil hoje?
Vanessa estreitou os olhos, claramente irritada, mas sabia que mexer com a filha do dono do morro era pedir problemas.
— Cê acha que é melhor que a gente, só porque vive nessa bolha, né? — Vanessa resmungou, com amargura.
Eduarda deu de ombros, indiferente.
— Eu não acho nada, Vanessa. Eu simplesmente não ligo. Agora, se me der licença, tenho coisa melhor pra fazer do que perder meu tempo com você.
Ela pegou o pacote de pães que Joana entregou e saiu, passando pelo grupo de mulheres sem dar uma segunda olhada. A postura dela, confiante e desafiadora, deixava claro que ela não se curvava a ninguém.
Cena
Eduarda entrou em casa batendo a porta com força, ainda tomada pela raiva. O barulho ecoou pela sala, chamando a atenção de sua mãe, que estava na cozinha. Dona Souza, conhecida por seu temperamento forte, veio rapidamente até a sala, com as mãos na cintura e uma expressão curiosa.
— O que foi isso, Eduarda? Que cara é essa? — perguntou sua mãe, franzindo a testa. — O que aconteceu dessa vez?
Eduarda jogou a bolsa em cima do sofá e bufou, cruzando os braços.
— Foi aquelas vagabundas da favela, mãe — ela respondeu, ainda cheia de raiva. — Vanessa, aquela biscate, veio me provocar de novo, achando que pode falar qualquer coisa porque fica ali se esfregando nos caras. Tô cansada dessas mulheres!
Dona Souza apertou os lábios, a raiva começando a crescer nela também. Se havia uma coisa que a deixava furiosa, era qualquer uma se achando no direito de mexer com sua filha — ou, pior ainda, dando em cima de seu marido.
— Ah, mas eu vou ter uma conversa séria com seu pai! — ela disse, já vermelha de raiva. — Essas mulheres se acham demais, só porque ele dá espaço pra elas ficarem no morro. Agora, vir pra cima da minha filha? Não mesmo!
Eduarda soltou um sorriso amargo, sabendo que sua mãe não deixaria isso barato.
— E o pior, mãe, é que elas ficam rondando o pai também. Como se eu não soubesse! Aquelas nojentas…
Dona Souza estreitou os olhos, já começando a marchar de volta para a cozinha, mas não antes de lançar um olhar determinado para Eduarda.
— Deixa comigo, filha. Vou dar um jeito nisso. Seu pai que se prepare, porque eu vou colocar ordem nesse morro. E se ele quiser continuar com a cabeça no lugar, vai fazer o que eu mandar!
Eduarda sabia que, quando sua mãe ficava assim, nem seu pai — o chefe do morro — tinha coragem de enfrentar. Ela sorriu um pouco, aliviada por saber que sua mãe estava ao seu lado.
— Obrigada, mãe. Eu sabia que você ia entender — Eduarda disse, relaxando um pouco enquanto se jogava no sofá.
— Ah, filha — respondeu sua mãe, já de volta à cozinha, com a voz alta — quem mexe com você, mexe comigo. E isso eu não deixo!
Cena
Eduarda entrou em seu quarto, ainda com a raiva fervendo por conta do que aconteceu na favela. Ela se jogou na cama e pegou o celular, decidida a descobrir mais sobre Erick, seu futuro noivo.
Com uma expressão de concentração, começou a fazer uma busca online. Digitou “Erick Calmore” e se deparou com uma série de páginas sobre a máfia e histórias relacionadas à família Calmore. No entanto, o nome de Erick não aparecia em lugar nenhum, o que só aumentou sua frustração.
— Que diabos, por que não encontro nada sobre ele? — murmurou, passando a mão pelo rosto.
Frustrada, Eduarda decidiu buscar algo sobre o irmão de Erick, Derick. Ela digitou “Derick Calmore” e logo encontrou várias fotos e informações. As imagens mostravam um jovem extremamente atraente e com um olhar intenso. Eduarda navegou por diversas fotos, notando o charme e a confiança de Derick.
— Uau, ele é realmente muito bonito — disse ela para si mesma, um sorriso curioso surgindo em seus lábios. — E se Erick for parecido com ele?
Eduarda passou algum tempo analisando as fotos, imaginando como Erick poderia se parecer. Ela se lembrava vagamente de Erick quando eram crianças, mas não conseguia se recordar claramente de sua aparência.
— Se Erick for tão bonito quanto Derick, talvez eu não tenha muito do que reclamar — ela pensou, com um toque de curiosidade e expectativa. — Mas ainda assim, eu não quero ser forçada a casar com alguém só porque nossos pais decidiram isso.
Com uma sensação misturada de frustração e curiosidade, Eduarda se levantou da cama e começou a preparar seu look para a noite. Apesar de todas as questões, a ideia de finalmente conhecer Erick e ver se ele era tão atraente quanto seu irmão lhe dava uma leve sensação de animação.
Cena
Derick estava relaxado no quarto do hotel após uma noite agitada no bar. O calor do banho quente ainda envolvia seu corpo, e ele estava em toalha, com o celular na mão. Enquanto navegava pela internet, sua atenção foi atraída por uma notificação.
Mensagem de Luara: “Oi, Derick! Não te vi na balada ontem. Quando podemos nos ver de novo? 😉”
Derick sorriu ao ler a mensagem, reconhecendo o padrão de Luara. Ele se deitou na cama e começou a digitar a resposta.
— Olá, Luara. Fico feliz que esteja pensando em mim. Que tal nos encontrarmos hoje à noite? — respondeu, com um tom casual e sedutor.
Ele sabia que Luara era bastante acessível e estava acostumado a ver como ela se animava com facilidade. Isso a tornava uma opção conveniente, mas também previsível. Ele gostava de um desafio e procurava algo mais complicado.
— No início, eu até pensei em namorar a Luara — pensou Derick, enquanto digitava. — Mas ela é fácil demais. Eu quero alguém que não se entregue tão facilmente.
Com a mensagem enviada, Derick se levantou, vestiu-se e olhou para o espelho. Ele se sentia confortável e confiante, satisfeito com a forma como as coisas estavam indo.
— Vou me encontrar com ela hoje à noite e ver o que acontece. Mas, por enquanto, preciso encontrar alguém que realmente me desafie — refletiu, sorrindo para si mesmo.
Derick estava pronto para aproveitar a noite, mas sua mente ainda estava no desejo de encontrar um desafio real. Ele queria algo que lhe oferecesse mais do que apenas um relacionamento passageiro e fácil.
Cena
Derick encontrou Luara em um bar sofisticado, onde as luzes suaves e a música ambiente criavam uma atmosfera íntima. Ele a reconheceu de longe, sentada em uma mesa reservada, com um vestido que destacava sua beleza e curvas. O sorriso no rosto de Luara era um misto de sedução e expectativa, e ela parecia estar ansiosa para a chegada de Derick.
— Olá, Luara — cumprimentou Derick, aproximando-se com um sorriso seguro. — Como está?
— Olá, Derick. Estou ótima, agora que você chegou — respondeu Luara, com um tom doce e encantador. — Vamos brindar?
Eles se sentaram e fizeram um brinde, conversando sobre tópicos triviais. Derick, com seu QI elevado, manejava a conversa com habilidade, mantendo-a leve e divertida, mas sempre com uma intenção subjacente.
— Então, o que tem feito de interessante? — perguntou Derick, enquanto a olhava com um interesse genuíno.
— Ah, nada demais, apenas trabalho e vida social. — Luara sorriu, inclinando-se um pouco para frente. — E você? Como tem passado?
Derick riu e se inclinou para ela, o tom da conversa começava a se tornar mais pessoal e íntimo.
— Eu tenho me ocupado com várias coisas, mas sempre é bom encontrar um tempo para pessoas interessantes como você.
Luara sorriu, claramente satisfeita com o elogio. Derick sabia que Luara era bonita e inteligente, mas ele também era consciente de sua verdadeira natureza. Ele já sabia que ela se fingia de doce e gentil, mas era muito mais calculista e acessível do que aparentava.
Enquanto conversavam, Derick percebeu que Luara estava claramente atraída por ele. Ele a conduziu para um local mais reservado do bar, onde poderiam conversar sem interrupções. Com seu charme e inteligência, Derick sabia como manter a conversa envolvente e atrativa.
— Você é muito interessante, Luara. — Derick a olhou nos olhos, mantendo um tom sedutor. — Eu realmente gosto da sua companhia.
Ela sorriu, claramente impressionada. Derick sabia que estava perto de conseguir o que queria. Apesar de saber que sua irmã não gostava de Luara e das intenções dela, ele estava focado apenas em aproveitar a noite.
— E eu gosto muito de você, Derick — disse Luara, aproximando-se ainda mais. — O que você acha de continuarmos a noite em um lugar mais reservado?
Derick sorriu para ela, reconhecendo a abertura e o interesse.
— Vamos fazer isso. — Ele levantou, estendendo a mão para ela. — Vamos encontrar um lugar onde possamos conversar mais tranquilamente.
Enquanto saíam juntos, Derick estava satisfeito por ter conseguido o que desejava, mantendo a consciência de que suas intenções eram puramente para satisfação pessoal.
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