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Olhares Que Queimam

O Tratado e o Encontro

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Capítulo 1: O Tratado e o Encontro

A floresta estava silenciosa, exceto pelo farfalhar das folhas sob os passos pesados de três figuras sombrias. Dante, o mais velho dos alfas, liderava o grupo com passos firmes e calculados. Seus olhos de um dourado intenso varriam o ambiente com um olhar vigilante. Ele sabia o peso de suas responsabilidades como líder, e jamais permitiria que suas emoções interferissem. A segurança das aldeias dependia da força e do controle dos três irmãos.

"Mais uma aldeia, mais um acordo honrado," pensou Dante, mantendo sua postura rígida enquanto avançava para o centro da pequena vila. "É nosso dever proteger esses humanos, mas eles nunca entendem completamente o que nos motiva."

Atrás dele, Cael, o irmão do meio, caminhava com um sorriso sarcástico nos lábios. Seus cabelos escuros balançavam levemente com o vento enquanto ele observava os aldeões. Cael nunca fora tão sério quanto Dante; ele apreciava a liberdade e o poder que sua natureza lupina lhe concedia. Proteger as aldeias era parte de um jogo para ele, uma dança onde ele podia exibir sua força, mas, ao mesmo tempo, se permitia brincar com o perigo.

"Esses humanos nunca mudam," pensou Cael, um brilho travesso nos olhos. "Sempre tão frágeis... e nós, sempre tão essenciais para suas vidas miseráveis."

O mais novo dos três, Tristan, seguia em silêncio, seus pensamentos sempre mergulhados em uma profundidade que os outros dois raramente alcançavam. Ele era o mais reservado, o que sempre se perguntava se esse pacto com os humanos valia o preço de sua liberdade. Embora compartilhasse da força e instinto selvagem dos irmãos, Tristan mantinha uma certa distância emocional. Seus olhos azuis vasculhavam a aldeia com uma mistura de curiosidade e desconfiança.

"Há algo errado aqui," pensou ele, com os sentidos aguçados. "Posso sentir o cheiro do medo... mas não vem das criaturas que caçamos. Vem de dentro."

Quando os três alfas chegaram à praça central da aldeia, onde os aldeões já os aguardavam com cestas de alimentos, algo fora do comum chamou a atenção de Tristan. Ele sentiu o cheiro antes de ver a cena: medo e dor, misturados com o aroma doce e suave de uma jovem. Cael foi o primeiro a perceber a origem do cheiro — uma figura franzina lutando para se libertar das garras de um homem corpulento perto de uma casa de madeira desgastada.

Os gritos abafados de Aurora cortaram o ar. Cael estreitou os olhos, seus instintos protetores aflorando instantaneamente. "Não é da nossa conta," ele pensou, mas o rosnado baixo que escapou de sua garganta dizia o contrário.

Dante, no entanto, foi quem interrompeu seus pensamentos. "Fique no controle, Cael," ele disse em voz baixa, já percebendo o olhar do irmão. "Não podemos nos envolver nos assuntos internos deles."

Mas, ao olhar para Aurora, Dante sentiu algo que ele não sentia há muito tempo — uma faísca de ira e uma vontade de proteger que ia além do pacto. "Quem é ela?" pensou ele, observando a fragilidade daquela jovem que tentava, em vão, se defender. O líder dos alfas não costumava se deixar levar por impulsos, mas algo estava diferente naquela noite.

Tristan, sempre observador, também não pôde ignorar o que via. "Ela está sofrendo," ele refletiu, o desconforto crescendo dentro dele. "E por que esse cheiro é tão... familiar?"

Cael não conseguiu se conter. "Isso é ridículo," pensou, enquanto seus passos rápidos o levavam até o agressor. "Não posso simplesmente assistir a isso." Com um único movimento, ele agarrou o padrasto de Aurora pelo colarinho, arrancando-o brutalmente de cima da jovem.

O homem caiu no chão com um grunhido, aterrorizado. "O que pensa que está fazendo?" Cael rosnou, sua voz ecoando como o trovão. "Ela não é sua para machucar."

Aurora, tremendo, ergueu os olhos e encontrou os de Cael. Por um momento, o mundo ao redor desapareceu, e tudo o que ela sentia era o peso do olhar intenso do alfa sobre ela. Seu coração disparou, mas não de medo. Pela primeira vez, havia algo mais — uma sensação de segurança, mesmo que provisória.

Dante se aproximou, o rosto impassível, mas os olhos carregados de um conflito interno. "Isso não é parte do nosso trato," disse ele, dirigindo-se ao homem no chão. "Mas não podemos ignorar o que vimos."

Tristan, em silêncio, observava Aurora, sentindo algo que não podia explicar. "Por que ela parece tão... importante?"

Continuação

Continuando a partir do ponto onde os alfas decidem intervir e levar Aurora com eles:

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Capítulo 1: O Tratado e o Encontro (continuação)

O silêncio que se seguiu era quase sufocante. Os aldeões, que haviam observado a cena em silêncio tenso, agora recuavam, com medo de atrair a atenção dos três alfas. Dante, sempre calculista, sabia que aquela intervenção poderia quebrar a frágil paz entre os humanos e seus irmãos, mas, ao olhar novamente para Aurora, a visão de sua fragilidade e dos olhos desesperados fizeram algo dentro dele se quebrar.

"Ela vem conosco," disse Dante, sua voz firme e sem margem para discussões.

Cael lançou um olhar rápido para Dante, surpreso com a decisão, mas sem questionar. "Finalmente, ele está vendo as coisas do meu jeito," pensou, enquanto um sorriso satisfeito se formava em seus lábios. Ele puxou Aurora com gentileza, surpreendendo-se com o quanto ela parecia leve em seus braços.

Tristan, no entanto, permaneceu quieto, observando os aldeões. Sabia que aquele movimento não passaria despercebido. "O que eles vão pensar? Eles sempre nos respeitaram por manter distância dos assuntos pessoais," refletiu, enquanto sentia um leve peso no peito. Ainda assim, ele também não poderia negar o que sentia — algo estava diferente em relação a essa garota. E o mistério a envolvendo o incomodava.

Aurora, sentindo a confusão e o alívio misturados em seu peito, olhou para os três irmãos que agora a escoltavam. Ela sabia que algo grande havia mudado em sua vida naquele momento, mas não tinha certeza se isso era uma benção ou uma maldição. Os olhos de Cael, quentes e selvagens, a intrigavam, mas a forma como Dante mantinha uma postura fria a fazia questionar se realmente estaria segura com eles.

"Por que... por que estão fazendo isso?" Aurora sussurrou, sua voz fraca e quebrada pelo medo. Ela sabia que não deveria questionar esses homens — eles eram alfas, poderosos e temidos. Mas o que os motivava? Ela era só uma camponesa, uma garota comum, ou ao menos assim pensava.

Cael, sempre o mais impulsivo, respondeu primeiro. "Porque ninguém deveria ser tratado assim," disse ele, sem hesitar. "Se dependesse de mim, esse seu padrasto nunca mais colocaria as mãos em ninguém."

"Cael," Dante o interrompeu, seu tom de voz duro. "Não estamos aqui para provocar mais problemas. Fizemos uma escolha, agora é só seguir em frente."

Aurora olhou para Dante, que até então parecia o mais distante emocionalmente. Seus olhos dourados brilharam sob a luz da lua, e por um momento, ela viu algo mais ali — uma faísca de compaixão, escondida sob a fachada rígida de alfa.

"Por que me levar com vocês? Eu... eu não sou nada," disse ela, a voz quase se apagando no final da frase. O medo de ser rejeitada pelos alfas a consumia, mesmo que a alternativa fosse retornar ao inferno que era sua vida com o padrasto.

Tristan finalmente quebrou seu silêncio. "Você não é 'nada'," ele disse em voz baixa, porém clara, seus olhos azuis perfurando os dela. "Se fosse, nós não a teríamos levado. Agora, não questione mais. Você está sob nossa proteção."

As palavras de Tristan foram como um bálsamo para o coração de Aurora. Havia algo naquela simplicidade direta que a fez sentir-se, pela primeira vez em muito tempo, valorizada. Ela abaixou a cabeça, aceitando a ajuda, embora sua mente ainda estivesse tomada por dúvidas e confusões.

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Enquanto os quatro caminhavam em direção à floresta, onde a morada dos alfas ficava escondida entre as árvores densas, os pensamentos de cada irmão estavam agitados. Dante, embora rígido em suas convicções, lutava com as razões por trás de sua decisão. "Isso não faz sentido," pensou ele. "Por que eu senti que não poderia deixá-la para trás? Ela é só uma garota comum, não faz parte de nossa missão."

Cael, por outro lado, estava completamente satisfeito com a reviravolta da noite. "Finalmente, algo interessante," ele pensou, com um brilho malicioso nos olhos. "Essa garota... ela vai trazer algo novo para nossas vidas, algo que estávamos precisando há muito tempo. Talvez ela até consiga quebrar a monotonia desses dias enfadonhos."

Já Tristan, o mais reflexivo, mantinha-se em silêncio, seu olhar perdido na escuridão da floresta. "Ela carrega algo dentro de si," ele ponderava, tentando decifrar o que o inquietava. "Não é só uma questão de resgate. Há mais nessa jovem do que os olhos podem ver. Precisamos descobrir o que é."

Quando finalmente chegaram à residência dos alfas — uma antiga fortaleza de pedra escondida nas profundezas da floresta —, Aurora foi tomada pela grandiosidade do lugar. Era quase um castelo, construído com paredes grossas e janelas estreitas, como se estivesse preparado para resistir a qualquer invasão. A aura do lugar era ao mesmo tempo intimidadora e protetora.

"É aqui que você vai ficar," disse Dante, já abrindo a pesada porta de madeira, sem dar muita atenção à expressão de choque no rosto de Aurora. "Aqui, você estará segura."

Cael observava com interesse enquanto Aurora entrava, seus olhos examinando cada detalhe da sala. Ele sentiu um impulso de suavidade, algo incomum para ele. "Acalme-se," disse ele com um sorriso mais gentil, "nós não mordemos... pelo menos, não sem permissão."

Tristan rolou os olhos, ignorando a provocação de Cael, enquanto Dante mantinha sua seriedade. "Precisamos conversar," disse Dante, lançando um olhar para os irmãos, sinalizando que o assunto não estava encerrado.

E assim, enquanto Aurora tentava se acomodar no que parecia ser um novo começo para sua vida, os três irmãos se retiraram para discutir o que viria a seguir. Havia mais naquela garota do que eles haviam imaginado, e cada um deles, de formas diferentes, começava a sentir que suas vidas estavam prestes a mudar para sempre.

A Nova Ordem

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Capítulo A Nova Ordem

Aurora acordou na manhã seguinte com uma sensação de desconforto. A cama onde estava deitada era macia, mas o ambiente ao seu redor era tão novo e desconhecido que a tranquilidade era quase impossível. Ela levantou-se lentamente, observando o grande quarto com paredes de pedra e móveis robustos. As janelas estreitas permitiam a entrada de luz suave, mas o espaço ainda tinha um ar de austeridade que a fazia sentir-se pequena e vulnerável.

Dante, Cael e Tristan já estavam na sala principal da fortaleza, discutindo o que fazer a seguir. Eles tinham que lidar com a presença de Aurora e as implicações de tê-la levado com eles. A presença dela não apenas mexia com a dinâmica interna dos alfas, mas também representava um potencial desvio dos seus objetivos principais.

“Precisamos estabelecer algumas regras,” disse Dante, com uma expressão séria enquanto folheava um pergaminho antigo que detalhava os termos do tratado com as aldeias. “Ela não é apenas uma visitante, é agora nossa responsabilidade.”

“Responsabilidade?” Cael arqueou uma sobrancelha, seu tom sarcástico escondendo um toque de curiosidade. “Ela não é um problema, Dante. É apenas uma garota. Talvez até possa trazer alguma diversão.”

“Não é só diversão,” Tristan disse calmamente, seus olhos fixos em Dante. “Há algo mais nela. Não podemos ignorar isso.”

O diálogo foi interrompido por um leve toque na porta, seguido pela entrada hesitante de Aurora. Ela estava vestida com uma túnica simples fornecida pelos alfas, mas ainda parecia deslocada. Seus olhos buscavam os três irmãos, procurando algum sinal de como deveria se comportar.

Dante foi o primeiro a falar, sua voz controlada. “Bom dia, Aurora. Como está se sentindo?”

Aurora deu um leve sorriso, mas sua expressão estava carregada de insegurança. “Eu estou bem, obrigada. Só... um pouco confusa.”

“Isso é compreensível,” Cael respondeu, com um sorriso que tentou ser reconfortante. “Você não está mais na aldeia. Agora, está aqui conosco.”

Tristan observava com um olhar atento. “Nós temos algumas regras básicas para você seguir enquanto estiver aqui. É importante que todos nós mantenhamos a ordem.”

Aurora assentiu, seu olhar fixo no chão. “O que devo fazer? Não quero causar problemas.”

“Você não está aqui para causar problemas,” Dante assegurou, levantando-se da mesa. “A primeira coisa que você precisa saber é que esta fortaleza é segura, mas também tem suas regras. Você deve respeitar o espaço dos outros e, acima de tudo, seguir as orientações que lhe derem.”

Enquanto Dante falava, Cael observava Aurora com um olhar mais suave do que o habitual. Ele notou a maneira como ela se encolhia, como se estivesse esperando ser rejeitada a qualquer momento. “Você vai se acostumar com isso,” ele disse com um tom mais ameno. “Nós não mordemos, a menos que você peça. E, bem, você pode sempre perguntar se tiver dúvidas.”

Aurora sorriu fraco para Cael, percebendo que ele tinha uma abordagem mais leve. “Agradeço por isso. Tentarei me adaptar.”

Com o tempo, os alfas se mostraram mais pacientes do que Aurora imaginava. Cada um deles tinha uma maneira própria de lidar com a situação, e Aurora começou a notar as sutilezas das suas personalidades.

Dante, o líder, era rígido e sempre focado na segurança e no cumprimento das regras. Cael era mais descontraído e tentava aliviar a tensão com seu humor sarcástico, enquanto Tristan observava tudo com uma profundidade contemplativa, muitas vezes oferecendo conselhos ponderados.

Aurora passava seus dias explorando a fortaleza e aprendendo sobre as regras e rotinas dos alfas. Enquanto fazia isso, ela começou a perceber que havia mais em cada um deles do que inicialmente pensava. Dante tinha uma liderança natural e um senso de dever profundo, Cael escondia uma sensibilidade sob sua fachada irreverente, e Tristan parecia sempre estar pensando em algo mais, como se houvesse um mistério que ele tentava desvendar.

No entanto, a nova ordem em sua vida não veio sem desafios. Aurora sentia a constante pressão de estar sob os olhares dos alfas e as responsabilidades que vinham com sua presença. Ela estava se adaptando à nova rotina, mas a sensação de estar constantemente em dívida com eles a deixava ansiosa.

Enquanto a vida na fortaleza seguia, novas ameaças começaram a surgir. Algo parecia estar se movendo nas sombras da floresta, e os alfas sentiram que estavam se aproximando de algo maior do que imaginavam. Aurora não tinha ideia do que estava por vir, mas a tensão crescente entre os alfas e a sensação de perigo iminente eram palpáveis.

Dante, Cael e Tristan sabiam que tinham que proteger Aurora, mas o peso de suas responsabilidades estava aumentando. À medida que a história de Aurora se desenrolava, os segredos do passado dela e os desafios que enfrentariam juntos se tornariam cada vez mais complexos.

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