...Cinco meses antes...
Em uma capela iluminada por velas e um o altar decorado com flores, os irmãos e irmãs do convento estão presentes para testemunhar a sagração de Catarina. Catarina está vestida com um hábito simples, mas bonito. O padre se aproxima do altar.
Padre: Irmãos e irmãs, hoje nos reunimos para celebrar um momento sagrado na vida de nossa querida irmã Catarina. Ela está prestes a fazer seus votos e se entregar completamente ao serviço de Deus.
💭Catarina: Será que estou mesmo pronta para isso?
Padre: Irmã Catarina, você está ciente dos compromissos que está prestes a assumir? A vida religiosa exige devoção, amor e sacrifício. Você está preparada para isso?
Ela olha rapidamente para o lado onde estão os seus pais, depois volta a olhar para o padre.
Catarina: Sim, padre. Acredito que este é o meu chamado. Sinto que aqui é o meu lugar.
Padre: Então, venha até mim e faça seus votos diante da comunidade e de Deus.
Catarina se aproxima do altar, seu coração acelera enquanto olha para os rostos conhecidos ao seu redor.
Padre: Irmã Catarina, você promete viver em castidade, pobreza e obediência? Promete dedicar sua vida ao serviço dos outros e à oração?
Catarina: Sim padre, eu prometo.
Após o momento em que Catarina fez seus votos, a atmosfera na capela se encheu de emoção. As velas tremeluziam, refletindo as lágrimas de alegria nos olhos da sua mãe.
Padre: Que assim seja! Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, eu a acolho como freira em nossa comunidade.
O padre coloca um véu na cabeça de Catarina enquanto ela fecha os olhos, sentindo uma mistura de sentimentos, um deles era o de missão cumprida, o outro de tristeza.
💭 Catarina: Estou fazendo a sua vontade mãe... mas será que é realmente o que eu desejo? E se eu não conseguir? Irei envergonhar a todos vocês?
Padre: Irmãos e irmãs, celebremos este momento com alegria! Que a vida da irmã Catarina seja repleta de luz e amor, na companhia do nosso Senhor.
...Após a cerimônia...
Lucrécia, a mãe de Catarina, se aproximou com um sorriso radiante. Seu coração transbordava de orgulho.
Lucrécia: Minha querida, você foi linda em suas palavras! Estou tão orgulhosa de você. Graças à sua fé e determinação, seu pai está melhorando a cada dia. A sua fé trouxe esperança para nossa família.
Catarina olhou para seu pai, sentado em uma cadeira de rodas. Roberto abriu os braços, convidando-a para um abraço caloroso.
Roberto: Minha filha, se este é o caminho que você realmente deseja seguir, eu fico feliz por você. Você é uma luz em nossas vidas.
Catarina sentiu as lágrimas escorrem pelo rosto enquanto se aproximava do pai. Forçando um sorriso, ela o abraçou.
Catarina: Eu te amo, pai. E prometo que farei o meu melhor nesta nova jornada.
Lucrécia rapidamente se aproximou para secar as lágrimas da filha.
Lucrécia: Não chore, minha filha… Mas sei que se você está chorando, é de emoção e felicidade. Este é um momento lindo em nossas vidas, minha filhinha amada. Nunca iremos esquecer do que você fez por nós.
Lucrécia passou a mão no rosto da filha.
As outras freiras mais experientes se aproximaram com sorrisos calorosos, envolvendo Catarina em abraços acolhedores.
Freira Ana: Seja bem-vinda à nossa comunidade, irmã Catarina! Agora você não é mais uma noviça, você é uma freira!
Freira Mariana: Parabéns pela sua escolha! Este é o caminho certo para você, e estamos aqui para apoiá-la em cada passo dessa nova jornada.
Catarina: Obrigada a todas vocês! Estou pronta para servir e aprender com cada uma. Prometo me comportar e não dar mais trabalho.
A capela ecoou com risadas e palavras de encorajamento enquanto todos celebravam a nova fase da vida de Catarina. Ela estava finalmente onde sua mãe sempre desejou que ela estivesse.
...Atualmente...
Catarina está de joelhos no chão, com os braços apoiados na cama. Todas as noites, antes de dormir, ela precisa desse momento com Deus.
Catarina: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Após se benzer e beijar seu terço, ela se levanta do chão e deita na cama. Olhando para o teto, Catarina se recorda de que, há cinco meses, tomou uma decisão que mudou sua vida para sempre. Antes, ainda tinha esperança de que sua mãe voltasse atrás e dissesse que se equivocou, mas isso não aconteceu. Por isso, ela entregou sua vida completamente. Com a criação que teve e os aprendizados que trouxe consigo, Catarina pensa que os pais sempre querem o bem dos filhos. Assim, não pôde voltar atrás na decisão da mãe.
Catarina: Não pode fazer isso, não pode fazer aquilo…
Ela troca de lado na cama, com os olhos cheios de lágrimas.
De repente, Ana entra no quarto, pegando Catarina de surpresa. Catarina rapidamente seca as lágrimas.
Ana: Irmã, está tudo bem?
Catarina: Comigo? Ah, sim! Estou bem, irmã Ana. Eu só estava pensando na minha família, estou sentindo saudade deles.
Ana sorri calorosamente.
Ana: Ah sim, eu também sinto às vezes… Mas lembre-se irmã, faltam apenas dois meses para sua mãe e seu pai virem visitá-la.
Catarina: É verdade... Espero que minha irmã venha com eles dessa vez, não a vejo há um ano…
Ana: Ela virá, você vai ver. Agora vamos dormir, amanhã o padre Augustinho chega.
Catarina: Tem razão, irmã. Vamos dormir.
Ana apagou a luz e soprou a vela. Catarina fechou os olhos enquanto Ana se ajoelhava para orar.
Nos sonhos de Catarina…
Catarina olha ao redor, confusa.
Catarina: Onde estou? Este quarto… eu nunca vi antes.
Uma voz a chama.
- Catarina, Catarina…
Catarina: Quem está aí? Quem está me chamando?
Tudo estava em silêncio, apenas o eco da voz.
Catarina vira lentamente.
Catarina: O que está acontecendo?
Uma porta se abre e um homem entra, terminando de se vestir.
Catarina: Não, não pode ser...
Desesperada, ela tampa os olhos.
Homem: Catarina, fique tranquila. Eu não vou fazer mal a você.
Catarina: De novo não!
Ela grita.
O homem se aproxima calmamente, e delicadamente tira suas mãos dos olhos.
Homem: Olhe para mim.
Catarina hesita no início, mas lentamente abre os olhos.
Sem resistir, ela olha para o peitoral dele, mordendo os lábios. O rapaz termina de abotoar a camisa com um olhar penetrante para ela.
Homem: Você está bem?
Catarina balança a cabeça, sem conseguir articular palavras. O silêncio pesa no ar.
Catarina: Pare de me incentivar a fazer coisas pecaminosas!
Ela grita para a voz que ecoa.
Homem: Eles só vão parar se você me beijar.
O homem diz, com um olhar ainda mais intenso.
Catarina fica hipnotizada pelo olhar dele, como se estivesse presa em uma teia invisível.
Homem: Confie em mim.
Ele se aproxima ainda mais.
O homem a beija suavemente, e o mundo ao redor desaparece enquanto ela se entrega ao momento.
...…....
Ana: Irmã Catarina?
Catarina estava mexendo os lábios enquanto Ana chamava por ela.
Ana: Catarina, acorde! Você está sonhando?
Catarina despertou atordoada e, ao olhar para Ana, percebeu que ela já estava arrumada.
Catarina: Para onde você vai, irmã?
Ana: Vou receber o padre Augustinho com irmão dele, você esquece? Levante-se e se apronte! Você estava em um sono profundo e não consegui te acordar a tempo.
Catarina: Ai meu Deus, irmã! Eu disse alguma coisa?
Catarina perguntou em tom de preocupação.
Ana: Não... não disse nada dessa vez…
💭Catarina: “Dessa vez”… O que a irmã quis dizer com isso?
Ana: Vamos, levante-se e se apronte. Estarei indo na frente para me juntar às outras.
A freira Ana saiu do quarto e Catarina correu para o banheiro. Ela ainda não se lembrava do sonho, mas enquanto se vestia, começou a recordar alguns detalhes. Ao pensar no corpo daquele homem, fez o sinal da cruz e ajoelhou-se rapidamente para rezar.
Catarina: Por favor, meu Pai, tira isso de mim. Eu não quero mais sonhar com ele e não quero ouvir essas vozes… O Senhor sabe que eu sou fraca. Me ajude a parar com esses sonhos… na verdade, não são sonhos, mas sim pesadelos!
Ela continuou rezando, e ao terminar, fez o sinal da cruz novamente e se levantou.
Depois de pronta, saiu em busca das outras freiras.
Ao sair do quarto, Catarina correu atrás das outras freiras e acabou esbarrando em uma delas, que a olhou com reprovação.
Rufina: Isso não é modo de agir, irmã! O padre está falando, tenha modos.
Rufina disse cochichando para não chamar a atenção das demais.
Catarina: Perdão, irmã… O padre já chegou? Cadê ele? Não estou vendo.
Por ser a mais baixa entre as freiras, Catarina tinha dificuldade de enxergar o padre, que estava falando um pouco à frente.
Rufina: Shiii, irmã Catarina!
Catarina passou os dedos pela boca, como se estivesse fechando um zíper, e ficou em silêncio, levantando apenas os pés tentando ver o que estava acontecendo à frente.
Padre: Agora que estou de volta e o doutor Romeu aceitou substituir temporariamente o doutor Hugo, amanhã mesmo as aulas de canto voltarão ao normal.
💭Catarina: Então o padre foi buscar um médico para assumir no lugar do doutor Hugo enquanto ele estiver de férias, e esse médico é o irmão dele… Com certeza é um doutor bem velhinho, de cabelos grisalhos e rabugento que nem o doutor Hugo, ou pode ser um senhorzinho simpático como o padre Augustinho.
Ela riu dos próprios pensamentos, fazendo Rufina olhar para ela novamente.
Catarina: Desculpe…
Catarina conteve o riso e voltou a prestar atenção no que estava sendo dito.
Padre: Doutor Romeu, por favor, apresente-se!
Romeu: Olá, bom dia a todas! Como o padre Augusto já anunciou, serei o médico do convento até que o doutor Hugo retorne. E só para esclarecer: não sou tão religioso quanto meu irmão... então, se uma de vocês cair do altar, venham me procurar sem problemas. Mas não se esqueçam de como se reza o terço, pois para isso eu sou a última pessoa neste planeta a quem vocês devem pedir ajuda.
As freiras riram com sorrisos contidos, mas a gargalhada estrondosa de Catarina chamou a atenção, fazendo Rufina revirar os olhos e se afastar dela como quem foge de uma abelha.
Catarina: Nossa, quanto mau humor...
Catarina logo esqueceu Rufina e voltou a sorrir com o que Romeu havia dito. Ela imaginou que o médico talvez não fosse tão rabugento como ela pensou. Curiosa para ver como ele era, Catarina abriu um caminho entre as freiras até conseguir ficar ao lado de Ana, que estava mais à frente.
Ana: Silêncio.
Ana disse firme e ela assentiu.
Quando Ana voltou a prestar atenção no que o padre e o doutor falavam, Catarina levantou os pés e finalmente conseguiu ver o padre e o novo médico do convento. O médico estava de lado, mas quando virou de frente, Catarina ficou sem reação e se abaixou entre as freiras.
💭 Catarina: Não pode ser real o que eu estou vendo… Eu só posso ter pirado de vez!
Ana: O que você está fazendo, irmã?
Catarina: Eu? Ah, nada…
Ela sorriu sem graça e se recompôs. Catarina ainda não tinha coragem de olhar diretamente para ele, ela achava que o que estava vendo era coisa da sua imaginação, não podia ser real.
Augusto: Acho que já não preciso avisar que o meu irmão tem um senso de humor um pouco ácido.
Romeu sorriu e as freiras riram.
Romeu: Agora que me apresentei, quero conhecer um pouco de cada uma de vocês, tudo bem?
Padre: Claro.
As freiras foram simpáticas e o doutor passou por cada uma cumprimentando. Catarina se escondia atrás das irmãs e ao mesmo tempo observava Romeu.
💭 Catarina: Direto… passa direto!
Romeu se aproximou de Ana e estendeu a mão para cumprimentar ela.
Ana: Seja muito bem-vindo doutor, já gostei muito do senhor.
Romeu: E eu da senhora.
Ana deu um sorriso simpático e Romeu foi até Catarina que estava de costas.
Romeu: Olá?
Ela continuou de costas.
Ana: Irmã Catarina, o doutor está falando.
Romeu continuou aguardando.
Romeu: Irmã Catarina?
Catarina mesmo nervosa decidiu virar para falar com o médico, desta vez Romeu estava exatamente na sua frente e ela não teve dúvidas de que realmente estava vendo ele. Esse era o homem que aparecia em seus sonhos.
Ela estava com a boca aberta e paralisada, apenas olhando para ele. Em fração de segundos depois de Catarina ter virado, Ana e Romeu notaram que ela estava ficando pálida.
Romeu: Está se sentindo mal?
Ele colocou a mão no ombro dela.
Ana: Irmã?
Essas foram as últimas palavras que Catarina escutou antes de desmaiar. Por sorte, Romeu conseguiu segurar ela a tempo.
As freiras, o padre e Romeu ficaram surpresos com a situação repentina. Romeu pediu que todos se afastassem para que ele pudesse levar Catarina.
Romeu: Vamos levá-la para a enfermaria, pode ter sido uma queda de pressão.
Ele carregou Catarina e Ana o guiou até a enfermaria. Chegando na enfermaria, Romeu a deitou na cama e Ana permaneceu ao seu lado de sua colega de quarto.
Enquanto Romeu a examinava, algumas irmãs trouxeram uma bandeja caprichada de café da manhã para Catarina comer quando acordasse.
Ana: Ela não tomou café da manhã, pode ter sido isso mesmo.
Romeu: Acredito que sim, não foi nada grave, não se preocupe. Logo mais ela estará acordada.
Ana: Vou avisar as outras que ela está bem e que não foi nada sério. Elas devem estar preocupadas.
Romeu: Tudo bem.
Ana saiu da enfermaria, e Romeu se afastou de Catarina por alguns segundos.
Catarina: Isso... me beija.
Romeu ouviu claramente e olhou para Catarina, que falava sozinha enquanto permanecia desacordada.
Ele hesitou em acreditar que realmente tinha escutado aquilo de uma freira.
Um tempo depois ele se aproximou e notou que ela estava suando. Então, Romeu tomou a liberdade de tirar o véu de Catarina, e também soltou o prendedor de cabelo dela, para evitar que algo a incomodasse.
Sem o véu e com os cabelos soltos, Catarina já não parecia mais uma freira, ela era tão jovem e bonita que Romeu acabou pensando que nunca havia visto uma freira tão jovem e bela como aquela.
Ele se perdeu por um instante no rosto de Catarina, mas logo se recompôs ao perceber que ela estava prestes a acordar.
Catarina: Ai... minha cabeça...
Ela colocou a mão na cabeça e foi abrindo os olhos aos poucos.
Romeu: Olá, seja bem-vinda de volta.
Quando Catarina finalmente viu quem estava à sua frente, ficou assustada.
Catarina: É-é... quem é você?
Nervosa, ela gaguejou.
Romeu: Pode me chamar de Romeu, sou o médico temporário do convento.
Catarina: Eu não estou tendo outro pesadelo?
Romeu: Depende, você me achou tão feio assim?
Ele riu.
Romeu: Não, Catarina, não está tendo um pesadelo.
Você reclamou de dor de cabeça ao acordar, ainda está sentindo ou foi só a luz forte?
Catarina: Sim... foi só a luz.
Ela ainda estava confusa e nervosa com a presença de Romeu.
Romeu: Você provavelmente desmaiou por não ter se alimentado direito… E vá com calma, não faça movimentos tão bruscos.
Ela assentiu e sentou enquanto Romeu foi buscar a bandeja de comida que haviam deixado para ela.
Romeu: Sua amiga Ana disse que você não tomou café da manhã.
Catarina permaneceu em silêncio, ainda tímida e nervosa.
Romeu: Então, suas colegas trouxeram esse banquete para você. Aproveite a comida, ou terei que preparar aquelas sopas horríveis que servem em hospitais. Acredite, Catarina, você não trocaria esse banquete por uma sopa, e muito menos pela minha sopa! Eu sou péssimo na cozinha.
Ela segurou o riso.
Romeu: Ah, consegui um sorriso! Isso significa que você está se recuperando bem.
Romeu sorriu para ela e sem que eles esperassem, Ana entrou na enfermaria.
Ana: Ah, graças a Deus! Você acordou!
Ana se aproximou de Catarina e beijou sua testa.
Romeu: Sim, e já está bem melhor. Foi só uma lição por ter ficado sem comer por muito tempo, não é, irmã Catarina?
Ele falou de forma simpática, mas Catarina mal conseguia encará-lo.
Ana: Ah, doutor! O padre Augustinho disse que assim que a irmã Catarina ficar bem, é para o senhor passadar na sala dele.
Romeu: Está bem, obrigado pelo aviso, vou lá agora mesmo. A irmã Catarina já está liberada para sair assim que terminar de comer… mais tarde confiro essa pressão novamente.
Ele olhou para Catarina e piscou.
Ana: Ok, doutor. Obrigada. Vou ficar de olho nela.
Ele saiu da sala, e Ana olhou para Catarina com certa dúvida.
Ana: O médico falando com você e você nem responde? O que aconteceu depois desse desmaio? Nem bateu a cabeça! E sorte a sua o doutor estar lá para evitar que você caísse no chão.
Catarina estava perdida em seus pensamentos.
Ana: Meu Deus, irmã! Estou começando a ficar preocupada. Você sempre fala pelos cotovelos e faz suas gracinhas. O que aconteceu com você?
Catarina: Nada, irmã Ana… é só um pouco de cansaço.
Ana: Então coma e vamos para o quarto. O padre disse que você pode tirar o dia para descansar hoje.
Catarina assentiu e começou a comer.
No caminho de volta para o quarto, Ana ainda achava estranho o comportamento de Catarina.
Ana: Irmã, foi só a queda de pressão mesmo ou aconteceu algo mais sério para você desmaiar daquela forma?
Catarina: Não, irmã… olha, eu preciso descansar um pouco. Mais tarde me levanto e vou fazer minhas obrigações.
Ana: Hoje você vai ficar de repouso. Amanhã volta às suas atividades! Afinal, as aulas de canto voltam só amanhã, fique tranquila.
Catarina se deitou e Ana apagou a luz do quarto.
Ana: Qualquer coisa é só chamar. Descanse um pouco, o doutor Romeu deve vir mais tarde ver como você está se sentindo.
Catarina: Não, não precisa! Por favor irmã, deixa ele lá… eu estou ótima.
Ana achou estranho a reação de Catarina, mas estava sem tempo para conversar. Apenas fechou a porta e saiu.
Catarina fechou os olhos e soltou o ar dos pulmões.
Catarina: Como é possível isso estar acontecendo!? Como?
Mais tarde, quando Romeu saía da sala do padre, ele se encontrou com Ana pelos corredores.
Romeu: Irmã Ana, que bom que a encontrei! Como está a Catarina?
Ana: A irmã Catarina não está bem. Acho que ela está escondendo alguma dor! Pois nunca para quieta, e desde o desmaio tem falado tão pouco… Essa menina nos dá trabalho antes mesmo de virar noviça, mas hoje está parecendo uma muda.
Romeu: Onde ela está? Vou pegar minhas coisas e ir vê-la.
Ana: Obrigado, doutor. Eu te levo até lá, ela está no quarto.
Após pegar sua maleta, o médico seguiu até o quarto acompanhado de Ana.
Ana: Deixe-me entrar primeiro.
Romeu: Claro, irmã. Fique à vontade.
Ana entrou e logo abriu a porta para que Romeu entrasse.
Ana: Entre, doutor. Ela está acordada.
Quando Romeu entrou no quarto, foi direto para perto da cama de Catarina, que estava despertando.
Romeu: Com licença, irmã Catarina. Vim ver como você está. Posso me sentar?
Ela assentiu e ele se acomodou ao lado dela na cama.
Catarina: Eu estou bem...
Romeu sorriu.
Romeu: É bom ouvir isso, mas não custa nada conferirmos, tudo bem pra você?
Catarina: Sim…
Romeu: Ótimo.
Ele disse enquanto pegava o aparelho de medir pressão.
Romeu: É sempre assim calada?
Ana: Não! Fala que nem um papagaio!
Antes mesmo de Catarina pensar em responder, Ana disparou.
Romeu riu e Catarina olhou feio para Ana.
Ana: Só disse a verdade.
Catarina olhou para Romeu.
Catarina: Estou ótima, o senhor não precisa se preocupar comigo.
Romeu: Por favor, sem formalidades, pode me chamar apenas de Romeu.
Ele verificou a pressão arterial de Catarina e também se ela estava com febre.
Romeu: Bom, a irmã Catarina parece estar muito bem. De qualquer forma, se estiver sentindo algo, é só me chamar.
Catarina: Tudo bem.
Romeu levantou-se da cama.
Ana: Vamos, doutor. Eu te acompanho.
Antes que Romeu e Ana saíssem, Catarina o chamou.
Catarina: Doutor Romeu?
Ele se virou para olhá-la.
Catarina: Obrigada.
Ele sorriu e assentiu para Catarina, enquanto Ana também sorria.
Ana: Vamos.
Eles saíram do quarto e Ana fechou a porta atrás deles.
Ana: Obrigada, doutor Romeu. Eu insisto porque a Catarina é jovem e sabemos como essa juventude pode esconder as coisas. Ela nunca havia desmaiado ou algo assim, fiquei preocupada. Mas que bom que o senhor viu que está tudo bem.
Romeu: É visível que você cuida dela e se preocupa, isso é muito bonito, irmã Ana.
Ana: O senhor é tão gentil! Poderia trabalhar conosco quando o doutor Hugo se aposentar, não pensa nisso?
Romeu: Na verdade, irmã, estou acostumado com a vida na cidade grande.
Ana sorriu.
Ana: Pois é, imaginei que não tivesse interesse. Até porque se o padre Augustinho precisou ir até lá te convencer a vir, é porque você realmente gosta da sua vida na cidade grande. Sem contar que deve ter muitos trabalhos por lá e aqui não ganha nada.
Romeu: É verdade, irmã. Mas o problema não é financeiro, essa cidade pequena realmente não me interessa muito.
Ana riu.
Ana: Entendi, meu filho. Você não parou um minuto desde que chegou! Vamos tomar um café? Eu já vou preparar um bem fresquinho!
Romeu: Não dispenso um café fresquinho feito pelas suas mãos de anjo, mas primeiro gostaria de tomar um banho, tudo bem?
Ana: Claro, meu querido! Eu te aguardo na cozinha. Enquanto isso, vou colocar umas torradas para assar.
Romeu: Opa! Agora eu não posso perder mesmo!
Eles riram enquanto cada um seguia para seu destino.
Enquanto isso, Catarina tomava banho e pensava na manhã caótica que teve.
💭 Catarina: Virgem Santa… como é possível que isso esteja acontecendo? Agora o homem dos meus sonhos tem nome e está bem aqui… Romeu… ele é bonito, cheiroso e engraçado…
Catarina sorria enquanto passava sabonete pelo corpo e pensava em Romeu. Quando seus pensamentos ficaram intensos demais, ela se benzeu e se jogou embaixo da água fria.
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