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Entre Lobos e Outros Seres

(1) "Entre a Realidade e Enigmas"

Queridas Estrelinhas,

Primeiramente, quero expressar minha imensa gratidão a todos vocês, que apoiam minhas histórias com tanto carinho. Para aqueles que já notaram que minha mente adora sair da caixinha e criar algo um pouco diferente, saibam que o desenvolvimento desta história representa bem isso.

Sou apaixonada por criar narrativas mirabolantes, como já devem ter percebido. Então, se você, assim como eu, adora uma história diferenciada com aquela boa dose de amor verdadeiro, prepare o coração, pois teremos amores intensos por aqui.

Sem mais delongas, para os apaixonados, os ousados e corajosos que embarcam comigo nesta nova aventura, desejo boas-vindas e uma excelente leitura!

Divirtam-se! 🤗💖

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Alice

Enquanto me viro na cama, despertando lentamente, o inconfundível aroma de uva começa a preencher o quarto. Embora inesperado, esse cheiro peculiar traz consigo uma sensação de tranquilidade, um sopro de leveza que parece acalmar minha mente.

Passo a mão pelo rosto, tentando me reconectar com a realidade. Dou um longo suspiro, afasto a coberta e me levanto. Caminho decidida até a janela, abro-a e deixo que a agitação da grande São Paulo, com os sons frenéticos dos veículos buzinando, me envolva.

A brisa fria da manhã, acompanhada da fraca luz solar, entra pela janela. Olho para as nuvens cinzas no céu e algo entre elas chama minha atenção. Um brilho não proveniente do sol parece surgir. Franzo o cenho, esfrego os olhos e olho com mais atenção.

— Que droga é essa? — exclamo, sem entender.

O brilho, no entanto, desaparece diante dos meus olhos, como se estivesse se camuflando entre as nuvens. Decido deixar isso de lado e sigo para o banheiro para começar o dia. No pequeno espaço do banheiro, tomo um banho rápido. Após sair, vou ao guarda-roupa e escolho uma calça jeans, uma camiseta preta básica e uma blusa de moletom azul.

Me encaro no espelho do guarda-roupa; meus olhos azuis se encontram com meu reflexo enquanto enxugo meus cabelos castanhos, que caem um pouco abaixo dos ombros. Após me vestir, pego a escova e penteio meus fios um tanto embaraçosos antes de sair do quarto e me dirigir à cozinha.

(...)

Ao passar pela sala, vejo um noticiário na televisão falando sobre catástrofes climáticas, e logo a notícia muda para o avanço desenfreado das inteligências artificiais. Frustrada, caminho até a televisão e a desligo, exclamando em voz alta:

— Melissa, por que deixou a televisão ligada? Está fazendo uma lavagem cerebral em si mesma?

No entanto, minha indignação não recebe resposta. Melissa, com seu pijama de vaquinha, que se ajusta perfeitamente ao seu corpo plus size, está em silêncio. Seus cabelos curtos balançam suavemente pela brisa que entra pela janela aberta, enquanto ela olha fixamente para algo lá fora, completamente indiferente a minha presença.

— Credo! O que foi, Melissa? O que deu em você? — pergunto, confusa. — Por que deixou a televisão ligada e não me respondeu?

Ela se mantém em silêncio, com os olhos ainda fixos para fora. Finalmente, Melissa aponta com o dedo para fora. Sigo seu olhar e sou abruptamente surpreendida. Do outro lado, o muro que divide nossa casa com a do vizinho está completamente destruído, com pedaços de concreto empilhados no chão.

Minha atenção se volta para um homem enigmático, parado entre os destroços. Ele usa uma calça de moletom cinza, está descalço e sem camisa, exibindo um peitoral musculoso. O que chama minha atenção, no entanto, é a mão dele segurando um taco de beisebol.

Ele fixa os olhos em nós duas, e eu engulo em seco, dizendo:

— Mas que merda é essa?

Melissa, que se manteve em silêncio o tempo todo, finalmente responde com uma voz fraca:

— Eu não sei, amiga. Só sei que estou muito a fim de mexer.

(2) "Entre Dimensões e Conexões"

Iriel

Enquanto observo da cidade dourada, vejo Alice e sua amiga encararem Natanael com espanto. Ordeno para minha estrela guia:

— Estrela guia um, amplie a imagem de estrela guia dois.

A imagem se amplia rapidamente e eu digo:

— Aproxime-se mais do rosto dela.

Ali está, Alice, minha companheira, há muito perdida em sua forma humana. Meu coração acelera e sinto-me um pouco perdido. No entanto, a entrada repentina de Leonard na sala me tira do transe. Sua voz ecoa firme e autoritária:

— O que você está fazendo, Iriel? Sem distrações, não se lembra?

Volto-me para ele com um olhar frustrado, observando sua pele negra e a distinta roupa dourada que ele veste.

— Ela não é uma distração, Leonard, e você sabe bem disso.

Leonard dirige o olhar para a tela, onde Alice está puxando a amiga e fechando a janela de sua casa com um gesto rápido.

Ele pergunta:

— E o que você fez? Mandou Natanael para proteger ela?

Assinto, ainda fixando o olhar na imagem. Então digo:

— Estrela guia um, encerrar a transmissão.

A imagem desaparece e Leonard, ainda sério, diz:

— Eu sei que é difícil para você, Iriel, mas como comandante da missão, você precisa estar focado. Ela pode te distrair.

Diante das suas palavras, caminho até a janela da sala e observo a cidade cintilante lá fora, com a rua iluminada por luzes que brilham provenientes dos cristais. Dou um suspiro profundo, cruzo os braços para trás e digo:

— Não preciso do seu conselho para isso, Leonard. Não se esqueça de que sou seu comandante.

A risada de Leonard ecoa na sala enquanto ele responde:

— Você é um teimoso, não é? Só estou fazendo meu trabalho. Mesmo que não tenha pedido meu conselho, sou seu conselheiro e é minha responsabilidade orientar você da melhor forma possível. A missão na Terra é instável e qualquer descuido pode nos custar caro. Sei que você está sendo implacável com o andamento da missão, especialmente por causa dela. Mas lembre-se, estamos nisso por uma ordem maior, não apenas por ela.

Olho para minha estrela, conectada com a estrela de Alice na Terra. Um sorriso de canto surge em meu rosto, ajusto meu chapéu na cabeça e respondo:

— Eu sei, mas você também sabe que, por ela, eu causo um grande rebuliço se for preciso.

Leonard suspira, claramente frustrado, mas seu tom se suaviza um pouco:

— O que você está fazendo pode ser arriscado. Em vez de permitir que suas emoções interfiram, concentre-se no que realmente importa: completar a missão. Temos responsabilidades além das nossas emoções pessoais.

As palavras de Leonard reverberam em minha mente, sua lógica incontestável, embora a dor em meu coração seja difícil de ignorar. Respondo com uma voz tensa:

— Eu sei disso, Leonard. Mas não posso simplesmente desligar minhas emoções, quando se trata dela. Há algo mais profundo em jogo aqui, algo que vai além da responsabilidade.

Leonard balança a cabeça com um misto de resignação e compreensão. Ele se dirige à porta, mas para um momento antes de sair, lança um olhar final para mim, que parece uma mistura de preocupação e firmeza.

Então diz:

— Lembre-se, Iriel, estamos todos aqui com um propósito. Não permita que seus sentimentos coloquem a missão em risco. A ordem maior deve prevalecer.

Com essas palavras, ele sai da sala, deixando-me sozinho com meus pensamentos e a vista majestosa da cidade dourada que se estende à minha frente. Caminho de volta para a mesa, me sentando e me perdendo em um turbilhão de sentimentos conflitantes.

Sem conseguir me conter, dou a ordem:

— Estrela guia um, reative a conexão com a estrela guia dois.

A imagem de Alice aparece novamente diante de mim. Ela pedala velozmente em sua bicicleta pelas ruas movimentadas de São Paulo, o capuz de sua blusa azul não conseguindo esconder seu rosto sereno.

Estico a mão, mesmo sabendo que não posso tocá-la, e sussurro com um misto de dor e carinho:

— Eu estou aqui, meu amor. Estou aqui... sempre estive, em todos os momentos.

Enquanto a observo, me perco em lembranças de eras passadas, quando a Terra era um projeto promissor. Alice e eu chegamos para uma missão de pesquisa, mas ela se encantou tanto com os povos originários que acabou se perdendo.

Ela se dedicou a protegê-los com tanta paixão que sua própria vida foi sacrificada na luta para defendê-los. Agora, ela está presa em um ciclo de renascimentos, esquecendo sempre sua verdadeira origem dimensional, envolta pelo véu do esquecimento.

Minha amada Alice é agora uma mortal, e o que me resta é protegê-la de maneiras surpreendentes. Ao mesmo tempo a energia da Terra está absurdamente intensa com a transição de consciências acontecendo, desencadeando uma infinidade de possibilidades para a civilização.

Nossa missão é garantir que a mudança aconteça, e, está sendo difícil para mim, manter o comando sem poder me aproximar dela. Fecho a transmissão e abro uma conexão com Natanael.

Seu holograma surge diante de mim, e eu digo:

— Você se saiu muito bem, Natanael. Derrubar o muro foi apenas o primeiro passo.

Natanael passa a mão pelo cabelo, suspirando profundamente, ao dizer:

— Mas lembre-se, eu sou um lobo, Iriel, não um cão de guarda. E além disso, minha conexão aconteceu com a amiga dela; agora, por sua culpa, estou vinculado a aquela humana.

Dou um sorriso torto e digo:

— Olha só, parece que agora não sou o único com uma companheira humana.

(3) "Buscando Sentido em Meio ao Caos"

Alice

Enquanto pedalo velozmente pelas ruas agitadas de São Paulo, o vento surrupia o calor do meu rosto, e o sol, encoberto por nuvens cinzentas, parece hesitar em aparecer. A presença daquele homem misterioso, nosso novo vizinho, ainda me atormenta, e a recente queda do muro continua me intrigando.

Antes de sair para o trabalho, fiz Melissa prometer que não faria nada precipitado, mas conheço bem a sua impulsividade. Melissa tem uma tendência a se meter em confusões, e não posso deixar de me preocupar.

Sorrio ao lembrar de como a conheci. Foi em uma padaria local. Eu estava entrando quando Melissa, saindo apressada, derrubou um copo de café em mim. A cena parecia uma comédia e, naquele momento, nos olhamos e começamos a rir como se fôssemos velhas amigas.

A partir daí, nunca mais nos afastamos, e nossa amizade nos levou a morar juntas. Nosso vínculo é precioso para mim. Em um mundo onde estávamos sozinhas, somos a família uma da outra, agora. Isso me consola, mesmo nas horas mais turbulentas.

Sou arrancada dos meus pensamentos por um brilho repentino. Olho em volta, pensando que é o reflexo de um carro, mas não é. Movida por um impulso, levanto a cabeça e encaro as nuvens pesadas e poluídas de São Paulo. Aquele mesmo reflexo que avistei mais cedo está de volta, flutuando entre as nuvens.

— Mas que coisa é essa? — murmuro para mim mesma, perplexa.

De repente, percebo que estou me aproximando perigosamente da frente de um carro. O motorista, assustado, freia bruscamente e coloca a cabeça para fora, gritando:

— Sua maluca! Está querendo morrer?

Sinto o rosto arder de vergonha e grito de volta:

— Desculpe!

Acelerando o ritmo dos pedais, me afasto o mais rápido possível da situação embaraçosa. Um suspiro de alívio escapa dos meus lábios enquanto me dirijo à agência de correios. Preciso me concentrar nas entregas e deixar essas preocupações malucas de lado.

No fundo, no entanto, tudo parece tão cinza e sem sentido ultimamente, como se nada realmente importasse, nem mesmo o dinheiro que preciso para sobreviver. Tudo ao meu redor parece superficial e vazio, e eu me sinto como se estivesse apenas tentando encontrar um pouco de significado em meio ao caos.

Enquanto estou mergulhada em meus pensamentos, finalmente chego à agência de correios. Estaciono a bicicleta e começo a trancá-la. Nesse momento, uma senhora com sacolas nas mãos se aproxima.

Ela me dá um pequeno sorriso e comenta:

— Bom dia, minha jovem! Esse clima anda estranho, não é? Um dia está de um jeito, no outro de outro. Quando eu era mais jovem, meus pais costumavam dizer que haveria um dia em que as coisas ficariam confusas. Talvez isso seja o prenúncio do apocalipse que eles mencionavam. Os sinais parecem iguais.

Dou um sorriso e suspiro enquanto termino de passar o cadeado na bicicleta. Levanto-me, batendo a mão para tirar a poeira, e olho para a senhora enquanto respondo:

— Bom dia, senhora. O mundo já anda maluco há algum tempo. Mas, enfim, o que tiver que ser será, não é? Desculpe, mas eu não sou a melhor pessoa para falar sobre isso. Para mim, parece que nada mais faz sentido. Já não me importo muito com essas coisas.

A senhora parece captar meu desânimo e sorri com um misto de compreensão e simpatia.

— Às vezes, parece que estamos todos perdidos, não é? — ela diz, balançando a cabeça. — Mas mesmo nos dias mais confusos, é bom encontrar alguém com quem possamos compartilhar um pouco da nossa história.

Sinto um alívio ao perceber que alguém entende o que estou passando. Aceno com a cabeça, grata pela empatia. E respondo:

— É verdade, senhora. Estamos todos tentando encontrar algum sentido em meio a essa confusão.

Com um último olhar compreensivo, a senhora se despede e segue seu caminho. Eu a observo enquanto se afasta, suas sacolas balançando suavemente. Ela parece quase invisível aos jovens que passam pela calçada, imersos em suas próprias rotinas.

Susurro baixinho:

— Seja feliz, senhora...

Minhas palavras parecem se perder na brisa suave, e eu sigo em direção ao trabalho. Me posiciono em frente ao scanner da agência. Aperto o botão e, logo, a voz robótica do aparelho ressoa:

— Bem-vinda, Alice Caster. Porta destrancada.

Ouvindo o clique da porta destrancando, adentro a agência e me dirijo ao vestiário. Coloco meu uniforme com um sentimento de renovação, pronta para começar as entregas. O ritmo do trabalho me absorve, oferecendo uma distração bem-vinda das minhas preocupações.

Cada entrega concluída é um passo a mais para me distanciar do vazio que tem me incomodado, e, ao mesmo tempo, é um lembrete de que, mesmo nas tarefas mais simples, posso encontrar um propósito.

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